FANTA acordara cedo, como habitualmente. Pôs o pote de barro sobre a cabeça e dirigiu-se despreocupadamente para a fonte. Fanta era linda, lindíssima. Morena, alta e esguia, fazia lembrar as deusas da antiguidade. Contava apenas dezanove anos mas ninguém lhe dava mais que catorze ou quinze dada a sua natural ingenuidade. Encheu o pote, fez a higiene do costume e, quando se preparava para regressar a casa, viu surgir à sua frente um seu tio de nome Abibo que após recíproca saudação lhe pedira que ficasse um bocado mais, pois era portador de um recado de seu pai.
Disse, depois de ter tossido: - Fanta, hoje é um grande dia para ti. Teu pai, querendo honrar-te, vai dar-te em casamento ao moço mais lindo do regulado. Ele é filho do régulo, é rico e tem a tua idade. Lembro-me bem – prosseguiu - quando as vossas mães vos deram à luz no mês de Outubro de uma longínqua chuva. Que festa nesse dia… - Pois bem, Fanta – retomou a palavra – é hoje e será na calada da noite que te vêm buscar. Será festa grande. Os «jideus» (1) animala-ão com danças e cantares. O régulo, teu futuro sogro, todo poderoso, virá montado no seu cabelo branco rodeado dos seus mais fiéis «batulais» (2) e precedido dos seus «jideus» privativos que entoarão cânticos guerreiros. Abibo, de quando em quando, pachorrentamente, chupava o seu cachimbo, acompanhando com a vista o grosso rolo de fumo que lançava para a atmosfera.
Fanta, por sua vez, tornou-se subitamente pálida. Notava-se-lhe no semblante um ar de pânico. Nada de momento pudera pronunciar. Os olhos fitos no chão e pestanejando sem cadência, davam-lhe agora um aspecto de muito mais velha. Suspirou fundo e tentou balbuciar algumas palavras. Debalde, porém, foi o seu esforço. O soluço embargara-lhe a voz. Olhou para o tio e, de repente, como que sacudida por um tufão, explodiu: - Não, não quero ninguém. Não quero casamento por imposição!» Um pesado silêncio tomou conta da situação. Fanta, agressiva, espera o remate do tio. Este, admirado com a reacção, já não fumava. Pensativo, ia desenhando circunferências excêntricas no patamar da fonte com a ponta do indicador que descuidadamente molhava na água. O chilrear das aves tornava mais densa a monotonia. Num gesto frenético, nervoso, Abibo mergulhou a mão na água, desfazendo tudo o que tinha desenhado. Bateu com o cachimbo na palma da mão para soltar o tabaco queimado e com voz forte, autoritária, rematou: - Fanta é em vão o teu protesto. Não tens outro caminho a não ser este que o teu pai traçou. Hoje, quer queiras, quer não, serás desposada e o filho do régulo será o teu eterno companheiro.
Então não vês – continuou Abibo – toda a faustosidade e alegria do teu pai? Desconheces porventura que o teu pai, em troca da tua mão, recebeu um bom dote do régulo e que esse dote foi quase totalmente gasto nos preparativos para o teu casamento? Pensa bem, Fanta. Pensa na festa grande e no teu futuro. De novo pesado silêncio. Fanta chorava agora convulsivamente, rodopiando a cabeça ora para um ora para outro lado em sinal de negação, de incompreensão, de desânimo. Bateu com o pé no chão, mordiscou o lábio e pôs-se a andar como um autómato, deixando o pote no chão. De quando em vez parava, olhava o infinito, limpava as lágrimas e fixava o tio. Fanta não sabia o que fazer. Com passadas incertas, voltava sempre ao local onde deixara o pote, que mais parecia estar agora sob cerrada vigilância do seu interlocutor. Abibo, julgando-se vitorioso, acendera de novo o cachimbo num gesto lento e pensativo. Arrancara uma folha de uma árvore e com ela tapara o cachimbo para evitar que este se apagasse. Cedo, porém, abandonou a folha porque vinha contribuindo para a alteração do aroma do tabaco. Era outro autómato também, embora se esforça-se para não o mostrar.
