sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Taur Matan Ruak > "Condenamos a perseguição e o uso da violência para a conquista do poder"
O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, condenou hoje (sexta-feira)a "perseguição" e o "uso da violência" para a conquista do poder na Guiné-Bissau, sublinhando que vai chegar um momento em que as pessoas vão dizer "basta". "Primeiro condenamos a perseguição e o uso da violência para a conquista do poder, segundo, acreditamos que isto é passageiro e há de ter um fim porque o mundo não vai continuar a admitir isto e os guineenses também não", afirmou o Presidente timorense. Taur Matan Ruak falava aos jornalistas durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente interino deposto da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, que iniciou na quinta-feira uma visita de trabalho a Timor-Leste.
"Se formos ver o passado Timor foi um bocadinho isso também. Chegou um momento em que as pessoas acabaram por dizer basta. Acho que na Guiné-Bissau vai chegar um momento que as pessoas vão dizer pára, para não continuar", afirmou, acrescentando que o seu país está a fazer um esforço para que isso aconteça. Nas declarações aos jornalistas, o chefe de Estado timorense recordou também que a Guiné-Bissau foi durante muitos anos uma inspiração para Timor-Leste quando ainda lutava contra a ocupação indonésia. "Com a honrosa presença do senhor Presidente aproveitei para agradecer tudo o que a Guiné apoiou a causa de Timor, a luta, mas também manifestar a nossa solidariedade e assegurar a disponibilidade de Timor-Leste para continuar a apoiar a Guiné-Bissau na busca de uma solução aceitável internacionalmente", acrescentou.
A 12 de Abril, na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do Presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derrubaram o Governo e o Presidente. A Guiné-Bissau está desde então a ser administrada por um Governo de transição, apoiado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende realizar eleições no país em Abril do próximo ano. A maior parte da comunidade internacional, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), não reconhece as novas autoridades de Bissau.
"Noto medo"
Caro Aly Silva,
Muito obrigado pelo seu trabalho de divulgação do dia a dia da Guiné-Bissau, país que conheci no inicio deste ano de 2012 e que me fez apaixonar pela sua "nossa" terra, paixão essa que me fez voltar quatro vezes e que penso não me libertarei mais. Tenho ao longo destas quatro idas a Bissau notado uma degradação enorme das condições de vida e pior do que isso se é que isso é possível, tenho notado MEDO nas pessoas. E com muita tristeza que vejo um pais que passei a amar como se fosse o meu não estar a conseguir encontrar um rumo pois tem todas as condições para que tal aconteça e melhor do que isso tem um povo maravilhoso!!!
Mas com optimismo e coragem o futuro será maravilhoso e no que puder contribuir assim o farei. Mais uma vez obrigado pelo seu trabalho porque é em tempo real a única fonte verdadeira de noticias da Guiné-Bissau que passa para o exterior.
Grande abraço
R. S.
A Geopolitica: Guiné-Bissau, futuro incerto!
Hoje apraz-me falar da geopolítica. Desde ontem que vinha matutando nisso, pois não sou perito na matéria. Olha, calha bem! porque três artigos publicados (no dia 15) pela Ditadura de Consenso dão matéria mais que suficiente para tratar o assunto. Trata-se do “Tiros na fronteira”, “Assalto” e “Ninguém está acima do interesse nacional”. Hão-de entender porquê. A geopolitica como se sabe (fui ao google) é a interpretação dos fatos da atualidade e do desenvolvimento político dos países usando como parâmetros principais ás informações geográficas e visando compreender e explicar os conflitos internacionais e as principais questões políticas da atualidade.
Reflexões individual e colectiva sobre a Guiné-Bissau e seus sucessivos conflitos convidam a questionar, para além das causas internas, as relações entre este país e seus vizinhos e a subregião. Que interesses animam os países vizinhos próximos e afastados no trato com este pequeno estado? Que divergências existem e que vantagens apresentam a Guiné-Bissau no estado da paz e em situação de conflito?
Recuando no tempo: Foi sobejamente conhecidos os pontos de vista divergentes de Cabral e do Senghor relativamente a opção do PAIGC por uma luta armada no território da colónia portuguesa e pelo relacionamento com os países do leste. No entanto, do ponto de vista ideológico, Cabral nunca se pronunciou como comunista. Tudo isso se compreende, estavamos na época da guerra fria!
Nos principios da década de 90, a Guiné-Bissau e o Senegal confrontaram-se numa guerra ferenha na fronteira norte, nas bandas do Cabo Roxo, para o contrôle de algumas milhas de terra e do mar supostamente pertencendo a Guiné Bissau e onde existe petroleo. O conflito acabou na Haya e foi resolvido a “moda africana”: repartição do beneficio em função do número de habitantes. Talvez por isso, até a data presente, a placa de definição dessa fronteira teima em ter pés para passear de um local para outro...
Decorrido um pouco menos de uma década, surge o conflito de 07 de junho 1998. Os dois vizinhos próximos, o Senegal e a república da Guiné, apressaram-se em enviar suas forças armadas justificando acordos assinados anteriormente. Essa intervenção estrangeira não fez mais que agudizar o conflito, instalar definitivamente a guerra civil com todas as consequências que hoje se vive no país.
Como é sabido, o Senegal possui uma diplomacia reconhecida no mundo como bastante boa. O que significa grande capacidade de negociação. Porque não a usou para persuadir o então presidente a enveredar por um processo de negociação, apesar da insistência da sociedade civil e do parlamento nacionais que apontaram e batalharam para a via negocial. Porque será que o Senegal se envolveu tanto que, em determinada altura, assumiu a gestão do conflito, substituindo-se às autoridades nacionais? Quem não se lembra que era o estado maior do Senegal para a Guiné-Bissau sedeada em Bissau, quem concedia autorização de circular em viaturas na capital e deste para atravessar as linhas de frente sob seu comando ou para aceder a área sob seu contrôle? Somente para avivar as memórias: lembrem-se quando morreu em Cantchungo o falecido João da Costa, combatente da liberdade de pátria. Foi “arrancada” uma autorização ao dito estado maior para que, enfim, o corpo desse camarada pudesse atravessar as linhas de frente e ser enterrado em Bissau. Manuel Saturnino da Costa (quantas vezes ministro e até primeiro ministro), próximo familiar do camarada morto, deve ter lamentado sua juventude perdida em prol da independência e conhecido então a maior humilhação da vida.
O Senegal não teria querido resolver o conflito de Casamance apoiando-se na crise da Guiné-Bissau? Mais! O Senegal não é um país que recruta analfabetos para suas forças armadas e muito menos tem oficiais analfabetos como é o caso da Guiné-Bissau. Então porque essa violenta agressão aos arquivos do Instituto Nacional dos Estudos e Pesquisa e do Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação, servindo os documentos como combustivel para os militares fazerem o tradicional chá chamado de “uarga”? Mas porque será que ocuparam essses estabelecimentos? Essa atitude não constitui um elemento para questionar uma possível prática intencional?
Apenas uma parêntese de esclarecimento: A vizinha república da Guiné também enviou homens mas se comportou timidamente. E, a Gambia mais discreta facilitaria negociações entre facções durante a guerra de 07 de Junho e integraria as forças do Grupo de Monitorização de Cessar-Fogo “ECOMOG”, da CEDEAO.
Não será o Senegal apenas o chefe de fila de um propósito subregional relativamente a uma Guiné-Bissau que teima em manter-se lusófona e fora da influência francófona (ma i ka pudi dja kapli)? Porque será que a França se envolveu no conflito de 07 de Junho? Terá sido apenas devido a morte de turistas franceses, supostamente traficantes de armas, mortos supostamente pelos rebeldes da Casamance na fronteira entre o Senegal e a Guiné-Bissau ou no território guineense, assassinados pelos traficantes guineenses de armas?
