sexta-feira, 8 de abril de 2016
EXCLUSIVO DC: Cidadão JBV escreve à comunidade internacional
CARTA ABERTA À COMUNIDADE NACIONAL E INTERNACIONAL
Desde o início da Governação desta IX legislatura que alguns membros de Governo têm sido alvo de acusações públicas sobre atos de corrupção sem que, no entanto, os acusadores apresentem provas ou evidências sobre as acusações que dirigem para o cabal esclarecimento da opinião pública nacional e internacional.
Estas acusações caluniosas e difamatórias aos titulares de orgãos públicos do nosso país não só põem em causa o nosso bem-estar comum, mas também revelam a fragilidade das nossas instituições de Estado, na medida em que se passa a ideia de que todo o governante tem como único objetivo transferir o bem público para a esfera privada.
Até então nunca tinha considerado pronunciar-me publicamente sobre as várias acusações gratuitas de que pessoalmente fui alvo, porque sempre acreditei que o bom senso das pessoas iria prevalecer sobre a má-fé e a luta política. No entanto os últimos desenvolvimentos protagonizados pelo próprio Procurador Geral da República Sr António Sedja Man constituem motivos de preocupação num Estado de Direito Democrático.
Depois de ter sido vitima de assalto à minha residência por homens armados com intenções que estão ainda por esclarecer e cujos autores morais e materiais ainda se encontram à monte, e no momento em que se esperava que o Procurador Geral da República se concentrasse em aspectos deste gênero vemo-lo mais ativo e interessado em convocar membros do governo para serem ouvidos.
Neste momento, está a ser conduzida uma investigação pelo Ministério Público dirigido pelo Procurador-geral da República, sobre atos de governação praticados pelo Secretário de Estado dos Transportes e Comunicações que possam constituir um crime. No entanto, estamos perante uma investigação que tem um pouco de tudo menos imparcial e transparente. Não obstante acreditar na justiça do meu país as evidências de que eu disponho leva-me a acreditar que estou a ser vítima de perseguição política, com o único objetivo de me afastar no cenário político por métodos antidemocráticos e ilegais.
A tentativa da minha detenção ilegal desencadeada pessoalmente pelo Sr. Procurador-geral da República mais não é do que o primeiro passo de um plano mais amplo com clara intenção de denegrir a minha imagem e a dos meus colegas membros de governo.
Agora, pergunto:
1- Será que a Guiné-Bissau só começou em Julho de 2014 com a tomada de posse do nosso Governo?
2- Terá um Procurador-geral da República competências para interferir diretamente na gestão administrativa das entidades sobre tutela do Estado?
Apelo à comunidade nacional e internacional para estarem atentos a eventuais ilegalidades destes processos que estão a ser conduzidos pelo Srº Procurador-Geral da República.
Enquanto cidadão, irei utilizar todos os meios legais e constitucionais para defender o meu bom nome e a minha reputação e lanço um repto ao Sr. Procurador-geral da República que deduza a acusação caso tenha provas suficientes que consubstanciem um crime que eu tenha cometido no exercício das minhas funções.
Deixo a minha integridade física nas mãos do Srº Procurador-geral da República e dos seus mandantes sendo certo que irei continuar a trabalhar cada vez mais e com maior determinação, eficiência e humildade para o bem do nosso país.
Bissau, 8 de Abril de 2016
Cidadão João Bernardo Vieira