quarta-feira, 6 de maio de 2015

OPINIÃO: A propósito da conferência desafios de uma agenda de transformação estrutural pós-mesa redonda


"Embora sendo um dos grandes disseminadores do sucesso da Mesa Redonda, quer pela excelência da sua organização e quer pelo peso do engajamento e compromisso da comunidade internacional em financiar o Plano Estratégico Terra Ranka, não posso deixar de apresentar algumas inquietudes pela forma como o seguimento da MR está sendo abordado. Em suma, vejo que continuamos a cometer os mesmos erros na forma de abordagem de assuntos que são fundamentais para o desenvolvimento do país. A ideia da realização desta conferencia peca por vários fatores, entre os quais:

1. É atribuído pouco valor as competências e capacidades internas na condução e gestão do nosso processo de desenvolvimento, sobretudo quando se trata de discussão, conceção e formulação de projetos e planos estratégicos de desenvolvimento. A tendência é olharmos para fora, para os recursos humanos do exterior embora com competências demonstradas, mas muitas vezes, desconectadas com a realidade do país e longe de poderem compreender na plenitude os detalhes das circunstancias e fatores que impedem a realização do nosso bem-estar.

2. A tendência de querer fazer as coisas com pressa, de forma precipitada, que servem apenas para promover e reforçar a visibilidade circunstancial em lugar de pensar na durabilidade e no conteúdo das coisas. A conferencia do dia 7 sobre os " Os desafios de uma agenda de transformação estrutural pós-Mesa Redonda", apesar da competência e do percurso profissional das individualidades convidadas e da capacidade organizacional das instituições envolvidas na sua realização está condenada a não produzir efeitos desejáveis. Em apenas 2 horas de tempo para se produzir 3 comunicações e ainda ter tempo para permitir uma reação da sala é praticamente uma missão impossível. Não haverá tempo para um verdadeiro debate dos temas a serem apresentados e perder-se-á uma excelente oportunidade para recolher subsídios de muita gente.

3. A forma como a conferencia é organizada, ou seja, de forma top-down, em lugar de se procurar envolver os principais stakeholders do país, as estruturas representativas das comunidades locais, as organizações de base e as diferentes instituições públicas, privadas e da sociedade civil, hoje recheadas de grandes valores e quadros muito experimentados, opta-se por uma conferência cosmética e acessível apenas um grupo determinado de pessoas.
Já agora, seria importante deixar algumas recomendações sobre o fenómeno Mesa Redonda.

1. É importante que seja criado um comité multissectorial e multidisciplinar de seguimento da MR que inclui representantes do governo, sector privado e sociedade civil e pilotado pelo governo através do gabinete do 1º Ministro.. Uma das tarefas desse comité seria de identificar os países, doadores e agencias de desenvolvimento para cada área estratégica e fazer o respetivo road map.

2. Organizar debates e restituição do conteúdo Terra Ranka nas regiões do país, mas de forma participativa e inclusiva e com tempo suficiente para recolher o subsídio das pessoas.

3. Fazer um esforço de priorizar as prioridades da Terra Ranka no tempo e espaço e, em função das mudanças estruturais do país e das necessidades vitais que se apresentam.

4. Procurar despolitizar o processo de realização do Plano Terra Ranka, transformá-lo duma agenda nacional, numa visão partilhada e apropriado localmente.

5. Privilegiar a criação de uma base de dados "Terra Ranka" facilmente acessível e cientificamente válidos e objetivos.
E finalmente procurar olhar para o nosso processo como algo duradouro, que exige sacrifícios e tempo, e deixar de lado, a tentação de fazer coisas circunstancias com ganhos na visibilidade e não no conteúdo."