sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Golpistas longe da vista...
«Entre hoje e amanhã realiza-se em Paris, no Elysée, uma Cimeira França-África sobre a Paz e a Segurança.
Para o efeito, toda a nata dos dirigentes africanos foram convidados a tomar parte nesse conclave de actualidade marcante dado aos vários conflitos que têm assolado o nosso continente, em particular a África Ocidental, onde a Guiné-Bissau se encontra "infelizmente" encastrado.
Para tornar o encontro sério e responsável, os estados africanos considerados mal comportados, ou seja os estados fora-da-lei não foram naturalmente convidados. Assim, para não fugir à regra o estado-golpista da Guiné-Bissau, tal como o Madagascar e a Republica Centro Africana, não foram convidados, embora este ultimo, eventualmente possa vir a ser representado pelo seu PM devido a actualidade e os acontecimentos emergentes da sua politica interna.
No caso concreto da Guiné-Bissau, o nosso pais, não foi pura e simplesmente convidado, embora os emissários golpistas se tenham feito descaradamente ao convite. O pais, sendo dirigido por golpistas e contrabandistas, foi pura e simplesmente ignorado. Niet de convites.
Mais uma desconsideração para com o pais, o que confirma o principio de isolamento e desprezo internacional a que a Guiné-Bissau esta actualmente confinada devido aos recorrentes desvarios de golpes de estado e matanças cruéis.
Alias, o estatuto da Guiné-Bissau, enquanto pais em crise, é banalizado até mesmo ao nível dos nossos Chefes de Estado e autoridades regionais, nomeadamente a nível cimeiro da CEDEAO. Essa evidência, foi por mim hoje constatada, quando seguia na RFI a entrevista do Presidente Costa marfinense Alassana Ouattara sobre os problemas e os desafios que se debaterão na cimeira de Paris sobre Paz e Segurança. Com amargura constatei que, durante os cerca de 10 minutos que decorreu a entrevista, em algum momento o nome da Guiné-Bissau foi mencionada a que titulo que seja,... como se esse pais vivesse na paz dos anjos e, como se a organização que hoje preside esse ilustríssimo Senhor não fizesse parte do problema que hoje emerge esse pais. O Mali, pais francófono, logicamente, foi referenciado regularmente, formulando e apontando soluções para a saída da crise que esse pais ainda enfrenta. Sobre a Guiné-Bissau NADA, nem uma simples palavra, nem de apreço nem de desfavor. Fomos positivamente ignorados.
Perante essa constatação, que de passagem em nada me surpreende, só vem reforçar a minha convicção de que, a crise guineense efectivamente não faz parte de uma agenda séria e rigorosa da CEDEAO enquanto polo de interesses manipulados pela France-Afrique.
E, é nesse pressuposto, que julgo de cimeira importância, que a CPLP e UA pensem em reenquadrar politica e estrategicamente o problema da crise guineense, retirando-o da esfera de gestão da CEDEAO passando-o para patamares mais elevados, ou da UA ou das NU, porquanto, a não ser assim, o problema guineense continuara ab eternum e com a tendência para se agravar para níveis de conflito com consequências imprevisíveis a curto prazo.
Para já, fica desde já o mau sinal que tem sido a pouca seriedade e profissionalismo com que tem sido encarado o processo do recenseamento no pais que esta está a ser conduzido pelo governo de fachada de Bissau. O recenseamento em curso parece uma parodia de amadores onde o mais elementar desse acto não esta sendo minimamente realizado. Tudo parece propositado e com sinais de sabotagem a nível do próprio Estado, isto, se se atender ao facto de que, a Guiné-Bissau tem quadros com experiência comprovada e o quanto baste para lidar com esse processo de forma imaculada e sem necessidade de "iluminados" timor-orientados.
Contudo, é bom que se saiba que, a ser mal gerido o processo de recenseamento, este repercutirá infalivelmente sobre o bom termo das eleições o que poderá trazer consequências imprevisíveis para o pais, nomeadamente produzir-se umas eleições em bases falseados e partidariamente instrumentalizados, afim de se encobrir mais um golpe de estado, mas desta vez, encapotado de "processo eleitoral", que visara mais do que outro fim, a manutenção do status quo engendrado pelo regime emergente dessa transição envenenada que a CEDEAO impôs ao Povo guineense.
Paradoxalmente, perante tudo isto, não se ouve nenhum queixume da classe politica guineense. Esta tudo calmo, como se nada se passasse. Nem mesmo os partidos mais tarimbados da praça se pronunciam sobre esse descalabro pré-eleições, havendo entre outros, o mais sonante que prefere autoflagelar-se rumo a sua implosão eminente.
"Abram os olhos camaradas"..., cantou em tempos o agora golpista Justino Delgado.
Ambrôsio Kanfom»