domingo, 11 de setembro de 2011

Berberedades

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Um perfeito disparate, as declarações feitas ontem pelo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Jr: "Khadaffi será bem-vindo à Guiné-Bissau". Centenas de páginas na internet, dezenas de jornais, blogs de todo o mundo difundiram as declarações - claras e infelizes - de um primeiro-ministro atrapalhado, apanhado quase em contra-pé. Mas Cadogo sabia do que falava, afinal, o seu Governo era sustentado pelo 'grande líder' e 'rei dos reis'.

É claro que a Líbia, ou melhor o Khadaffi, financiou operações complexas que acabaram em assassinatos de políticos no ano de 2009; Khadaffi pagava algumas contribuições em falta a organismos internacionais onde, nalguns casos, há décadas tinhamos sido silenciados; Khadaffi oferecia automóveis, alimentava quartéis, compra um hotel e transforma-o, instala de raíz fábricas para descasque e transformação do caju; Enfim, Khadaffi lançava os foguetes e ainda apanhava as canas.

Está claro como água que este primeiro-ministro deve a Khadaffi a sua própria - e até aqui - sobrevivência no cargo. E quem deve, paga. Neste caso, não em numerário, mas em obediência. Uma fidelidade quase canina, mas que nos envergonha a todos pelo seu descaramento e, até certo ponto, desonestidade. Confundir o Khadaffi com o Estado da Líbia, é que não. Tudo tem limites, até a estupidez!

Hoje, quando quase todos os países no mundo já descartaram Muhammar Khadaffi, incluindo a potência do continente - a África do Sul, aparece aquela mancha tristérrima e cinzenta chamada de Guiné-Bissau, cujo primeiro-ministro, qual revolucionário, oferece, assim, do pé para a mão, asilo ao coronel Khadaffi. Este chegava, e, presumo eu, montava uma senhora tenda lá no quintal do palácio do Governo, ou mesmo dentro da enorme piscina que está na sede do PAIGC...

Eu, no lugar do primeiro-ministro, tinha feito isto assim que a guerra começou: nacionalizava o Libya Hotel, as três fabricas, e o que mais houvesse de investimento do Estado Líbio na Guiné-Bissau. Isso sim, era de governante! Quando um dia tudo estivese esclarecido, paga-se aos líbios tudo o que investiram, muito agradecidos, passou bem muito obrigado. E fica tudo numa boa.

Este apoio por parte do primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., é, por outro lado, um desafio à própria comunidade internacional. Impõe-se então esta pergunta: quem dá porventura mais apoios à Guiné-Bissau - a Líbia (o Khadaffi) ou a comunidade internacional - o G8 incluido? Quem responde a esta questão? O Cancan, o Caía, o Botché? Ou ainda mamé di Junta?AAS