terça-feira, 27 de novembro de 2012

Suzana está quente...


No passado dia 21, um grupo de oficiais liderado por Augusto Mário Có (Capacete de ferro) foi, a mando do Comando Militar, para Suzana, após o Estado Maior ter ouvido que os régulos de todas as tabancas de etnia felupe reuniram e decidiram que iriam a Bissau pedir esclarecimentos sobre o caso 21 de outubro, no qual morreram apenas jovens quadros dessa etnia.

O Comando Militar antecipou, assim, a chegados dos referidos chefes e foram eles a Suzana. Da caravana fazia parte o Secretário de Estado dos antigos Combatentes, Mussa Djata – da mesma etnia, e a maioria do corpo de escolta era composta por soldados felupes - foi a forma encontrada para encobrir a vergonha, dando a entender que não estão a fazer nada em exclusivo contra os felupes.

Mencionaram os nomes de João Mendes e Ananias Djedju, dizendo que são quadros com os quais contavam em promover e não sabem como foi que eles se envolveram na tresloucada tentativa de assalto ao quartel dos para-comandos. Pediram ainda aos régulos que chamem a atenção aos jovens felupes que estão na forças armadas para que estes não se envolvam em nenhum acto desse tipo. Também disseram que o primeiro-ministro deposto Carlos Gomes Jr. está a preparar mercenários na Gambia para virem desestabilizar o País.

Usando da palavra, o porta-voz dos regulos, Ukebau Djedjo, agradeceu as informações, mas alertou que queriam sobretudo ouvir as justificações para a morte dos seus filhos por parte chefe do Estado-Maior e do presidente da República de transição. E que mesmo com a ida da tal caravana para Suzana a deslocação deles a Bissau seria uma realidade, pois querem ouvir todas as justificações junto do Injai e do Nhamadjo. O régulo aproveitou ainda para lembrar à comitiva que afinal os jovens mortos eram guineenses e não rebeldes de Casamance, como alegou o governo. Querem saber porque só morreram felupes nessa tentativa de assalto ao quartel, revelando de seguida saber que neste momento todos os quadros felupes estão a ser perseguidos. António Aly Silva

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Djambatutu fiu na bida


As vezes as coisas passam tão rápido que nos levam esquecer algumas pessoas pelo bem ou pelo mal que fizeram. Há quase duas décadas despontou na cena politica guineense um senhor que ninguém esperava

que um dia se interessasse pela política. Era um simples pai dos ovos e avó dos pintainhos que na Guiné apelidamos de "galinha de granja". Parecia uma homem bondoso, seguidor dos ideais de cristo e do seu pai Deus. Em 2003 foi chamado a assumir a alta magistratura da nação desempenhando a função de Presidente da República de Transição. Quase todos os guineenses, pela aparência que o homem demostrava, deram confiança ao homem e até foi apelidado de "Homem de Paz".

Lá ficou o homem nos cantos da presidência até que infelizmente foi mordido por aquele bicho nocivo da política que tranformou o homem de paz em homem de guerra. Homem que só proferia palavra de paz, de justiça, de amor ao próximo, passou a ser uma autêntica bomba. Os padres já não vêem no homem aquele espirito de paz que outrora lhe caracterizava. Os miúdos e os jovens da paróquia também notaram essa estranha mudança no homem. Mas, ainda acreditavam que a força de Deus um dia refletiria no coração do homem, fazendo-o voltar a ser o que aparentava.

Mas a desilusão de os que ainda acreditavam foi quando o homem juntou ao barrete vermelho contestando os resultados eleitorais, considerados livres e justas por todos os observadores internacionais, pela CNE e pelo STJ.

Mais, o homem dos pintainhos foi um dos primeiros do grupo dos cinco que expressou publicamente a sua concordancia com o golpe de estado de 12 de Abri, alegando que o país vivia numa espécia de ditadura.

Ora ora, onde esta o tio pintainho neste momento? Será que concorda ou não com o actual momento em que o país vive? Tem ou não conhecimento de sequestro e espancamento de líderes de partidos políticos que posicionaram contra o golpe? Tem ou não conhecimento de assassinatos de jovens da etnia felupe militares e civis, sendo um deles licenciado pela Universidade Amilcar Cabral? Tem ou não conhecimento de assassinato a sangue frio de um jovem civil, funcionário da Guiné-telecom? Tem ou não conhecimento que ao povo é proibido manifestar e expressar a sua opinião? O estado em que o país se encontra em termos de violação dos direitos fundamentais é ou não pior em comparação ao estado em que se encontarva antes do golpe de 12 de Abril? Quantas manifestações foram realizadas no regime anterior ao golpe de estado?

Espero que o meu amigo e tio já pôs a mão na consciência, exprimindo o seu arrependimento pelo caminho errado que escolheu. Espero que o meu tio já fez várias conficções ao padre, pedindo a Deus que lhe perdoe por este grande erro cometido. Por este mal que provocou na pessoa daqueles, principalmente dos jovens que dantes acreditavam nele como sendo uma das alternativas para este país.

Bolingo Cá

O TIRO NO PROPRIO PÉ


(ver AngolaPress, de 24-11-2012)

Essa, não posso deixar passar! Previno, não sou militante do PAIGC. Mas será que compreendi? Ou estou a sonhar? Por favor ajudem a mandar os militantes do PAICG a formação politica, ainda que seja numa igual a essa escola do tempo da luta. Sr Rui Diã de Sousa, como lider do grupo parlamentar do PAIGC e comparsas acabam de dar um tiro no próprio pé ou melhor no pé do partido que a eles pertence.

O PAIGC chegou onde está porque foi eleito, pelos resultados que todos os partidos aceitaram, que tenha ou não comprado as consciências e os votos. Sabe o que é a democracia? Duvido! Justificam a atitude de deixar a presidência da mesa da Assembleia Nacional ao PRS como acto de “salvar a democracia” ou não seria antes salvar a pele? Ou está nas tintas porque já arrumou sua vida? Que falta de respeito para com os eleitores. Que falta de capacidade para fazer respeitar as regras do jogo democrático.

