quarta-feira, 10 de junho de 2015

CASO PASSAPORTES: PJ detém mais um


A Polícia Judiciária da Guiné-Bissau deteve no início desta semana, num bairro nos arredores da capital, o principal colaborador do secretário de Estado de Cooperação e Comunidades Idelfrides Manuel Gomes Fernandes, por envolvimento no polémico processo de emissão ilegal de passaportes de serviço e diplomáticos a cidadãos estrangeiros e nacionais.

A informação foi confirmada à VOA nesta quarta-feira, 10, por uma fonte próxima do processo que adiantou ter o suspeito confessado, em detalhes, o processo de atribuição dos passaportes durante o Governo de transição, mais precisamente entre 2012 e 2013. O próprio suspeito, cujo nome não foi revelado pela nossa fonte, indicou ter ele mesmo beneficiado de um passaporte de serviço.

A VOA sabe que o Ministério Público tem uma longa lista de pessoas que se beneficiaram do esquema, entre elas, cidadãos de países africanos, europeus, asiáticos, americanos e do Médio Oriente. Muitas dessas pessoas, que hoje possuem passaportes da Guiné-Bissau, foram identificadas como sendo conselheiros especiais do antigo Presidente de transição Manuel Serifo Nhamadjo e do primeiro-ministro de então Rui Barros.

Ontem, o Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau quebrou o silêncio sobre o casoa o dizer à VOA que tudo o que se tem dito à volta do processo não passa de comentários políticos. Hermenegildo Pereira referiu que o Ministério Público está muito engajado no processo e que o tempo irá esclarecer tudo, garantindo que não há motivos para nenhuma perseguição política.

Na segunda-feira, em declarações à Rádio Nacional a partir de Roma, o primeiro-ministro Domingos Simões Pereira lamentou a situação e disse confiar na justiça. O secretário de Estado da Cooperação e Comunidades Idelfrides Manuel Gomes Fernandes é acusado pelas autoridades policiais e judiciais de venda ilegal de passaportes diplomáticos e de serviços.

Gomes Fernandes foi detido na passada quinta-feira pela Polícia Judiciária, mas solto no sábado, sem qualquer autorização judicial, o que tem levantado muita preocupação junto de vários sectores que temem o regresso da impunidade à Guiné-Bissau. VOA