domingo, 9 de novembro de 2008

Nô Pintcha!

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Agradeço aos sócios da WEST AFRICA SEGURANÇA e da CONNECTING, o favor de começarem a pensar no assunto destes dois lógotipos. Chega de brincadeiras, até porque TAMBÉM tenho filhos para criar. Estou a lutar pela vida como vocês e NÃO a fazer jogo sujo. António Aly Silva*

(*)António Aly Silva é o autor - com TODAS as provas - dos dois lógotipos.

a) - Os referidos lógotipos foram alterados sem consentimento do seu autor. Desenvolvimentos nos próximos episódios.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O vento mudou de direcção...

...É hoje, é hoje!
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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Nestes 21 dias, vou precisar muito disto

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Por isso, peço às pessoas de boa vontade (já que está na moda...): Alka Seltzer, por favor. Em doses industriais! AAS

CÓLERA - O que deve fazer / Kê ku bu dibi di fassi

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Os guineenses não são números...

A epidemia de cólera que já infectou mais de 12 mil pessoas e matou 205 na Guiné-Bissau está "fora de controlo", afirmaram hoje, 24 de Outubro, as agências das Nações Unidas. A cólera está "excepcionalmente difícil de controlar e está espalhada por todo o país", sublinhou a porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Vérónique Taveau, durante uma conferência de imprensa em Genebra.

A doença, endémica no país e recorrente todos os anos, "desenvolve-se actualmente sem controlo, com o risco de se propagar aos países vizinhos", preveniu também a porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), Elisabeth Byrs. "A cólera faz mil novos casos por mês", acrescentou a porta-voz, sublinhando que a capital, Bissau, é a mais atingida, com mais de oito mil casos.

Entre 24 de Agosto e 21 de Outubro, a propagação da doença acelerou com 4.871 novos casos, entre os quais 915 crianças com menos de 14 anos, ou seja, 18 por cento do total de doentes, de acordo com dados da UNICEF. A Agência da ONU está particularmente preocupada com o início da campanha eleitoral para as legislativas previstas para 16 de Novembro porque, sublinha a porta-voz, "as grandes multidões favorecem a propagação da doença".

Segundo a UNICEF, a doença propaga-se facilmente pelo país devido a três factores: o mau estado do sistema de saneamento, a falta de acesso à água potável - especialmente na capital, onde 80 por cento da população não tem acesso à água corrente - e um ritual funerário, segundo o qual as famílias bebem a água que serviu para limpar o morto.

A ONU mobilizou mais de um milhão de dólares (cerca de 790 milhões de euros) para aquele país, mas a OCHA "gostava de ter mais financiamento, especialmente para a prevenção" das doenças, indicou a porta-voz daquela organização. Também chamada de "doença das mãos sujas", a cólera é uma infecção intestinal altamente contagiosa, que se manifesta por violentas diarreias e uma forte desidratação. Agência LUSA

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Lições de borla

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A campanha eleitoral está a chegar. Se vai andar por aí a mandar postas de pescada, este manual é para si.

1º - ORGANIZE AS IDEIAS esteja a falar para uma audiência composta por comerciantes do mercado do Bandim ou a declarar guerra a outro país (ao Irão, por exemplo), é melhor organizar-se antes de se apresentar aos microfones. Siga aquele ditado tão velho como o mundo: diga o que lhes vai dizer, diga, e depois diga o que lhes disse. Estabeleça três pontos, fala sobre cada um deles e no final volte a relembrar esses mesmos pontos. É claro que o seu cérebro não conseguirá memorizar tudo mas soará muito desinteressante se estiver a ler pelo papel. Assim, escreva umas "palavras chave" em cábulas;

TREINE, TREINE MUITO tal como os lavadores de carros nas ruas de Bissau, a prática habitual ajuda muito nos discursos. Mas se por acaso não estiver habituado a ser o centro das atenções então o melhor mesmo é treinar. Ponha-se em frente ao espelho ou de uma câmara de vídeo para que simule os gestos, os silêncios, e o seu treino com as ditas cábulas que vai levar;

RESPIRE FUNDO se está nervoso, treine a respiração. Quanto ao tom de voz: mantenha um tom calmo, coloquial, e não use palavras de que não precisa de maneira nenhuma. É que não vai querer parecer palavroso nem pretensioso;

O DISCURSO PROPRIAMENTE DITO é necessário começar bem. Há quem comece com uma piada, mas, é melhor não arriscar, pois uma má piada logo no arranque pode ser um desastre de que ninguém se esquece. Mantenha-se direito enquanto fala, de costas direitas, com as mãos pousadas no púlpito, e não faça muitos gestos bruscos. Faça contacto visual com várias pessoas na plateia, mas evite estar a olhar para a mesma pessoa mais de cinco segundos. Infelizmente, isso pode ser um problema se só uma pessoa for ouvir o seu discurso...AAS

Fernando Gomes, dás-me o número de telefone de Deus?