Fanta, entretanto, havia desaparecido sorrateiramente. O tio, embebido nas suas reflexões, nem deu pela sua ausência.
Fanta deambulara por muitas horas até que foi parar a uma povoação vizinha da sua, chamada Áfia. Deviam ser catorze horas. Dirigiu-se à casa de uma amiga e colega e bateu à porta. Ninguém. Olhou à sua volta e reparou que estava tudo deserto. Uma ou outra galinha debicava o chão. Mais além um pilão e um balaio, abandonados. Resolveu sentar-se num banco e mergulhou-se nos seus pensamentos. Com os olhos no infinito, o queixo apoiado sob as lindas mãos, Fanta mais parecia a estátua de Vénus. Aliás só não se lhe poderia chamar de estátua porque era de carne e osso. Mas de Vénus, sim. Se esta fosse viva, teria decerto uma séria rival para a disputa do trono divino. Eis porém que o crepitar das ervas secas desperta Fanta do seu sonho. Alguém aproximava-se. Olhou e viu um rebanho de cabras que vinha do pasto sob os cuidados de um velho aldeão. Cumprimentaram-se. Fanta, fingindo-se refeita do seu sofrimento, falou primeiro. - Sabes dizer-me, «maudo» (3), para onde é que foi toda a população desta tabanca?. Sim - atalhou o velho - a convite do régulo, toda a população das povoações deste regulado se acha concentrada em Sintchã (tabanca do pai de fanta) onde hoje se celebra o casamento da filha do maudo Ibarima (pai de Fanta) com o filho do régulo. A concentração é enorme e a festa rija, rematou o velho, ao mesmo tempo que se dirigia para o rebanho, a fim de enxotar uma ou outra cabeça que descuidadamente se afastara da manada.
Sim, Fanta sabia que a filha de «maudo» Ibraima era ela e que a festa rija era em sua honra. Levantou-se e continuou a sua caminhada sem destino traçado mas sempre para cada vez mais longe. Entretanto, na tabanca do pai de Fanta, começava a reinar uma certa inquietação em profundo contraste com tanta barulheira dos tambores, das rebecas, das cantigas. Inquietação porque Fanta não aparecia. Ninguém dela sabia. O último que a vira foi o seu tio Abibo. Fanta fora procurada, sem êxito, por todos os lados. Na fonte, a dar sinal de Fanta, só o pote – agora testemunha surda e muda de um drama em embrião. Os festejadores, sem de nada ainda saberem, continuavam a dar cada vez mais, maior brilho à festa. Dezenas de cabras e carneiros sacrificados jaziam por terra. Os ainda vivos esperavam, aterrorizados, a sua vez.
Em Sintchã, todos os parentes mais chegados do pai de Fanta estavam num corrupio constante. Fanta não aparecia. O tio Abibo contara ao irmão a conversa que teve com Fanta e a sua desaparição. Não omitira, também, a firme negação desta em se casar.
E é assim que, com a chegada incessante de convidados, a festa ia ganhando maior interesse. Tochas acesas crepitavam por todos os lados. Mais além via-se aceso um candeeiro a pressão em total contraste com as tochas. Um «jideu» barulhento com uma rabeca debaixo do braço e vestido de mil cores, dava berros impressionantes. Toda a gente tocava e dançava ao som de ritmos variados. A petizada agrupava-se, obviamente, ao lado daquele que mais barulho fazia. Um tambor desafinado estava a ser aquecido numa fogueira especialmente acesa para esse fim. A festa, entretanto, só atingiria o seu auge aquando da chegada do régulo. O noivo não participaria da cerimónia. Ficaria em casa à espera que lhe levassem a mulher. Um levar penoso e triste com dezenas de paragens obrigatórias, com a noiva sempre de joelhos e coberta dos pés à cabeça com um lenço branco tresandando a calor misturado com um cheiro nauseabundo de perfume senegalês. Era assim que Fanta iria. Mas onde é que está Fanta?
