sábado, 3 de abril de 2010
Apelo dramático da viúva do Presidente 'Nino' Vieira
Isabel Romano Vieira
Viúva de João Bernardo Vieira
Sua Excelência
Dr. Raimundo PEREIRA
Presidente da Assembleia Nacional
Popular da República da Guiné-Bissau
Bissau Guiné-Bissau
Bruxelas, 2 de Fevereiro de 2010
Senhor Presidente da Assembleia Nacional Popular,
Excelência,
Por intermédio de Vossa excelência, dirijo-me a essa augusta Assembleia, em que têm assento os ilustres representantes do Povo da Guiné-Bissau.
Passaram-se já doze meses sobre o selvagem assassinato do Presidente da República, depois de lhe terem infligido as mais horríveis torturas, sem que até hoje ninguém tenha sido inculpado por esse feito de tamanha gravidade e que interpela a comunidade internacional
O Senhor Presidente sabe, tanto como eu, de que maneira esse facto afecta negativamente a imagem da Guiné-Bissau, tida como um país em que se permite que na mais completa impunidade se viole o domicílio de um Chefe de Estado em pleno exercício das suas funções para o torturar e assassinar sem que ninguém venha em seu socorro. Um país onde os assassinos do Chefe de Estado passeiam na rua sem serem incomodados ou detidos.
O que significa que o nosso país é impotente ara fazer aplicar a Justiça.
Não creio que, com uma tal imagem, o nosso país possa continuar a atrair e a inspirar segurança ao investimento estrangeiro e ao turismo.
Nós achamos, os meus filhos e eu, que é mais do que tempo para que o inquérito chegue ao seu termo e permita enfim punir não apenas os autores deste crime ignóbil mas também todos os que deram prova de negligência grave na protecção do Chefe de Estado.
Foi constituída uma comissão internacional de inquérito, um novo Procurador Geral da República foi nomeado na Guiné-Bissau, mas continuamos a não vislumbrar quaisquer sinais de progressos do inquérito, seja ele nacional ou internacional.
Nós pensamos que essa Assembleia Nacional está particularmente consciente da vergonha que esse facto lançou sobre o país, considerado um lugar sem justiça pelos mais bárbaros crime nele praticados. Essa Assembleia que deveria ser a primeira a querer limpar essa imagem de barbárie.
Na esperança de que o Senhor Presidente saberá encontrar a força ara exigir que seja feita Justiça e que seja restituída ao Povo a garantia de poder viver pacificamente num Estado de Direito credível,
Creia-me, Senhor Presidente da Assembleia Nacional Popular, com elevada consideração
Isabel Romano Vieira, viúva do General João Bernardo Vieira"