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Toda a crise tem vocábulos próprios e todo o político diz coisas nessa altura que significam exactamente o seu oposto. O primeiro-ministro, Carlos Correia, e o porta-voz do seu Governo, Fernando Gomes lá vergaram e decidiram reunir com a UNTG e prometeram - «com a ajuda de Deus» - pagar um mês de salário (dos 3 em atraso) aos funcionários do Estado «dentro de dez dias». Veremos. Aposto outro exílio em como dentro de dez dias saber-se-á a verdade. Ou seja, a mentira.

Cá para nós que ninguém nos ouve: eu acho que não estão a dizer a verdade. Melhor: estão a mentir. E porquê? Olha a pergunta, doutor. Desafio o doutor Fernando Gomes a dar-me o número de telefone de Deus. É que tenho umas coisas para Lhe dizer.

Este é um problema crónico, guineense, tão nosso que deviamos registá-lo na OAPI (Organização Africana da Propriedade Intelectual). As nossas ambições enquanto País, são grandes, mas as dificuldades para as concretizar são ainda maiores.

Vivemos uma autêntica repressão. A repressão, é sabido, gera medo e hipocrisia. Ou as duas coisas. As vítimas (os guineenses) dão a impressão de se conformarem mas não é assim: querem apenas furtar-se à regra. Mas entre mouros e judeus algum negro cristão há-de escapar.

AAS

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Verdade inconveniente

O PRID* de hoje é o PCD** de ontem...

* - Partido Republicano para a Independência e Desenvolvimento;
** - Partido da Convergência Democratica.
AAS

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

É nisto que dá

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Vote...

...Mas nunca em branco!

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Quem salva a Cooperação Portuguesa?

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Estimado António,

Tenho seguido a sua actividade jornalística mas, infelizmente, quando estive em Bissau estava você em Portugal. Tinha aí uma grande amiga professora no PASEG e por isso estive aí duas vezes (no ano passado e agora este ano). Tenho um familiar em Dacar e aproveitava para visitar essa minha amiga e conhecer Bissau.Como não sou uma mera turista, gosto de ouvir os comentários das pessoas e tentar sentir o pulso verdadeiro duma cidade, para além do que se vê à primeira vista. Talvez seja deformação profissional! Baseado nas histórias que ouvi da minha amiga daí de Bissau e de outras pessoas, bem como dalguma investigação que fiz em Lisboa, escrevi uma crónica informal. Não quero criticar só por criticar, mas é bom conhecer a opinião de quem por aí passa, sem ser "apanhado" por determinadas "obrigações" que quem aí vive, por vezes sobretudo sendo tuga, tem que respeitar. Fica aqui a crónica, se a quiser publicar. É um testemunho que deve ser feito.

Um abraço e até qualquer dia, talvez em Lisboa e continue a ser este António Aly que nos dá prazer ler,

Joana Otchan-Palha (JOP)


Quem salva a Cooperação Portuguesa?

Quem chega a Bissau, vindo de Dacar, após uma curta estadia, rende-se à evidência do mau estado em que se encontra esta terra e quão infrutíferas tem sido as acções da cooperação portuguesa.

Qualquer português da escassa comunidade que aguentou o conflito de 1998/9 e que por cá ficou, apesar das dificuldades, embora sem ser perito nos assuntos da cooperação, não tem dúvidas que as prioridades da Cooperação Portuguesa deveriam ser a Educação, a Saúde e a Cultura e, mais recentemente, a "guerra ao narcotráfico" que está ainda a criar maiores desigualdades na Guiné-Bissau e a minar o seu futuro. Não hesitam mesmo em falar num "Plano Marshall para a Guiné", com o apoio de Portugal e uma larga cooperação internacional.