Será que se lembrem que permanece a “indefinição” dos limites fronteiriços na zona norte entre o Senegal e a Guiné-Bissau? Quem administra a zona litigiosa do Cabo Roxo? Já se deram conta que nos últimos sete anos registaram-se vários confrontos entre as “forças armadas” ou milicias(?) da Guiné-Bissau e os rebeldes de Casamance? Uma mudança de campo? de quem? Porquê? Como? Quem é acusado de armar os rebeldes de Casamanca? Não foi o suposto tráfico de armas para esse destino que constituiu a gota que transbordou o copo de água no caso de 7 de Junho? No entanto, a rebelião da Casamance tem quase ou senão mais de 3 decadas de actividade guerrilheira. Neste assunto, temos que reconhecer a capacidade da diplomacia Senegalesa em distrair a atenção internacional e em adiar a questão de Casamance que, aliás, acaba por ser entendido como um problema entretido pela turbulenta vizinha que é a Guiné-Bissau (vendedor de armas, base de retaguarda, celeiro dos guerrilheiros).
A instabilidade da Guiné-Bissau é somente obra dos seus ex-guerilheiros (quantos estão ainda vivos e com que capacidade física? E os actuais quem são?) que interiorizaram a cultura da guerra e cujas referências são profudamente étnicas? Quem tem interesse a que a Guiné-Bissau se mantenha em perpétua instabilidade? Porquê e para quê?
Ora, vou relatar o que ouvi há dois anos. Podemos todos duvidar. Não há provas. A dúvida, o questionamento são intrínsicas a pesquisa, a procura de conhecimentos.
Um técnico superior contou que, numa missão a Abijan, foi interpelado por um ex-ministro de Houfouette Boigny por saber que era guineense. O senhor abordou-lhe sobre a situação do país de Cabral (que admira) e, lastimando veio às confidências: teria deixado escapar que o golpe de estado de 1980 fora comanditado após uma breve visita do presidente Senegalês Senghor à Guiné-Bissau durante o regime de Luis Cabral. O tema da conversa que teve seguidamente com o presidente Houfouette focalizou as iniciativas em curso na jovem república sob o ponto de vista geopolítico e o perigo que poderia representar para os regimes dos dois países.
Conotado então de país de ideologia comunista, a Guiné-Bissau estava dando largos passos em matéria da construção de uma economia que parecia solidamente fincada na valorização dos recursos agrários, sua vocação natural: em funcionamento estavam os projectos de desenvolvimento agricola, insdustrias de transformação de produtos agricolas e da madeira, montagem de viatura citroen, projectos turisticos nas ilhas de Bubaque... Associado a estes empreendimentos, buscava-se um sistema educativo que permitisse colmatar as necessidades de quadros técnicos que era uma urgência para o desenvolvimento do país. Sobre a mesa e, em negociação, encontravam-se os projectos de construção de pontes com vista a facilitar a construção de uma economia integrada mas também o projecto da prospeção do petróleo. Imaginemos que tudo isso tivesse sido realizado e beneficiado a quem de direito. Qual seria o impacto desses avanços na vida social e política dos vizinhos de perto e mais afastados cuja ideologia e relações se mantinham do lado do bloco ocidental, lado oposto ao bloco sobre o qual a Guiné-Bissau assentava suas relações de cooperação.
Travar os avanços da Guiné-Bissau parecia então imperativo para evitar que houvesse o efeito bola de neve. Era preciso combater a ideologia comunista para adiar convulsões sociais e políticas internas e pôr termo aos debates, na altura, muito vivos nas oposições dos dois países sobre o neocolonialismo e a independência total. E, não faltavam motivos para suscitar um golpe de estado, que já, nessa época era de moda nos países africanos. De entre muitos, a questão da unidade Guiné e Cabo Verde seria uma excelente causa. Os conteúdos dos primeiros discursos justificando o golpe foram suficientemente claros. Os assassinatos e as valas comuns? um aparato macabro! De responsabilidade partilhada. Práticas que perduram até hoje.
Actualmente pouco ou nada restam dos investimentos mencionados. Os produtos agricolas e florestais do país tem outros destinos que são naturalmente os mercados senegaleses e em menor escala os da república da Guiné. A entrada na UEMOA para beneficios incertos, favorece. No entanto, o guineense vende pouco ou não vende em nenhum país da subregião. As regras de livre circulação são validas só para uns. A maior parte de bens essenciais provêm do Senegal via terrestre: o combustivel, o arroz, o açucar etc... . Louvado seja o Senegal que rebocou o país, incluindo nas suas importações as necessidades de uma boa parte da população guineense, excluindo apenas a região de Gabu - leste do país - sob o controlo dos comerciantes da república da Guiné (boa estrategia! Afinal não é só ele!).
Será que aos governantes e politicos interessa somente a exportação da castanha de caju, acabando os indianos por arrecadar o grosso do benefício? Será que a eles interessa apenas aliar-se, em momentos de campanha eleitoral, às pessoas internacionalmente apontadas como narcotraficantes? E que mais os interessa? Leiloar permanentemente o PAIGC? Em que mãos cairá brevemente?~
Muitas lacunas concorrem para o estado da diriva (nô chalan ku pirdi si rumo!) em que se encontra a Guiné-Bissau: a inexistência de uma liderança, de um projecto e de uma estratégia politicos para o país e a ausência de uma visão geopolítica do seu contexto geográfico; sua diplomacia vive confundindo relações de estado com relações pessoais; sua fraca capacidade de negociação no plano externo coloca-o a mercê de influências e de interesses alheios aos da nação (nação? será que tem interesses nacionais definidos?). Ainda no plano interno, a destruturação permanente das bases do estado em construção, em particular do sistema judicial e a fraqueza do poder legislativo (poder na rasta rabo na rua!) abrem grandes as portas à impunidade, ao narcotráfico e oferece condições optimais para o desenvolvimento de interesses étnicos obscuros que se associaciam a ganância pelo poder. Onde está o patriotismo?
A caminhada é longa: quase 40 anos após a sua independência, a Guiné-Bissau não resolveu a questão da delimitação fronteiriça com o Senegal e com a República da Guiné. Que estado não conhece os seus limites territoriais? E, aí vem o petróleo, o bauxite, o fosfato e também mais e mais outras guerrilhas... (sendo que o recrutamento de milicias se faz nas aldeias de origem e no seio familiar e a taxa do analfabetismo elevada, haverá sempre carne viva para canhões? Que me desculpem!)
E, se aproveitassemos para (re)colocar a questão da Guiné-Bissau no contexto geopolítico da subregião? O golpe de estado da CEDEAO não se encaixaria num possível projecto desta organização para com o seu “estado” membro? Considerando a atitude “passiva” (claro que não se desvalorizam as reações e os combates em curso mas quão dispersas, enfim!) quaisquer que sejam as razões e, por vezes atitudes cúmplices de certas franjas das forças vivas da país face a esse acto da CEDEAO, que outras situações pode-se esperar? O apoio do Senegal ao opositor do Yaya Djame não segue as mesmas linhas? Tanto que a Gambia é acusada de albergar a rebelião da Casamance e individuos não gratos da Guiné-Bissau. O certo é que algum dia, os actores hão-de mudar, haverá outros que irão pensar a subregião com mais discernimento. Até lá ...
Cuidem-se guineenses, kau s’ta mau!!!
QES
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Transcendente
Aly,
Quero começar por dizer que és um grande jornalista e a dedicação e a entrega que tens pela profissão que escolheste é algo de transcendente e para mim só o amor pode explicar isso. O amor por um país, por um povo mas também a atitude, a inquietude e o inconformismo.
Não sou jornalista mas é simples perceber que de nada vale o amor ou até mesmo o talento sem esses três últimos, principalmente na tua área de atividade. E isso tu tens de sobra.
Desejo-te genuinamente e de coração o melhor da vida e que vejas os teus objetivos concretizados, mas acima de tudo que tenhas muitos anos de vida e muita saúde para que continues conosco e que a tua inquietude se continue a fazer sentir. Há um barulho que se escuta no silêncio. É António Aly Silva.
A.M
D. Berta em livro
Caro Aly
Dizer que o conheço só porque o vi uma vez em Bissau, é estultícia. Foi em Maio de 2010, no dia em que terminava o campeonato português de futebol, estava eu no restaurante Porto rodeado de benfiquistas por todos os lados a ver o jogo quando você "entrou em campo" com uma camisola do Sporting! Certamente lembra-se da "calorosa recepção" que a plateia lhe fez e eu, que sou do Belenenses, achei muita graça à irreverência do seu gesto de afirmação clubista. Enfim, já dizia o poeta e escritor Vargas Llosa que o encanto do futebol deve-se ao facto de, "...ser melhor do que a vida".
