terça-feira, 31 de julho de 2012
OS VELHOS “DEMÓNIOS” DA GUINÉ(*)
Excelências,
1. Presidente da República, Senhor Manuel Serifo Nhamadjo;
2. Ministro da Educação, Dr. Vicente Pungura;
Estimados finalistas, pais, amigos e convidados,
Momentos como estes são importantes e revestem particular importância para um país como a Guiné-Bissau e o momento em que acontecem, hoje, numa situação em que o país tem tido poucas boas notícias. Momentos de grandes carências, de desafios, mas também de esperanças para vocês. Esperanças de um emprego e uma profissão qualificada. Esperanças de uma vida melhor mas também esperanças para o país que passa a dispor de mais uns 250 quadros qualificados postos a sua disposição.
Esta promoção é mais uma contribuição inestimável da Universidade Lusófona para a Guiné-Bissau. No ano transacto foram diplomados 349 quadros a maioria dos quais estão dando a sua contribuição nos mais diversos sectores da administração pública, do sector privado, das organizações não-governamentais enquanto outros continuam os estudos de pós-graduação ou de segundo siclo em várias universidades particularmente portuguesas.
O projecto educativo da Lusófona na Guiné-Bissau já formou cerca de 600 quadros, sendo de longe a maior contribuição na qualificação dos recursos humanos formados localmente, quer em termos de diversidade de áreas de formação, quer em número de estudantes formados por promoção.
Pela sua implantação em quase todos os países de língua portuguesa e pelo número de estudantes africanos nas diferentes instituições do Grupo, a importância e o impacto do projecto educativo do Grupo Lusófona transcende de longe as fronteiras de Portugal. Os seus resultados em qualidade e quantidade assim como a variedade da sua oferta educativa falam por si, colocando o projecto fora de alcance de toda e qualquer tentativa de ataque à sua imagem.
Excelência Senhor Presidente, caros convidados,
A nossa determinação e engajamento na formação prende-se com a nossa íntima convicção de que a riqueza de uma nação não se resume aos seus poços petróleo, minas de ouro, diamante, fosfato ou bauxite, mas sim na sua gente. Mas esta gente deve ser educada e devidamente formada para estar a altura de dar toda a contribuição que dela se espera.
Por isso esperamos que o país saberá aproveitar melhor essas competências, transformando o que no início era um projecto individual e familiar para o benefício do país e da sociedade no seu todo. Estamos esperançados de que no futuro este país deixará de ser predador dos seus recursos humanos, de ser repelente dos seus quadros e que saberá valorizar esta sua preciosa riqueza.
Excelência Senhor Presidente, caros convidados,
Permitam-me nesta ocasião lembrar que o nosso país não se libertou ainda dos seus velhos demónios que são:
1/. A ignorância que continua mergulhar o país no atraso, na pobreza e por consequência no subdesenvolvimento;
2/. As ganâncias, as ambições desmedidas, os sentimentos de prepotência, a aposta no dinheiro fácil que induzem à corrupção e ao envolvimento em actividades ilícitas minando assim os alicerces do poder político e os fundamentos da nossa sociedade.
3/ As invejas, as intrigas, a intolerância e a violência que continuam destruir vidas de muitos dos nossos concidadãos.
São estes demónios é que continuam nos impedir até hoje (quase 38 anos após a conquista da nossa independência) de encontrarmos um consenso mínimo permitindo pôr de parte os nossos diferendos e diferenças para colocarmos os do país em cima de tudo e de todos.
Excelência Senhor Presidente e caros convidados,
Estas palavras são de um guineense profundamente magoado, como todos os guineenses, magoados por constatarem a nossa incapacidade até hoje, de nos entendermos sobre o essencial para organizarmos o nosso país, garantindo o mínimo a este maravilhoso povo, ou seja a segurança, o bem-estar e a tranquilidade.
Segurança no sistema educativo dando garantias a cada pai de que na escola o filho está a aprender um ensino de qualidade.
Segurança no sistema de saúde proporcionando a cada doente cuidados e tratamentos dignos. Bem-estar nos seus lares podendo beneficiar de energia regular e de saneamento básico.
Após 37 anos de independência, os guineenses estão em direito de esperar estas condições básicas, diria elementares para qualquer país.
Este fracasso é de todos nós, estejamos onde estivermos, façamos o que fizermos, nenhum guineense sai ileso da condição em que se encontra o nosso país. Este fracasso não deve ser órfão, contrariando assim o provérbio cubano segundo o qual “se o fracasso é órfão, sucesso tem muitos padrinhos”. Este fracasso do nosso país tem de ser assumido por cada, humildemente mas sem conformismo, a fim de mobilizarmos todas as forças e energias disponíveis para contrariar este rumo que, doutra maneira nos conduzirá inexoravelmente ao abismo.
Peço desculpas por qualquer incómodo que este discurso possa provocar porque podia-se esperar em circunstâncias como estas um discurso de carris mais académico. Mas infelizmente os problemas do país são reais, de natureza existencial e não de meras hipóteses e teorias académicas. Por essa razão a academia não pode ou não deve estar alheia aos desafios sociais e societais do seu meio e do seu tempo.
Mas tudo neste país não é assim tão negativo porque há algo de importante a não perder, é o facto de o guineense gostar profundamente da sua terra e que ninguém o obriga a fazer o que não quer fazer. Encontra-se enraizado no mais profundo do guineense o que José Reis dizia “só sei que por este não vou”. Este sentimento de resistência e de aversão à injustiça que simboliza a nossa alma deve ser preservado a todo o custo. Preservado e utilizado no sentido positivo e construtivo.
Temos valores, temos recursos humanos e naturais, temos determinação e vontade, falta-nos apenas o entendimento entre todos nós, o reconhecimento e valorização de cada um, uma atitude de inclusão para pormos este país a andar, para o transformarmos num oásis invejável. Este sonho é possível e está ao nosso alcance.
Às vezes dá-me vontade de gritar basta, basta, basta de desperdícios de preciosas vidas, o desperdício do precioso tempo e de preciosas energias. Basta, vamos ao essencial!
Caros finalistas, a partir de hoje jamais poderão dizer não posso, não sei, não estou preparado. A partir deste momento têm o dever e a obrigação de procurarem ser os melhores nas vossas actividades profissionais, serem exemplares na vossa família, comunidade e na sociedade. Procurarem dar o vosso melhor ao nosso país. Lembro vos que a licenciatura é o primeiro grau do ensino superior. Continuem sempre a alimentar a vossa inteligência, a cultivar o vosso jardim interno. Nunca parar porque tudo para onde pararmos, parafraseando assim a minha querida mãe.
Para terminar, resta-me desejar todos vocês, sucessos profissionais e académicos e felicidades pessoais e familiais.
Saudar um antigo Reitor aqui presente, o Professor Doutor Idrissa Embaló.
Uma palavra de apreço muito particular à direcção da Universidade, aos nossos valiosos professores, aos funcionários, sem a corajosa dedicação dos quais esta tarefa teria sido impossível.
Os nossos agradecimentos ao Governo, parceiro e primeiro interessado nesta colaboração por prepararmos um produto final que pertence ao país. Trata-se de cidadãos Guineenses formados para servir o seu país.
O nosso profundo reconhecimento à S.E. o Presidente de República por aceitar o nosso convite marcando a sua presença neste acto demostrando desta maneira a importância que acorda à educação apesar de todos os desafios que pesam sobre os seus ombros.
Que Deus ou Allah abençoe e proteja a Guiné e ilumine os Guineenses para encontrarem o caminho certo.
Muito obrigados e Bem haja.
(*) - DISCURSO, CERIMÓNIA DE ENTREGA DE DIPLOMAS
BISSAU, ULG, 28 DE JULHO DE 2012
Professor Doutor Tcherno Djaló
(tcherno.djalo@ulusofona.pt)
Coordenador Geral da Universidade Lusófona da Guiné
A INCAPACIDADE DA CEDAO NA RESOLUÇAO DA CRISE NA GUINE-BISSAU É PREOCUPANTE
Um dos fatores facilitadores na resolução de qualquer crise politica, quer ela interna ou internacional, é a qualidade do mediador. Os intervenientes em qualquer processo de conciliação devem gozar de certa isenção, coerência, capacidade de entendimento quanto a analise conjuntural da situação em questão. Estes atributos estão longe do perfil apresentado pela CEDEAO, na “resolução” da crise politico-militar na Guiné-Bissau, tendo em vista que foi precipitada ao empossar os órgãos de transição na sequencia do golpe de Estado de 12 Abril último.
Muito embora tenha sido indigitada pelas Nações Unidas para procurar uma solução para a crise politica do nosso país, a CEDEAO deveria tê-lo feito de forma mais consentânea, levando em consideração não só a realidade interna, mas, também a conjuntura internacional. Os outros exemplos a nível mundial no tocante à democratização dão tom do clima vivido hoje em todos os quadrantes do mundo. Desde a pressão internacional sobre a toda poderosa China, no capitulo do melhoramento na defesa dos direitos humanos até o apoio aos acontecimentos políticos e sociais denominados de primavera árabe, passando também pela pressão interna e externa sobre a Rússia, no concernente à transparência politica e na gestão da coisa pública. Esses acontecimentos dão conta que não seria fácil dar sustentação a qualquer governo oriundo de golpe de Estado, mormente na Guiné- Bissau, onde o histórico da violência politica é sobejamente conhecido pela comunidade interacional.
O desconhecimento ou desprezo por essas variáveis na “solução” da crise politica guineense, é extremamente grave e põe em cheque a credibilidade diplomática da CEDEAO. Este bloco politico econômico deveria ter articulado de forma mais adequada e menos arrogante, um acordo politico para por cobro a situação lastimável que o nosso país está a atravessar, mediante um envolvimento de todos os atores políticos e sociais, ainda que nos momentos seguintes ao golpe essa possibilidade parecesse impossível. Pois, nenhuma negociação para a crise do porte da nossa se revela fácil.
Não bastava só ter um presidente e um governo de transição, mas sim, um governo de consenso que causasse uma sensação de correção da injustiça acarretada pelo golpe de Estado. O dialogo com a comunidade internacional seria menos complicado se tivesse ocorrido uma articulação interna profícua, largamente envolvente, ainda que sob os auspícios de um mediador fraco como CEDEAO. Se esses cuidados tivessem sido tomados o clima em torno da crise não teria se deteriorado da forma como se apresenta hoje, com desdobramentos ainda imprevisíveis.
Nunca é demais ressaltarmos que, a participação de uma organização regional como a CEDAO, é sempre importante, no sentido de conferir maior legitimidade a qualquer solução politica para uma crise como essa que está a assolar a Guiné-Bissau, posto que, presume-se que seja mais conhecedora da realidade em torno da qual se deva negociar, circunstancia essa que a CEDEAO não tem sabido explorar. Não tem sido considerada uma mediadora fiável, pelo contrário, tem ajudado a piorar o que já estava mal. Não apresenta nenhuma solução coerente para a crise, e, sem contar as disputas internas em torno da proeminência na liderança politica econômica da sub-região.
A falta de credibilidade da nossa instituição sub-regional faz-se sentir, quando as próprias Nações Unidas, que a mandatou não reconhece a solução que encetou para a Guiné-Bissau. Ou seja, estamos perante o caso em que a mandante não reconhece os atos da mandatária. A divulgação de mais condenações às figuras que a organização entende estarem envolvidas com o golpe de Estado de 12 abril é corolário dessa falta de confiança.
Urge a necessidade de as Nações Unidas procurarem outros interlocutores, hábeis, fiáveis e imparciais, com algum grau de conhecimento da realidade guineense, de modo a corrigir quanto antes os rumos do país, com vista a minorar o sofrimento do povo que não aguenta mais arcar com as consequências do isolamento do país.
A CEDEAO trata a questão da Guiné-Bissau, pelo menos no tocante à posição da União Europeia, com o complexo de índole colonial. Na mente de muitos dirigentes sub-regionais, o bloco europeu não passa de um clube de antigas potências colônias, que ainda estariam alimentando interesses em manter suas influencias político-econômicas sobre o continente. Diante disso, ceder à pressão da Europa seria sucumbir às exigências neocoloniais.
Levando em consideração a essa visão, não resta dúvida que a CEDEAO não dispõe de condições de singularizar-se na busca de soluções para a crise na Guiné-Bissau. Em que pese o ímpeto das antigas potenciais coloniais europeias ainda exercerem alguma influencia sobre o continente, não devemos perder de vista que as exigências impostas pela União Europeia no capítulo da democratização são mais do que louvável. São pertinentes.
Como se pode perceber, a União Europeia não impõe nenhuma condição esdruxula, mas, a criação de ambientes de democráticos apenas. Não determina que forma de governo deva ser implantada, se é monarquia ou a republica. Não impõe a forma do Estado, se deva ser composto ( federação ou confederação) ou unitário, o que é o nosso. Muito menos define o sistema do governo, se deva ser presidencialismo, semi-presidencialismo ou parlamentarismo. Apenas exige que para que um país africano tenha o seu governo reconhecido, com direito à ajuda do bloco, a cláusula democrática é indispensável. Ou seja, a exigência é em relação ao regime, que deve ser democrático. Nada mais do que respeitar a vontade popular.