Portanto, obrigado PAIGC, por selar o golpe parlamentar. Afinal, o PRS sempre foi mais estratega, ainda que nos leve a portos obscuros. Têm medo? Então deixem que se dissolva o parlamento. Em vez de querer mantê-lo por causa do salário. Que seja feita e posto em funcionamento nova lei eleitoral. Você e o seu partido não provam nada e nada mesmo para ninguém senão uma atitude de tamanha irresponsabilidade de um partido que se diz democrático. O PAIGC acaba assim de demonstrar o quanto tem andado a margem da lei, em negociatas que a todos nós tem vitimado, de algum modo.

QES

OPINIÃO - E AGORA SENHORES DA CEDEAO E DEPUTADOS DA NAÇÃO?


Com a decisão dos deputados em prorrogar o mandato do parlamento até a tomada de posse de novos eleitos, cai por terra o tal badalado Pacto de Transição.

A Constituição da República continua, neste sentido, a ser a única Carta Magna a reger politicamente o funcionamento do Estado da Guiné-Bissau, portanto não faz nenhum sentido querer tentar substituir a nossa Constituição por um Pacto de Transição assinado por partidos políticos que não têm nenhuma expressão política, que não funcionam como uma organização política, porque a maioria só tem uma ou duas pessoas a frente, nunca conseguiram organizar um congresso para prestar contas aos seus constituintes e validar os órgãos sociais. Como pode um tal Pacto querer substituir a Constituição.

Se assim é, então pergunto:

1. Porque razão, o cidadão Serifo Nhamadjo é impedido de se candidatar a Presidência da República nas próximas eleições Presidenciais?

2. O direito de se candidatar é lhe automaticamente conferido pela Constituição da República e, em nenhum momento, tem o Pacto de Transição validade e força jurídica para o impedir.

3. Seria muito imprudente da parte dos guineenses, das organizações sociais, políticas e económicas que actuam no país, deixar perder a oportunidade de ter como candidato alguém com carisma, que respeita o próximo, que é dialogante e que pretende apenas unir os guineenses, como o senhor Serifo Nhamadjo em detrimento, por exemplo, de um Kumba Iala, que representa exactamente o polo oposto, que para além de ser instigador, ele é manipulador de sensibilidades e é violento, por isso, sempre que necessário recorre as forças militares por motivos de afinidade étnica para fazer valer os seus objectivos pessoais.

4. As regras de jogo num regime democrático são no mínimo estas: Todos os cidadãos têm o mesmo direito de concorrer em pé de igualdade aos cargos da soberania, pois nenhum argumento racional justifica a distinção entre cidadãos em função da sua ascendência. Só o mérito pessoal, reconhecido em eleições, deve ditar quem nos chefia.

5. Por isso, o cidadão Serifo Nhamadjo ao pretender pode de forma independente ou por via um partido político apresentar-se nas próximas eleições.

6. Portanto, estou em crer que vai ser necessário, a sociedade civil se levantar em peso, para protestar contra um acordo que põe em perigo a existência da Nação, e que poderá conduzir o país para o caos e perigar a sua existência como entidade de bem.

Pensem por favor compatriotas e bem..!

A.

OPINIÃO - A QUESTÃO DA GREVE NO SECTOR DA EDUCAÇÃO


A greve é, sim, um direito colectivo. É uma arma poderosa de pressão e de coerção que chega ao ponto de fazer cair um governo (com certeza que nenhuma greve fará cair o governo da Guiné-Bissau neste momento). Ninguém discute a legitimidade sindical de decretar a greve como também não se discute a titularidade do direito de greve que pertence aos trabalhadores. Por isso mesmo, convidamos a algumas reflexões sobre a oportunidade dessa greve, sobretudo, porque tudo indica que as reinvindicações não são conjunturais mas estruturais e ocorrendo no período de vida de um governo de transição. O próprio Presidente de Transição afirmou no primeiro congresso do Movimento Nacional da Sociedade Civil que “A nossa função como presidente de transição é de um bom bombeiro. Mas, posso dizer-vos que é um bombeiro que tem um cisterna de água a meio gás...”

Será que os promotores da greve não estarão fazendo o jogo daqueles que menos estariam interessados em mudanças positivas na Guiné-Bissau? Será que estão conscientes da tamanha ignorância na qual o povo foi e está mergulhado? Será que já analizaram as causas da mediocridade dos nossos poderes, e que os deputados me desculpem, em particular do poder legislativo, onde poucos sabem ler de facto?

Será que não se deram conta do aproveitamento que se fez e se faz do estado da ignorância dos nossos eleitores que resultou entre outros num parlamento com as caracteristicas que conhecemos, que permitiu que nos impõem ministros iletrados em pleno seculo vinte um e que a CEDEAO se substituisse aos eleitores, sem nenhuma resistência? Tudo isso, senhores promotores da greve, constitui a tentativa da legitimidade da ignorância e do obscurantismo! E, se por mais um deslize, isso continuar, acreditem que ainda menos será valorizado o papel que vos cabe de construir recursos humanos válidos para o país e, em perfeita igualdade de conhecimentos, capacidades e oportunidades com os demais de, pelo menos, a subregião. Será que não se deram conta que a educação deixou de ser uma referência e um trampolim para a mudança social e económica da sociedade guineense?

Já se perguntaram porque a crise no país parece não incomodar a população que vive as matanças como um destino fatal? Será que já analizaram, o impacto psicossocial da paralesia da instituição escola na vida das crianças e jovens neste momento de profunda crise? Será que têm a plena consciência da fraqueza da instuituição educativa no seu estado actual e da sua longínqua possibilidade de ser motor do fomento do desenvolvimento do país? Será que sabem que quanto mais semi-iletrados for os adolescentes e jovens maiores são as possiblidades de serem recrutados pelo narcotráfico e milicias armados?