Costumo segui-lo porque o seu blogue dá-me notícias da terra onde está a minha filha, e sigo com preocupação o que aí se passa.
Mas a razão deste escrito prende-se com o lançamento do livro que escrevi sobre a D. Berta. Esteja onde estiver, aqui vai o convite.
Cumprimentos
José C.
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E a propósito do livro, um amigo escreveu
Meus Caros Amigos,
Sei que nem todos conhecerão a Dona Berta e que nem todos os que a conhecem estarão por Lisboa no próximo dia 21 de Novembro. Poderão mesmo assim, eventualmente conhecer alguém que a conheça e que por Lisboa esteja e assim, agradeço, re-transmitir. A nossa mais do que querida Dona Berta vive desde há já longos meses um epílogo de vida bem ingratamente distante do mundo de doçura, carinho e amor desinteressado que foi a marca de toda a sua vida.
Neste momento, é muito provável que, mesmo tendo-lhe sido dito, não apreenda que no próximo dia 21 um livro com o seu nome e a si inteiramente dedicado verá a luz do dia. O próprio autor, José Ceitil (obrigado sem fim, José!) lho há-de ler. Lançamento na sede da CPLP…dificilmente poderia ser mais simbólico o local, falando nós de uma caboverdiana do Maio, guineense de Bissau por coração inteiro, portuguesa de Campo de Ourique e com a Ordem do Infante, avó, mãe, irmã, amiga de brasileiros, s.tomenses, moçambicanos, angolanos, timorenses e tantos outros de tão desvairadas paragens que nela em Bissau tiveram o privilégio de colher o seu oiro de ímpar riqueza humana ao longo de 50 anos.
Se neste mundo reconheço uma marca que deste mundo não é, é pelo nome de Berta Bento que ela responde. Eu não estarei em Lisboa no dia 21 de Novembro. Cada um de vocês que possa estar atenuará a minha melancolia. F. S.
Curto-circuito
Caro Aly,
Caso me permitas, gostaria que facilitasses a publicação deste meu comentario apos ouvir a RDP-Africa.
Mantenhas e gloria à tua/nossa luta comum.
G. Lopes de Sá
Estava a ouvir sem grande atenção a RDP-Africa, quando de repente ouvi mencionarem o nome da Guiné-Bissau. Naturalmente reganhei atenção à radio, para escutar atentamente a noticia sobre a minha terra. Escutei atentamente as intervenções espaçadas do Presidente, dito de Transição na Guiné-Bissau e também de Kumba Yala Kobdé Nhanca, lider do PRS, partido que, com a conivência dos militares assaltou o poder democratico na Guiné-Bissau.
Da intervenção dessas duas figuras, constata-se uma dissintonia gritante de pontos de vista quanto a crise na Guiné-Bissau, mostrando um desacerto completo nas respectivas abordagens do mesmo sujeito. Enfim, um curto circuito de ondas de comunicação.
Um, o dito Presidente de Transição imposto pela CEDEAO, esforçando-se aparentemente por vender um discurso de serenidade, de inclusão e de aproximação das partes pela via do dialogo, o outro, o Kumba, com um discurso desencontrado, incongruente, disparatado e sem qualquer senso. Enfim, um autêntico chorrilho de asneiras e palhaçaria, tal como ha muito nos habituou.
Ouvi as duas intervenções, ambas curta de parte a parte é certo, mas acabei a imaginar o cenario surrealista da co-habitação entre essas duas figuras que acabaram frescamente de dar um autêntico espectaculo de um dialogo de surdos. Cada um na sua banda... cada um com a sua sintonia de ondas.
Ouvindo e analizando esse esgrimar no vento de pontos de vista tão dispares, custa-me ainda mais a acreditar sobre esse casamento primiscuo. De tanto imaginar, dei-me a questionar-me, como foi possivel o primeiro aliar-se ao segundo, embarcando de pés e cabeça numa aventura anti-democratica tão vergonhosa contra o Povo da Guiné-Bissau pactuando e participando no Golpe de estado de 12 de abril que interrompeu o processo eleitoral em curso.
A resposta foi simples e, veio dos meus botões : a ganância do poder e a fome de riqueza facil. Porém, como diz um velho ditado Guineense : Si fidju di sim sibiba ta padidu, nhu Serifo kana djunta ba nunca caminho ku kil Santchu di tchépém burmedju.... Gössi nhu miti dédu na kil kau i nhu sinti tchêru.
G. Lopes de Sá
O porta-disparates está famoso
Hoje, na coluna 'Indiscretos' da revista 'Sábado', vem o seguinte:
"O ministro guineense que não precisa de visto"
Fernando Vaz, ministro da Presidência do Conselho de Ministros da Guiné-Bissau, garantiu que o seu país não dará vistos a representantes do Estado português: "Portugal não dá visto a nenhum membro do Governo, de igual forma nós iremos proceder." Esqueceu-se de referir que ele próprio tem autorização de residência em Portugal até 2018 (pelo que não necessita de visto) e que a sua mulher e filhos vivem na região de Lisboa."
Oposição avisa: "Os dias de Yaya Jammeh estão contados"
"Os dias de Yaya Jammeh estão neste momento contados. A partir de hoje, ele tem 24 h para dirigir à la nação e demitir-se”, declarou o jovem lider Conselho Nacional de Transição Gambiano (CNTG), Cheikh Sidya Bayo quando fazia face à imprensa senegalesa, antes de ontem, segunda-feira 12 de Novembro nos Almadies, Dakar.
O jovem lider franco-gambiano Cheikh Sidia Bayo, fortemente protegido por forças especiais senegalesas, mais uma vez deu que falar. Apos um ultimatum de trinta dias dados ao Presidente Jammeh e que expirou no dia 10 de novembro ultimo, segundo ele, a hora de passar à acção chegou. «O CNTG pediu oficialmente, segunda-feira dia 12 de novembre 2012 de que o presidente da Republica da Gambia, Yaya Jammeh, seja indicado como o unico responsavel das perdas humanas ou outras durante a intervenção militar que se ira desencadear para pôr fim a sua ditadura contra o povo gambiano. » indicou Sr Bayo.
Porém, antes de se chegar a esta situação «de confronto» com o regime de Jammeh, o lider do CNTG afirmou ter multiplicado boas intenções ao nivel internacional congratulando-se de que os pedidos de reconhecimento feitos pelo Conselho que dirige, receberam todos «ecos positivos » na sub-região e em Africa em geral.
Com «um terço do exercito gambiano decidido a confrontar-se com Jammeh», Cheikh Sidia Bayo indica que «todos os postos estrategicos do pais foram estudados e o CNTG tem os seus elementos posicionados em todos os locais, aguardando a palavra de ordem». A este nivel, ele pediu o apoio das autoridades senegalesas.
Efectivamente explica ele «enquanto que Jammeh esta no poder, o conflito casamançaise não tera fim». «Yaya Jammeh é um entrave à resolução do conflito casamançaise. E uma evidência» prossegue o Franco-gambiano.
E para corroborar a suas afirmações, o lider du CNTG sustenta que «Nos temos entre nos especialistas militares, altos oficiais do exercito gambiano e conselheiros estrangeiros. Todos os seus pareceres são concordantes sobre o facto de que Jammeh gere uma ala dissidente do MFDC. E dessa forma que ele utilisa esse conflito para fazer pressão sobre o Senegal ».
Nota: Ter um vizinho meigo como o Senegal da para dormir descansado. Mesmo que seja « bluff » patrocinar tal acto de desistabilização a um pais vizinho e parceiro sub-regional, tal acto é extremamente grave. Esse torculento e mediatico lider do denominado CNTG vive, segundo fontes seguras, às expensas das autoridades senegalesas de quem beneficia de alta protecção, como se ficou provado na citada conferência de imprensa. Ele tem sido a principal fonte de afronta ao regime de Yaya Jammeh o qual tem utilizado o Senegal como sua base de acções de desistabilização contra o regime instalado em Gâmbia, com o qual o Senegal não esconde a sua animosidade.