Antes tarde do que nunca, diz-se. Chegou, enfim, o régulo. Montado no seu cavalo branco, vestido com um alvíssimo «uarambá» (4), um cinto largo a atar-lhe a cintura, turbante na cabeça, esporas nas botas de montar, o régulo era cópia autêntica de um guerreiro árabe. A sua chegada fez com que a festa redobrasse de entusiasmo, com vivas e palmas prolongadas. Muito atabalhoadamente, foi recebido pelo «maudo» Ibraima, que, conforme é tradição, se curvou a seus pés apertando-lhe a mão com as duas mãos e colocando de seguida a mão direita sobre o peito, em sinal de respeito. O régulo foi cumprimentado por todos os presentes após o que foi conduzido para uma palhota especialmente preparada para a sua recepção. Ali, com a presença de muitas pessoas acocoradas, a tensão era pesada. O silêncio sepulcral que ali reinava e a interrogação constante dos presentes, em murmúrio, fazia adivinhar que algo de anormal estava passando.
O primeiro que falou, para abrir a sessão, foi o régulo. Completamente alheio à situação, disse: - Bem, como sabem, vim hoje a esta povoação para presidir às cerimónias de casamento do meu filho com a filha do «maudo» Ibraima. Pelo que me foi dado a ver lá fora – prosseguiu – os festejos do meu regulado foram bem preparados, o que é bastante animador e encorajador. Estou satisfeito - continuou – com todos vós e vejo que o dote dos cem contos que foi pedido pelo «maudo» Ibraima é insuficiente. Por isso, dou mais cinquenta contos para se poder alimentar condignamente o meu povo aqui reunido. As palavras do régulo foram imediatamente precedidas de acção: cinco notas de dez contos foram depositadas numa tosca mesa de madeira, iluminada por uma baça luz de um candeeiro a petróleo. Com este gesto, a situação piorou tornando-se insuportável. Quem se atreveria a receber mais dinheiro sem, em troca, dar Fanta? Quem seria, dos presentes, aquele que iria dizer ao todo poderoso régulo de quem Fanta desaparecera? Como continuar a esconder as realidades dos factos?
Após rápida meditação, trémulo de raiva pelo desrespeitando procedimento da filha, indeciso e vacilante pela maneira como iria justificar o casamento falhado, «maudo» Ibraima sacou do dinheiro e, com voz rouca e trémula, só se lhe ouviu dizer: - Com licença. E saiu. Lá fora, juntos os «jideus», entregou-lhes o dinheiro explicando-lhes que tinha sido um donativo do régulo, que ficara muito satisfeito com todos pelo grande brilho que vinham dando à festa. Fora, de resto, breve no falar. Decidido e, sem que ninguém notasse por ele, entrou na sua palhota. No interior, só o filho de seis anos dormia, indiferente ao barulho infernal dos festejos. Pegou na sua«longa» (6) já carregada, colocou sob o percutor uma pequena porção de pólvora embrulhada num plástico, baixou o cano com cuidado e saiu. Evitou as dezenas de fogueiras que ainda crepitavam e embrenhou-se na mata. Sozinho, pensou que a acção que iria praticar seria o único caminho que lhe conduziria até Fanta. Supôs que nesse momento devia ela estar junto de «Alá» (7), confessando-se. Entretanto, um estampido surdo interrompeu as suas reflexões. Ibraima, «maudo», jazia agora por terra, inerte e banhado em sangue. Pusera termo à vida. Suicidara-se.
