segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Peregrinação a Meca: Responsabilizar é preciso


Um grupo de peregrinos muçulmanos da Guiné-Bissau que queria deslocar-se a Meca, na Arábia Saudita, queixa-se de ter sido enganado pelos promotores da viagem e reclamam o pagamento da verba já paga.

Concentrados na sede da Agência Nacional da peregrinação em Bissau, o grupo de 192 muçulmanos que deveriam ir à Meca este ano, reclamaram devolução do dinheiro pago para a viagem, que entretanto já não se realizará.

A viagem deveria ter acontecido no sábado, com a saída de Bissau em direção à Jedah de avião e desta cidade até Meca por autocarro, contou à Lusa Ibraima Djalo, guineense residente em Portugal mas que se deslocou até ao país para se juntar aos peregrinos.

"Todos nós pagamos 2.500 mil francos CFA (3800 euros) para a peregrinação, mas enrolaram-nos até sábado para finalmente dizerem-nos que já não poderíamos viajar. É uma vergonha, ainda mais ninguém sabe dizer porque é que não vamos viajar", disse, por seu lado, Queluntan Banora.

A sede da Agencia Nacional de peregrinação, uma instância de coordenação da preparação e logística da ida dos muçulmanos à Meca integrada por elementos da presidência do conselho de ministros e dos Negócios Estrangeiros, estava esta manhã com vários peregrinos, mas sem a presença de nenhum responsável que pudesse falar à imprensa.

"É uma fraude isso que estão por ai a dizer", dizia aos gritos Ussumane Djau, um candidato à peregrinação que não concorda com a "falta de aviões", que, nas suas palavras, tem sido apresentado pela comissão organizadora da viagem como estando na origem da situação.

"Como é que não há aviões se nos pagamos mais de dois milhões? Hoje em dia o que não falta são aviões para alugar, fretar, eu sei lá", acrescentou Djau que reclama o reembolso do dinheiro pago.

Amadu Uri Baldé disse ter juntado "toda a economia" de que dispunha para pagar a sua viagem na esperança de que este ano, finalmente, iria a Meca cumprir com um dos preceitos do Islão que manda que, pelo menos, uma vez na vida um muçulmano deve ir àquela cidade "purificar-se dos pecados".

Uma fonte do ministério dos Negócios Estrangeiros contactada pela Lusa confirmou que a viagem dos peregrinos "já não se vai realizar", tendo admitido que a situação "ficou complicada" com a crise politica que o país vive, pela demissão a queda do Governo a 12 de Agosto último.

A Guiné-Bissau está formalmente sem Governo desde que o Presidente do país, José Mário Vaz, demitiu o Governo que era liderado por Domingos Simões Pereira, com quem se incompatibilizou, estando neste momento a decorrer negociações políticas para a formação de um novo executivo a ser liderado por Carlos Correia. Lusa