Porém, para um pais que se arroga de exemplo de democracia em Africa, mas que se apresta a participar em tentativas de detenção de cidadãos estrangeiros por alegado « incitamento à guerra », tais préstimos de boa conduta democratica e de boa vizinhança, não lhes fica nada, mas mesmo, nada bem.
Para se legitimar a dar lições aos outros, é preciso dar antes de mais, exemplos de conduta apropriadas à lição que se pretende dar. AAS
Desagrado
Boa tarde, Aly!
Estive há pouco a ler as publicações no blog e reparei que a minha delineação (sobre Portugal) já não se encontra online! Contudo, estou ciente que o Aly não me deve satisfação nenhuma e nem a qualquer outra pessoa sobre as publicações no blog. Mas fiquei mesmo triste e achei estranho que o Aly resolvesse desfazer-se dessa minha opinião.
No entanto, a consideração que tenho por si não altera minimamente, porque para mim o Aly já é um herói nacional e estou convicto que após a resolução dos actuais problemas do país, será galardoado com um prémio internacional, já para não exagerar e falar do Prémio Nobel da Paz, que bem mereceria!
Entretanto, na minha modesta opinião, acho que o futuro da Guiné-Bissau passa pela profunda renovação, não só nas Forças Armadas, assim como na classe política guineense. E a minha sugestão vai no sentido de solicitar o Aly que incentive os jovens quadros guineenses a encarar seria e activamente a vida política, fazendo parte das máquinas partidárias dos actuais partidos existentes (porque julgo não fazer sentido termos mais partidos políticos e, se vejamos, os canais de comunicação já se encontram todos “tomados”.).
Todavia, a minha sugestão deriva da profunda tristeza que me abala por ver deputados mesquinhos e sem iniciativas relevantes a fazer parte da Assembleia Nacional e a ‘tomar decisões fatais’ para o país!
Portanto, se nos afastarmos todos da política só porque não pretendemos fazer parte de uma organização viciada em ‘corrupção’, isso pode tornar-se fatal para a Guiné-Bissau! Havemos de nos infiltrar nesses partidos políticos, mantendo o nosso carácter e a nossa idoneidade moral, no sentido de os tentarmos renovar com vista a termos políticos competentes e capazes de contribuir, quer como governo quer como oposição, para um futuro sustentável da nossa querida Pátria Amada.
Um bem-haja,
Manuel Ernesto Tavares
O golpe final
O golpe de 12 de abril foi o prêmbulo de uma saga de maquiavelismo e de morte perpetada e levada a cabo por uma minoria em armas contra uma maioria que clama e reclama democracia. A encenação do golpe de 21 de outubro passado, foi outro engrediente do acto da comédia sanguinaria que se esta vivendo actualmente na nossa pobre e desamparada Guiné-Bissau.
Segue-se aos dois acontecimentos acima, a entrevista radiofônica concedida pelo intelecto-golpista, porta voz do Comité Militar, Daba Na Walma em que indicava aos seus apaniguados golpistas qual o caminho e o passo a dar a seguir com vista ao Golpe Final. Publicamente e sem pejo algum, o porta-voz do Comité Militar, instruiu os seus parceiros no golpe de estado, no sentido de se considerar a ANP absoleta para a situação actual que se vive no pais, porquanto, ela é, um «orgão de meras contradições e sem soluções para o pais» e como tal, "devia ser dissolvida e substituida por um Conselho Nacional de Transição". A missa foi dada no momento oportuno, então caberia seguidamente os subditos politicos cumprir as ordens dos mestres da situação.
Assim, um improvisado e inusitado «Forum de partidos politicos» surgiu à ribalta para dar voz e corpo ao plano delineado pelos militares. Esse tal «Forum de Partidos Politicos» cuja primeira emanação surgiu logo apos o golpe de estado, não é, nada mais, nada menos, do que uma fachada de cobertura à militarização politica do pais pelo PRS, a qual se associaram parasitariamente quase uma quinzena de micro-partidos, a maioria deles, sem sede e alguns mesmos sem militantes sequer, a não ser os proprios dirigentes, nalguns casos constituido unicamente de pessoas da mesma familia. Cereja sobre o bolo, Artur Sanha surge à cabeça como porta-voz, numa cacofônica conferência de imprensa, vir anunciar, seguindo as instruções dos seus patréoes militares, a «caducidade da ANP», a «exclusão do PAIGC de qualquer eventual participação num governo de unidade nacional»..., entre outras barbaridades sem nexo, senão baboseiras de uma mente invadida e perdida pela deriva do poder.
Relembre-se ao Artur Sanha e os seus patrões e comparsas golpista, de que, a ANP, não se extingue tout court, pelo fim da legislatura para que foi eleita. Ela mantém-se me funções, funcionando esse orgão nos intervalo de nova eleição, através da sua Comissão Permanente até eleição e a tomada de posse dos novos deputados saidos das novas eleições legislativas. Portando, essa caducidade so existe na mente e nos manuais golpistas de Bissau.
Assim, ligando os factos, é de elementar conclusão de que, a saida em força do porta-voz do « Forum » não é mais do que a voz da cobertura politica de um golpe de estado maduramente concebido e acordado entre os militares e o PRS, sob orientação e liderança respectivamente de, Antonio Injai e Kumba Yala. Esse plano estava ha muito urdido por estes dois protagonistas, que por um lado, visam desestructurar e aniquilar politicamente o PAIGC e por outro, assumir de facto na plenitude o poder por via desse plano politico militar delineado e posto à execução pelo duo Comando Militar/PRS.
Sabia-se de antemão de que, tanto a CEDEAO, assim como o actual governo de transição não tinham condições nem interesse na realização da propalada eleições gerais. Deixou-se correr o tempo, e foi-se amuderecendo o plano do assalto ao poder com a complacência e cumplicidade da CEDEAO. E evidente de que, quer os militares, quer a sua ala politica, o PRS, nunca estiveram interessados na realização desse pleito democratico, pois estão conscientes de que têm, mais garantias de governar pela força e pela via do golpe do que, através de um processo democratico. O Povo esta enjoado e enojado dos militares e do PRS que, por mais trafulhices que possam fazer não teriam a minima garantia de ganhar... mesmo batotando. Assim, o caminho mais facil e o que têm à mão: a força das armas e cumplicidade da CEDEAO para de transito em transito se perpetuarem no poder e tribalizar o pais.
Com essas declarações sequêncialmente em harmonia desses actores da nossa desgraça, estamos perante o assalto final do poder pelos militares balantas e o PRS na Guiné-Bissau.
Esse plano de assalto do poder, consumar-se-a da seguinte forma:
A criação de um Conselho Nacional de Transição (CNT) com um mandato incial de dois anos e em que o PAIGC seria excluido (a meu ver, nem devera nunca participar nessa trama) ;
A nomeação de um novo Presidente de Transição cuja escolha recairia irremediavelmente sobre Kumba Yala, permitindo-lhe « concluir » o seu mandato de dois anos interrompidos pelo caricato golpe militar de 2003. Mandato esse interrompido que, que os militares balantas nunca perdoaram ao malogrado Verissimo Correia Seabra que acabou por pagar com vida essa ousadia;
Ao Serifo Nhamadjo (sabendo-se que quase de certeza recusara) sera proposta a chefia do CNT (orgão desprovido de poderes, pois o poder sera exercido entre AI e KY), para novamente encobrir a balantização do golpe;
O Primeiro Ministro seria ora Artur Sanha, ora Malam Sambu (braço direito e financeiro-môr de KY). Este posto é que dara mais problemas entre os dois homens fortes e cuja possivel saida, podera passar em ultima instância pela escolha de um pau mandado saido dos dissidentes dos PAIGC;
A formação do governo de transição, incluindo Ministérios e Secretarias de Estado, sera composto em 80% pelo PRS e os restantes 20% serão divididos pelos unhas de fome dos micro-partidos e alguns dissidentes do PAIGC que não podem viver fora da esfera do poder;
A transição inicialmene prevista para dois anos (para colmatar o mandato interrompido de KY) durara para além desse periodo, desde que consigam manter o apoio da CEDEAO, particularmente da Nigéria (pais mais interessado a par do Senegal na manutenção do status quo na Guiné-Bissau), assim como dos proventos do narcotrafico e de grupos mafiosos que estão interessados e desejosos de instalarem os seus centros de negocios obscuros nesse pais entregue ao desmando e aos fora-de-lei dos militares e mercê de um tribalismo crescente e sanguinario.
