quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

BOMBA/IDRISSA DJALÓ: "O problema de José Mário Vaz é a corrupção em que está envolvido"


Declarações do Idrissa em síntese



Guiné-Bissau viveu um período complicado de 1998 a esta parte, com conflitos, golpes e contragolpes instigados essencialmente pela classe
política corrupta e podre, sem legitimidade moral para o que quer que seja.

2015 foi um ano de complicado, 2016 será ainda pior se nada for feito pelos guineenses para travar a classe política que continua a manietar
a sociedade. O principal factor de instabilidade foi e é o Presidente José Mário Vaz, com a sua atitude de tomada de posição. O Presidente comporta-se como se fosse líder de uma facção beligerante.

Há uma luta no seio de um partido (PAIGC), em vez de ser o árbitro do sistema, o mediador das partes, o Presidente toma parte de uma ala, o
que lhe retira toda credibilidade moral para ser o garante da estabilidade. Desde a sua eleição o Presidente confunde a sua pessoa com a de figura de chefe de Estado.

Não é de estranhar porque já durante a campanha eleitoral José Mário Vaz disse num debate público contra o candidato Hélder Vaz que não sabia nada da Constituição, desconhecia por completo quais os termos de referência de um Presidente da República.

Desde a sua investidura José Mário Vaz comporta-se como se fosse o acusador público numero um no país, como um lavrador, quando, na realidade, foi eleito para ser o Presidente da República. Não tenho nada contra se ele pretende ser lavrador que é uma profissão nobre. Eu sou lavador, como o é milhares de guineenses, agora não o elegemos para ser agricultor mas sim para ser Presidente da República.

Se Mário Vaz pretender agora dedicar-se à lavoura, como disse, então que deixe de ser Presidente. O problema de José Mário Vaz é a corrupção em que está envolvido, alias, em condições normais nem podia ser candidato a Presidente. O PAIGC cometeu um grande erro ao indicar e forçar a sua candidatura, quando se sabia que ele foi indiciado, arguido e até esteve detido no caso dos 12 milhões de dólares que Angola deu à Guiné-Bissau.

Esse caso é apenas a ponta do iceberg de todo um esquema de corrupção em que José Mario Vaz está envolvido com várias pessoas, entre as quais Braima Camara, na qualidade de presidente da CCIAS. Depositamos, enquanto colectivo de empresários, uma denúncia no Ministério Público, de todo o esquema de corrupção na CCIAS, envolvendo José Mario Vaz, enquanto ministro das Financas, mas desde Abril até hoje ainda não ouvimos nada.

As pessoas tem medo da auditoria internacional que o Governo mandou fazer sobre o Funpi. Mas é preciso esclarecer tudo. De cada vez que se
fala nessa auditoria o Governo é demitido ou há um golpe de Estado. Não sei como é que o senhor Mário Vaz vai fazer se derrubar este Governo do PAIGC. Porque se demite o Governo e forma um outro numa junção do PRS com a ala dissidente do PAIGC, então seria um Governo em que o PRS será a cabeça, logo o Presidente estaria a patrocinar uma situação de golpe parlamentar em que um partido que não venceu as
eleições forma Governo.

Temos que extirpar da nossa sociedade o cancro que é a classe política e empresarial que não gosta de prestar contas, por isso, propomos um
levantamento cívico dos guineenses, dentro dos limites da lei para mudar o jogo. Se nada for feito então estaremos a adiar um problema.

Proponho um Tribunal Especial Internacional para julgar todos os autores de crimes contra a democracia, crimes de corrupção, crimes
ambientais, que sejam julgados, condenados e presos durante longos anos. Só assim - concluiu - o país poderá libertar-se e pensar nas reformas de outros sectores.