Em razão do acima exposto, as Nações Unidas devem procurar outros canais alternativos à CEDEAO, na busca da solução par aa crise do nosso país. É evidente que muitas autoridades sub-regionais se definem como democratas apenas de forma cosmética. Não se convencem da necessidade do poder vir da vontade popular. Com isso, logo não podem ser bons mediadores.
Alberto Indequi
Advogado e Empresário
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Greve no sector da saúde foi suspensa
Os enfermeiros e técnicos de saúde chegaram esta tarde a acordo com o Governo da Guiné-Bissau e decidiram suspender a greve que haviam iniciado esta segunda-feira. Na base da contestação social estão salários em atraso e as condições de trabalho. Depois de uma longa reunião com elementos do Governo guineense, os enfermeiros e técnicos de assistência hospitalar decidiram suspender a greve que havia começado esta manhã e estava agendada até quinta-feira.
De acordo com Gaspar Baticã, porta-voz da comissão de greve, os sindicatos (SINETSA - Sindicato Nacional de Enfermeiros, Técnicos e Afins - e STS - Sindicato de Técnicos da Saúde) e executivo chegaram a acordo nos seguintes pontos: subsídio de vela, subsídio de isolamento e subsídio de novo ingresso. Os três subsídios serão pagos em três tranches, a primeira a ser regularizada na próxima quarta-feira. De recordar, que enfermeiros e técnicos de saúde exigiam o pagamento de seis meses de subsídios de vela e de isolamento, o pagamento de 18 meses de salários aos enfermeiros recém-formados e a alteração de letras aos quadros da saúde. RFI
António José Seguro - "A reposição do Estado de Direito democrático na Guiné-Bissau é uma responsabilidade universal e uma obrigação da família socialista"
O secretário-geral do PS português, António José Seguro, defendeu hoje na Cidade da Praia que a reposição do Estado de Direito democrático na Guiné-Bissau é uma "obrigação da família socialista". Falando aos jornalistas no final da cerimónia de abertura da reunião do Comité África da Internacional Socialista (IS), que decorre durante dois dias na capital cabo-verdiana, Seguro afirmou estar convicto de que do encontro sairá uma posição firme de apoio às autoridades guineenses eleitas democraticamente.
"A minha posição é muito clara e muito firme: sou um defensor da democracia. O povo guineense deu o seu voto a um presidente e a um primeiro-ministro. É inaceitável que os dirigentes que foram eleitos democraticamente vivam fora do país e não tenham a possibilidade de desempenhar os cargos para que foram eleitos", disse.
"A reposição do Estado de Direito democrático na Guiné-Bissau é uma responsabilidade universal e uma obrigação da família socialista", acrescentou, negando que tal afirmação constitua uma "crítica implícita" ao presidente do Comité África da IS, o senegalês Ousmane Tanor Dieng. O líder socialista senegalês, ao intervir na sessão de abertura, aludiu às crises militares no Mali, Nigéria e Níger, mas não fez qualquer referência ao conflito na Guiné-Bissau, gerido por um Governo de Transição após o golpe de Estado de 12 de abril.
O golpe de Estado na Guiné-Bissau levou à destituição do executivo de Carlos Gomes Júnior, também presente na reunião da Cidade da Praia. "Houve três intervenções e duas delas referiram-se explicitamente à necessidade de se resolver o conflito na Guiné-Bissau", sublinhou Seguro, aludindo às intervenções do presidente da IS, o chileno Luis Ayala, e do líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), José Maria Neves.
Seguro disse "não compreender" que um Governo saído de eleições seja acusado de obstaculizar o país, aludindo não só a Carlos Gomes Júnior, também presidente do Partido Africano da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), mas também a Raimundo Pereira, chefe de Estado interino após a morte de Malam Bacai Sanhá. "Não consigo compreender que quem ganhou as eleições, que foi legitimamente eleito, seja acusado de obstaculizar a estabilidade. Tem de haver respeito pela democracia. Os guineenses escolheram os seus representantes e eles devem regressar para ocupar o lugar para que foram eleitos democraticamente", frisou.
Sobre a participação na reunião do Comité África da IS, que antecede a XXIV cimeira da organização a realizar na Cidade do Cabo em fins de agosto, Seguro indicou que, além da mensagem sobre a Guiné-Bissau, chamará a atenção para os problemas que existem em África decorrentes da crise financeira internacional. "O PS tem uma grande sensibilidade para as questões africanas, para os problemas que se colocam com a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (OMD) e tem a convicção de que a crise é global, afetando mais uns continentes que outros, e que é necessário haver uma resposta também global", explicou.
"Daí que a expressão solidariedade faz todo o sentido e obriga a respostas concretas em diferentes estados de desenvolvimento, sobretudo em África. A luta pela paz, direitos humanos, desenvolvimento, democracia social e por uma resposta à crise financeira e global exige uma resposta de todos", acrescentou. líder socialista declinou responder a questões não relacionadas com a IS, remetendo para terça-feira as ligadas à assinatura de memorandos de entendimento com PAICV e PAIGC e à visita a Cabo Verde. LUSA
"A minha posição é muito clara e muito firme: sou um defensor da democracia. O povo guineense deu o seu voto a um presidente e a um primeiro-ministro. É inaceitável que os dirigentes que foram eleitos democraticamente vivam fora do país e não tenham a possibilidade de desempenhar os cargos para que foram eleitos", disse.
"A reposição do Estado de Direito democrático na Guiné-Bissau é uma responsabilidade universal e uma obrigação da família socialista", acrescentou, negando que tal afirmação constitua uma "crítica implícita" ao presidente do Comité África da IS, o senegalês Ousmane Tanor Dieng. O líder socialista senegalês, ao intervir na sessão de abertura, aludiu às crises militares no Mali, Nigéria e Níger, mas não fez qualquer referência ao conflito na Guiné-Bissau, gerido por um Governo de Transição após o golpe de Estado de 12 de abril.
O golpe de Estado na Guiné-Bissau levou à destituição do executivo de Carlos Gomes Júnior, também presente na reunião da Cidade da Praia. "Houve três intervenções e duas delas referiram-se explicitamente à necessidade de se resolver o conflito na Guiné-Bissau", sublinhou Seguro, aludindo às intervenções do presidente da IS, o chileno Luis Ayala, e do líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), José Maria Neves.
Seguro disse "não compreender" que um Governo saído de eleições seja acusado de obstaculizar o país, aludindo não só a Carlos Gomes Júnior, também presidente do Partido Africano da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), mas também a Raimundo Pereira, chefe de Estado interino após a morte de Malam Bacai Sanhá. "Não consigo compreender que quem ganhou as eleições, que foi legitimamente eleito, seja acusado de obstaculizar a estabilidade. Tem de haver respeito pela democracia. Os guineenses escolheram os seus representantes e eles devem regressar para ocupar o lugar para que foram eleitos democraticamente", frisou.
Sobre a participação na reunião do Comité África da IS, que antecede a XXIV cimeira da organização a realizar na Cidade do Cabo em fins de agosto, Seguro indicou que, além da mensagem sobre a Guiné-Bissau, chamará a atenção para os problemas que existem em África decorrentes da crise financeira internacional. "O PS tem uma grande sensibilidade para as questões africanas, para os problemas que se colocam com a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (OMD) e tem a convicção de que a crise é global, afetando mais uns continentes que outros, e que é necessário haver uma resposta também global", explicou.
"Daí que a expressão solidariedade faz todo o sentido e obriga a respostas concretas em diferentes estados de desenvolvimento, sobretudo em África. A luta pela paz, direitos humanos, desenvolvimento, democracia social e por uma resposta à crise financeira e global exige uma resposta de todos", acrescentou. líder socialista declinou responder a questões não relacionadas com a IS, remetendo para terça-feira as ligadas à assinatura de memorandos de entendimento com PAICV e PAIGC e à visita a Cabo Verde. LUSA
Guiné-Bissau: Carlos Gomes Júnior nega envolvimento na morte de Cacheu
O Primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, negou qualquer envolvimento e que tenha «mãos sujas» na alegada morte do deputado do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Roberto Ferreira Cacheu.
Falando domingo, 29 de Julho, para mais de 500 membros da comunidade guineense na Cidade da Praia (Cabo Verde), Carlos Gomes Júnior, em tom de comício, disse que não foi ele quem mandou «bombardear» a casa de Roberto Ferreira Cacheu, em Dezembro de 2011, na sequência de uma alegada tentativa abortada de golpe de Estado, em que o deputado do PAIGC era apontado como um dos cabecilhas.
Desde a alegada tentativa abortada de golpe de Estado de 26 de Dezembro último que Roberto Ferreira Cacheu nunca mais foi visto em público, circulando informações em Bissau que poderá ter sido morto ou estar fora do país.
Na semana passada, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz do Governo de transição da Guiné-Bissau, Fernando Vaz, convocou jornalistas e o Corpo Diplomático acreditado em Bissau para mostrar a alegada vala comum onde jazem os restos mortais de Roberto Ferreira Cacheu e de mais duas pessoas, mas depois da escavação nada foi visto. Para esta semana, Fernando Vaz promete novos desenvolvimentos.
A declaração de Carlos Gomes Júnior na Cidade da Praia é claramente uma «indirecta» ao Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, líder do golpe de Estado de 12 de Abril último, da chefia do Governo guineense.
«Por isso mesmo escrevi, na semana passada, uma carta ao Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, na qual solicito o Conselho de Segurança para constituir um Tribunal Internacional para a Guiné-Bissau para o julgamento de todos os crimes de sangue cometidos nos últimos anos no país de 2000 a 2012», explicou o também Presidente do PAIGC.
O Primeiro-ministro deposto pelos militares guineenses disse que quer um esclarecimento cabal dos assassinatos ocorridos nos últimos 14 anos no seu país (desde 1998), nomeadamente os do Presidente Nino Vieira, do ex-deputado Hélder Proença, do antigo ministro e responsável da secreta guineense Baciro Dabó, dos antigos Chefes de Estado-Maior General das Forças Armadas, generais Ansumane Mané, Veríssimo Correia Seabra, Tagmé Na Waié, do coronel Domingos Barros, do comodoro Lamine Sanhá, o ex-Chefe dos Serviços de Informações do Estado, Samba Djaló e o recente caso do desaparecimento do deputado Roberto Ferreira Cacheu.
«Quero que todos os responsáveis sejam julgados e condenados. Se tiver mãos sujas que seja julgado e condenado», declarou Carlos Gomes Júnior «arrancando» estrondosos aplausos dos participantes.
Gomes Júnior reafirmou que é um «insulto» para os guineenses e para os democratas a forma como o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, foi nomeado por um «meninozito» referindo-se ao ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria.
«Nós os guineenses e os democratas não devemos admitir mais este insulto», advogou.
Carlos Gomes Júnior terminou o seu discurso dizendo que não pretende continuar a fazer política a partir do exterior, mas sim dentro do território guineense, deixando a entender que regressará muito brevemente à Guiné-Bissau.
O Primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau encontra-se na capital cabo-verdiana a participar na reunião do Comité África da Internacional Socialista juntamente com o Secretário-Geral da Internacional Socialista, Luis Ayala, e os Secretários-Gerais do PS de Portugal, António José Seguro, e do Senegal, Tanor Dieng.
(c) PNN Portuguese News Network
PÉS QUE NÃO CAMINHAM CRIAM RAÍZES...
"Aly,
Para além de colaborador, sou um leitor assíduo do teu, “nosso” blog. Arrisco a dizer que li todos os artigos editados no D.C. desde 12 de Abril. Não dá para disfarçar... Confesso que sou “ditaconsensodependente”. Isto porque sou apologista de um jornalismo interactivo, com espaço para a qualidade, que relata a verdade e, porque não, com duas costelas de patriotismo.
Sou um cidadão muito atento e leitor compulsivo de notícias da nossa querida Guiné, onde dia sim dia não, verdadeiras bombas de vergonha explodem sobre esta nação que deveria ser banhada de bênçãos divinas. São mais do que evidentes os episódios gritantes de irresponsabilidades, actos que vão desde abusos de poder até espasmos de extremo ódio e violência.
Ao longo destes meses de incertezas e angústias do povo guineense, constatei que o ditadura do consenso tem também uma componente sociocultural forte. Excelentes críticos, analistas políticos, escritores mostram os seus talentos e descontentamentos, poetas desconhecidos não escondem os sentimentos nos seus versos. Parabéns!