Entretanto no local dos festejos, o régulo, impaciente, vinha há muito aguardando a hora em que a sua já quase nora apareceria a seus pés, de joelhos e coberto com um lençol branco, para o cerimonial do casamento. Um sinal de fadiga e desespero vinha tomando conta dele. Estava sonolento, de tanto esperar. Um ou outro «maudo» que lhe fazia companhia, para quebrar a monotonia, dizia qualquer coisa sem nexo e que escapava a atenção de outros presentes e até do próprio régulo. Lá fora, o barulho aumentara a tal ponto que ninguém dera pelo tempo decorrido sem a aparição da noiva e nem tão pouco ouviram um tiro disparado a poucos metros deles. O dinheiro que receberam do régulo através do agora defunto Ibraima, aumentara a algazarra e o ânimo, também. O régulo, cada vez mais impaciente, rompeu finalmente o silêncio, como de resto já seria de esperar: - Chamai o «maudo» Ibraima. A noite já vai alta e tenho que regressar. Todos os presentes se levantaram ao mesmo tempo, como que impelidos por uma só mola e saíram à procura de «maudo» Ibraima. Todos os componentes da festa foram inquiridos e ninguém sabia dele nem de nada. Tudo agora era mistério! Mistério sobre Fanta, mistério sobre o pai de Fanta, mistério na tabanca de Sintchã.
Tudo parou de repente quando se conheceu o drama do casamento falhado. Nem o rufar do tambor menos aquecido, nem o retinir de uma rabeca menos afinada se ouvia. Tudo era silêncio, desde que chegou ao conhecimento dos festejadores a notícia de que Fanta desaparecera e, com ela, «maudo» Ibraima também. Entretanto, um elemento anónimo correra a informar o régulo do sucedido – do casamento falhado. Do desaparecimento de «maudo» Ibraima. Em traços largos, pôs o régulo ao corrente da situação e uma ira de morte apoderou-se deste. Sentiu-se diminuído, ultrajado e escarnecido. Um suor frio descia-lhe sobre a face negra com barba por fazer. Os olhos vermelhos pareciam deitar fogo. Todos sabiam que o estado de fúria atingiria o seu ponto máximo. E que iria explodir. - Chamai o chefe da tabanca, vociferou o régulo. Este não demorou a aparecer e o régulo gritou: Antes que amanheça quero à minha frente e na minha povoação, a presença de Ibraima sob pena de, sobre ti, tua família e esta tabanca caírem os meus maiores castigos. Acto contínuo, desaparecia na exuridão, não a trote e acompanhado como tinha vindo, mas a galope e só, pois, sentindo-se diminuído, dispensava tais honras.
Fanta, por sua vez, havia deambulado muito desde que deixara a povoação de Afia. Fome e sede começavam a apertar-lhe, mas como tinha a convicção de que fugira de um casamento forçado, redobrava-se de ânimo e de energia. A mente de Fanta estava repleta de ideias, decisões e projectos. Pensava, por exemplo, poder atingir a fronteira da República do Senegal e ali viver, no anonimato, o resto dos seus dias. De outra vez ocorrera-lhe que a melhor coisa a fazer seria apresentar-se ao régulo, pedir-lhe desculpas e explicar a razão da sua atitude. Pensara, certa vez, pôr termo à vida. Enfim, era assim a mente de Fanta – atribulada e confusa. Com passadas largas, lá ia Fanta suportando o grande peso que fora obrigada a carregar. A meio da noite, chegou a uma localidade que a deixou deslumbrada de tanta luz e movimento. Hesitou. Não queria entrar com medo de ser chamada de vadia, fugitiva. Não conhecia a terra, ou melhor, não podia precisar qual era, de momento.