E, quanto menos o povo for educado maiores são as possibilidades das crises se reproduzirem? Já se deram conta que os filhos dos poderosos não estudam em escolas públicas? E, que na volta, quando o estado se prezar pela boa governação, velará pelos critérios da competência para governar o país, e aí? Será que não existe outra maneira de fazer pressão para obter o que reinvidicam? Quais são as oportunidades da greve vir a ser coroada de sucesso, quer dizer ter ganhos colectivos palpáveis e objectivos sociais efectivamente realizados?

Senhores educadores, vamos repetir: “pursor tchumba, alunos passa?”. Até que ponto é oportuno continuar nessa via? Sr Luis Nancassa, conhecemos a sua firme e legitima vontade de ocupar, um dia, a magistratura suprema do país, então pare e pense. Então, crie outras estrategias, mais viáveis, mais adequadas e consequentes com o direito à educação em tempos de crise e de urgência.

Sejam patriotas! Todos para escola!

QES

Cinema guineense em Paris


O museu «Jeu de Paume», organiza em Paris uma conferência sobre a história do cinema da Guiné-Bissau, na presença dos cineastas Flora Gomes, Sana na N’hada e da realizadora Felipa César.

LOCAL - auditório do museu, das 14h30 às 16h00, com entrada livre
DIA 01/12/2012.
Metro Concorde – linha 1

Movimento Ação Cidadã - Conferência VII


Dia 29 de Novembro de 2012

Centro Cultural Franco Bissau Guineense

ENTRADA LIVRE

Bissau, 17h00-19h30

Painel I:

o Os Recursos Pesqueiros e a Economia Pesqueira na Guiné-Bissau: realidades e perspetivas, por Gualdino Afonso Té (Biólogo Marinho)

o O Estado da gestão das florestas na Guiné-Bissau: Realidades e Perspetivas, por Constantino Correia (Eng.º Florestal)

Painel II:

o Petróleo e Industrias Extrativas na Guiné-Bissau: potencialidades,
vantagens e riscos, Por Jacinto Tambá (Geólogo)


o Avaliação do Impacte Ambiental na Guiné-Bissau: mito ou realidade?, por Edinilson da Silva (Ambientalista)

Enquadramento e moderação de:

o Cristina Silva (Bióloga)

Feliz


Aly

Fico feliz por estares em liberdade, mas preocupada, pois esta liberdade não deixa de ser vigiada. O Atlântico separa-nos, mas há algo que me deixa extremamente perto de você - o sentimento de Justiça.

M., Brasil

Próxima grande reportagem ditadura do consenso - Fundação Ricardo Sanha. AAS

Neste Natal, faça uma criança feliz



campanha natal

Um bom apelo


O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, manifestou hoje preocupação com a situação da Guiné-Bissau e pediu apoio para o povo guineense. O chefe do governo timorense falava na sessão de abertura da VII reunião do Conselho de Chefes da Polícia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se realiza em Díli entre hoje e quinta-feira.

"Os nossos irmãos guineenses estão também a enfrentar grandes dificuldades. Manifestamos aqui o nosso empenho para que a Guiné-Bissau rapidamente regresse à comunidade dos países onde a ordem pública e o respeito pelas decisões populares sejam a regra", afirmou Xanana Gusmão. No discurso, o primeiro-ministro timorense apelou também para que não se permita que o "povo guineense fique abandonado à sua sorte". A 12 de abril, na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do Presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derrubaram o Governo e o Presidente.

Para memória futura - 2009


"A ONU É QUE DEVIA INVESTIGAR"

Uma semana após o duplo assassínio, de Nino Vieira e Tagmé Na Waié, as circunstâncias em que se deram as mortes continuam na boca do povo mas o medo de represálias impede que o façam abertamente. O jornalista António Aly Silva é um dos poucos que se atrevem a fazê-lo. "O que se passou é intolerável e não pode continuar. Estes acontecimentos ultrapassam o nosso próprio Estado, observou, apontando soluções: "A questão devia ser tomada pela ONU, abrir-se um inquérito internacional e criarmos uma comissão de reconciliação, como aconteceu na África do Sul."

Há heróis em Bissau


A elite política e militar da Guiné-Bissau tem provado que o palco mais intenso da guerra colonial deu origem a um estado falhado. Um dos países mais pobres do Mundo onde o acesso ao poder significa a fuga à miséria e a obtenção de rendas provenientes dos cheques da ajuda internacional e do dinheiro dos narcotraficantes.

É por isso que Bissau tem sido palco de vários golpes que decidem quais os militares com acesso ao pote. Mas neste cenário desolador há muitos guineenses que resistem. Como o jornalista António Aly Silva, detido e agredido pelos golpistas, que ontem escrevia no seu blogue: "O primeiro grau do heroísmo é vencer o medo." Ainda há sinais de esperança no país sonhado por Amílcar Cabral.


Armando Esteves Pereira,
Director-Adjunto do Correio da Manhã

Vamos lá ser realistas


Sr MB,

Começo por te dizer que sou Fernando Mbali Tchuda, da etnia Balanta mas acima de tudo sou Humano e orgulhosamente Guineense, por favor simplifique o seu nome, porque MB são inicias e pode não significar nada. O Sr é que é um grande mentiroso, o Aly Silva tem sido um Homem Lutador pela JUSTIÇA, contra o tribalismo. Devo dizer-lhe que os processos do Aly Silva e de Cadogo ainda estão em abertos para que possam, caso entenderem, avançarem para a Justiça.

Por favor vamos ser realistas, se na realidade amamos a nossa Guiné. Quem é que não sabe que foi o António Iinjai e com a participação do agora (prisioneiro) Pansau Intchama mais 6 pessoas é que mataram o então Presidente Nino Vieira? Eu sou Militar e sou com todo orgulho da etnia Balanta, mas não concordo com o que alguns Balantas estão fazer neste momento. Estou completamente desgostoso com as atrocidades que tenho visto, mas Deus é grande.