Parabéns a todos os “bloguistas”, sites, e cidadãos que fazem as notícia chegarem aos nossos aposentos, principalmente a nós que vivemos na diáspora, com atitude de coragem, profissionalismo e patriotismo! Parabéns aos jornalistas ou não, que disponibilizam os seus espaços virtuais para debates, comentários e até sondagens concernentes a esta conjuntura sociopolítico que a nossa Guiné-Bissau atravessa! São bem-vindas as “nobas di nô terra” críticas construtivas e sugestões, sejam elas da esquerda, da direitas ou do “centro”, desde que respeitem os princípios de ética profissional. Aliás, o exercício da liberdade de opinião, expressão e informação, é um direito humano e factor vital na conquista e fortalecimento da paz.
Caros compatriotas, o país só tem a ganhar com a intelectualidade dos seus filhos.
Independentemente das nossas, convicções politicas, divergências de opinião e preferências, temos os mesmos objectivos que é acima de tudo, o bem estar deste povo sofridor e o desenvolvimento do nosso país. É claro que devemos trabalhar para fazer valer o que acreditamos. Mas, isso exige respeito aos demais e o cuidado de observar se o momento é apropriado ou se é hora de se calar. No regime democrático o que se espera é mesmo o debate e a disputa. Mas, devemos tomar atenção e não deixar exaltar os ânimos... Pois, o exercicio da cidadania é coisa séria. Até porque, nós, “fidjus di é tchon sagrado” temos a responsabilidade social acrescida... Temos que admitir que somos os verdadeiros culpados de toda esta zaragata. Confesso que é doloroso assistir a nossa Pátria, a passos longos, caminhar, rumo a um hospício.
É hora de unir esforços, usar as nossas inteligências ao serviço do povo e ajudar a resgatar a nossa querida mãe Guiné do labirinto! Temos que reconhecer o papel importante que a informação e a comunicação desempenham no mundo contemporâneo, e sobretudo, na Guiné-Bissau neste período conturbado. Ninguém é merecedor de coronhadas violentas, ataques virtuais e nem tão pouco perseguições alucinantes, por opinar, defender os direitos dos mais humildes, baseando sempre na realidade dos factos.
“Há que encontrar algo que faça carburar o País. Qualquer coisa. O Ultra-nacionalismo, o anarquismo, a desobediência civil, eu sei lá que mais. Qualquer coisa, mas não - nem por sombras! - um cabide onde nos pendurarmos a comer o pó dos dias e à espera de dias piores...”AAS.
Antes de terminar, gostaria de comentar este “emocionado” parágrafo extraído do artigo “Maravilhoso 1973”(AAS). Caro Aly, a Guiné-Bissau, para poder carburar a todo o vapor, carece realmente de acções com muita firmeza. acções como “Desobediência Civil” que o fulano pediu, acções como “Marcha da Liberdade” que o beltrano exigiu... São estas e outras pequenas acções que geram conquistas e mudanças em nós e nos dão a certeza de que somos capazes.
Irmãos,” os pés que não caminham criam raízes” deixemos de dizer apenas que amamos o nosso país; Vamos amá-lo em verdade e demonstrar não só com palavras e promessas mas sim, pelas nossas posições e atitudes que revolucionem e que dêem resultados. “Um grande objectivo começa com pequenas acções mas, uma pequena acção, não sai do lugar apenas com grandes promessas”.
A questão é que os guineenses deixam de fazer a sua parte, porque acham que não fará diferença alguma para o país, já que ele se encontra atolado até ao pescoço.
Mas como dizia Madre Teresa de Calcutá: " Sua acção pode ser uma gota no oceano, mas o oceano fica menor sem uma gota”.
Que corra sangue de touro nas nossas veias...!!!
Bom dia a todos, com muita leitura e atitudes do bem!
Lisboa, 29/07/12
Vasco Barros."
domingo, 29 de julho de 2012
Doka: obrigado pelas tuas palavras mas continuo na mesma - não há nada oficial, sobre o Roberto Cacheu estar morto e menos ainda sobre quem ordenou o suposto assassinato. A ser verdade, acredita, vou lamentar e serei o primeiro a pedir justiça! Disso não tenhas dúvidas nenhumas. Quem me conhece em Bissau poderá dizer da minha relação com o Roberto Cacheu. Nunca fui cínico, nem hipócrita - coisa que, infelizmente, não falta naquele país. AAS
Todas as mentiras
Disseram-me há pouco que o Didinho postou no seu site que o Aly "retirou" o post onde, por carta, o Governo legítimo da Guiné-Bissau tendo à testa o seu primeiro-ministro, pede ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, a criação de um tribunal internacional ad hoc para a investigação dos crimes de sangue ocorridos durante os seus mandatos. Pois bem.
Caros leitores do ditadura do consenso, tem havido muita contra-informação, e outras tantas mentiras. O referido post - http://ditaduradoconsenso.blogspot.pt/2012/07/carlos-gomes-jr-pede-onu-que-crie-um.html - continua no blog. Não sei o que pretende o Didinho, passando essas contra-informações, o certo é que eu nunca vi esse sujeito tomar partido daquilo que ele próprio escreve. Que lhe pertence. Há dias, alguém escreveu isto no blog do Doka:
"06. Onde arranjou dinheiro para comprar tantas casas, cuja lista o seu agora amigo e apoiante Aly Silva publicou no seu blogue DITADURA DO CONSENSO?"
A verdade, meus caros, é que essa lista - ainda que esteja completamente desactualizada, pois tem vários anos - foi publicada aqui: http://didinho.org/LISTADEIMOVEISDOGRUCAR.htm - e não no meu blog. Eu assumo tudo o que escrevo. Nunca acusei CGJr de matar este ou aquele, mas de ser o responsável político. Era ele o chefe do Governo. Para quem sabe ler e percebe o que lê, o Aly nunca seria o sacrificado. Mas eu estou habituado a que se mate o mensageiro...
Também me foi dito que o Doka prometeu postar sei lá o quê, ainda hoje. E que se referiu ao meu blog como sendo do CONCENSO... Eu aguardo. Sereno...
Só peço isto: tenham colhões e assumam os vossos. Disparates, ou não. E fica desde já um convite a essa dupla: organizem um debate sobre a Guiné-Bissau, para que, juntos, possamos discutir educadamente o mal de que o nosso país padece. Organizem. Aqui, na terra, ou na lua. Ou onde quiserem. AAS
A inveja
"1. «A inveja é um mecanismo de defesa que pomos em actuação quando nos sentimos diminuídos no confronto com alguém, com aquilo que tem, com o que conseguiu fazer. É uma tentativa desajeitada de recuperar a confiança, a estima de nós próprios, minimizando o outro, escreveu FRANCESCO ALBERONI, no seu “Os Invejosos” .
2. Na inveja há um confronto, subsequente a uma necessidade interior de defesa e resposta,com deformação ética. Um confronto interior com terrível dispêndio de energias. É que, afinal, o terreno onde germina a inveja parece ser o mesmo onde germina a competitividade; mas, depois, tudo se tolda: o invejoso perde-se e perde dentro da sujidade da inveja, desviando a energia positiva da competição para o pântano confuso e trapalhão da cólera, do ódio, da tristeza ou da renúncia interiores, iluminado pela frustração e pela mesquinhez disfarçada de distância.No entanto, esta artificial distância do invejoso em relação ao invejado enfrenta um contradição insanável: a necessidade de julgar o outro. É que quando o invejoso julga, ele está a evitar a auto-humilhação ao inveja, pois nesse momento ela é um recuo estratégico para fugir à evidência que o corrói; e o invejado é, à vista do invejoso, melhor do que ele.Mas, uma vez mais, o invejoso falha: o seu próprio veneno, com que agride, sufoca e intoxica o outro (o invejado, o ambiente), esse veneno também o miserabiliza mais cedo ou mais tarde, porque o invejoso também vai respirar o ódio ou a troça com que agride os outro. É que, mais cedo ou mais tarde,a condenação social descobre o invejoso (aquele que involuntariamente se sente menos) e, por isso, se vicia num ódio intermitente, num zombar ou numa distância artificiais em relação às vítimas da sua inveja, com a consciência do mal que quer fazer ao outro quando a “paixão” da inveja o atinge; é isto o que, afinal, define o invejoso. A inveja é, assim, um mal que o invejoso sente que recebeu, mas que ninguém lhe fez, em que a experiência interna do invejoso não se coordena bem com o juízo moral da sociedade sobre as virtualidades das comparações, donde brota a inveja competitiva, ou depressiva, ou obsessiva, ou maldosa, ou avarenta ou iniciadora.
3. Na inveja, o invejoso revela a sua covardia interior. Ele foge às regras sociais da sã competição. Não quer “jogar” social e lealmente. Como se sente diminuído, convence-se de que naquela arena irá sofrer; então, cria uma arena artificial, a sua, para onde procura transportar outros, de forma a se sentir “social” e moralmente “normal”: aí odeia, zomba, “despreza”, finge que não vê ou que não ouve, tenta fugir ao invejado, àquele que ele pensa ser a causa da sua diminuição, que, afinal, é auto-infligida por uma mente primitiva.
4. Mas, a inveja também é parente da admiração pelo invejado? É na medida em que o invejoso luta contra a vitalidade, a força do invejado. Este, de que o invejoso não faz parte, representa um eu separado, distante, intangível para o invejoso. Este descobriu que também ele tem de conquistar; e é neste momento que algo no invejoso o impele à energia descendente da inveja e não à força ascendente do respeito ou da admiração pelos outros.E isto é assim por quê? Porque o invejoso não quer ser como o invejado. Ele quer os resultados e o poder deste, seja a realização pessoal ou profissional, a auto-satisfação, a força ascendente, próxima da noção de energia vital de que tantos filósofos do século XIX e XX falaram. Nada mais!Na inveja existe uma desarmonia entre a vida e a vontade nobre de poder. O invejoso não quer ser como o invejado, ele quer antes acabar com o seu sofrimento interior de diferença em relação ao outro que ele vê como diferente e bem sucedido; o outro, que o invejoso, no fundo, sabe que vale mais; mas que não pode compreender, porque não o vê bem, já que a cegueira do invejoso só lhe dá luz sobre si mesmo e não sobre a humanidade do objecto da sua inveja. O invejoso desconhece o ser do invejado. E é por isso que não suporta ouvir falar ou ver o ser invejado. Daí que: «A inveja não procura, afirma. Não escuta, murmura. Não vai para o objecto, diferencia-se dele, atira-o para longe como que ofuscada pelo esplendor que entreviu e pelo qual foi perturbada. É esta a transfiguração invejosa».A negação das coisas e dos actos do invejado pelo invejoso existe, como tal, quando não há ameaça à fé, mas sim ao valor pessoal que o invejoso dá a si próprio, de molde a que nada possa ou consiga aprender com o invejado. E este pobre quadro floresce se a sociedade não estiver bem organizada colectivamente, assente em valores ascendentes e fortes, porque nesse tipo de sociedade os seus valores são frágeis, discutíveis, podendo todo e qualquer ser humano querer ter o mesmo valor social do outro, abrindo assim caminho à triste paixão da inveja. Esta é, assim, tanto mais forte quanto mais fracas forem a sociedade e as raízes pessoais e intelectuais de cada um.
5. Um dos maiores segredos da vida é saber como reduzir a força da inveja. Tal redução passa sempre pela distância e pela força vital do movimento progressista do invejado. Este deve ter sempre presente a possibilidade de “viajar com saúde vital” ao longo da vida.
Por: Francesco Alberoni"
Conduto de Pina: 15 de agosto de 2009
Deputado ilibado de alegada tentativa de golpe de Estado diz ter sido "procurado" pelos militares © 2009 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A., 15 Ago, 2009, 18:10
O deputado Conduto de Pina ilibado sexta-feira pelo Ministério Público guineense de participação numa alegada tentativa de golpe de Estado, afirmou hoje ter sido "procurado" por um grupo de militares nas instalações da igreja católica onde se encontra refugiado. Segundo o deputado, só não foi levado ao Estado-Maior General das Forças por se ter escondido numa dependência da missão católica de Bissau até a chegada de um oficial dos Serviços de Segurança de Estado (SIE, a `secreta`) que ordenou a retirada dos soldados que se encontravam armados.
"Escondi-me num quarto e não me localizaram. Se me tivessem apanhado nem sei o que me podia ter acontecido", declarou Conduto de Pina, ilibado, juntamente com o deputado Roberto Cacheu, na sexta-feira pelo Ministério Público das acusações de participação numa alegada tentativa de golpe de Estado em Junho. LUSA/RTP
sábado, 28 de julho de 2012
Roberto Cacheu - Uma opinião
"Caro Aly,
Permita-me o obséquio de, através do teu prestimoso blog tecer algumas considerações sobre a nova novela criada pelo governo de transição (GT), que é a «morte ou desaparecimento» do deputado Roberto Ferreira Cacheu.
