Afrontar um jornalista num país democrático, significa desembainhar uma espada sobre a cabeça de cada profissional da comunicação social e, no limite, o cerceamento à própria actividade profissional dos jornalistas guineenses. Nada mais é do que uma forma de censura!
O episódio - patético - da última visita à minha casa, representou um duro golpe contra um dos pilares da democracia: a liberdade de imprensa. Aos idealizadores dessa funesta decisão: a liberdade de imprensa é um princípio que garante a possibilidade de que um jornal, uma revista, um sítio na internet, publique notícias ou opiniões cujos atingidos considerem irresponsáveis. No entanto, para dar conta de eventuais ofensas, existe o recurso à Justiça comum, à qual caberá julgar se houve dano; determinar a extensão do mesmo e estabelecer a reparação correspondente.
A liberdade de imprensa não surgiu como um favor dos poderosos, não. Ela existe hoje porque houve gente corajosa que se entregou à luta pelo direito de opinião e de informação. E um dos primeiros foi precisamente John Milton. Na sua Aeropagítica, de 1644, o poeta inglês defendeu a ideia de que um autor podia ser processado criminalmente. Mas deixou claro que eles não podiam ser cerceados ou os seus escritos censurados, pois, defendia, «nas sociedades civilizadas, a verdade sempre triunfaria sobre o erro».
Se alguém se sentiu atingido pela denúnca do Ditadura do Consenso (que eu ainda edito), que tomasse as medidas judiciais ao alcance de qualquer cidadão. Agora, confundir a sua pessoa com o Estado guineense, como se a sua figura fosse um dos elementos desse Estado... Não. Nunca!
Meu caro:
Os elementos do Estado são o Povo, a Soberania e o Território – e nenhum deles foi ameaçado ou pilhado pelo António Aly Silva. A minha luta é contra os bandidos (como tu). E estes (e tu também) não deviam fazer parte do Estado da Guiné-Bissau. Triunfou novamente o erro; a liberdade de imprensa, essa, vencerá.
António Aly Silva