O António Injai e os que lhe seguem, tais como o Governo dos golpistas não escaparão a uma verdadeira Justiça. Este é o momento de os familiares destes senhores lhes chamarem atenção, porque depois será tarde e não venham a dizer, (Coitadi flano gora i era bom dimas).

Viva a Paz na Guiné-Bissau e Viva o Povo Guineense.

Fernando Mbali Tchuda

Vulnerabilidade


Determinadas notícias conseguem avivar conteúdos de reflexões antigas mas muito actuais. É que, quando se fala da Guiné-Bissau, os dois mundos, passado e presente, se entrechocam e coabitam. Ninguém sabe onde acaba um e se inicia o outro, o que se carrega do passado e o que foi deixado de lado. Deste modo, na procura do fio da meada, olha-se para trás e, de repente, faz-se um pouco do balanço da situação.

Na Guiné-Bissau, todos acreditam que são profundamente vulneráveis embora saibam que existem graus de vulnerabilidade. Porque é o estado da vulnerabilidade profunda que caracteriza a vivência do cidadão guineense neste pleno século vinte e um: não sabe quando é que uma bala pode ceifar-lhe a vida, quando é possível ser furtado, espancado e morto, sabe que mesmo com dinheiro suficiente (quase sempre não o tem) para se curar não o pode fazer porque não existe um quadro hospitalar de qualidade a nivel nacional e o exterior é sua solução (e custa caro!), não consegue custear a educação dos filhos etc., etc. E, tudo isso porque as instituições estão indevidamente organizadas e funcionando para assegurar aos cidadãos os direitos que lhes são devidos.
O estado é o responsável para assegurar os direitos de cada cidadão e para o efeito estrutura o país de forma a assegurar a realização dos mesmos.

O cidadão cumpre com as suas obrigações, é o que espera dele. Essas são as condições sina qua none para banir a vulnerabilidade. Os direitos sociais de base são o pilar e se constituem dos direitos a educação, a saúde, a segurança social. Por vontade própria, abordarei apenas a questão da segurança social e físico-individual (na sua interligação) porque são as situações que vivem os cidadãos guineenses neste momento que me interpelam. A segurança social e física vai para além de um sistema de assistência social e de proteção económica. Ela constitui-se de regras, práticas e comportamentos institucionalizados e globalmente interiorizados sob forma de cultura e que dignificam o cidadão e o seu país. Imaginem, a trajetoria de um individuo: ex-militar, ex-ministro, ex-assessor do Presidente da República, político no ativo, chefe de ONG, e que devido a insegurança se encontra numa situação de extrema vulnerabilidade.

O que é que faz dele vitima da vulnerabilidade? A segurança social e fisica inexistentes, que se traduz entre outros, por cidadãos expostos a agressões alheias e de grupos marginais e empodeirados, cidadãos expostos ao asilo, pela incapacidade ou dificuldade, em caso de necessidade, de se curar, pela falta de um emprego e de um salário digno, pela exposição de qualquer cidadão às tentações levianas e de corrupção, e, isso como possível consequência de falta de segurança social, física mas também económica.

Na Guiné-Bissau actual, quem pode afirmar que não pertence a esse grupo de vulneráveis ameaçado pela falta de segurança social e físico? Provavelmente os funcionários das Nações Unidas e das organizações internacionais. Isso, quaisquer que sejam as condições de trabalho e as excepções que confirmam a regra. As causas da vulnerabilidade do guineense são sem dúvidas, o caráter das instituições de segurança social, da defesa e segurança que funcionam de forma primária e precária resultantes da falta incontestável de uma visão de organização estatal no respeito para com os direitos humanos o que, aliás, abriu portas grandes à corrupção, muitas vezes promovida pela actuação do estado, e finalmente ao surgimento de novos actores que impõem regras outras que àquelas normalmente ditadas pela cultura institucional.

A desorganização social é de tal modo grande que a confusão dos papeis levou os militares e os narcotraficantes a regular a convivência social, económica e política, os parlamentares a se substituir aos eleitores ao mesmo tempo que as instituições fragilizam-se cada vez mais e os cidadãos nelas perderam confiança. A jogada de fragilização institucional (pratica exercida por todos os governos) em favor de implantação de normas que favorecem a ditadura e o favoretismo foi sempre e é uma faca de dois gumes. Cá entre nós, a situação de vulnerabilidade tem suas vantagens: mais cidadão bajulador e corruptível, mais possibilidades de comprar consciência e de instaurar o clientelismo, mais fáceis os desvios de fundos públicos para fins pessoais e paridários (afinal para onde vão os milhões que a previdência social/ seguros colecta no bolso do contribuinte) e, muitas mais coisas como a própria instalação do narcotráfico. As suas desvantagens?

É o que se vive actualmente na Guiné-Bissau: qualquer um pode assaltar o poder e qualquer um não está ao abrigo da vulnerabilidade. Mas, assim mesmo se vai acreditando na mudança. A seu favor, claro. Parece que já é parte do imaginário colectivo guineense: Será que não se diz na Guiné-Bissau: “ten ta kamba!”. Pois é, até os que parecem mais iluminados políticamente estão sempre a espera de uma qualquer mudança, de onde quer que venha, o importante é que caia o grupo no poder e se ascendam, colocando-se, enfim, fora do alcance da vulnerabilide (Que ingenuidade!). Por isso, em situação de crise surgem atitudes e comportamentos de saudação, de colaboração e de denúncias vergonhosas porque se acaricia o sonho de, enfim, vir a ser parte do elenco senhorial. Mas, neste vento de mudanças por vezes intempestivas, a tábua de salvação, meus amigos, é trabalhar para construir um estado de direito: que a justiça seja feita e as instituições restruturadas para o seu funcionamento no respeito dos direitos humanos.

QES

A RESIGNAÇÃO DE TODO UM POVO ABANDONADO À SUA SORTE


Que povo é este que permite que, sempre que é chamado a votar, aparecerem uns criminosos de armas nas mãos para subverter o seu veredito e esse povo não reage!?