Estes dias, ora o homem é dado como «morto», ora é dado como «desaparecido», conforme os humores e a inspiração do porta-mentiras do GT, o Sr Fernando Vaz. Na verdade, estes dias, temos assistido a cenas e saidas caricatas protagonizada por esse famigerado membro do governo da CEDEAO que, caso não fosse a seriedade e a gravidade da situação dava mesmo para rir às gargalhadas soltas e de pernas para o ar. Enfim, estamos a assistir na Guiné-Bissau, mais um cenário de montagem grosseira de assassinatos, igual a tantos outros, para fins meramente politicos. Porém, como a mentira tem pernas curtas, la chegaremos ao fundo da verdade.
No entanto, não quero com isso questionar ou pôr em causa de que o deputado Roberto Cacheu não possa estar morto ou estar desaparecido. Aliás, sendo um ser humano, até pode mesmo morrer de morte natural..., ou auto-constituir-se temporariamente sumido com propósitos de ganhos políticos. Enfim, na conjuntura actual na Guiné-Bissau, tudo é possível e o inimaginário, pode ser o mais natural deste mundo.
Para mim, o que se vislumbra da mente desses assaltantes do poder é o de criar mais um «caso político». Existe subjacente a todo esse jogo de cambalachos e declarações incongruentemente descaradas do porta-mentiras do governo saqueador, um plano maquiavélicamente urdido tendente a tentar criar um cenário de aparente «assassinato politico» e querer imputá-lo ao destinatário de sempre, Carlos Gomes Junior, líder do PAIGC.
Ciente desse propósito, nós, cidadãos atentos e conhecedores dos meandros desse maquiavélico plano, não podemos aceitar pacificamente sem reagir a mais uma montagem primária e grosseira, claramente forjada para tentar incriminar alguém que não tem nada a ver com um eventual caso de morte ou desaparecimento de um político que se activava permanentemente em cenários de golpes de Estado e conluios com os militares. Por estes dias, à força de inventar e querer ser "convincente", o porta-mentiras do GT foi tão infeliz e apressado na sua missão de inquisidor, que se perdeu em mentiras e contradições infantis que só o ridicularizam e o expõem à inevitável chacota pública - pobre ovelha transmalhada da família Vaz.
Está-se a ver que o bem falante Sr. porta-mentiras do governo ususrpador, só por sua conta, já investigou, auditou, inquiriu, fez os laudos, julgou e deu a sentença: é o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Junior o autor (material ou moral, sr speaker?) desse «crime» de laboratório. Uma semana depois, segundo o porta-mentiras, algures em Dingal "descobre-se" três corpos, sendo que um deles seria do morto/desaparecido deputado.
Porém, no dia seguinte, ja não havia corpo ou não era o corpo do "matado" que foi encontrado, aliás tinha-se que aguardar pois o «executor do deputado» não se dignou sequer a comparecer para mostrar o local onde sepultou o defunto deputado. Pelo surrealismo, estamos perante um assassino de luxo e disponibilidade muito cara. Não é verdade, pelos vistos, Sr. Porta-mentiras!. Contudo, vamos seguindo o enredo da novela que está a ser interessante, pois mais a história se alonga, mais as pernas do Sr. ministrinho se encurtam... e, estamos certos de que o ministro-pinóquio acabará por estatelar-se ingloriamente nas suas mentiras delirantes e não passará da figura que é: um Bobo na corte do Sr. Injai.
É mais do que evidente que estamos perante mais uma montagem vergonhosa com contornos obscuros e maquiavélicos que não tem outro objectivo senão criar falsos cenários na vã tentativa de colar mais um caso obscuro à figura de uma pessoa que, não o podendo combater politicamente, recorrem e usam contra ele os instrumentos mais insidiosos da calúnia e da mentira tentando forjar no seu espírito o cenário do medo e assim inibi-lo de querer regressar ao seu país e enfrentar o seu inevitável destino político e de cidadania que é assumir as rédeas da liderança desse país.
Porém, desenganem-se os fautores do medo e das montagens maquiavélicas político-militar, pois o Sr. Carlos Gomes Junior regressará de certeza ao seu país e então enfrentar-vos-á, olhos nos olhos, sem medo e sem complacências.
Ao seu lado, lá estarão a juventude, as mulheres e as forças do bem. Aliás, esse seu desejo é tanto mais consistente, tendo em conta a sua carta endereçada ao Secretário Geral das Nações Unidas, Sr Ban-Ki Moon, instando-o a instituir sob os auspícios das Nações Unidas e da Comunidade Internacional, um Tribunal Especial ad hoc à semelhança da do Libano, Serra-Leoa, entre outros, para julgar todos os crimes de sangue cometidos na Guiné-Bissau de 2000 a esta data (esta iniciativa, além de louvável, cauciona a sua boa fé e inverte os dados da suspeição, que passa a estar do lado dos militares).
Por fim, enunciarei alguns factos interessantes do enredo dessa nova novela para refrescar a memória do Sr porta-mentiras do governo de usurpação:
O Sr Robert Cacheu, depois da sua alegada participação no golpe de Estado de 26 de dezembro 2011, foi visto durante vários tempos na cidade de Bissau, nomeadamente a partir das zonas do aeroporto e da base aérea e estava sempre escoltado por militares (de quem não sei, mas deduz-se). Eu, pessoalmente, vi-o e até nos cumprimentamos no aeroporto no dia 13 de março 2012;
O Sr. deputado Roberto Ferreira Cacheu, se esteve ao alcance de alguém, foi dos militares, pois era com eles que ele lidava e até beneficiava da sua protecção pretoriana, fortemente armada;
Existem testemunhas oculares e factos probatórios de contactos de amigos e próximos de Roberto Ferreira Cacheu que provam que ele estava vivo até há bem pouco tempo, inclusivamente muito depois de o visado no seu assassinato não estava ha muito em Bissau... e, esses dados poderão dificultar e quiça desmascarar o papel de inquisitor-mor do comando militar que esta a assumir o Sr F. Vaz;
Hoje, existem pericias suficientemente evoluidas no campo da investigação criminológica que permitem determinar com precisão, a hora, a causa e o local da morte de qualquer pessoa.
Portanto, Sr Porta-mentiras, veja bem a 'koba di djanfa' que está a cavar para si.
O.P."
Encontro de alto nível para definir estratégias
No relatório apresentado no Conselho de Segurança, o Secretário-Geral insta a comunidade internacional a trabalhar em conjunto para restaurar a ordem constitucional na sequência golpe de Estado ocorrido há quase quatro meses. As Nações Unidas devem realizar um encontro de alto nível para definir uma estratégia comum para resolver a crise na Guiné-Bissau. A proposta foi lançada, quinta-feira, pela embaixadora do Brasil junto das Nações Unidas, Maria Luiza Ribeiro Viotti. Após uma reunião sobre o país, no Conselho de Segurança, a diplomata falou à Rádio ONU na qualidade de presidente da Estratégia de Paz para a Guiné-Bissau, no âmbito da Comissão de Consolidação da Paz da ONU.
"Este encontro seria uma oportunidade para que os parceiros internacionais da Guiné-Bissau pudessem participar e chegar a uma estratégia comum. A Cedeao, a Cplp, a União Africana e a União Europeia – é preciso que todos estejam unidos em torno de uma plataforma para apoiar neste momento. Embora haja um consenso, de certa forma, que foi expressado nas resolução do Conselho de Segurança e nas determinações da União Africana, de que é preciso trabalhar para restauração da ordem constitucional, estabilidade e desenvolvimento do país, ainda não há uma estratégia comum", referiu.
No relatório apresentado no Conselho de Segurança, o Secretário-Geral insta a comunidade internacional a trabalhar em conjunto para restaurar a ordem constitucional na sequência golpe de Estado ocorrido há quase quatro meses. Ao ler o documento, o representante especial do Secretário-Geral, Joseph Mutaboba, disse que o país está politicamente dividido entre apoiantes do governo de transição e dos líderes depostos pela junta militar a 12 de Abril.
Em declarações à Rádio ONU, o embaixador da Guiné-Bissau junto das Nações Unidas, João Soares da Gama, pediu "consenso real" de organizações internacionais quanto à questão da estabilização do país. "É uma crise muito complexa cuja solução não pode vir de apenas uma organização, não! Devemos estar todos de acordo. Há também uma outra questão, acho que os atores internos devem estar de acordo com o que está a ser feito. Portanto, o Paigc, que é o partido do país, com quase dois terços deputados não pode ser afastado da solução da Guiné-Bissau".
O período da realização da Assembleia-Geral, em Setembro, foi avançado para acolher o encontro internacional, a ser presidido pelo Secretário-Geral. O informe de Ban Ki-moon pede ações concretas para combater a impunidade e que seja garantido que os responsáveis por assassinatos politicamente motivados e de outros crimes graves sejam levados à justiça. Mutaboba referiu-se, igualmente, ao aumento do tráfico de drogas ilícitas e de atividades relacionadas com violações da ordem constitucional.
Guiné-Bissau nas bocas do mundo...
O Presidente da República Portuguesa, Cavaco Silva, aproveitou a viagem a Londres, onde esteve presente na abertura dos Jogos Olímpicos, para discutir a situação da Guiné-Bissau e de Timor Leste com o secretário-geral da ONU, disse à Lusa uma fonte diplomática. O encontro com Ban Ki-moon aconteceu durante uma receção no palácio de Buckingham pela rainha Isabel II aos chefes de Estado estrangeiros na sexta-feira, logo após a chegada de Cavaco Silva à capital britânica e antes da cerimónia de abertura. De acordo com fonte diplomática, apesar de o Presidente ter conversado com outros líderes estrangeiros, foi com o sul-coreano que manteve uma "longa conversa" que incidiu sobre os dois países lusófonos.
A propósito da situação na Guiné-Bissau, os dois comentaram um relatório divulgado recentemente pelas Nações Unidas "onde está expressa a conclusão que desde o golpe de Estado que aumentou o tráfico de droga", referiu a fonte diplomática à agência Lusa. O relatório de Ban Ki-moon, divulgado a 21 de julho, refere que também a situação humanitária se degradou desde o golpe de Estado de 12 de abril.
Já sobre Timor Leste, o tom foi mais positivo e os dois saudaram "o sucesso do processo de consolidação das instituições democráticas" naquele país e a evolução bem-sucedida do país, além de terem evocado questões de desenvolvimento e educação. O Presidente visitou Timor Leste em maio, durante a comemoração dos dez anos de independência, enquanto o secretário-geral da ONU tem, segundo a mesma fonte, prevista uma "deslocação em breve" a Díli.
No último dia da estadia em Londres, Cavaco Silva teve outro encontro diplomático inesperado com o homólogo alemão, Joachim Gauck, quando se encontraram durante uma visita às respetivas delegações nacionais na aldeia olímpica dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Acompanhados pelas respetivas mulheres, trocaram algumas de circunstância e marcaram encontro para a próxima reunião do grupo de Arraiolos, que junta informalmente nove chefes de Estado sem funções executivas, entre os quais o de Portugal e o da Alemanha. LUSA
Kiredi! Kuma kê?!
Fernando Vaz: "Vamos prosseguir esta operação. Entretanto, polícias estão no local para guardarem o local. Houve um problema técnico (...) e os executores do deputado Cacheu, que deviriam estar presentes para melhor localização (do corpo) no terreno não compareceram."
NOTA: "Os executores não compareceram?" - Mas que raio!!! Então o 'ministro' até sabe quem são/foram os executores e, ainda assim, eles não compareceram? Estarão ao menos sob custódia ou andarão a beber cervejas nas tascas e só comparecerão quando lhes der na gana? Ah, Guiné-Bissau, mãe madrasta...nem sabes os filhos que fizeste desaguar neste país!!! AAS
Trapalhadas & Companhia
- Afinal, parece que o 'corpo' do Roberto Cacheu não foi encontrado... O 'ministro' Fernando Vaz disse ter havido...uma falha técnica. Trocado por peanuts: a pessoa que dizia saber da localização das covas...talvez hoje dará com o lugar das mesmas...
- Ontem à tarde, em Bissau, havia dezenas de militares nos postos da Galp. Disseram que havia informação sobre um possível atentado por isso foram proteger o local... AAS
sexta-feira, 27 de julho de 2012
"Representante da CEDEAO foi particularmente infeliz"
Embaixador português na ONU diz que a posição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental face à siuação na Guiné-Bissau precisa de ser clarificada. A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) evidenciou hoje divisões sobre a Guiné-Bissau no Conselho de Segurança que exigem um "esforço de concertação interna" para clarificar a posição, afirmou o embaixador de Portugal na ONU.
O diplomata, Moraes Cabral, falava à agência Lusa após uma reunião no conselho sobre a situação guineense, em que a declaração pública da CEDEAO foi crítica da postura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por esta se recusar a reconhecer o governo saído do golpe de Estado de 12 de abril, mas nas consultas à porta fechada, o Togo, país da comunidade membro do Conselho, mostrou outra postura. "Nas consultas informais, o ambiente foi totalmente diferente, [houve da CEDEAO] uma atitude extremamente construtiva", afirmou o diplomata.