A cooperação na área educativa conheceu um boom, no pós-conflito, com a implementação do PASEG - Projecto de Apoio ao Sistema de Ensino da Guiné e com umas dezenas de professores portugueses. Só que, após vários anos, não há aumento gradual do número de professores cooperantes, nem o seu alargamento ao interior. Pelo contrário, por razões impenetráveis da administração portuguesa, este ano, o seu número cairá para metade.

Quantos professores portugueses desempregados, mas com qualificações não abraçariam este projecto? E o apregoado "Fundo de 30 milhões" para apoiar a Língua Portuguesa não poderia ser utilizado nesta Missão? A saúde está mal (e não se recomenda!) na Guiné-Bissau. O surto de cólera, com uma elevada taxa de mortalidade, veio confirmar isto!

É verdade que a Cooperação Portuguesa tem procurado ajudar, mas os tais portugueses que por aqui andam, olhando o exemplo francês no Senegal, lamentam que não haja outro hospital a funcionar com mais meios, com mais médicos, enfermeiros e com medicamentos suficientes para fazer face a todas epidemias e doenças vulgares.

Até as farmácias do país são um espelho sintomático do estado da saúde com um mínimo de medicamentos e um aspecto pouco apelativo. A cultura tem sido o patinho feio da Cooperação Portuguesa, entalado progressivamente entre os ministérios da Educação,
da Cultura e dos Negócios Estrangeiros e na dependência do Instituto Camões há largos anos. A já reformada Presidente Simoneta Afonso nunca visitou o país ou se interessou, realmente, em melhorar a imagem da cultura portuguesa e a sua ligação com o meio artístico e intelectual guineense.

O absurdo da exoneração dos Directores dos Centros em Bissau e em São Tomé (os únicos exonerados nos PALOP's, enquanto em Cabo Verde e em Moçambique os seus homólogos já se encontram em funções há quase 6 e 9 anos) foi justificado com uma necessidade de poupança, mas o aumento do número doutros diplomatas em Bissau, contraria esta justificação. Uma decisão, sem critérios e avaliação prévia, tomada levianamente pelo então Ministro Freitas do Amaral, mas sem qualquer oposição da Presidente do Instituto Camões.

Depois do legado de Mário Matos e Lemos que por aqui andou quase 13 anos (e que conheci na sua curta passagem pelo CENJOR), de Daniel da Silva Perdigão e do último director do Centro Cultural Português, Luís Machado, ainda o CCP conseguiu sobreviver, mas hoje, todos lamentam que não haja praticamente jornais portugueses e que muito do que então se fazia não continue e que não se veja já aquele envolvimento dos jovens, apesar do Centro estar renovado e mais apelativo. Faltam as actividades, falta-lhe a gestão necessária, falta-lhe a alma!

Nem todos os diplomatas são bons gestores e programadores culturais e o facto de permanecerem pouco tempo em Bissau também não ajuda, pois os projectos da área cultural e da cooperação necessitam dum seguimento prolongado e de quem esteja profundamente dentro da sua problemática. Que o diga o Secretário de Estado, João Gomes Cravinho, que não permitiu que se tocasse nos responsáveis pela Cooperação nas diferentes Embaixadas (e que haja uma Conselheira em Luanda há 13 anos!).

Em tempo de férias, o Centro de Língua do Instituto Camões estava, merecidamente, em repouso, mas também me dizem que falta a ligação do mesmo com o Centro Cultural, que são "dois irmãos de costas voltadas um para o outro" e que se perde a interacção de meios. Comenta-se que o Instituto Camões já possui três terrenos em Bissau para construir um Centro Cultural de raiz, um projecto que se arrasta há mais de 10 anos. A continuar assim, o Instituto Camões será a primeira agência imobiliária oficial de Bissau! Talvez seja esta uma forma de obter verbas adicionais em tempo de crise global! Entretanto, sem exonerações, sem polémicas e contratempos, o Centro Cultural Francês lá continua de vento em popa.

Com o narcotráfico a aumentar e os problemas económicos sem melhoria à vista, não deveria a Cooperação Portuguesa motivar parceiros europeus e internacionais para se activar um projecto global de intervenção e ajuda à Guiné-Bissau? Quem aqui vive e até quem por aqui passa, só pode apoiar semelhante ideia. Sobretudo porque surgem, aqui e ali, pequenas intervenções sem conexão entre si.

