domingo, 19 de agosto de 2012
Apelo aos Antigos Combatentes do PAIGC
"Caras Tias, Caros Tios,
Sou filha de um Antigo Combatente. O meu pai faleceu durante a luta de libertação nacional. Ele, como alias muito outros camaradas vossos que fizeram o supremo sacrifício, não teve a felicidade de ver Guiné e Cabo-Verde livres e independentes. Ele não teve a sorte de ser Comissário ou Ministro, Presidente do Comité de Estado ou Governador de Região.
Cresci sem grandes pretensões nem desmedidas ambições, na dignidade, em condições materiais modestas mas não desprovidas de calor humana, de afeição e fraternidade. Brinquei com os vossos filhos, meus queridos primos. Éramos pois, filhos de camaradas, irmãos de luta que partilhavam o mesmo ideal.
Éramos sim uma só família. Todos vocês eram as minhas tias, os meus tios. Eram o orgulho de toda uma geração que procurou inspirar-se do vosso percurso pessoal e do vosso exemplo colectivo para apreender à amar a Pátria e construir o futuro da nossa querida Guiné.
Hoje, sou casada, tenho um lar, tenho filhos que quero ver crescer e progredir na vida.
Quero que meus filhos possam viver em paz, sem medo, e realizar os seus sonhos. O sonho, o direito de todas as crianças da nossa terra de poder viver felizes, num país estável, próspero, sem guerras fratricidas e matanças, matanças e mais matanças.
Caras Tias, Caros Tios,
Fiquei confortado, fiquei feliz, quando soube da realização de uma reunião de figuras históricas e outros respeitados Antigos Combatentes com membros da direcção do PAIGC. Uma conversa entre Camaradas e Irmãos que era necessária e desejada há muito tempo. E salutar promover e encorajar estes tipos de encontros. Sim é preciso conversar abertamente, honestamente e sem tabus. E preciso libertar as vozes, exprimir as frustrações, as insatisfações, as amarguras. Um desabafo geral que permite exorcizar os demónios da divisão e promover um maior entendimento e aproximação. O PAIGC é o laço umbilical, o património comum. O PAIGC tem uma responsabilidade histórica perante o nosso povo e, por isso mesmo, deve estar sempre a altura de todos os desafios e sacrifícios.
Um dos maiores desafios é, incontestavelmente, ultrapassar os conflitos internos e criar um clima de confiança, e colaboração propício à consolidação da unidade no seio do partido, através do diálogo construtivo e inclusivo. E imperativo e urgente acabar com as divisões, as facções e outras tendências separatistas. A hora é de abertura de espírito e de reconciliação no seio do PAIGC. E necessário mobilizar todas as capacidades, federar as energias para o combate que vale a pena levar a cabo e ganhar.
O PAIGC deve ser capaz de assumir as suas responsabilidades, reconquistar o seu lugar no xadrez político nacional e lutar pela defesa dos supremos interesses do nosso Povo, o Povo martirizado da Guiné-Bissau cuja liberdade e dignidade o PAIGC foi capaz de conquistar, através de uma luta exemplar que contou com as valiosas contribuições dos Antigos Combatentes, daqueles heróis, em particular, que morreram para a libertação da nossa Pátria gloriosa.
Vossa sobrinha Mimi"