Perante este cenario que esta prestes a se consumar e, na hipotese remota de a CEDEAO não ser conivente neste golpe final à democracia, atrevo-me a perguntar, qual sera a reacção dessa organização, visto que, tanto o Presidente, assim como o Governo por eles impostos, em nenhuma ocasião cumpriram com as recomendações saidas dos seus orgãos de decisão e em nenhum momento se dignaram cumprir os engajamentos assumidos para o periodo de transição. Senão vejamos :
- O Governo imposto pela CEDEAO nunca aceitou a abertura do dialogo à principal e maioritaria força politica do pais, o PAIGC, recusando sistematicamente a sua inclusão em todos os processos delineados para a saida da crise ;
- A ANP, devido a recusa intransigente de Ibraima Sory Djalo, mantem-se bloqueada até a presente data, negando este descarada e abusivamente a seguir as recomendações dos Chefes de Estado da CEDEAO no sentido de se realizarem eleições para a Mesa desse orgão que eles entenderam perservar para levar a cabo as «reformas legais» indicadas na roteiro para a saida da crise ;
- Os militares, em algum momento aceitaram recolher às casernas e deixar de se imiscuiemr em assuntos politicos e, pelo contrario mais intervêm, mandando no Presidente Interino, no Governo de Transição e impunemente vão matando, torturando e prendendo indefesos cidadãos ao minimo gemido de discordância com os seus desmandos de poder ;
- As tropas da CEDEAO, néao passa de uma bosta no pasto, pois nada fazem e nunca conseguiram se impôr para proteger os cidadãos e as instituições do pais, face a brutalidade e desmandos dos militares. Mais parecem caucionadores da saga sanguinaria que se abate contra o Povo da Guiné-Bissau, pois assistem impavidos e serenos as séries de assassinatos, raptos, espancamentos, torturas e prisões arbitrarias de politicos e cidadãos... sem mugir nem tussir ;
Porém, a aceitar essa mosntruosidade politica que se apronta, associada às desfeitas e falta de seriedade ja suficientemente demostrada pelos militares e o PRS (reais detentores do poder na Guiné-Bissau) nesse malfadado processo de transição, essa organização esta a pôr seriamente em causa a sua credibilidade e, inevitavelmente, os niveis de confiança do Povo Guineense em relação a esta organização tocara o fundo do descrédito, caso não ponham fim a este plano maquiavélico e ignobil.
A ser assim, forçosamente so restara à CEDEAO a porta da saida pequena, deixando espaço a outros actores, mais habilitados, mais sérios, mais coerentes, desinteressados e realmente interessados em resolver os problemas do Povo da Guiné-Bissau.
Sendo assim também, a União Africana (UA) e as Nações Unidas, não poderão ficar calados, assobiando para o lado e deixar o Povo Guineense entregue a dois loucos desvairados e a uma bicharada de gente que so sabe roubar e matar em nome de um militarismo tribal cego e sectario.
Apolinario Gilvêncio Silva
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Muito obrigados a todos! AAS
Guiné-Bissau: Ramos Horta acompanha com "preocupação"
"Eu continuo a seguir a evolução da situação na Guiné-Bissau com muita preocupação, mas também com muita compreensão", afirmou à agência Lusa José Ramos-Horta. O antigo Presidente timorense falava no aeroporto Nicolau Lobato antes de viajar para Singapura e onde ainda esteve reunido com o Presidente interino deposto guineense, Raimundo Pereira, que hoje chegou a Timor-Leste para uma visita de trabalho de dois
dias. "Conheço muito bem a Guiné-Bissau, mas pouco mais posso dizer além de manifestar solidariedade e simpatia", afirmou José Ramos-Horta, disponibilizando-se para ajudar directamente ou indirectamente na resolução da crise que o país vive desde 12 de
Abril.
A 12 de Abril, na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do Presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derrubaram o Governo e o Presidente. A Guiné-Bissau está a ser administrada por um Governo de transição, apoiado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende realizar eleições no país em Abril do próximo ano. A maior parte da comunidade internacional, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), não reconhece as novas autoridades de Bissau.
"Tudo o que as autoridades no terreno na Guiné-Bissau necessitarem da minha parte, tudo o que o Governo legítimo e as Nações Unidas necessitarem da minha parte, tudo o que possa contribuir directa ou indirectamente farei, é só uma questão de ver em
que as áreas em que Timor possa ajudar", acrescentou o antigo Presidente timorense. Raimundo Pereira viajou acompanhado do chefe da diplomacia guineense deposto, Mamadu Djaló Pires, e deverá ser recebido ainda pelo novo Presidente timorense, Taur Matan Ruak.
Parabéns ao Aly, que hoje fez 46 anos!!!
Meu amigo Aly,
Desejo-te, do mais profundo de mim mesmo, que esta data se repita por muitos e bons anos, na companhia de quem mais queiras e no local onde MELHOR TE SINTAS.
Tudo de bom para ti e para os teus.
Um grande abraço.
J.Dias
Braga
Tiros na fronteira
Registou-se ontem uma forte troca de tiros entre as forças armadas da Guiné-Bissau e as forças do MFDC, na zona de N'Pack, fronteira norte com o Senegal. Estes confrontos comprovam o envolvimento efectivo das nossas tropas ao lado das forças armadas senegalesas. Mais um problema para a Guiné-Bissau, a contento do Senegal... AAS
Assaltos
Homens armados irromperam na noite de segunda para terça-feira na aldeia de Simbandi Balante, no departamento comunal de Goudomp. Esses elementos supostamente pertencentes ao Movimento das Forças Democraticas da Casamance (Mfdc) pilharam lojas e obrigaram cerca de dez jovens da localidae a transportarem os produtos do roubo em direcção à fronteira com a Guiné Bissau. Foi por volta das 01h de madrugada que um grupo de cerca de cinquenta homens armados penetraram na referida aldeia, tomando como alvo do assalto as lojas, vulgo boutiques que pilharam sem contenção. Segundo as vitimas, os assaltantes dividiram-se em dois grupos a fim de levarem a cabo os seus intentos, sem no entanto dispararem um so tiro evitando assinalar a sua presença no local.
O exercito acantonado nas proximidades da aldeia, beneficiando de reforços militares vindo de Samine apos denuncia de populares acabaram por intervir afuguentando os assaltantes que como tem sido habito desapareceram na noite sem deixar rastos.
Como tem sido habito, essas operações, aparentemente levados à cabo por elementos do MFDC são normalmente associados pelas autoridades senegalesas à Guiné-Bissau, ora por alegarem, que frequentemente os assaltantes se refugiem no nosso territorio, ora por associarem elementos do nosso exercito a tais acções de puro banditismo fazendo-se passar por elementos dessa força de resistência do sul do Senegal.
Ninguém Está Acima do Interesse Nacional
Num país como a Guiné-Bissau, cheio de divisões e antagonismos muitas delas artificiais, criadas e alimentadas por pessoas com ambições desmedidas, é da responsabilidade de um Governo sério estabelecer pontos de cooperação e contactos com os sectores mais activos da sociedade, procurando construir uma ampla frente de luta contra o subdesenvolvimento, em vez de os votar ao ostracismo, tentando isolá-los ou mesmo diabolizá-los.
As consequências desta postura traduziram-se no acentuar da existência de uma “espécie de Estado”, a funcionar em regime de self-service em que tudo está à venda ao desbarato, desde os recursos naturais a ilhas, passando por aeroportos e pistas de aviação, deitando-se para trás das costas os acordos internacionais ambientais subscritos pelo nosso país e que são, ainda, uma das maiores fontes de prestígio no estrangeiro.
