Caro Aly! Após duas semanas inteiras de intensa troca de e-mail e comentários em vários sítios, com vários cabo-verdianos, e em especial após enviar um e-mail (espero que tenham recebido) aos editores e ao director (Apolinário Neves) do semanário Cabo-verdiano “Expresso das Ilhas” (www.expressodasilhas.cv), apraz-me registar que realmente há guineenses atentos ao seu país e da forma como somos tratados no exterior, que é no fundo o que interess.
Só nos afirmamos quando a nossa inteligência colectiva e a nossa capacidade de trabalho, reacção e pensamento colectivos, atingirem níveis que permitam que sejamos respeitados por sermos Gguineenses, e não apenas pelo que somos individualmente, tal como os americanos, os franceses são respeitados desde logo pela pátria e pela nação a que pertencem. Tendencialmente os guineenses são duros para com os patrícios e diplomatas para com os estrangeiros, mas a minha actuação foi na linha daquela que tiveste: dura, forte e feia, até porque não assimilei todos os valores ocidentais e nem é do meu interesse (pelo menos por agora) faze-lo; e por outro lado tenho um bom conhecimento e domínio de situação política e social de Cabo-Verde.
Garanto-te que têm problemas do arco da velha. Conseguem vender uma imagem imaculada ao mundo e nisso são patrocinados pelos portugueses (fiquei parvo quando numa das minhas visitas a Cabo Verde, me disseram que eles passaram a ter polícia judiciária a pouco tempo, porque constatei como actuavam aqueles homens incontroláveis).
Era pura e simplesmente impossível conter o instinto selvagem daquela gente, com brutalidade pura, e a isso assisti em Cabo Verde, mas nunca se fala nestas coisas. Foram considerados recentemente, tal como nós, um dos países em que a liberdade de imprensa regrediu, mas já veio o responsável pela associação dos jornalista dizer que não é verdade. Porém, a minha reacção começou antes do tal deputado Oliveira voltar a insistir com a questão da sigla PAIGC, porque uma semana antes lembraram de escrever um artigo depreciativo para a imagem da Guiné-Bissau, em que chegaram ao ponto de dizer que São Vicente não é nenhuma cidade de Bafatá, entre outras "bocas".
Sinceramente, orgulho-me de ter como compatriota alguém com a tua capacidade de resposta e, sobretudo, em tempo útil. Se um dia tivermos tempo falaremos sobre isso, e poderei enviar-te parte do meu longo diálogo com "essa gente". Mas sucintamente quero que saibas que deu-me um grande prazer ler o teu comentário e estou a ponderar voltar à carga enviando o link para eles lerem. Mas tu tens uma arma terrivelmente eficaz nos dias que correm, o teu jornal tem uma tiragem considerável, e o teu SITE é bastante visitado.
Uma reacção "MODERADA" para não assustar a clientela das ilhas seria interessante, se não te quiseres envolver pessoalmente, ofereço-me para assinar um artigo de resposta. Um abraço do Marcos Correia
Caro Marcos, fiquei radiante com o teu e-mail. Não terei – nem nunca tive – medo de responder, mesmo que atacando forte e feio quem quer que seja. É preciso que mais guineenses, onde quer que estejam, comecem a dar respostas certas e na hora àqueles energúmenos que hoje se fazem passar por gente decente. Abraço e vai mandando coisas. António Aly Silva