O comando metropolitano de Lisboa da PSP confirmou hoje ao PÚBLICO que o antigo primeiro-ministro guineense Francisco José Fadul esteve na esquadra de Carnide a queixar-se de que anda a ser perseguido nas ruas de Lisboa pelo seu compatriota Pansau Intchama, aparentemente com intenções criminosas.
Fadul, presidente do Tribunal de Contas, ainda em tratamento de uma agressão de que foi vítima em Bissau no ano passado, disse ao PÚBLICO ter sentido o olhar ameaçador do capitão Intchama cinco dias depois de ter sido publicada na "Gazeta de Notícias", da sua terra, uma entrevista em que falava de "corrupção na gestão financeira das Forças Armadas" e de "administração danosa dos interesses do Estado", do qual ele foi primeiro-ministro de Dezembro de 1998 a Fevereiro de 2000.
Na mesma entrevista, entretanto reproduzida por outro jornal de Bissau, o "Última Hora", Fadul contou ter sido assaltado em sua casa, no mês de Abril de 2009, por homens "fardados e armados com AK e com bazucas", na sequência de uma conferência de imprensa que dera em 30 de Março. À frente dos assaltantes estaria precisamente o capitão Pansau Intchama de que ontem teria levado fotos à esquadra de Carnide, um dia depois da queixa inicial, mal o viu na rua, "tentando fazer das suas, provocando".
Segundo Francisco José Fadul, que chefiou um Governo de Unidade Nacional, e amanhã completa 57 anos, "se o Estado não sabe ou não quer identificar" os elementos do esquadrão que o espancou gravemente em Bissau, ele fará o que estiver ao seu alcance para explicar quem é que o deixou na necessidade de mais de um ano e meio de tratamento hospitalar em Portugal.
Para além de presidente do Tribunal de Contas da Guiné-Bissau, aquele político dirige o Partido para a Democracia, Desenvolvimento e Cidadania (PADEC), que já há dois anos chamava a atenção para "a ostentação de dinheiro e riqueza" cuja proveniência, no seu entender, seria do narcotráfico.
A agressão de 2009 a Fadul verificou-se um mês depois de alguns militares terem assassinado o Presidente João Bernardo "Nino" Vieira, um dos muitos crimes que nos últimos anos foram cometidos em Bissau e que ainda estão por esclarecer.
Jorge Heitor/PÚBLICO