Que povo é este que permite que uma minoria de criminosos o domine, apenas porque estão na posse de armas de fogo, subtraindo-os a maioria dos direitos constantes da carta internacional dos direitos humanos e esse povo não reage, ou reage timidamente!?

Que povo é este com tamanha resignação, que não é capaz de se levantar e dizer “BASTA”, demonstrar por atos que o país não pode ser pertença de meia-centena de pessoas com armas na mão e seus comparsas, mas sim do milhão e meio que constitui a sua população?

Que povo é este que assiste os seus irmãos a serem aterrorizados, torturados e até mortos, por criminosos armados, sem se levantarem e digam “BASTA, se é para morrer, vamos todos morrer, para salvar o país”!?

Que povo é este que teme mais um grupo de criminosos armados, do que toda a consequência que os atos desses criminosos os possa causar? É como ver um barco a dirigir-se para se estalar contra uma rocha e os seus ocupantes continuarem quietos e com medo da tripulação que os conduz rumo a essa tragédia, apesar de saberem que o futuro é o naufrágio e a morte!?

Que povo é este que não consegue aperceber-se que foi abandonado à sua sorte, pela dita comunidade internacional e que o seu futuro está agora nas suas mãos e, quanto mais tarde reagir, mais grave será o problema e de mais difícil resolução será?

Que povo é este permite ter no seu seio e na diáspora, irmãos letrados que pactuam, ativa ou passivamente, com o ambiente de terror a que os seus irmãos estão submetidos no país e ainda outros limitam-se a alternância de um ativismo feroz com um silêncio ensurdecedor, de forma seletiva, conforme suas posições e interesses… !?

Que povo é este que tem um irmão a exercer um dos mais altos cargos das Nações Unidas, sem que consiga influenciar os responsáveis dessa instituição a serem mais interventivos, em relação aos problemas do seu país e dos seus irmãos!?

Que povo é este que não consegue aperceber-se que chegou a hora de agir, de lutar para que a sua voz seja ouvida e respeitada e o seu voto se tornar soberano!?

Que povo é este que não consegue organizar-se para responder com os mesmos atos, contra aqueles que os privam das liberdades essenciais e contra os familiares dos mesmo que se encontram dentro ou fora da Guiné-Bissau?

Que povo é este!? Será o mesmo povo que lutou com valentia e abnegação, durante mais de uma década para se tornar livre? Será esse o povo guineense a que pertenço, com muito orgulho?

Para terminar, gostaria de lançar um desafio a qualquer guineense que domine a tecnologia informática, para a criação de uma base de dados disponível on-line, onde constaria o nome e o local da residência de todos os golpistas e transacionistas e, ainda, de todos os seus familiares diretos, o respetivo grau de parentesco e o eventual benefício direto ou indireto que poderá estar a usufruir com a atual situação do país… Para evitar injustiças e calúnias, deverá existir um espaço para que os que acharem que os seus nomes constam da lista de forma injusta, possam defender-se, explicar-se e exigir a retirada do nome da lista…

Devemos começar a envergonhá-los on-line e depois de longa a lista, pensar em passar para outras formas de luta…

Bem haja.

Jorge Herbert

Para quem anda desatento



DESCUBRA AQUI O PORQUÊ DAS COISAS

Olha quem nos quer dar lição


Meus irmãos,

A CEDEAO, guiada pela Nigéria, foi quem legitimou o golpe de estado de 12 de abril, através da nomeação de um Presidente e de um governo propostos pelos militares golpistas. A inveja dos sucessos que Angola tem estado a alcançar não só em àfrica, mas também no mundo, fez com que este país, que nem o seu vasto território consegue controlar, tomasse a decisão que tomou em relação ao nosso país sem pensar nas consequências negativas deste povo.

Mas é curioso um país sem norte, como a Nigéria, esteja a querer dar lição à Guiné-Bissau.

Olhem só um exemplo: Os gajos nem as suas crianças conseguem dar uma minima qualidade de vida. Prova disto é que, num estudo conduzido pela Unidade de Inteligência Económica(EIU) que avalia a qualidade de vida em 80 países do mundo, publicada pela revista The Economist (inglaterra), a Nigéria é o país que proporciona pior qualidade de vida as crinças, isto numa previsão económica que vai de 2013 a 2030. No topo da lista estão a Suiça, a Austrália e a Noruega. Portugal está situado no no 30.º lugar.

Bolingo Cá

A entrevista que vale duas buzinadelas


Só hoje vi, e ouvi a entrevista/encomenda feita ao 'presidente de transição' da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, e que passou ontem no programa 'Sociedade das Nações' na Sic Notícias. Para poupar atalhos, devo desde já dizer que essa entrevista não tem ponta por onde se lhe pegar. Foi um Serifo Nhamadjo bastante nervoso aquele a quem meteram um microfone à frente para debitar postas de pescada.

Acho que Serifo Nhamadjo perdeu uma boa oportunidade para pedir solenemente desculpas ao povo da Guiné-Bissau e admitir a sua quota parte de responsabilidade no golpe de Estado de 12 de Abril, e a interrupção, de forma violenta, do processo eleitoral que estava em curso e que culminou com a implantação de uma ditadura militar feroz, que vive da perseguição, do rapto, de espancamentos e de assassinatos de cidadãos guineenses - a quem o Estado devia garantir protecção e segurança, como diz a nossa Constituição.

Acho que Serifo Nhamadjo devia igualmente ter pedido desculpas a Portugal, e a Angola. A Portugal, pela acusação irreflectida e irresponsável, de conivência com Pansau Ntchama na 'tentativa' do assalto ao quartel dos para-comandos e que teve um saldo trágico: dezenas de guineenses foram chacinados! Outra desculpa a Portugal, pela desavergonhada encenação que foi a 'operação' de 'captura' do Pansau Ntchama, pateticamente encenada e em que este aparece envolto numa bandeira deste país nosso amigo, maior contribuinte líquido e o principal parceiro bilateral da Guiné-Bissau - como se Portugal tivesse alguma coisa a ver com o assunto. Lá está, Serifo não fez o trabalho de casa. Em vez de dar a mão à palmatória, decidiu afundar um pouco mais a Guiné-Bissau. E um pouco mais é... muito mau.