Foi Youssoufou Bamba, embaixador costa-marfinense, a fazer as declarações na parte pública da reunião, criticando que "alguns países", caso de Portugal, "persistam na sua recusa de reconhecer e lidar com o governo de transição" e que a "fação dura do PAIGC e figuras internacionais" continuem a apoiar Carlos Gomes Júnior e insistam na "impossível exigência de reposição do governo deposto".
Bamba deixou ainda reparos a que o presidente deposto Raimundo Pereira tenha sido convidado a participar na cimeira da CPLP de 20 de julho, em Maputo. Para o diplomata português, que pediu de seguida a palavra no Conselho de Segurança da ONU, a intervenção "polémica" de Bamba tinha "imprecisões graves, de facto, não de opinião".
"Em vez de tentar colmatar divergências que existem, e que existem por motivos sérios, [a intervenção] era mais uma acha para a fogueira, tentando imputar à CPLP e países membros a responsabilidade da atual situação", disse Moraes Cabral à Lusa.
Sobre as duas posturas de membros da CEDEAO, o embaixador adiantou que "se há essas divisões" na organização, "ela própria tem de fazer um esforço de concertação interna, como por exemplo existe no quadro da CPLP que tem uma posição clara e nítida sobre esta matéria".
"O representante que falou em nome CEDEAO foi particularmente infeliz, fez afirmações que não correspondem de todo à realidade. Algumas delas são inclusivamente deselegantes, o que não é muito o tom habitual dos debates do Conselho de Segurança. Divergências políticas são sempre legitimas, mas exige-se um tom respeitador das posições de outras pessoas", afirmou.
"Espero que CEDEAO tenha uma posição clara, clarificada, aquando da reunião de alto nível que pretendemos e teve apoio no conselho", adiantou.
António Gumende, embaixador de Moçambique na ONU e representante da CPLP na reunião, e Maria Luiza Viotti, embaixadora do Brasil que preside à Comissão de Consolidação da Paz para a Guiné-Bissau, deixaram o apelo para que o secretário geral da ONU convoque uma reunião internacional de alto nível com os principais parceiros, com objetivo de delinear uma "estratégia conjunta para restaurar a ordem constitucional na Guiné-Bissau".
Já nas consultas, disse Moraes Cabral à Lusa, "houve no Conselho grande identidade de propósitos quanto à necessidade de encontrar uma solução [política interna] que seja credível, respeitadora da legalidade, que não premeie os fautores do golpe e permita antes de mais atender às necessidades do povo da Guiné-Bissau", afirmou.
A situação, adiantou, é de degradação "em termos económicos, humanitários, de criminalidade, e aumento do tráfico de droga" e "as chamadas autoridades de transição" não cumpriram mesmo o acordo com a CEDEAO, estando os preparativos para as eleições atrasados.
"É preciso ultrapassar isto e encontrar uma plataforma que congregue todas as partes, mas que seja credível, que tenha um quadro de referência temporal que seja também ele credível, que seja uma solução que aglutine as forças políticas e permita ultrapassar esta situação de ilegalidade em que atualmente se vive", disse o diplomata. Expresso
Descobertos três corpos, entre eles o do Roberto Cacheu
Os corpos do deputado guineense Roberto Cacheu e de mais duas pessoas não identificadas foram encontrados hoje na localidade de Dingal, a 25 quilómetros de Bissau, anunciou o Governo de transição.
As autoridades governamentais chamaram os jornalistas, membros do corpo diplomático e representantes das Nações Unidas, da União Africana e da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) ao local para verificarem a descoberta dos corpos, que estavam a ser exumados ao fim da tarde. Encontravam-se no local elementos da Polícia Judiciária da Guiné-Bissau e dos Serviços de Informações. LUSA
Guiné-Bissau nos Jogos Olímpicos Londres 2012
A cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos Londres 2012 será hoje, dia 27 de Julho, a partir das 21 horas, 20 horas de Bissau. A Guiné-Bissau estará representada nas modalidades de atletismo com o recordista nacional nas provas de 60, 100 e 200 metros planos Holder da Silva e Graciela Martins, a melhor guineense da actualidade nos 400 metros planos.
Holder da Silva correrá os 100 metros planos no dia 4 de Agosto, a partir das 10h da manhã, uma hora a menos em Bissau, e a Graciela fará os 400 metros planos no dia 3, a partir das 12h, menos uma hora em Bissau.
A Luta Livre também estará representada, com destaque principal para os campeões de África em título nas respectivas categorias: Augusto Midana (74 Kg) e Jacira Mendonça (63 Kg). As provas têm lugar no próximo dia 6 de Agosto.
Fontes contactadas em Londres pelo ditadura do consenso, destacam o apoio dado pela diáspora guineense nas terras de Sua Majestade, com uma forte representação, no mais importante momento da vida dos nossos atletas.
De resto, em Londres, e em todo esse ambiente onde se vê tudo o que é de nível, os atletas guineenses estão cientes da nossa realidade, querendo apenas garantir que o nosso povo, que tanto merece, será representado com respeito, sacrificio e dignidade. AAS
Carlos Gomes Jr., pede à ONU a criação de um Tribunal Internacional ad hoc
O Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, escreveu, esta semana, uma carta ao Secretario Geral da ONU, Ban ki Moon, na qual solicita o Conselho de Segurança para que seja constituído um Tribunal Internacional ad hoc para a Guiné-Bissau para o julgamento de todos os crimes de sangue cometidos nos últimos anos no país de 2000 a 2012.
Na sua carta ao Secretario Geral da ONU, Carlos Gomes Júnior, lembra que várias personalidades politicas e militares foram assassinadas ao longo dos últimos 14 anos consecutivos de instabilidade político-militar crónica na Guiné-Bissau, sendo que a maioria dos referidos assassinatos ocorreu durante as sublevações militares, com destaque, nomeadamente do General João Bernardo Vieira, na época, Presidente da República, do ex-deputado Hélder Proença, do ex-Ministro Baciro Dabó, dos Ex-Chefes de Estado-maior General das Forças Armadas, Generais Ansumane Mané, Veríssimo Correia Seabra e Tagmé Na Waié, do Coronel Domingos de Barros, do Comodoro Lamine Sanhá e do ex-Chefe dos Serviços de Informações do Estado, Samba Djaló e do recente caso do desaparecimento do deputado Roberto Ferreira Cacheu.
O Primeiro-ministro deposto pelos militares guineenses solicitou ao Conselho de Segurança a constituição de um Tribunal Internacional ad hoc para a Guiné-Bissau à semelhança do que ocorreu no passado em situações idênticas, onde as Nações Unidas criaram e promoveram a criação de vários tribunais internacionais ad hoc ou tribunais especiais para o julgamento de crimes graves cometidos em diversos pontos do mundo, nomeadamente o Tribunal Especial para o Líbano, em 2005, para julgar os autores do ataque que matou o Primeiro-Ministro Rafiq Hariri, os Tribunais Internacionais para a Ex-Jugoslávia e para o Ruanda, criados pelo Conselho de Segurança em 1993 e 1994, respectivamente. Lembrou ainda, na sua carta, que em 2002, as Nações Unidas celebraram um acordo com o governo da Serra Leoa para o estabelecimento de um Tribunal Especial para o julgamento de crimes ocorridos neste país após 30 de Novembro de 1996.
Lisboa, 27 de Julho de 2012.
O Governo Legítimo da República da Guiné-Bissau
Guiné-Bissau: SECURITY COUNCIL URGED TO CALL FOR UNIFIED STRATEGY THAT WOULD RESTORE LEGITIMATE ORDER IN GUINEA-BISSAU
Divisions Blocking Progress, Says Secretary-General’s Special Representative
Describing the divergent positions of Guinea-Bissau’s international partners on the transitional process emerging in the country following the 12 April military coup d'état, the Secretary-General’s Special Representative there today appealed to the Security Council to call on them to forge a unified strategy for restoring legitimate order.
“Bissau-Guineans alone have the responsibility to shape the future of their country indeed,” said Joseph Mutaboba, who is also Head of the United Nations Integrated Peacebuilding Office in Guinea-Bissau (UNIOGBIS). “But equally, regional, continental and international partners must arrive at a common position on how best to assist the country in moving towards the full restoration of constitutional order,” he stressed, while presenting the Secretary-General’s latest report on the troubled West African country.
Also addressing the Council were Maria Luiza Ribeiro Viotti (Brazil), in her capacity as Chair of the Guinea-Bissau Configuration of the Peacebuilding Commission; Antonio Gumende (Mozambique), on behalf of the Community of Portuguese-speaking countries (CPLP); and Youssoufou Bamba (Côte d’Ivoire), on behalf of Heads of State of the Economic Community of West African States (ECOWAS). Jose Filipe Moraes Cabral ( Portugal) spoke in clarification of the issue.
Mr. Mutaboba said national and international opinion was divided over the country’s current transitional arrangements. The country itself was split between those supporting the Transitional Government, notably the Social Renewal Party, the military, the five candidates who had contested the first round of pre-coup presidential elections as well as the forum of opposition political parties, on the one hand, and those who did not recognize the transitional authorities, especially the major African Party for the Independence of Guinea and Cape Verde (PAIGC) and the National Anti-coup d'état Front (FRENAGOLPE). Along similar lines, civil society was also at odds, and the National Assembly was paralysed over its agenda, resulting in the closure of its current session.
He went on to say that the international community was also divided following attempts by the Transitional Government to reach out to international partners with pledges to conduct elections, prosecute those responsible for political assassinations and convene a long-overdue national conference. ECOWAS leaders meeting at the end of June had endorsed the transitional authorities, urging them to follow through on their pledges, and suspended the general sanctions imposed on the country, he said. However, CPLP had issued a statement on 19 July, following the meeting of its Council of Ministers, reaffirming its recognition of the deposed elected authorities. The President of the European Commission, who had attended that meeting, had stressed that the European Union would not tolerate coups in Guinea-Bissau.
Efforts by the Secretary-General and UNIOGBIS to harmonize the positions of the international partners had not yet produced the desired results, he continued, adding that in his consultations with a wide range of stakeholders, all groups had stressed the need for the country’s people and leadership to engage in inclusive and frank dialogue. They had also underscored the necessity of tackling the root causes of instability. However, it was critical that ECOWAS and CPLP, in collaboration with the African Union, the European Union and the United Nations, overcome their prevailing differences and agree on a common position. Similarly, all domestic political actors and civil society in Guinea-Bissau must work together to ensure a consensual transition as a step towards restoring constitutional order, he said, adding that national political actors must work towards ending the parliamentary deadlock.
Meanwhile, he said, elements of the Economic Community Mission in Bissau (ECOMIB) Force had been deployed to the port and airport as well as to most ministries in Bissau as part of their mandate to secure State institutions. However, deployment of the Force to the National Assembly on 5 July had been suspended following objections by members of the PAIGC, on grounds that the presence of armed individuals contravened parliamentary rules. Mr. Mutaboba added that Guinea-Bissau’s humanitarian, social and economic situation remained fragile, with a wave of criminal activities reported, as well as increased drug trafficking.
Ms. Viotti said that since the coup d'état, the Guinea-Bissau Configuration had been striving to facilitate dialogue among the main stakeholders, ECOWAS and CPLP. Nearly four months after the coup, constitutional order had yet to be restored and the humanitarian and economic situation continued to deteriorate. The derailment of the electoral process had reduced international confidence and donor support, thus threatening hard-won socio-economic gains, especially those relating to institution-building, economic recovery, financial management and the fight against drug trafficking.
Additionally, the current transitional arrangements had not been accepted by key national stakeholders, and still did not meet the requirements of legitimacy in the eyes of many international partners, she said. Nor was it conducive to stability and to a sustainable political solution since it excluded the country’s main political force. The current transitional arrangement also called into question Guinea-Bissau’s capacity to pursue efforts related to its most pressing peacebuilding priorities, such as security-sector reform, and the fight against impunity and transnational organized crime, particularly drug trafficking.
The restoration of constitutional order should evolve through dialogue and negotiation, with the participation of all political forces, she said. The United Nations, African Union, ECOWAS, CPLP and the European Union should seek a convergence of views and mutually reinforce each other’s actions. To that end, she suggested the convening of a high-level meeting be by the Secretary-General, with the aim of articulating a common strategy.
Mr. Bamba, speaking on behalf of ECOWAS Heads of State and Government, said the transitional process was hindered by the “pro-Carlos Gomes Junior faction of the PAIGC”, with the active backing of external supporters. Nevertheless, the Transitional Government, which included PAIGC members, remained focused on achieving inclusiveness and consensus. Largely as a result of unrelenting efforts by ECOWAS, there was a new environment of political peace, security and stability, instead of chaos and anarchy, he said. Dialogue between the Gomes faction of the PAIGC and the Transitional Government was ongoing, and efforts were under way to ensure the National Assembly’s smooth functioning.