As enormes quantidades de droga que atravessam diariamente a Guiné-Bissau suscitam o interesse e envolvimento dos mais variados sectores da sociedade, chegando mesmo a envolver insuspeitos responsáveis, alguns deles estrangeiros, para além das forças que supostamente deveriam desmantelar as redes e os que a nível judicial deviam punir exemplarmente os narcotraficantes.
O envolvimento de governantes, militares, juízes, políticos, empresários e simples cidadãos, é facilmente identificável através do surgimento de súbitos sinais exteriores de riqueza, injustificáveis à luz dos empregos e receitas de que auferem legalmente.
Igualmente se recorre à prática de sujar o nome de todos, mesmo os que mais denunciam e combatem o tráfico de droga criando a imagem na opinião pública de que afinal todos são corruptos e todos estão envolvidos no sistema, subentendendo-se que não vale a pena ter uma postura de seriedade, antes sendo mais inteligente juntar-se à droga e dela aproveitar.
A passividade das organizações internacionais especializadas ajuda a reforçar este sentimento de impotência, mais parecendo que aguardam que o controlo do aparelho de Estado pelos carteis da droga seja total, para logo sair a clamar que se está perante mais um Narco-Estado e que nada há a fazer. Afinal por onde andaram durante este tempo todo?
No meio deste quadro preocupante da evolução de um “país forjado na luta”, é reconfortante assistir-se o papel que a Liga Guineense dos Direitos Humanos tem asumido na liderança intransigente do combate à impunidade, à corrupção e à violação dos direitos humanos, readquirindo o prestígio e a força de outrora. Assim os parceiros externos tenham a capacidade de o compreender e a consciência da importância de se solidarizarem com ela, contribuindo para aumentar o espaço de intervenção da sociedade civil.
Adão Nhaga
Costa do Marfim: Governo caiu
Alassane Ouattara anunciou a dissolução da sua equipa governamental, no decurso de um Conselho de Ministros, surpreendendo tudo e todos, porquanto nenhum rumor deixava transparecer profundas discordias no seio dos Houphouétistes.
Contradições no seio da Coligação dos Houéphouétistes para a democracia e a paz (RHDP) estão no seio dessa dissolução governamental. Essa Coligação é composta, entre outros partidos pelo RDR de Alassane Ouattara, o PDCI de Henri Konan Bédié e dois outros partidos menos importantes. O presidente Ouattara ao que parece não dissolveu o governo como sanção ao trabalho desenvolvido pelos membros do seu governo. Parece sim, que ele dissolveu o governo pelo facto de entender de que a solidariedade no seio fa aliança não correspondia as suas expectativas. Efectivamente, ontem, no decurso do voto de uma lei sobre a reforma do casamento, os deputados da RHDP que não pertencentes ao RDR do presidente Ouattara, votaram contra o texto em questão.
A recusa de adoptar esse projecto de lei, apoiada pelos lideres dos partidos politicos do RHDP foi o a gota de agua que fez transbordar a coligação, segundo um comunicado tornado publico pela presiência ivoiriense. Esse facto fez com a Presidência ivoiriense estima-se que era necessario rever os termos dessa aliança. O Presidente Alassane Ouattara esta actualmenet em contacto com os membros das formações politicas do RHDP para a composição de um novo elenco governamental, sendo possivel que os mesmos ministros mantenham os seus postos, pois trata-se antes de mais de um problema interno da aliança no seio da aliança, facto que podera ser resolvido através de um compromisso politico.
Porém, segundo meios bem informados, a decisão de dissolver o governo, ao que tudo indica, parece monstrar que o ambiente não é perfeito no seio do RHDP e ele podera deteriorar-se ainda mais aquando da escolha dos candidatos para as eleições municipais que tera lugar no inicio do proximo ano. Um facto particularmente notado, é que essa dissolução deu-se na altura em que o todo poderoso Presidente da Assembleia Nacional, Guillaume Soro esta de viagem em visita oficial na Austria, ele que costuma ser ouvido em todas as questões com preponderância politico militar na Costa do Marfim. BBC Afrique
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Tirar lições
Acho que pode servir para publicação.
Vamos lá olhar com a lupa esse artigo intitulado “Alta-tensao nos meios politico militar”. Não para criticar! Mas para tentar melhor compreender e, se possível, procurar entender o perfil de algum meio ou de certos indivuduos da nossa Guiné-Bissau.
A primeira coisa que devemos nos lembrar é que a Guiné-Bissau vive e se entretem de rumores. Sem invalidar o velho ditado: “onde há fumo, há fogo!” que aliàs o país sistematicamente dá força de verdade por confirmá-lo quase sempre, sobretudo a partir do golpe de estado de 14 de Novembro de 1980 com o assassinato e asilo de pessoas responsáveis pelo segredo de estado e a decapitação do sistema até aí montado pelo PAIGC. A partir dessa data, até o cãozinho de quem manda conhece segredos do estado. Isso dá fama, torna importante o bajulador e qualquer outra pessoa a roda do poder. Mas, mostra as fragilidades do poder que deste modo se foi arrastastando sem rumo pelas ruas esborracadas da capital. Todos sabemos, que não precisamos ser ministros, jornalistas ou militante de primeira linha de um partido para ter acesso a informação importante senão capital para o desenrolar de qualquer que seja o assunto no país. Assim vai a Guiné-Bissau...
O primeiro paragrafo desse artigo informa sobre a tensão nos quarteis e nos meios politicos: o estado de nervosismo, de perca de controlo e as alas a querer subir enquanto tenta fazer descer outras. É nisto que estamos desde há uns trinta anos. As alas que podemos interpretar por alianças momentaneas sobre bases deslizantes resultaram no 14 de Novembro, no 17 de Outubro, no surgimento de alguns partidos politicos, como o próprio PRS, ou na constituição de alguns governos, na questão da tráfico de armas e o 7 de Junho e mais outros acontecimentos que se seguiram e, só nossas, sucedendo sucessivamente e sem cessar! Portanto não há novidade!
Em todos esses “eventos” houve sempre uns sacrificados, uns que ascendem ou resistem com o tempo, dependendo da capacidade estratégica de estar com esta ou com aquela ala fazendo o “matchundade” e o malabarismo aqui e acolá mas com fito bem claro: sobreviver no circulo das decisões e quiçá, nos tempos actuais, amealhar dinheiro.
Pareceu-nos que o engenheiro Serifo Nhamadjo era uma pessoa lúcida até ouvi-lo dizer, numa dessas emissões televisivas de campanha eleitoral que o falecido presidente Malam Bacai Sanhá (e sua ala ou vice versa – é a mesma coisa) o teria desejado como seu sucessor e, até ter sido nomeado Presidente da República pelos senhores supremos da CEDEAO. Tudo isso, também, como resultado de existência de alas no seio do PAIGC, de conflitos mal resolvidos, de indisciplina partidaria e do contexto no qual esse partido vive há muito e que o levou ao leilão após o sete de Junho. Uma coisa o senhor Presidente de Transição deve saber: “kim ku djunta ku purku farel ki ta kumé”.
Não vale a pena resmungar ou ripostar, pois o senhor Presidente sabe: o outro tinha muito mais carisma, foi chefe deles mas viu a triste e inadmissivel sorte que o coube? De uma coisa estamos certa, o engenheiro homem de paz, esta onde esta para servir quem o colocou lá. Vou lhe lembrar também uma: cagado em cima de uma árvore foi porque alguém o colocou lá. Humilhação? Foi aquilo que a CEDEAO fez com o povo guineense com a sua ajuda também!
Indjai preocupado? Tem faca e queijo na mão! Porque se preocupar? Ele sabe que é o senhor dos céus, da terra, do mar e de tudo o que respira na Guiné-Bissau. Esta mais que provado. E, que a CEDEAO nunca foi solução para nenhum país. E, mais. Os guineenses estão como que anestesiados. Acabou “corta, nanci. Raça banana” ???!
