terça-feira, 28 de maio de 2013
Ramos Horta prevê eleições para o mês de novembro
O Representante do Secretário-geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, avançou a data de realização das eleições no país e fez um apanhado geral da situação ao nível político, económico e social, em entrevista ao Conselheiro principal do International Peace Institute (IPI), Warren Hoge, para o Global Observatory. José Ramos-Horta avançou a previsão para a realização do pleito eleitoral no país, que terá lugar «no final de Novembro deste ano, e este período de transição terá então terminado, seguido de uma segunda fase do engajamento internacional, que será essencialmente para apoiar de forma pro-activa a reconstrução das instituições do Estado», referiu o antigo Presidente de Timor-Leste.
A população guineense está a viver um período de tensão e pobreza extrema, para o qual a colaboração das instituições internacionais tem sido decisiva: «As agências das Nações Unidas, aqui, do UNICEF ao Programa Alimentar Mundial (PAM), deparam-se com recursos muito limitados, tentando ajudar no máximo possível», referiu o responsável da ONU. Em abordagem à questão do tráfico internacional de drogas, Ramos-Horta reconheceu que, tal como outros Estados Oeste Africanos, a Guiné-Bissau é um local de passagem para o tráfico de drogas. «Há obviamente um sério problema de drogas aqui, muitas pessoas estão envolvidas, em diferentes níveis da política, do Governo, do exército».
Contudo, descarta a classificação de «narco-Estado», dizendo que existem outros países onde a situação é mais grave e que a comunidade internacional «deveria voltar a engajar-se imediatamente, prestando assistência ao país, evitando que os cartéis da droga da América Latina façam uso de um pobre país tão frágil», disse o responsável da ONU na Guiné-Bissau, defendendo a assistência técnica e financeira ao país, para atenuar a situação do narco-tráfico melhorando a «vigilância marítima, o sistema judiciário e a polícia». Sobre a corrupção e o tráfico no meio militar, Ramos-Horta considera que nem toda a gente está envolvida nesse tipo de actividades. «A grande maioria de soldados e oficiais são simplesmente pessoas que foram negligenciadas durante anos, porque o exército, como instituição, não existe. Há pessoas com uniformes, pessoas com armas, mas em condições extremamente precárias».
O Nobel da Paz é da opinião que, em relação ao trabalho da Comissão de Consolidação da Paz da ONU, «há uma vontade de voltar a engajar a Guiné-Bissau, assim que tivermos o novo Governo de transição - espero que nos próximos dias ou semanas - a fim de auxiliar nalgumas áreas muito importantes, como continuar o que o Fundo de Consolidação da Paz fez num passado recente, no que diz respeito à reforma e modernização das Forças Armadas, o Judiciário, e algumas outras iniciativas para ajudar a consolidar, melhorar a governação democrática no país». José Ramos-Horta defende a «reorganização de todo o exército de A a Z. A CEDEAO (especialmente Nigéria e Senegal) está melhor posicionada para liderar este processo e eles já começaram a pôr o dinheiro para reconstruir os quartéis e, ao mesmo tempo, ajudar com o fundo de pensão, no qual o Fundo de Consolidação da Paz das Nações Unidas também estará engajado. PNN