Asking the international community “not to rush decisions, but to allow the internal stakeholders the space to dialogue among themselves”, he said the ECOWAS office in Guinea-Bissau had facilitated meetings with development partners, but regrettably, some countries still refused to deal with the Transitional Government. It was also regrettable that the hard-line PAIGC faction and other international figures continued to support the Gomes faction against the Transition Government. Among urgent priority tasks were the biometric registration of eligible voters, social and economic development, and defence and security-sector reform. The greater the cohesion within the world community, the quicker and more effectively could urgent initiatives be carried out, he emphasized. ECOWAS was ready to meet with CPLP for “open and frank discussions” which would make it possible for the international community to speak with one voice, he said.
Mr. Gumende expressed CPLP’s deep concern over the situation in Guinea-Bissau since the coup. Relating the results of the Community’s summit last week, he reiterated its appeal for the convening of a high-level meeting under the aegis of the United Nations, with a view to developing a comprehensive, integrated strategy aimed at restoring constitutional order in Guinea-Bissau, in close coordination with regional partners, notably CPLP, the African Union, ECOWAS and the European Union.
Mr. Cabral said the PAIGC, Guinea-Bissau’s major party, was not part of the Transitional Government. Members said to be participating no longer had a connection with the party, as made clear by successive communiqués from the legitimate PAIGC authorities. What had been called the “Gomes faction”, was in fact two thirds of the Guinea-Bissau parliament’s membership, he said, adding that to call that a “faction” lacked “elegance”, to say the least. The country’s international partners had refrained from collaborating with illegitimate authorities and would, no doubt, continue to do so until a credible political transition was in place, he emphasized. He pointed out that criminal activity and drug trafficking had increased, despite what had been described as a return to “normality” in daily life.
ONU sanciona mais seis militares
SECURITY COUNCIL GUINEA-BISSAU SANCTIONS COMMITTEE ADDS
SIX INDIVIDUALS TO ITS TRAVEL BAN LIST
On 18 July 2012, the Security Council Committee established pursuant to resolution 2048 (2012) concerning Guinea-Bissau approved the additional designation of the six individuals specified below to be subject to the measures (travel ban) imposed by paragraph 4 of resolution 2048 (2012).
1. Captain (Navy) Sanha CLUSSÉ
Nationality: Guinea-Bissau
Date of Birth: 28 September 1965
Parentage: Clusse Mutcha and Dalu Imbungue
Official function: Acting Navy Chief of Staff
Passport: SA 0000515
Date of issue: 08.12.2003
Place of issue: Guinea-Bissau
Date of expiry: 29.08.2013
Designation/Justification: Member of the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012. Very close to António Injai. Sanha Clussé integrated the “Military Command” delegation that met with ECOWAS in Abidjan on 26 April 2012.
2. Colonel Cranha DANFA
Nationality: Guinea-Bissau
Date of Birth: 05.03.1957
Official function: Head of Operations of the Armed Forces Joint Staff
Passport: AAIN29392
Date of issue: 29.09.2011
Place of issue: Guinea-Bissau
Date of expiry: 29.09.2016
Designation/Justification: Member of the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012. Close Advisor to Armed Forces Chief of Staff António Injai.
3. Major Idrissa DJALÓ
Nationality: Guinea-Bissau
Date of birth: 06 January 1962
Official function: Protocol Advisor to the Armed Forces Chief of Staff
Designation/Justification: Point of Contact for the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012 and one of its most active members. He was one of the first officers to publicly assume his affiliation to the “Military Command”, having signed one of its first communiqués (nº5, dated 13 April 2012). Major Djaló also belongs to the Military Intelligence.
4. Lieutenant-colonel Tchipa NA BIDON
Nationality: Guinea-Bissau
Date of Birth: 28 May 1954
Parentage: “Nabidom”
Official function: Head of Intelligence
Passport: Diplomatic Passport DA0001564
Date of issue: 30.11.2005
Place of issue: Guinea-Bissau
Date of expiry: 15.05.2011
Designation/Justification: Member of the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012.
5. Lieutenant-colonel Tcham NA MAN (a.k.a. Namam)
Nationality: Guinea-Bissau
Date of Birth: 27 February 1953
Parentage: Biute Naman and Ndjade Na Noa
Official function: Head of the Armed Forces Military Hospital
Passport: SA0002264
Date of issue: 24.07.2006
Place of issue: Guinea-Bissau
Date of expiry: 23.07.2009
Designation/Justification: Member of the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012. Also a member of the Military High Command (highest hierarchy of the Bissau-Guinean Armed Forces)
6. Lieutenant-colonel Júlio NHATE
Nationality: Guinea-Bissau
Date of Birth: 28 September 1965
Official function: Commander of the Paratroops Regiment
Designation/Justification: Member of the "Military Command" which has assumed responsibility for the coup d'état of 12 April 2012. A loyal ally of António Injai, Lt.Col. Júlio Nhate has the material responsibility for the 12 April 2012 coup, having conducted the military operation.
Accordingly, the names of the above individuals have been added to the Committee’s consolidated travel ban list, which is available on the Committee’s website at the following URL: http://www.un.org/sc/committees/2048/pdf/2048_travel_ban_list.pdf.
Guiné-Bissau: Tensões Angola-Nigéria estendem-se à região
A retirada da Missang de Bissau não se teria registado, nem vingado, sem instigação e apoios da Nigéria; menos ainda contra sua vontade,as autoridades angolanas não conseguiram engolir isso em seco e usam de toda a sua influência na CPLP para inverter o actual quadro politico na Guiné- Bissau e conseguir base de apoio para as suas pretensões expansionistas para se transformar numa potência regional e ser respeitada como tal em toda África Ocidental destronando por isso a Nigéria,que vem denunciando todas essas acções angolanas.“Angola surge como potência na África Ocidcental, em parte, devido os crescentes problemas internos da Nigéria.Na África Austral, Angola faz face à concorrência de potências económicas como a África do Sul e a Nambia” para tudo isso é necessário que em Angola o processo eleitoral corra bem e que os problemas internos tais como a pobreza e a exclusão social sejam rapidamente resolvidos.(Comentário CAI)
A Nigéria encara com desconfiança e inquietação políticas e atitudes do regime de Angola a que associa “intenções expansionistas” contrárias aos seus interesses e influências regionais. É este o quadro em que análises pertinentes situam o “forcing” nigeriano que levou ao fim da presença militar angolana na Guiné-Bissau. É um dado considerado “adquirido” que o golpe de Estado, 12 de Abril, que provocou a retirada da Missang de Bissau não se teria registado, nem vingado, sem instigação e apoios da Nigéria; menos ainda contra sua vontade.
Os pronunciamentos iniciais do chamado Comando Militar, entidade que chamou a si a autoria da acção, deixaram transparecer uma tónica nitidamente anti-angolana. O script atribuia à Missang planos para “eliminar” as FA guineenses, para o que contaria com a cumplicidade das autoridades, entre as quais o PM, Carlos Gomes Júnior. O líder do golpe, General António Indjai, fora até Fevereiro de 2012, partidário da presença militar angolana; ao mesmo tempo, adversário público de compromissos de natureza militar com países da região. Mudou de posição na esteira de uma viagem à Nigéria, precedida de aproximações com outras personalidades da região.
A aplicação das autoridades angolanas na participação do seu país na CGG-Comissão do Golfo da Guiné e na CEEAC-Comissão Económica dos Estados da África Central, é igualmente vista pela Nigéria como correspondendo a artifícios para se implantar e disputar com ela uma área de sua influência. A Nigéria não só cultiva/preserva o seu papel de potência regional por meio de políticas destinadas a anular ou limitar “intrusões” do tipo de Angola, como cuida, ela própria, de alargar/consolidar influências e interesses próprio na área – esforço ditado pela necessidade de não dar vazão a novas “aventuras de secessão”. AM
Guiné-Bissau : subida do custo de vida após o golpe de estado de 12 de abril
O poder de compra dos funcionarios na Guiné-Bissau degradou na sequência do golpe de estado de 12 de abril, segundo a opinião de Heloyso da Cunha, chefe do patrimonio do Ministério da Agricultura. Tendo em conta de que, um funcionario guineense recebe 60.000 Fcfa (110 dolares americanos) por mês, e que o salario minimo é de 30.000 Fcfa (55 dolares americanos), o quilo de arroz, alimento de base da população, passou de 250 para 400 Fcfa, sublinha o referido funcionario.
Mesmo revistos em alta à razão de 5%, os salarios dos funcionarios guineenses continuam a ser o de nivel mais fraco na Zona UEMOA (União Economica e Monetaria Oeste Africana), senão de todo o continente, indica o entrevistado. Segundo o seu entendimento, o fraco nivel dos salarios, esta na base da «abstençao frequente dos funcionarios nos seus postos de trabalho e, muitos têm duplo emprego ou se dedicam à corrupção (os vulgos «suku di bás») para poderem sobreviver». Enfim disse o entrevistado de que, «o Estado fingi nos pagar e nós fingimos trabalhar».
Por outro lado, lamenta que na Função Publica guineense, a promoção não se faz que não sendo na base da camaradagem, do nepotismo e do clientelismo politico. A prova disso é que, apos o golpe de estado de 12 de abril ultimo, todos os Directores Gerais da Administração Publica que sejam militantes ou simpatizantes do PAIGC, assim como os Governadores das Regiões e Administradores dos Sectores, foram simplesmente demitidos das suas funções». A Administração Publica guineense conta com 20.000 funcionarios de acordo com o ultimo recenseamento onde foi detectado mais de 3.000 funcionarios fictivos que recebiam salarios sem no entanto prestarem quaisquer serviços ao Estado.
Suspensão de financiamento pelo BAD
A suspensão de um financiamento do Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD), depois do golpe de estado de 12 de abril de 2012 provocou a paralização de um importante projecto para a segurança alimentar, o Projecto de Reabilitaçao do Sector Agricola Rural (PRESAR), indicou em Bissau à imprensa, Caoussou Diombéra, Director do projecto.
Segundo ele, foi por causa do golpe de estado de 12 de abril e devido a instabilidade crônica, que o BAD tomou a decisão de gelar os fundos, isto é, 600 mil euros, que representa a ultima parcela do financiamento do projecto. A suspensão do financiamento, vai repercurtir sobre a segurança alimentar na Guiné-Bissau onde se regista um déficite cerealifero crônico devido a uma insuficiência da produção local, sublinha o Sr Diombéra. Tratando-se da produção do arroz, género alimentar de base, a Guiné-Bissau produz aproximadamente 40.000 toneladas e importa 80.000 por ano.
O PRESAR é financiado depois de 2007 por um periodo de 5 anos num valor de 567,58 millhões de Fcfa (mais de um milhão de dolares americanos) pelo Estado e 5,8 bilhões de Fcfa (aproximadamente 11 milhões de dolares americanos) pelo Fundo Africano de Desenvolvimento, estructura especializada do BAD. Maria Araujo, Directora Geral de Agricultura, estima que caso a situação continue inalteravel, corre-se o risco de uma catastrofe alimentar no interior do pais. A insegurança alimentar foi agravada este ano pela baixa de produção da castanha de caju e que a queda vertiginiosa do preço desta principal fonte de receita dos camponeses.
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quinta-feira, 26 de julho de 2012
A INJUSTIÇA EM NOME DA JUSTIÇA
O termo justiça de maneira simples, diz respeito à igualdade de todos os cidadãos. É o princípio básico de um acordo que objetiva manter a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal (constitucionalidade das leis) ou na sua aplicação a casos específicos da sociedade (litígio)- In Wikimedia. A INJUSTIÇA não existe de fato (bem como a JUSTIÇA), o que temos, são direitos distintos antagônicos os quais, confrontando-se e um deles prevalecendo, daí dizemos que foi (ou não.) feito "justiça".
Também este termo "INJUSTIÇA", usa-se quando queremos protestar, espernear, reclamar, lamentar, invejar, padecer, solidarizar com algo, alguém ou acontecimento determinado, dai que passo a usar este termo a partir daqui e adiante. A falta da justiça ou a injustiça em nome da justiça, cria ódios, e ódios provocam a vingança. A vingança é uma prática que acompanha a história da sociedade e do país, mas é diferentemente interpretada: alguns a defendem como necessária à constituição da justiça; outros a consideram um ato irracional. Ela pode provocar um círculo vicioso, como guerras, golpes e assassinatos.
No caso da guiné bissau, muitas se não todas a injustiças que tanto todos criticamos foram feitas invocando a defesa do estado e da nação, isso quer dizer a muito tem criados ódios através das realizações das injustiças em nome da defesa do estado e da justiça.
Nos últimos anos é notável e confirmado, assassinatos de muitos políticos (sobre tudo militantes do PAIGC e opositores de atual direção do Partido) o que é um facto muito estranho e que merece a atenção, a vida de cada guineense não tem preço, por isso não existe benefícios económicos, que o país pode trocar com a vida dos nossos irmãos, pais, familiares, amigos e companheiros. Nota-se, cidadãos tanto individuais ou em grupos, de formas diferentes empenhados na luta, para que a justiça (no seu verdadeiro sentido de ser), seja uma realidade na guine bissau.
