quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ética, um valor em vias de extinção


"Hoje apraz-me trazer para a reflexäo, um tema que me parece pertinente e que tem a ver com aquilo que julgo ser alteraçöes profundas na nossa sociedade: a ÉTICA.

Uma palavra pequena, cuja amplitude teórica (definiçäo) : 2- conjunto de normas de ordem moral que regem a conduta de uma pessoa, de um grupo ou de uma sociedade – PORTO EDITORA, mas que se confunde com aspecto prático ou comportamental da própria palavra. Isto é, uma clara dicotomia entre aquilo que é a nossa responsabilidade social e, o nosso comportamento nessa mesma sociedade.

Como em quase todo o continente africano e a Guiné-Bissau näo é uma excepçäo, a palavra ÉTICA está em vias de extinçäo! Se por um lado, uma determinada actitude ou comportamento näo sendo proibitiva perante a lei, a sua práctica pode parecé-lo e, portanto, evitá-la seria uma decisäo acertada por uma questäo moral apenas. Isso chama-se ÉTICA ou por outras palavras, educaçäo!

Um Homem que näo se rege por princípios ÉTICOS näo será seguramente um bom chefe de família. Näo sendo como tal, nunca saberá governar-se, nem governar uma família, uma organizaçäo e muito menos um povo!
Eu näo estou aqui com estas palavras a tentar ensinar o que quer que seja a alguém. Estou, isso sim, a colocar criticas para a reflexäo. Tenho os meus pés bem assente no chäo. Sei que tenho ainda muito por apreender. Apreendo até com as pessoas que, a partida, muitos podem considerar inúteis mas que considero terem algo para ensinar!

Estar em frente de qualquer organizaçäo, pressupöe de algum modo, abdicar-se de certos comportamentos ou práticas de caracter até privado, mas que pode pôr em causa a credibilidade pessoal ou susceptível de minar cordeal relacionamento quer no interior da própria família ou numa organizaçäo. Ser chefe, comandante, director ou presidente näo basta apenas ser nomeado(a) ou eleito(a) é preciso exteriorizar conduta capaz de servir como modelo às pessoas que o rodeiam. Isto porque, “se garande di casa ta chami…” aqui nota-se um vazio de uma conduta modelador e, porconseguinte, uma falta de ÉTICA.

Mas, “se bu sta diante na luta, nabó qui pubis na djubi, abó qui sê spidju…” aqui, requer que a pessoa tenha um pouco de ÉTICA, disciplina ou capacidade de liderança. Significa saber ouvir, ser equidistante para aglutinar diferentes sensibilidades, significa ver as críticas como mera diferênça de pensamentos. Saber conviver com as críticas e explorar o lado positivo delas é, sem dúvidas, um acto de inteligência!

Na Guiné-Bissau continuámos a ter um entendimento errado no que se refere às diferênças de opiniöes. Quem critica as minhas decisöes é, automáticamente, um alvo a bater pois é considerado um invejoso, está contra a minha pessoa e outras mesquinhises do tipo.

Num país onde o comportamento dos servidores do Estado (Ministros, Secretários de Estado , etc) é täo baixo e se confunde com os demais cidadäos, é porque algo vai mal. A preocupaçäo de tudo ter no meio de tanto sofrimento sobretudo quando este é imposta é na verdade uma pobreza espiritual. Urge, por isso, resgatar os mais elementares valores de decência e de respeito pela vida humana!

Hoje no nosso país, basta ligar o rádio ou um click num telemóvel, para ouvir expressoes que confirmam o quäo baixo é o comportamento e a ganância de algumas pessoas da nossa sociedade. É preciso de forma urgente fazer sentir o poder do Estado: garantir a legalidade e igualdade perante a lei. Näo podemos continuar a nomear pessoas sem um mínimo do que seria exigível para desempenhar determinados cargos. Alguns, nem o criolo dominam!

A ideia que fica patente na maioria dos guineenses hoje em dia, é como se a política fosse o refúgio da incompetência e de mediocredade. Todos säo da mesma diapasäo : o país está assim por causa dos “ garimpeiros politicos” que vagueam e de baixo índole no nosso país. A democracia näo se resume num simples voto popular. Ele é, por inerência , uma expresäo da vontade maioritária! O que mede verdadeiramente o estado da democracia é o funcionamento das instituiçöes democráticas: liberdade e justiça, garantia de acesso e das oportunidades quer no ensino, saúde, no trabalho ou serviços básicos.

Estes, entre outras, devem constituir pilares mestras e um valor sagrado de qualquer sociedade democrática e civilizada.
Meus senhores, a política é uma actividade nobre e deve ser feita com convicçäo e com desiderato único de servir. O simples facto de ser mandatado para representar a vontade maioritária, por si só, é um privilégio. Portanto, auscultar o clamor e o sofrimento do povo deve constituir um imperativo moral!

É frequente ouvir pessoas reclamarem pela falta de estradas, hospitais, escolas, saúde básica e infraestruturas do modo geral. Sim, precisámos de tudo isso e muito mais. Mas, o que provávelmente precisámos ainda mais, säo os Homens com instruçöes! De nada adianta ter tudo isso e, depois, näo soubermos preservá-los. Quantas infraestruturas foram erguidas no pós-independência e que há muito foram deixadas ao abandono?

Como há pouco havia referido, näo podemos continuar a nomear pessoas por conivência e sem mérito. Estámos num mundo globalizado onde as informaçöes e o saber circulam a uma velocidade galopante e por via disso, uma necessidade de actualizaçäo constante. Para se fazer face a tudo isso, é necessário pessoas com outro tipo de background . Pessoas que sabem pensar, com outros sonhos para criar obras que perdure no tempo!

Para terminar, uma palavra aos mais jovens. A esta franja populacional, gostaria de apelar a todos no sentido de se engajar ainda mais sobre o destino do nosso país. Näo ficar passivo pois a herança podrá ser pesada no futuro e, a sua resoluçäo tornar-se-äo ainda mais ciclópica. Fazer política näo é necessáriamente fazer parte de um partido poítico em concreto. É, a cima de tudo, ser um cidadäo com pleno direito e deveres. Use a palavra porquê ? como ? como forma de luta sem violência e, ao mesmo tempo, vigilante perante a conduçäo e o destino do país.

Nha mantenha! Dia mindjor na bim. I pircis nô tarbadja cu cabeça na lugar na bass di ermonia sim ódio nim bingança. Jovens, na diferença di nô etnia la cu no força sta nel. Ca bô ceta Mandjaco mitiu contra pepel, ó balanta contra fula, mandinga, nalu ó b’djugo . Dia cu nô na percibi cuma nô riqueza sta na nô diferença, quil dia nôna mostra mundo cuma nô piquinino na tamanho ma no garande na diversidade cultural suma um povo!

Mayer A. Lopes
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