Acho que Serifo Nhamadjo deve igualmente um pedido de desculpa a Angola, por ter contribuido decisivamente para a interrupção abrupta e à base de calúnias, da brilhante reforma nos sectores da Defesa e da Segurança (em que a própria União Europeia queimou dezenas de milhões de euros dos seus contribuintes e depois admitiu que fora "um fiasco"...) que Angola, um país nosso irmão estava a levar a cabo. Preferiu a má-língua: que "Angola tinha mais material bélico que as nossas forças armadas", disse-o com todas as letras - 53 letras, para ser preciso. Mas não disse que era Angola que alimentava as forças armadas da Guiné-Bissau, que era Angola que estava a construir e a reconstruir todos os quartéis da Guiné-Bissau (para que os quartéis passassem a ter água canalizada, telhados, tudo em condições); não disse o 'presidente de transição', que o dinheiro de Angola serviu para formar perto de 700 homens e mulheres para a polícia e para a Guarda Nacional, que o dinheiro de Angola serviu para encher o bandulho a muita gentalha. Assim, a entrevista do 'presidente de transição'... Esta entrevista vale duas buzinadelas: uma para o entrevistado, outra para o entrevistador...

Serifo Nhamadjo aparece sem rede. Não tem atrás (no 'seu' gabinete de trabalho) uma bandeira da Guiné-Bissau. E, desconfortável, disparava contra os mesmos alvos: Angola e, voilá!, Portugal. Que Portugal apoiou a guerra civil (que TODO o povo guineense apoiou, como TODO o povo guineense condenou o golpe de 12 de abril). "Há muita desinformação, até disseram que eu dormia com o CEMGFA António Indjai na Presidência". Veja só, senhor jornalista! Antes isso, sr. 'presidente de transição'. Antes isso. Fazem um belo par, não haja dúvidas.

Que Serifo Nhamadjo não se preparou para a entrevista, isso foi por demais evidente; agora que o jornalista estivesse à altura do entrevistado... isso é imperdoável. Estou à espera para ouvir, se é que também houve, a entrevista com o porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas, perdão, do António Indjai, aliás, do 'governo de transição'...

Convido-vos, e ao 'presidente de transição', a ouvirem como deve falar um Chefe de Estado... AQUI MESMO

António Aly Silva

domingo, 25 de novembro de 2012

Viagem à arquitectura portuguesa da Guiné-Bissau



SIMPLESMENTE FANTÁSTICO

Si bu sta dianti na luta


Prezado compatriota Aly Silva,
 
Tenho estado a acompanhar desde ha muito tempo a sua/nossa luta atravês do seu blog e devo-lhe dizer que tem valido pena, pois dá a conhecer ao mundo a realidade do nosso quotidiano. O método que escolheu para combater o mal que nos encalha, escrevendo ciberneticatmente, é eficaz! Nunca desista... estamos carentes de um lider, creia! O povo guineense clama por um contramestre astuto, capaz de uma visao diferenciada; capaz de se distanciar dos demais armados em falsos Cabralistas, mas que napão passam de descendentes de Judas!
 
Claro que está no seu direito não querer medalhas, aliás, isso só vem reforçar a humildade que só está ao alcance dos bons! Mas por favor não páre! "Se por acaso não poder mais voar, corra. Se não poder andar, rasteje. Mas continue em frente de qualquer jeito" (Martin Luther King)!
 
Continue, o povo está consigo!
 
Humildemente,

Dartanha Na Bantaba

PRECISAM-SE NOVAS ESTRATÉGIAS DE LUTA!


Nada melhor do que iniciar este artigo com as palavras de um dos pioneiros do movimento de direitos civis nos Estados Unidos Martin Luther King:
“Quando reflectirmos sobre nosso século, o que nos parecerá mais grave não serão os erros dos maus, mas o silêncio dos bons”.
 
A proclamação da independência da Guiné-Bissau (Há 40 anos) foi um acto heróico mas, infelizmente marcada por conflitos cíclicos que em nada abonaram a consolidação da mesma. O poder politico, motor dos processos democráticos e de integração nacional, é responsável pelas forças e fracassos do país. Os políticos devem apostar na construção duma nação sem exclusão de grupos linguísticos, religiosos e regionais criando uma identidade comum a todos; devem implantar a homogeneidade étnica em toda a esfera da sociedade guineense.
 
É necessário modernizar, adoptar novas estratégias de luta, separando a carne, do osso, a casca, do caroço. Há que saber enfrentar os desafios musculados dos tempos modernos sem uso de violência. Tomada de posse por via de armas, para além de ser tão vergonhosa para o país, é sempre uma humilhação para o povo guineense que vê o futuro comprometido, a esperança enforcada e a dignidade pisoteada.
 
Os partidos políticos devem reestruturar-se para não correrem o risco de prevalecer os interesses pessoais ou de grupos que possam promover o desvio das linhas políticas traçadas. Interesses esses, que poderão conduzir o país para uma governação autocrática e o fará cair nas garras do neocolonialismo.
A Guiné-Bissau, como um estado de direito democrático, políticos desestabilizadores com comportamentos desviados, potencialmente nocivos ao país, deviam por lei, serem proibidos de exercer funções públicas quer nos respectivos partidos, quer no governo. Indivíduos desta natureza, infelizmente estão presentes na sociedade guineense. São cidadãos insensíveis as dores e aspirações do povo. Urge, identificá-los e desmascará-los!
 
