quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Memória e Amnésia


Os partidos políticos da oposição na Guiné-Bissau, falharam por duas vezes, e redondamente: na escolha do tema para as manifestações, e, por não acentuarem os discursos no elevado custo de vida que as populações do nosso País enfrentam. Teria sempre mais adeptos, e, assim, as consequências podiam ser outras. A oposição não entendeu, ou não quis ir atrás. E agora, a oposição está lixada.

Sempre escrevi, neste blog, que o primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. era (é) o responsável número um no que toca aos asassinatos políticos que a Guiné-Bissau conheceu em 2009. Por ser o primeiro-ministro. Quanto a isso, não há dúvidas.

«Que o Presidente da República demita o primeiro-ministro Carlos Gomes Jr, para que possa ser levado à Justiça». Eu, se fosse o primeiro-minstro, fazia-vos um manguito. Anta Cadogo dudu nam tok i na bai n'terga si kabeça na Djustiça? Tentem pelo outro lado...

A oposição tinha (tem) tudo para fazer Carlos Gomes Jr cair do topo deste precipício que é toda a nossa nação em desmoronamento. Em três décadas apenas, o nosso País viu aumentar as disparidades em termos de rendimento. Alinhou-se, e mal, no modelo Estado-providência e o crescimento da economia estagnou. Esse modelo não pode ser repetido, uma sociedade jamais se desenvolverá quando um número significativo dos seus membros estiver na miséria extrema: torna-se uma ameaça. A pobreza não implica necessariamente a ausência de leis, e nem será suficiente para alimentar o desprezo dos desordeiros, partes de uma sociedade e de um País párias.

O colapso deste País é uma questão de tempo. Esta sociedade que desmorona a olhos vistos, e de todos, não é exemplo para nenhum Governo ou Presidente. Cada recorrência tende a ser ainda mais grave do que a anterior. Galbraith escreveu que «a memória é de longe melhor do que a lei». Por cá, a amnésia parece estar no topo dessa longa lista... António Aly Silva