terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Crónica: Quem é ninguém(*)?
Esta crónica é para ti, mas vai ser lida por todos. Perdoa-me a inconfidência. Não lhe chamo ‘carta aberta’ porque não é uma carta, é um texto personalizado tornado público. Não nos conhecemos, quer dizer, nunca participei em nada que tivesse, directa ou indirectamente, a ver contigo.
Nunca me pediste nada nem eu a ti. Posto isto, limito-me, como poucos guineenses a observar o que (não) fazes e, de vez em quando, a escrever sobre as tuas façanhas enquanto isto ou aquilo.
Mas tu estarás bem da cabeça? Quero dizer, raciocinas com a caixa toda? Acaso serás um infiltrado entre nós, apenas para nos dar má fama ou nos fazer mal? Será que percebeste ou é preciso que explique direitinho, ilustrando tudo com bonecos para perceberes melhor? És tosco ou fazes-te? És um tontinho ou não pescas mesmo nada disto?
Eu era capaz de te insultar durante horas a fio, e mal recuperasse um pouco de ar voltaria à carga para outro período idêntico de insultos. E tudo com redobrado prazer. Havia de me faltar o vocabulário antes do fôlego, mesmo que chegasse ao extremo de te mandar à merda e pedir que não voltes.
Se és um chefe, tens agora (e uma vez mais) a oportunidade de o demonstrares. Eles, os que agora se calam, não prestam para nada e vão tentar demonstrá-lo. Mas isso tu já sabias. Eu continuo a acreditar que tu és um homem decente, mas talvez seja essa a tua vulnerabilidade, o teu ponto fraco. Como sabes, os canalhas safam-se sempre. Faz um favor ao País: não deixes que os canalhas se safem.
(*) O típico político guineense. AAS