Ninguém deve estar acima da lei, aliás ninguém está acima da lei, por isso essa luta é dever de todos nos, e devemos encara-la como um desafio da sociedade, mas enfrentar desafios e lutar para justiça não quer dizer, fazer justiça com as nossas mãos, incentivar ou apoiar a violência, muito menos reforçar as injustiças em nome de justiça.
E, para exigirmos a justiça, antes temos é que respeitar o seu sentido, respeitar o sentido da justiça por sua vez, não passa só em aceita-lo quando as nossas exigências forma satisfeitas ou quando a justiça se pronunciou a favor dos nossos protestos ou das nossas revindicações, porque nem sempre o revindicado, protestado ou queixoso tem razão.
A interpretação das leis, que definem não ou razão, merece uma determinadas preparações, isso quer dizer nem todos nos estamos em condições de faze-la, mesmo aos que foram preparados para tal, nem todos fazem da mesma forma, este facto não passou despercebido aos senhores das leis, para a resolução deste diferendo, foram criadas instituições vocacionadas para interpretar e pronunciar sobre diferentes ponte de vista que podemos ter quanto as leis, no caso da Guiné Bissau é o Supremo Tribunal de Justiça, dai que respeitar as decisões deste órgão, não é um favor da cidadão, mas sim é um dever da cidadania.
Em todos os complots de assassinatos e calúnias (se assim entendermos) na Guiné Bissau, há envolvimento do serviço de segurança de estado, e das Forças Armadas, em alguns casos as denunciam foram do próprio atual CEMGFA. Estamos perante mais um, entre muitos episódios, que fazem parte da nossa história, o desaparecimento e suposto assassinato do Deputado da Nação Roberto Ferreira Cacheu, onde desta vez, foi afastado o envolvimento das FA, mas o serviço de informação de estado não escapou.
Este governo, tal como carece de dificuldades de lidimidade perante alguns cidadãos e maior parte das organizações de comunidade internacional, assim também que o envolvimento de serviço da estado neste caso, pode de que maneira, dificultar a legitimidade da investigação deste caso.
Porque, se o serviço de informação da segurança de estado, sempre foi manipulado pelo governo, para justificar assassinatos como tentativas de golpes de estado, isto é, neste momento tal como no passado, estamos perante mesmo sistema vicioso, de encomendar a injustiça em nome da justiça. Dai, que em termos da minha contribuição, sugere ao governo o afastamento de SIE no processo, e um apelo a NU, UA, CEDEÃO, o envolvimento direto com pessoas de investigação, como forma de permitir a maior transparência do processo.
Espero que, caso foram criadas condições para que a investigação seja feita de forma seria e transparente, que possa chamar todos os presumíveis envolvidos nos assassinatos (tanto civis e militares) a justiça, muitos guineenses vão se juntar e sair a rua para exigir a todos os chamados para responder a justiça. Mas se a justiça for encomendada ou se a investigação consegue descobrir só (repito só), os autores morais, deixando os autores materiais, custara e muito alguns guineenses, solidarizar-se com mais uma injustiça em nome de justiça. Vamos todos juntos lutar contra injustiça em nome da justiça.
Ibrahim Abdul Sani.
Conflitos no Mali e na Guiné-Bissau: O Senegal se implica na procura de uma solução
(Leral 26/07/2012)
Apos 100 dias passados à testa do Ministério dos Negocios Estrangeiros e dos Senegaleses do Exterior, Senhor Alioune Badara Cissé fez hoje face a imprensa e aos representantes dos corpos diplomaticos acreditados no Senegal. Ele aproveitou à ocasião para dizer que, o Senegal se implicara na procura de soluções para os conflitos no Mali e na Guinée-Bissau. Nessa perspectiva, ele declinou as novas linhas de acção, antes de informar que o processo do antigo presidente tchadiano Hissène Habré tera lugar no Senegal.
A paz e a estabilidade da sub-região inquietam sobremaneira o Senegal. Ao menos foi esse sentimento que deixou transparecer o Sr Alioune Badara Cissé, ministro dos Negocios Estrangeiros e dos Senegaleses do Exterior. Mas, antes de quaisquer engajamento de contribuição para uma sub-região oeste africana estavel, é necessario antes de mais tentar apagar o fogo que, depois de mais de três dezenas de anos lavra no sul do Senegal. A esse proposito, Sr Alioune Badara Cissé, que põe reservas quanto a fixação de um prazo explicito para alcançar esse objectivo – contrariamente ao anterior presidente Wade e os seus «100 dias» – parece dar-se conta da amplitude dessa tarefa que espera o regime actual face a crise Casamançesa. Reconhecendo, que «nos iremos falhar… » – se a crise em questão não fôr resolvida – o responsavel da diplomacia senegalesa, lembra implicitamente a missão de Macky Sall en encontrar uma saida para esta crise antes (ou no fim) do seu primeiro mandato.
Ao lado desta tomada de consciência, Alioune Badara Cissé, fazendo o balanço dos 100 dias à frente do seu ministério, insistiu sobre as acções do Senegal, visando contribuir com o seu concurso para a retoma definitiva da paz nos paises vizinhos : «A Guiné-Bissau e o Mali atravesam situações dificeis consecutivas à interrupção brutal do foncionamento normal das instituições democraticas e à ocupação da região Norte do Mali por bandos armados que põem assim em causa a sua integridade territorial». Reafirma : «O nosso pais esta fortemente implicado na procura de soluções a essas crises, no quadro das regras que nos adoptamos na CEDEAO (…), nomeadamente, importantes medidas que vão no sentido do restabelecimento da ordem constitucional nesses dois paises, e a soberania plena e inteira do Mali sobre o conjunto do seu territorio».
Assim, centrando-se sobre o ultimo ponto, o ministro dira : « Nos somos em vias de afinar as nossas acções, em concertação com a União Africaina, em vias de obter do Conselho de Segurança das Nações Unidas que se autorise uma intervenção militar sob o capitulo VII da carta e acorde um apoio logistico às tropas da CEDEAO». No que concerne a situação na Guiné-Bissau, o ministro dos Negocios Estrangeiros e dos Senegaleses do Exterior, em jeito de tranquilizar os nossos vizinhos, anunciou que «o Senegal, na sua qualidade de membro do grupo de contacto regional, participou nos trabalhos concernentes de forma empenhada, tanto em Banjul como em Abuja no fim do mês de abril».
Por outro lado, segundo opinião do Sr Cissé, «o estabelecimento das relações de confiança com os vizinhos imediatos do Senegal e os paises da sub-região continua a ser um dos pontos prioritarios da diplomacia senegalesa e que, com o concurso da Gambia acções energicas serão levadas a cabo para um retorno da paz na Casamança ».
...)
Fonte : Loffice
Abdourahmane Mbodj et Mansour Ndiaye
© Copyright Leral
Nota : Essa posição do MNE do Senegal, demostra a expressão menor com que questão guineense é tratada pelos nossos vizinhos-inimigos. Em suma, para o Senegal, a crise guineense esta ja completamente resolvida (no bom sentido e no interesse do Senegal) e, por isso não merece mais que meros paliativos para nos manter no estado de actual de COMA PROFUNDO... enquanto vão delapidando à la sénegalaise os nossos recursos na zona de exploração conjunta e comprando o nosso caju a vil preço... para «re-exporta-lo» a preço de ouro como produto made in Senegal.
Abram os olhos, guineenses. AAS
NENHUM PAÍS VIVE A GLÓRIA DO PRESENTE SEM VALORIZAR O SEU PASSADO
O passado a que faço referência neste modesto artigo não é tão longe assim, até porque, algumas figuras ilustres que participaram no seu alicerce ainda estão vivas, apesar de “perdidos” nos labirintos do esquecimento, correndo risco de suas glórias serem apagadas da nossa memória coletiva. Estou a aqui a referir-me aos combatentes da liberdade da pátria.
Causou-me espécie, há poucos dias, ao ler noticias sobre a nossa Guiné, deparar-me com uma informação que dava conta que o conselho de ministros do atual governo de “transição” aprovou uma pensão por morte, em benefício da viúva do patrono da nossa independência e fundador das nacionalidades da Guiné e Cabo Verde, o Amílcar Cabral. A viúva é Dona Ana Maria Cabral.
Ao ler a noticia ocorreu-me um misto de alegaria e tristeza ao mesmo tempo. Alegria porque, com isso, estaríamos a corrigir uma das maiores injustiças para com a nossa própria história. Não se trata de uma omissão desrespeitosa apenas à memória do Amílcar Cabral, mas, também a de todos aqueles que como ele tombaram na trincheira do ideal libertador. Estou a falar aqui de uma pessoa que correu todos os riscos inerentes ao estatuto de cônjuge de um líder revolucionário. Viveu um drama pessoal com a morte de seu marido, pelo que é repugnante vê-la esquecida pela nossa classe politica. Ela em si é uma combatente de liberdade da pátria. É uma vergonha esquecê-la.
Apesar da minha discordância com os ditos governos de transição derivados de golpes de Estado, dentre os quais o que está em exercício atualmente no país, devo reconhecer que se for verdade que a viúva do Amílcar Cabral não recebia pensão por morte e só vai passar a recebe-la a partir agora, vai desde já a minha saudação ao “executivo”, por este gesto de inteira justiça. Aproveita ainda para exortar as mesmas “autoridades” que o gesto em questão seja para valer e não para servir de um puro marketing do regime.
Na mesma via, aproveita para dizer que se as informações acima corresponderem à verdade, ou seja, se a tal pensão só foi atribuída agora, peço à Dona Ana Maria Cabral, que queira aceitar desculpas do povo guineense, mesmo que essas desculpas venham de um humilde cidadão feito eu. Desculpe-nos, Senhora.
De igual forma, tive a grata surpresa de saber que o lendário combatente da liberdade da pátria, M´bana Cabra, graças a Deus ainda está vivo. A tal surpresa vem do fato de ser relegado ao anonimato e recebendo uma mísera pensão por reforma, o que foi até alvo de embate politico recentemente. Não se ouvia falar de um homem que ganhou fama nos campos de batalhas pela nossa independência. O homem que o inimigo aprendeu a respeitar pela sua coragem, bravura e determinação em lutar pela liberdade do seu povo.
Deixar de cuidar dos nossos heróis vivos é desprezar a nossa memória histórica.
É aviltar igualmente o esforço e espírito patriótico daqueles que já se foram. Pergunto até quando vamos continuar a desperdiçar a oportunidade de aprender com os exemplos de abnegação destes ilustres cidadãos. Caro M´bana Cabra, aproveito esta oportunidade para em seu nome render homenagem a tantos outros M´banas, solenemente esquecidos, enfrentando dificuldades de todas as ordens, agravadas pela exiguidade dos subsídios de reformas que recebem.
É absurdo, um país como o nosso, que escreveu com letras de ouro no livro da história dos povos que lutaram pelos seus justos sonhos de liberdade, tratarmos com descaso a memória politica do nosso povo. Sem nenhum demérito aos outros povos no tocante ao assunto, mas, nós tivemos um passado brilhante que precisa ser protegido com todo zelo necessário. Talvez seja a falta dessa memória que esteja a nos levar a perder o rumo de desenvolvimento e de paz social. Nenhum país vive a glória do presente sem valorizar o seu passado.
Alberto Indequi
Advogado e Empresário
Portugal e África Ocidental em choque no Conselho Segurança
Portugal e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) trocaram hoje críticas no Conselho de Segurança da ONU sobre a Guiné-Bissau, com o bloco africano a qualificar o regresso das autoridades depostas como «exigência impossível» da CPLP.
A troca de argumentos foi protagonizada pelo representante permanente de Portugal na ONU e pelo seu homólogo da Costa do Marfim, em representação da CEDEAO, numa reunião do Conselho de Segurança em que Brasil e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pediram a realização de uma conferência internacional de alto nível sobre a Guiné-Bissau.
Youssoufou Bamba, embaixador costa-marfinense, afirmou que o «processo de transição» no país está a ser dificultado pela «fação pró-Carlos Gomes Júnior do PAIGC», o maior partido guineense, com «apoiantes internacionais», apesar dos esforços do governo saído do golpe de abril para «alcançar a inclusão e consenso».
União Africana: "Sanções contra golpistas continuam em vigor"
A União Africana (UA) disse que continuam em vigor as sanções impostas à Guiné-Bissau e às pessoas responsáveis pelo golpe de Estado do dia 12 de Abril. A informação foi avançada à imprensa esta quarta-feira, 25 de Julho, em Bissau, pelo novo representante da UA para a Guiné-Bissau, à saída do encontro que manteve com Manuel Serifo Nhamadjo.
De acordo com o diplomata santomense ao serviço da UA, o encontro visou a harmonização de posições pela comunidade internacional, nomeadamente a CPLP, União Africana, União Europeia e CEDEAO, em busca de uma saída constitucional pós-golpe na Guiné-Bissau. «Esta harmonização deve envolver a sociedade civil guineense e entidades religiosas», precisou.