Curiosamente, palavras bonitas como: “desenvolvimento,” “justiça,” “liberdade,” “bem-estar,” não faltam no dicionário inventado pelos partidos políticos mas na realidade, triste realidade, este pacote de palavras mágicas é ignorado deixando a sensação de impotência da parte daqueles que mais sofrem, mais precisam desses bens preciosos.
Caros compatriotas, vamos unir os nossos esforços e combater sem tréguas para derrotar definitivamente as forças do retrocesso! Olhemos com seriedade para a situação nefasta do nosso país e do nosso povo! Temos que aceitar que estamos a beira do abismo e perante uma ameaça de colapso total! Devemos estar todos, na linha da frente da defesa do nosso país  que se quer livre independente e democratic!
Estamos desesperados a aguardar pela oportunidade de mudança na vida política económica e social do país. O futuro tem nos reservado muitas surpresas, oxalá que desta vez seja para o bem desta nação abandonada pelo mundo e maltratada até pelos próprios filhos.

Londres, 24/11/2012
Vasco Barros.

sábado, 24 de novembro de 2012

Dignidade


Caro Aly Silva

Acompanho, como sabe, a sua luta. Tanta dignidade e coragem deveria envergonhar o mundo. Não parece ser o caso. A sua empreitada é enorme, saiba que rezo por si e pelo seu povo. Como diria CARNE ROSS:

"não existe maior satisfação do que lutar por uma causa em que acreditamos"

Que Deus o abençõe a si, aos seus filhos e à Guiné-Bissau.

Abraço,

Mário Santos

Orgulho


Caro Aly,

Como é que tu vais? Foi com uma grande alegria que soubemos que conseguiste sair da Guiné-Bissau e que estas agora longe dos assassinos que governam a nossa terra. Tu és um herói para a juventude guineense na Diáspora. Amilcar Cabral, Titina Sila e Domingos Ramos devem estar cheios de orgulho de ter um neto como tu. Foi para isso que eles lutaram, e não para termos estes palhaços que nos governam.

Abraço.

Mágoa


Com muita mágoa lhe escrevo estas palavras e para lhe dizer que sinto muito você ter de sair da sua terra e nao dizer e fazer aquilo que gosta - informar as pessoas. Tenho pena mas a vida é mesmo isso: nao se pode ser democrata. Ser democrata é um risco e eu como seu simples leitor, fiquei triste por voce e pelo povo indefeso da Guine-Bissau. As crianças e os idosos, sao os que sofrem na pele esta luta desigual.

Sou um simples cidadao portugues que nos anos 60 e 70 passou pela Guiné e fiquei sempre um apaixonado por essa terra. Tenho lá muitos amigos, é por isso que estou triste com toda a situaçao. Por isso te envio um abraço muito solidario, e nunca desistas da luta contra os tiranos. O meu bem-haja para ti e para tua familia, e muitas felicidades meu amigo Aly.

Alexandre Cardoso

Porque...


Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner

Mais mentiras


O MUNDO ANIMAL a que pertencemos, não obstante como HOMENS Racionais, o que nos destaca na planeta terra dos outros animais. Não devemos contentar ou autoproclamarmos absolutos e mais justos do que os nossos semelhantes, também detentores da Razão.

- A fome do poder levar certas pessoas a cometer falhas sem precedentes.

Gostaria de chamar atenção ao Sr. Fernando Vaz–Dito Ministro Porta-Voz do Governo de Transição na Guiné-Bissau (Nosso Pais), para as afirmações que tem vindo a fazer nas suas entrevistas.

Como por exemplo quando acusa o governo do Sr. Carlos Gomes Jr., de ter sido tendencioso ao assinar o contrato para a exploração da Bauxite entre a Guiné-Bissau e Angola, entre outras.

Quero deixar as seguintes interrogações:

- Será que o Sr Fernando Vaz sabe quem assinou o Contrato de Bauxite com Angola em 2007?

- Será que o Sr. Fernando Vaz pensa que acusar o Governo do Sr. Carlos Gomes Jr., de todas as irregularidades poderá tirar o país na crise em que se encontra?

- Por favor, decumente-se nos arquivos do Estado e do Governo para depois tornar publico certas acusações.

- Nôs na diaspora queremos desmentir a sua afirmação de que o 1° Ministro Carlos Gomes Jr., tivesse assinado o acordo com Angola, porque sabemos que o signatario foi o Sr. Soares Sambu, no ano de 2007, durante a presidencia do falecido Presidente João Bernardo Vieira. Entretanto, se existe uma dupla assinatura do mesmo acordo, gostariamos de vé-la publicada nos orgãos de comunicação social, para então sim validar as suas acusações contra o Sr. Carlos Gomes Jr.

- Nós constatamos na diaspora que apos o golpe de 12/04/2012, que culmina com a designação do Presidente e consequentemente com um governo de transição, temos registados que a produção efectiva do pais baixou de 5.3% em 2011 para os 2.1% previstos para 2012. Tudo leva a crer que o destino do contra-valor das vossas acções vai mergulhar a Guiné-Bissau numa crise economica sem precedentes!!! Não ha confiança nos usurpadores o poder para facilitar o crescimento!!! Isto porque, sem a taxa de crescimento e sem a criação de riqueza nacional, não se pode criar empregos e nem sustentar um plano do desenvolvimento efectivo para o povo da Guiné-Bissau. Mas parece que isto não vos importa!!!

- Concluimos que toda a vossa acção é vergonhosa e irresponsavel perante o povo Guineense e a comunidade internacional e sobretudo, malfetoria para a geração de jovens que deveriam ser ensinados outros comportamentos e acções benéficas para a aquisisão dos valores uteis.

A juventude e a diaspora observa-vos e a Historia julgar-vos-á. A luta continua para a Verdade e Prosperidade do Povo da Guiné-Bissau.

TAMBA NA N’TCHUTO

INSTABILIDADE POLÍTICA: ACÇÃO DA SOCIEDADE OU TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE?


Se nos anos 50 e 60 praticamente todos os movimento culturais que lutaram contra a exploração e dominação colonial foram criados na Diáspora. A ideia dos lideres africanos para libertar o continente africano surgiu noutro lado do continente, antes a África era dominado, massacrado e reprimido pelos europeus. Mas hoje são os próprios africanos quem massacra seus próprios povos.  

