terça-feira, 15 de setembro de 2015

CRISE POLÍTICA NA GUINÉ-BISSAU: O JOGO EXPLOSIVO DE JAMMEH EM BISSAU


FONTE: L'Observateur N° 3593 de segunda feira, 14 de setembro de 2015

A erupção explosiva do presidente gambiano Yaya Jammeh no dossier guineense contribuiu e muito na fragilização do presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz. Até la, talvez mais próximo do Senegal, que não se coibiu de o apoiar em todos os sentidos depois da sua ascenção ao poder, o presidente Vaz achou por bem dispensar-se das recomendações do presidente Macky Sall e do seu homólogo Alpha Condé.

Aquando da visita oficial deste último a Dakar, os dois chefes de Estado tinham-lhe solicitado um terreno de entendimento com o primeiro ministro Domingos Simões Pereira. Entretanto, extremamente aborrecido com os ataques públicos dos deputados do PAIGC próximos de DSP na Assembleia Nacional, JOMAV demitiu DSP sem pensar nas consequências daí decorrentes.

Visto que essa formação é maioritária na Assembleia, com 57 deputados, JOMAV, sob os conselhos de Yaya Jemmeh, virou-se nesse momento para o PRS, segunda força política no seio da Assembleia - com 41 deputados - a fim de formar um novo governo com a adesão de uma vintena de deputados do PAIGC anti-DSP.

Para convencer o PRS, o presidente Jammeh não se poupou a esforços financeiros, aliciando os membros do partido fundado pelo falecido presidente Kumba Yala, os quais foram até convocados para Banjul. Resultado das diligências empreendidas por Jammeh, logo após o regresso desses membros do PRS convocados a Banjul, o Bureau Político desse partido aceitou tomar parte no governo formado pelo novo primeiro ministro nomeado por Vaz, Baciro Dja.

Essa forte implicação de Jammeh obedece a uma única lógica: permitir ao homem forte de Banjul, cada vez mais isolado na cena internacional, de dispor na Guiné-Bissau de um aliado estratégico que lhe permitira fazer face ao "potente" vizinho senegalês. Porém, pelo andar das coisas, não é certo que os cálculos tenham sido favoráveis a JOMAV.


Por: Barka BA, enviado a Bissau.