Entre as pessoas a quem se dirigem as sanções da UA, constam seis membros do Estado Major-general das Forças Armadas, nomeadamente António Indjai. Da parte civil, figuram sete membros do Governo de Transição saído deste golpe, Presidente e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Bissau e o Presidente de Conselho de Administração da Empresa de Electricidade e Águas da Guiné-Bissau, EAGB. Pana
Angola: Corrupção põe em perigo direitos fundamentais dos angolanos
A transparência e a boa governação foram debatidas numa iniciativa da Associação Justiça, Paz e Democracia - AJPD, em Luanda. A iniciativa de dois dias,(25 e 26.07) enquadra-se na execução do programa da AJPD (Associação Justiça Paz e Democracia) sobre "Direitos Humanos, Boa Governação, Transparência e Desenvolvimento Sustentável", iniciado em abril passado com a divulgação do relatório "A Topografia da Corrupção e da Falta de Transparência em Angola". O documento sublinhava que a corrupção naquele PALOP já afeta os direitos fundamentais dos angolanos. As eleições gerais em Angola estão marcadas para 31 de agosto
Perguntámos ao gestor do programa da AJPD, Serra Bango, se a escolha dos temas para esta conferência tem a ver com o momento político eleitoral que se vive em Angola.
Serra Bango (SB): Aliar isso à realização da conferência cívica é uma mera coincidência. Mas, na verdade, temos notado que, no desenrolar do processo eleitoral, se registam situações que indicam claramente falta de transparência e consequentemente, alguns laivos de corrupção. Quando há falta de transparência, quase que necessariamente somos obrigados a chamar outras questões como a corrupção, o favoritismo e o tráfico de influência. No entanto, a AJPD realiza esta atividade como consequência da implementação de um programa de “Direitos Humanos, Boa Governação, Transparência e Desenvolvimento Sustentável”, iniciado em abril último.
DW África: Um dos temas da conferência refere-se a “Eleições, Transparência e Corrupção: Faces do fenómeno, sua Manifestação e Mecanismo para a sua Contenção”. Em linguagem simples, o que é que isso quer dizer?
SB : Trata-se de um tema transversal. A contenção da corrupção não vai ser só apenas relativa ao processo eleitoral, mas quisemos também que, nesta altura, o tema do processo eleitoral fosse abordado, porque a sua gestão tem sido muito criticada. Continua a existir muita contestação e existem suspeitas de que os atos não são praticados com a lisura e a transparência que o processo exige.
Por outro lado, queremos problematizar a questão, para saber se é ou não legítimo que em processos eleitorais os candidatos e partidos políticos, em vez de apresentarem propostas de governação e em vez de divulgarem projetos de sociedade, enveredem por práticas de corrupção, no sentido de condicionarem o eleitorado a orientar o seu voto por via de ofertas momentâneas. Finalmente, queremos ver se é possível discutir e apresentar formas para combater esta prática.
Em 2009, o Presidente angolano pediu "tolerância zero" para a corrupção
DW África : O combate à corrupção é um processo de consciencialização dos cidadãos e dos próprios servidores públicos. Esse processo vai levar muito tempo?
SB : Entendemos que o combate à corrupção não termina agora. E muito menos os seus efeitos são imediatos. É uma tomada de consciência para que os cidadãos, organizados ou individualmente, saibam o mal que esse fenómeno provoca.
Não existem dúvidas que a corrupção está muito presente em Angola. Aliás: isso já foi admitido pelo próprio Presidente da República, para além de ele também ter estimulado a própria corrupção. Quero com isso dizer que o Presidente da República, quando afirma que nenhum cidadão angolano vive do seu salário, estava a admitir que só o seu salário, apesar das condições e regalias decorrentes do cargo que ocupa, não seria suficiente para construir a riqueza ou o patrimônio que deve ter e que não é o resultado do trabalho justo e abnegado. Mas o Presidente também admite que em Angola , depois da guerra, o pior problema é a corrupção.
Portanto, é importante uma tomada de consciência dos cidadãos sobre esse fenómeno. E nós, enquanto organização da sociedade civil, estamos decididos a combater todos os males que atingem a sociedade angolana: não só no plano jurídico mas também no social e económico. E é neste âmbito que o combate à corrupção não passa somente por medidas práticas ou repressivas, mas também por programas e políticas, para além de um amplo debate público.
O petróleo é a principal fonte de receitas de Angola
DW África: Quando diz que é preciso colocar a questão da corrupção na agenda política, não acha que é agora o momento ideal, o período que antecede as eleições gerais?
SB: É o momento oportuno, porque toda a gente está atenta e todos vão querer falar do assunto. Mas o risco é que a fase das eleições é como uma grande festa: a mesa está bonita e tão logo a mesa é desmontada e ninguém quer saber da festa que houve.
Portanto, poderá ser oportuno para alguns colocarem o tema em debate e depois não darem o seguimento necessário devido a compromissos que eventualmente cada um venha a assumir. Acho que esta e outras questões da vida pública angolana não deveriam ser tratadas num único momento, porque depois tudo cai em saco roto. Deve-se falar sempre porque no período eleitoral se diz muita coisa, apenas para agradar o eleitorado e, depois de chegar ao poder, as coisas tomam um outro cariz.
DW África: É possível o crescimento económico e o desenvolvimento sustentável de Angola com atos de corrupção denunciados por vários quadrantes da sociedade?
SB: Temos algumas reticências. Isto porque os dados que nos apresentaram poderão ser meramente administrativos. Quando se confrontar com a necessidade de uma redistribuição equitativa (estamos a falar de um desenvolvimento macro-económico), poderemos perceber que esse crescimento não tem reflexos na vida do cidadão.
Angola está a mostrar que o crescimento económico não é necessariamente sinónimo de desenvolvimento humano. Quanto mais se fala de crescimento económico em Angola, maiores são os índices da pobreza visível.
Deutsche Welle
Autor: António Rocha
Edição: Guilherme Correia da Silva
"EUA não reconhecem as autoridades guineenses" saídas do golpe militar
O general norte-americano Carter Ham, comandante para as Atividades Civis e Militares do Africom, sediada em Estugarda (Alemanha), disse, ontem, na capital cabo-verdiana, que o seu país não reconhece as autoridades bissau-guineenses instaladas na sequência do golpe militar de 12 de abril. "Sempre que há uma tomada ilegal do poder, especialmente pelos militares, tem de ser condenada e não pode ser apoiada por ninguém", disse o general Ham, citado pela Panapress.
O comandante do Africom, que esteve reunido com o ministro da Defesa de Cabo Verde, Jorge Tolentino, defendeu ainda ser necessário o restabelecimento de um governo civil e legítimo na Guiné-Bissau. "Até isso acontecer, será muito difícil para os Estados Unidos e para outros países trabalharem com a Guiné-Bissau", disse o general Carter Ham. O militar disse ainda que os EUA estão "muito preocupados" com o narcotráfico em países da sub-região da África Ocidental,, como a Guiné-Bissau.
Muito a propósito...
Entrevista de António Aly Silva a 'Nino' Vieira, em Paris, para o semanário "O Independente"
(...) António Aly Silva/'O Independemte': Não teme que, com o seu regresso, também possa ser responsabilizado pelas mortes de, entre outros, Paulo Correia e Viriato Pã?
'Nino' Vieira: "Não temo nada! Eles foram julgados e tiveram acesso a advogados de defesa. O Tribunal Militar condenou-os e foram sentenciados à morte. O Conselho de Estado reuniu-se e aplicou a pena capital a seis elementos e comutou outras seis. Isso é da responsabilidade do Nino Vieira? Antes da independência, quantos é que não foram julgados, condenados e fuzilados? Quantos é que o próprio Paulo Correia não fuzilou? O que é que aconteceu aos quatro ex-comandos portugueses que o presidente (Ramalho) Eanes pediu a Luís Cabral? Foram simplesmente fuzilados, sem qualquer julgamento."
Entrevista publicada no semanário português «O Independente», em 1999.
O 'sistema'
Caro compatriotas que me têm lido e manifestado agrado em relação aos meus textos.
Faço questão de fazer estas linhas, também para justificar esta minha "ausência", relativamente prolongada, na publicação de textos de opinião... Não mudei de convicções, nem parei de escrever por qualquer motivo especial, apesar de algumas manobras e pressões nesse sentido. Estive de férias e no regresso deparei-me com uma exigência profissonal extra e inesperada, a que tive de corresponder e, felizmente, já está ultrapassada...
Apesar de tudo, continuei "religiosamente" a acompanhar as notícias sobre a nossa pátria, sempre antes de ir para a cama. Quanto a isso, penso que os actores políticos guineenses já posicionaram as suas "pedras no tabuleiro", como se de um jogo de xadrez se tratasse e o jogo está a seguir o seu curso. Uns vão ganhando uns bispos, outros uns cavalos e até a rainha... Agora, resta-nos esperar, de que parte sairá o derradeiro "xeque-mate"... Mas, há assuntos e mensagens subliminares integrantes a esse jogo politico, que me preocupa como cidadão comum e, que importa analisar e comentar.
Começo pelo desaparecimento do Sr. Roberto Cacheu. É incrível e inaceitável que, em pleno século XXI, um adulto na posse de todas as suas capacidades cognitivas e intelectuais, desapareça de uma sociedade, sem que os familiares dessem o alerta de forma atempada e solicitassem ajuda às autoridades nacionais e até à Aministia Internacional! Peço desde as minhas desculpas à família, se por ventura já tinham tomado essas medidas, mas não as tornaram suficientemente públicas.
Não deixa de ser estranho que esse alerta tenha sido dado e tornado público, apenas seis meses depois do seu desaparecimento!!! Faço votos para que se esclareça rapidamente o que aconteceu a esse cidadão (Roberto Cacheu) e, no caso de ter sido barbaramente assassinado, que os seus responsáveis sejam chamados à justiça, como sempre defendi para todos os assassinatos cometidos na Guiné-Bissau, com exceção do assassinato de Nino Vieira. Em relação a este, continuo a defender publicamente que não foi mais que uma vítima de um sistema criado e sustentado por ele mesmo... Para mim, o assassinato de Nino Vieira deve ser investigado pela justiça, só depois de uma investigação séria e profunda de todos os crimes (económicos, politicos, sociais e de sangue), cometidos durante a ditadura Ninista e com conluio do mesmo e aconfiscação de todos os bens que ele e os seus amigos e familiares delapidaram ao estado e povo guineense...
Voltando ao desaparecimento do cidadão Roberto Cacheu, caso a investigação concluir tratar-se de um assassinato, não deixa de ser importante ter em linha de conta que não pode servir apenas para perseguições politicas dos autores morais do crime, esquecendo ou tentando esquecer a responsabilidade dos autores materiais desses crimes... Deixemos a justiça trabalhar, que seja célere e independente, devemos apenas estar atentos à tentativas de manipulações políticas à justiça...
Outro assunto que tenho lido nos espaços virtuais, que me deixa confuso e desconfortável como guineense e gostaria de ser esclarecido, é sobre o Estado Civil de Nino Vieira, antes da sua morte. Publicamente é-lhe conhecido das viúvas!!! Será que a legislação guineense permite a poligamia, por causa do número do número de muçulmanos existentes na Guiné-Bissau? Será que Nino Vieira estava autorizado a praticar a poligamia de forma legal!? Espero que esta pergunta pública não ofenda nenhuma das viúvas, até porque importa esclarecer este assunto, para questões relacionadas com a pensão de viúvez a que a(s) viúva(s) de Nino Vieira tem direito, porque, apesar de tudo, Nino Vieira foi combatente de liberdade da pátria...
Para terminar, queria reagir a um comentário de um ignorante que se identificou como Donkuro Mbalo de Tókio, num blog. Entre outras barbaridades, afirma que nenhuma faculdade portuguesa, incluindo Coimbra, não faz parte das 100 melhores da Europa!!! Queria dizer a este senhor, que Portugal não tem só uma Universidade entre as 100 melhores da Europa, mas sim quatro! No Ranking deste ano, a Universidade do Porto (onde sinto orgulho de me ter formado), encontra-se na 12ª posição, a Universidade Técnica de Lisboa na 53ª posição, Universidade de Coimbra na 92ª posição e a Universidade do Minho 95ª posição, das melhores da Europa. Ainda acrescento-lhe que a Universidade do Porto encontra-se na posição 79 (única Portuguesa), entre as 100 melhores Universidades do Mundo... É uma questão de pesquisar e eu facilito-lhe a vida, aconselhando este site http://www.webometrics.info/top12000.asp?offset=50.
Infelizmente o que mais povoa o espaço virtual guineense são "bitaiteiros", "farrompeiros" e "pantomineiros", sem qualquer rigor naquilo que afirmam ou defendem! Quando colocados perante o rigor científico ou académico, acabam sempre por claudicar. Mas, para mandar bocas, conquistar protagonismos fáceis, duvido que existe outro povo como nós guineenses!
Enfim!
Jorge Herbert"
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