Não vos incito a guerra! Longe de mim tal intenção, já tirei lição do sucedido com o amigo Aly. Os mais lúcidos sabem que sempre é melhor ser “pursumido na gasadjo di guinti” em vez de andar por aí colocando a vida em perigo, como essa de andar a chamar por uma Angola sensata ou pelo proprio Indjai que acudiu e impôs ordem a sua maneira.
Mas constato a falta de liderança e de uma visão estratégica, a avareza pelo poder e, enfim a pequenez do espírito que acompanham os factos e que finalmente levam a criar, a aceitar e a se conformar com rumores.
Em jeito de conclusão: guineenses aprendam a tirar lições!
Quinha
Pinóquios há muitos...
Um mentiroso - é assim mesmo que lhe vou catalogar - escreveu AQUI que tudo o que disse na entrevista era mentira e que não podia ter saído de Bissau no dia 26 de outubro e...que não há voos diários para Dakar. Quem vive na Guiné sabe que há voos diários para Dakar, no Senegal. Para calar esse pinóquio reproduzo aqui a página do meu passaporte onde tem o carimbo de saída com a data de 26.OCT.2012. E quem ainda assim não ficar convencido, é só visitar a página da Senegal Airlines na internet e confirmar, ou perguntar, se houve, ou não, voo nessa noite e por volta das 23 horas. E mais não digo, tirem as vossas ilações... AAS
Não resisto a isto
Aly,
É a primeira vez que participo no seu blog, mas acho que eu sou o leitor mais assiduo deste blog. Em tempos publiquei no meu facebook de que és o maior combatente guineense nos ultimos anos. Gostaria que publicasse este meu pensamento.
Nao resisto a isto, ver homens e mulheres a serem mortos, “ Fulepes…” nao resisto ver o meu povo apavorado, nao resisto ver os meus irmaos a fugirem se da Guine! Tenho que falar, tenho que escrever nem que me custe a vida, tenho que exercer as minhas actividades de activista dos direitos humanos. Nao apenas critico do fulano X/Y. Nao resisto aqueles que estao fazendo se de vitamas, vitimando os verdadeiros inocentes! Eh inaceitavel que um grupo de pessoas/militares se extreminem ou comecem a perseguir um povo.
Gostaria que alguns de vos que estao fazendo se de vitmas, criticassem os vossos conteraneos pela maldade que tem feito a este povo indifenso, gostaria que alguns de vos falassem das mortes do General Ansumane Mane, gostaria que questionassem a morte do General Verissimo Coerreia Seabra e ficaria feliz se mostrassem o interesse em saber o porque morrem os outros! tal como o General Lamine Sanha.
Meus caros irmaos, Falam da dor, falam da justica, falam de crimes ocorridos nos ultimos anos. Falam de 17 de outubro, mais falam tambem de Canchungo 76. Porque e que so se falam da morte de general Tagme? Sera que os outros nao sao Guineenses mortos injustamente? Como podem defender um povo que nao vos quer/reconhece? Como podem derrubar um governo eleito duas vezes? sempre com a maoria! Vos que dizeis ser democratas, falam da liberdade que esta sendo inibido a todo um povo! Falam dos politicos executados, cidadaos mortos a sangue frio! Cidadaos idefesos a fugir! Por vos que falam/sentem antigidos com a revolta do povo Guineense. Pelo menos uma condenacao nas vossas paginas do FACEBOOK.
Vamos parar com cinismo e fazer criticas de uma forma lucida! Vamos meditar sobre actual conjuntura politico em que eu acredito e voces tambem devem acreditar de que ainda eh possivel construir uma nacao GUINEENSE! Ainda eh possivel semear a paz! Ainda eh possivel sentarmos numa mesa e dialogar como irmaos, perdoar aqueles que erram. Sera possivel ter uma guine onde todos possam sentir seguros? Onde todos vao se amar e viver em comunhao?
Nao podemos construir a guine na base de etnia, de tribalismo, de medo, nao podemos continuar com esta arrogancia e calunias, nao podemos construir uma nacao se a perseguicao persistir! Nao podemos e nao vamos poder viver em paz, se nao pararem com atrocidades politico/militar. “Cada cussa cu si cussada ma I ta tem si fim, son si deus ca misti ki cata caba! Ma si no pui na um mao I ta caba!”
From: Mendes
Gâmbia nega qualquer envolvimento
O embaixador da Gâmbia na Guiné-Bissau, Abdu Djedju, negou hoje que o seu país possa servir de base ou de apoio a quem queira desestabilizar a Guiné-Bissau, como tem sido sugerido pelas autoridades civis e militares guineenses. O embaixador da Gâmbia falava aos jornalistas após uma audiência com o Presidente de transição guineense, Serifo Nhamadjo, a quem, disse, apresentou cumprimentos pela última festa muçulmana, o Tabasky, no mês passado.
Adbu Djedju começou por dizer aos jornalistas que a sua audiência com Serifo Nhamadjo não se destinava a falar dos assuntos políticos entre os dois países mas, após insistência, acabou por comentar as acusações dos militares e elementos do Governo de transição de que a Gâmbia estava a dar abrigo aos desestabilizadores da Guiné-Bissau.
GUINÉ-BISSAU DISMAIA MA I KA MURI!
A GUINÉ-BISSAU EM CRISE
Estamos lançando mão da via eletrônica na certeza de que não é mais possível ficar indiferente ao atual estado de desestruturação a que chegou esse pedaço da terra africana que tão gloriosamente conquistou sua independência do jugo colonial, a Guiné-Bissau de Amílcar Cabral. O país está a esvair-se em lutas partidárias, étnicas, narco-interesseiras. Neste ano de 2012, a Guiné-Bissau passou por sucessivos golpes militares e sua população, totalmente desamparada, está mergulhada no lamaçal do narcotráfico e submetida a um regime abusivo e ilegal.
Pedimos a atenção de todos para os desastrosos acontecimentos que estão abalando a Guiné-Bissau, pequeno país da África Ocidental, quando, a 12 de abril do corrente ano, um golpe de estado interrompeu o processo eleitoral para a presidência da república, instalando-se um regime ilegal de exceção, um regime de repressão pelo medo e pela arbitrariedades.
Recentemente, em 21 de outubro, deu-se outra tentativa de subverter a ordem, numa encenacao de contra-golpe, com vários mortos, prisões, torturas, sob a responsabilidade de parte dos militares (a cúpula militar) e dos civis do “governo de transição”.
Tomamos uma tal iniciativa por nos sentirmos solidários e ligados por laços de amizade e respeito pela sorte da população guineense. Vivemos por alguns anos nesse país, trabalhando no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) e nos recusamos a assistir inativos ao desmantelamento de uma nação. Somos ambos professores acadêmicos aposentados, autores de artigos e livros sobre a Guiné-Bissau. O livro mais recente é O desafio do escombro. Nação, identidades e pós-colonialismo na literatura da Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Garamond, 2007, 422 p.
Pedimos a todos que repassem estas notícias, divulgando-as o mais possível. Alguns de vocês nada têm a ver com o assunto, mas leiam por favor até o fim. O "mundo" precisa pelo menos saber o que está acontecendo na Guiné-Bissau.
O que desejamos com esta mensagem é o seguinte:
Que se proceda ao retorno imediato à legalidade na Guiné-Bissau, com restauração plena da ordem constitucional e a destituição do governo de transição o qual não foi reconhecido pelas instâncias internacionais (ONU, União Africana, CPLP, entre outras).
Que sejam tomadas providências concretas e enérgicas para combater o narcotráfico e evitar que o país continue a ser uma ponte direta entre a América Latina e a Europa para a distribuição e expansão da droga.
Para além de outras análises que podem e devem ser feitas, importa reter dois fatores condicionantes e que têm ditado o desaire de todo um povo:
– o conluio entre certas forças políticas e certas altas patentes militares
– e o alastramento do narcotráfico em todo o país.
O narcotráfico, cada vez mais intenso e determinante, é um importantíssimo fator que anula qualquer esforço para contrariar aqueles que detêm o poder. Eles detêm a força das armas, têm os meios financeiros e um amplo território que eles próprios são os únicos a controlar.