A aplicação da lei seria e será sempre um problema na história na Guiné-Bissau.
Há um ditado que os filósofos gregos costumam usar, quando não a punição, a tendência é voltar àquela mesma coisa. Como é o caso dos mentores da instabilidade política na Guiné-Bissau.

O país precisa urgentemente apresentar leis que pune severamente penas de prisão que poderão ir de acordo com lei para todos aqueles que forem considerados culpados pelos atos de instabilidade que paira na sociedade. Esta onda de violência que começou e ninguém sabem quando vai parar. Não podemos ser intimidado pelos próprios “irmãos”, só pelo fato de serem militares. O artigo 20º da Constituição do país deixa claro que os militares têm a função de defender a soberania e a integridade territorial. Mas em Bissau, a situação é inversa, são eles que estão a arruinar o país. Violências aterrorizam cada vez mais a população guineense. Basta de agressões, não é possível que a sociedade civil, que é quem mais ordena que estejam todos os dias a passar por tal situação.
 
A Guiné-Bissau atravessa momentos de divergência dividida por conflitos e tentativas de sucessão, muito especialmente o período pós-queda do regime de Nino Vieira. Só após conflito interno de 07 de junho de 1998 a 1999, cessam as tentativas de revolta. Mesmo assim, considera-se que a “centralização do poder nas mãos dos militares” foi suficientemente forte para dar instabilidade ao país. Uma instabilidade que conseguiu adiar sempre alguns passos importantes, dando afinal o ar da crise latente e crônica. As mais graves tensões vieram sempre á tona de diversas formas.
 
Do inicio, a sociedade guineense não tem muita noção de quanto o conflito interno de 07 de junho foi surpreendente nos anos de 1998 a 1999. Pois tal conflito serve meramente como veiculo de transporte entre causas e efeitos de longo prazo, como resultado, o surgimento de intrigas, invejas, ambição e traição que passou a ser visto como uma consequência inevitável para sociedade civil.  

Tendo em conta este contexto histórico, o conflito interno de 07 de junho de 1998 a 1999, liderado por ex- Chefe de Estado Maior Ansumane Mané marcou o fim do domínio da era Vieira e instituiu um regime tão mais violento, acentuado e instrumentalizado as clivagens e étnica (exílio, prisão, tortura e execução de quadros de referencia) e levando o país á ruína econômica. Tendo sofrido inúmeras tentativas de usurpação de poder por parte dos militares.

A forma súbita como as sucessivas tentativas de golpes de Estado se intensificam num curto período de tempo no país impõe algumas indagações. Qual é o melhor caminho para inibir tal situação que aterroriza a sociedade civil? Será que ação ou transformação da sociedade é o caminho viável para contornar tal problema. Investir na Educação é outro caminho para acenar essa cultura de violência que paira no país.
 
“Nós só podemos seguir crescendo na atividade que abraçamos e amamos se os compromissos forem mantidos, se o ideal for renovado e se nossa capacidade de sonhar não se limitar aos problemas e for sempre maior que eles”.
Rolim Adolfo Amaro
 
Quem ama a Guiné-Bissau de verdade constrói a PAZ.

A.B.F.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Entrevista de António Aly Silva à Rádio Morabeza


PARA OUVIR AQUI

Guiné-Bissau: A SIDA em risco


O Secretariado Nacional de Luta contra a Sida (SNLCS) da Guiné-Bissau lamentou, na terça-feira, que mais de 20 anos após o primeiro caso notificado no país “o estigma continua a ser um dos maiores obstáculos” no combate à pandemia. João Silva Monteiro, secretário executivo do SNLCS, disse que, até hoje, nunca alguma figura pública se assumiu como seropositiva, porque, apesar de todas as campanhas, se “teme a exclusão”.

“Outro sinal triste da estigmatização prende-se com o facto de muitos guineenses escolherem a calada da noite para procurar anti-retrovirais”, disse o responsável, que criticou “os próprios serviços do Estado que praticam a estigmatização” quando exigem o teste de Sida a candidatos a bolsas de estudo no exterior. João Monteiro disse à agência Lusa que há países, como a China ou a Rússia, que exigem esse teste, mas que os serviços competentes o fazem mesmo para candidatos a bolsas para países como Brasil ou Portugal, que não têm essa exigência.

“É contra a lei e é desumano”, disse, acrescentando que é também “monstruoso” que se tenha chegado ao ponto de impedir uma pessoa de ser jornalista por ser seropositiva. O SNLS começou na terça-feira em Bissau um encontro para debater a lei 5/2007, de prevenção e tratamento da Sida, na tentativa de, através de melhoramentos na lei, se chegar “à realização plena e universal dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais”. O secretário executivo referiu que, “se há discriminação, é porque a lei ou não foi suficientemente divulgada ou porque tem lacunas ou está desactualizada”. 

Um relatório divulgado na terça-feira pelas Nações Unidas aponta que pelo menos 2,5 milhões de pessoas contraíram o vírus da Sida em 2011, com a África subsaariana a ser a mais afectada. A Guiné-Bissau está no grupo de países onde houve um aumento  de pelo menos 25 por cento de novas infecções. Em Setembro passado, as organizações de luta contra a Sida na Guiné-Bissau já tinham alertado para a situação “muito delicada” em que estava o país, quase sem apoios depois de o Fundo Global (organização internacional de apoio à luta contra a malária, tuberculose e SIDA) ter cancelado a cooperação.

Os cortes começaram há um ano, mas agudizaram-se depois do golpe de Estado de 12 de Abril passado, referiram. O país ficou durante algum tempo quase sem reservas de medicamentos e de suplementos alimentares. João Monteiro disse, na terça-feira, que os problemas começaram antes, por alegadas irregularidades na gestão do dinheiro do Fundo Global, mas considerou que o país viveu “uma sanção” (pelo golpe). “O Fundo anunciou que vinha. Antes, diziam que não vinham por motivos de segurança”, disse, precisando que a delegação do fundo chega a Bissau no início do próximo mês para negociar um novo programa, mas mais reduzido”. LUSA