Encostada a uma árvore, coberta por uma penumbra, Fanta apreciava o movimento. Algumas pessoas que por ela passaram perto, em animada conversa, deram-lhe a entender, pelo dialecto, que ali era terra de fulas. Terra de seus parentes. Estremeceu ao pensar em parentes, pois lembrou-se de imediato do seu tio Abibo, do pote que deixara na fonte naquela linda manhã, mas depois manhã cinzenta, fatal. Em Sintchã, onde a festa terminara há muito e se começava agora os preparativos para a debandada, já não crepitavam as fogueiras. Alguns elementos que já se tinham posto em marcha de regresso às suas tabancas, descobriram não muito longe do local donde partiram, um corpo sem vida e intensamente coberto e sobrevoado por abutres. Era «maudo» Ibraima. A «longa» facilitou a identificação do cadáver. Os abutres, privados do banquete gratuito, continuavam a sobrevoar em círculos cada vez mais fechados, assustando os presentes. Avisado sobre o sucedido, apareceu o chefe da tabanca de Sintchã que, em vez de triste, se mostrou triunfante só pelo facto de se ver desembaraçado da tirania do régulo. Mandou imediatamente remover o cadáver para a povoação e daí, sem demora, improvisou uma maca com canas de bambu e fez transportar o corpo para a tabanca do régulo. – Cá está, régulo. As suas ordens estão cumpridas. Este mandou descobrir o cadáver e tendo-o identificado, resmungou quase imperceptivelmente: - As nossas contas estão saldadas, sim…procedei de conformidade com a nossa tradição – rematou. E desapareceu.
«Maudo» Ibraima jazia agora numa pequena mata, junto da palhota que lhe serviu de habitação e, certamente, muito mais arrependido por não ter encontrado, como supunha, a sua filha junto de Alá, confessando. E era ele o autor de todo este drama. Que iria fazer, então, a Alá, sabendo-se de todo culpado? Quanto a Fanta, e depois de várias hesitações, pensativa e cansada, resolveu entrar no povoado, decidida e irremediavelmente sujeita a tudo. Entretanto, foi evitando, tanto quanto possível, passar junto dos candeeiros ou debaixo dos mesmos. Chegou a uma rua cujo pavimento era alcatroado. Apeteceu-lhe deitar-se. Resistiu. Continuou a andar até que, resolutamente, interceptou alguém para saber em que localidade se encontrava. Gabú, disseram-lhe. Terra de fulas, seus parentes. Fanta corou de vergonha porque em tempos já ali tinha estado com os seus pais, de visita a familiares. Tinha que retroceder e já, pois era demasiado conhecida em Gabú. Mas para onde seguir agora? Indecisa, abandonou as luzes, o alcatroado e embrenhou-se de novo na mata. Sem destino como sempre, mas agora mais mentalizada do que nunca em como enfrentar o seu drama e pôr termo ao seu sofrimento. Andava depressa para mais depressa se afastar de Gabú. Era já noite cerrada. Resolveu subir a uma árvore para dormitar um pouco, como habitualmente. Auando acordou ainda era cedo. Pôs-se de novo a caminho. Fanta tinha fome, muito embora fosse alimentando de alguns frutos silvestres. Sol e suor tinham roubado cor às suas vestes. Estava desanimada e arruinada.
EPÍLOGO
Caíra, entretanto, na região onde Fanta se encontrava, uma praga de moscas tsé-tsé que começaram por dizimar os animais e, mesmo as pessoas, as quais morriam numa apatia, numa indiferença total, após fases de sono profundo e insónia completa. Fanta, completamente indefesa, não sobreviveu. Expirou em cima de um pequeno monte coberto de ervas secas. Fora encontrada dias depois rodeada de formigueiros e também de abutres, que lhe assentavam no rosto e no resto do corpo cruéis bicadas. Uma mão carinhosa, anónima, sepultara os restos de Fanta, agora vítima muda e inocente de um drama consumado – o drama do casamento falhado.
GLOSSÁRIO
1 – Músicos
2 – espécie de servos
3 – Homem de certa idade, respeitado
4 – Veste de grande luxo usado por muçulmanos
5 – Espingarda de carregar pela boca
6 - Deus
© António Aly Silva
Lisboa, Fevereiro de 2004