O narcotráfico tomou conta do país, com perfídias de dinheiro fácil, corrupção, lavagem de dinheiro, assassinatos, prostituição, ladroagem, inimizades entre os que ganham com isso milhões e os que ganham milhões e meio. O povo, de fato a maioria arrasadora da população, nada ou quase nada tem a ver com tudo isso, mas sofre as consequências. A situação é degradante, o medo espalhou-se na Guiné-Bissau, reinam a vergonha, a humilhação, a repressão e a impotência.
Esse probema não afeta somente a Guiné-Bissau e sua solução interessa e atinge os países dos diferentes continentes. A Guiné-Bissau tornou-se sobretudo uma plataforma para a distribuição e a expansão do narcotráfico na Europa – e não só.
É urgente que a comunidade internacional interceda para acabar de uma vez por todas com essa inversão dos valores, essa impunidade e esse estado de vergonhosa ilegalidade!
É urgente que políticos, jornalistas, escritores, artistas, intelectuais, jovens e velhos, mulheres e homens de todo o mundo tenham conhecimento do que está acontecendo na Guiné-Bissau e se solidarizem com o povo guineense!
Guiné-Bissau desmaia ma i ka muri! A Guiné-Bissau caiu, mas ela não morreu!
A crise atual fica mais clara com um rápido olhar sobre as principais etapas da recente história da Guiné-Bissau.
Proclamação da independência em 1974, separando-se de Portugal depois de 11 anos de guerrilha. Seu primeiro presidente, Luis Cabral, foi deposto em 1980 por João Bernardo “Nino” Vieira que governou até 1999, quando foi deposto depois de uma guerra civil de onze meses de duração, desencadeada após a destituição pelo Presidente Nino do chefe do Estado Maior do Exército, General Ansumane Mané.
O país passou então por diversos presidentes e diversas crises até que Nino Vieira retornou a Bissau, candidatou-se às eleições presidenciais, tendo sido eleito em julho de 2005.
O nacrotráfico entrou na Guiné-Bissau, devido à posição geográfica e à fraqueza da ordem pública do país, ampliando cada vez mais sua ação, espalhando insegurança, corrupção, desestabilizando as forças políticas e militares. Indignação, protestos, desaprovação de muitos órgãos internacionais e consequentes isolamento e descrédito do país.
Depois de muitas convulsões políticas, em 2008 deu-se a destituição do chefe do Estado Maior da Armada, almirante Bubo Na Tchuto e a 2 de janeiro de 2009, foi empossado o líder do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), Carlos Gomes Júnior, como primeiro ministro. A 1 de março de 2009, o chefe Estado-Maior General das Forças Armadas Tagmé Na Waié foi assassinado, seguindo, como revide, no dia seguinte, 2 de março, o assassinato do Presidente João Bernardo ”Nino” Vieira. Assumiu interinamente a chefia do governo o presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira.
Em setembro do mesmo ano, Malam Bacai Sanha venceu as eleições presidenciais. Em janeiro de 2012, porém, depois de prolongada enfermidade, ele morre em Paris e novamente Raimundo Pereira, na função de presidente da Assembleia Nacional, assume o governo.
Foi feita a convocação para novas eleições presidenciais, quando se apresentaram nove candidatos, tendo sido Carlos Gomes Júnior o mais votado, havendo, porém, a necessidade de um segundo turno que entretanto não aconteceu.
A 12 de abril deste ano, um golpe de estado entre os dois turnos das presidenciais depôs e prendeu o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior (candidato majoritário à presidência) e o Presidente da República interino Raimundo Pereira. Ambos encontram-se atualmente em Portugal.
Todos os ministros, e outros cidadãos ocupando cargos de confiança, foram depostos, alguns deportados, outros auto-exilando-se. Desde então, o país está nas mãos de um "governo de transição", com o apoio e proteção de militares das mais altas patentes, a despeito da insatisfação ampla e crescente da população.
A 21 de outubro, deram-se novas perturbações devido a um alegado contra-golpe militar, duramente abafado, e desde então reina uma atmosfera de amedrontamento, com perseguições e censura, prisões, espancamentos, torturas na Guiné-Bissau.
Moema e Johannes Augel
Alta-tensão nos meios político e militar
Há muita tensão nos quartéis e nos meios políticos guineenses. Todo o mundo está nervoso e cada vez mais o CEMGFA António Indjai tende a perder o controlo da situação, com a ala radical Kumbista pronta, e a amontante, para assumir o poder.
A última reunião que o presidente de transição convocou, não correu bem. O António Indjai levantou a voz mas Serifo Nhamadjo, segundo a nossa fonte, "enfrentou-o dizendo-lhe que não grita para as pessoas para se impôr, mas que ninguém tem medo de ninguém e muito menos dele".
Nhamadjo disse ainda, segundo a mesmoa fonte, "que continuaria a bater-se pela inclusão de todos e o dia que o não quisessem é so dizerem pois partirá sem remorsos e levará consigo somente a sua maleta". A sala gelou. O PR de transição finalizou a sua intervenção dizendo "ter todas as contas feitas, o que lhe deram e o que gastou para render o testemunho. Estou cá para servir e não admito quaisquer tentativas de humilhação". A reacção apanhou Indjai de surpresa. "Ficou sem palavras e deveras preocupado", revelou a fonte do ditadura do consenso. AAS
Cavaco Silva: Entidades devem actuar
O presidente de Portugal, Cavaco Silva, conversou ontem sobre o assunto com o secretário executivo da CPLP, Murade Muragy. Após o encontro, Cavaco Silva disse que o grupo está à espera das orientações da União Africana, que determinará os procedimentos da missão.
Em setembro, recorde-se, a ONU decidiu enviar à Guiné-Bissau uma missão para avaliar a situação e recomendar medidas de estabilização. Desde o golpe militar, em abril, um governo de transição administra o país. A prioridade para a ONU é restabelecer a ordem das instituições democráticas.
Há informações de que, no fim deste mês, as autoridades de Guiné-Bissau se reunirão para definir os rumos do país, na Etiópia. Ao ser perguntado sobre o papel da CPLP na missão, Murade Muragy disse que o objetivo é “dar as condições que os guineenses entenderem necessárias para o diálogo”. A tensão na Guiné-Bissau também é tema de reunião entre os ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e de Angola, Georges Chikoti, durante a 1ª Comissão Bilateral de Alto Nível, em Brasília, ontem e hoje, dia 14.
A salvação
Ora viva, caro Amigo!
Há muito que andava perdida, mas estou de volta.
Compreendo a sua decisão, mas espero que reflectas melhor, pois a única voz que o povo oprimido da Guiné tem é o ditadura do consenso, isto se tomarmos em conta que as outras vozes foram todas silenciadas, cada qual ao seu estilo. O Movimento da Sociedade Civil agora é partidário e tornou-se no braço cívico do actual Presidente da Transição, Serifo Nhamadjo. Aliás, foi ele que financiou a realização da assembleia que se realizará oportunamente nesta plataforma que congrega organizações da sociedade civil guineenses...
A Liga dos Direitos Humanos foi silenciada porque os seus dirigentes receberam informação fidedigna de que os nomes de elementos desta organização se encontram na posse de 3 grupos de esquadrões da morte composta por “Grupo de António Injai, Grupo de Kumba Yala e Grupo de Artur Sanhá“.
Os Dirigentes dos Partidos não signatários do golpe temem pela sua vida porque receiam serem torturados ou assassinados como os que infelizmente já sofreram estas atrocidades.
Amigo Aly,
Perante tudo isto a única salvação é o teu espaço electrónico para podermos continuar a pedir socorro ao mundo, infelizmente os teus textos não têm tradução em Francês e Inglês para poder atingir e sensibilizar mais pessoas no mundo sobre a real situação da Guiné Bissau.
Percebo como é difícil um cidadão que ama a sua pátria, ser obrigado a viver no exílio, mais vais sair muito bem em toda esta história. Amílcar Cabral foi obrigado a exilar-se em Conakri a fim de orientar o processo da luta de libertação nacional, o Dalai Lama foi obrigado a exilar-se na Índia para reclamar a independência do Tibete...
Até breve.
Lantinda Ku Panha Pé.
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