É na noite de Bissau que se compreende que a própria Embaixada portuguesa na capital vive momentos conturbados, onde a vida pessoal e familiar de muitos funcionários já se mistura e influencia negativamente o desempenho e imagem profissionais, desprestigiando quem representa o Estado português. O próprio Embaixador andará por aqui há demasiado tempo, tendo já obtido o recorde de permanência em Bissau, mas seja pelo cansaço, seja pelas peripécias próprias (conflitos com a comunidade e com guineenses importantes) ou pelas alheias, há muito que parece ter perdido o pulso da sua Embaixada.

Não é de espantar que muitas sejam as vozes que clamam: "Quem salva a Cooperação Portuguesa?"

Joana Otchan-Palha
Jornalista freelancer e gestora de comunicação

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Lembras-te de Bissau?

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“Venham daí esses ossos!”. Cruzamo-nos, por acaso, ia eu a atravessar a rua em direcção à fortaleza da Amura. Abraçamo-nos e depois afastou-se. «Olha só para ti, estás um homem!». Este meu amigo costumava parar no bar «Escondidinho» – que fica na esquina da escola «Marques Palmeirim». Chegava de sorriso aberto, ao final da tarde, depois de grandes caminhadas pelo dia e depois de noites que só ele sabia viver. «Já estou de abalada», dizia isso sem ressentimentos nem temor. Aliás, começou a dizer isto – contaram-me – ia nos quarenta. Durou mais vinte e um; depois, sossegadamente, cerrou as persianas feitas de colmo e foi embora.

E adorava falar de mulheres - «Na minha idade é que era, vocês hoje vão para a cama por tudo e por nada». E tinha razão. Estamos sempre a ir para a cama; de manhã, à tarde e à noite. Pela primeira vez ouvi-o falar da violência da terra, dos ardores do sexo e de gente que se maltratava por um corpo quente de mulher. De gente que ele viu matar por um desvio de águas ou pela aleivosia de um dito mal interpretado. O meu amigo não era de percorrer tabernas, não. O «Escondidinho» enchia-lhe todas as medidas. Bebia o seu tinto, conversava, rindo de riso breve, ouvindo histórias. Histórias como aquelas que ele próprio contava, bem entendido; e contava-as numa toada lenta e despedida de deselegâncias.

Porém, vivia sempre o seu tempo. Nesse encontro, dois anos antes da sua morte, lembramos muitas coisas. Contou-me que enviuvara há cinco anos. A mulher morreu na sala de operações, em pleno parto, por falha de electricidade. «Ninguém contava com aquilo, foi terrível». Fez-se um silêncio sepulcral. Não consegui olhá-lo olhos nos olhos. Senti-me enfraquecido e a desfalecer e culpado por não saber o que dizer para confortá-lo. «Pelo menos ainda temos o ‘Escondidinho’» - disse-lhe. E fomos entrando. Voltou a desabafar. «Os amigos morreram todos; o Ucha, o Fernandinho...O último foi o teu pai» – disse-me. O meu pai morrera nesse ano, mais precisamente.

Fiquei então a saber aquilo que anos a fio me apoquentava: ou seja, o que este meu amigo procurava no «Escondidinho»: Letrado, ele procurava apenas a ração de afecto, os gomos de ternura que, confirmou-mo um dia, só a sua pacata e recôndita aldeia lhe poderia realmente oferecer. Bebíamos, de vez por outra mais do que manda a lei do equilíbrio; e, sobretudo conversávamos muito. E nós ouvíamo-lo muitíssimo. Ele percebera que perdera o tom da época; que a sua época era outra e que sobre essa época outra escrevera tudo quanto tinha de escrever. Porém manteve-se interessado. Lia o que os outros escreviam.

Certa tarde – contou-me o senhor Zé do «Escondidinho» - decidiu que chegara a hora de regressar à sua aldeia. E eles iam lá, vê-lo e conversá-lo. «Bebíamos agora um pouco e devagar». O meu amigo, sábio e antigo, quedava-se agora no batente da porta, no silêncio da tarde, no silêncio de todas as tardes. «Já nem havia palavra, aliás», sussurrou-me o senhor Zé. Depois, confidenciou-me, «ergueu-se e, pausadamente, atravessou os umbrais da eternidade».

António Aly Silva
Jornalista

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O que pensas tu da morte?

Em resposta à pergunta - Pedro! - mais descabida que me foi feita.


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A morte é a única certeza que temos da vida (pagar impostos também, mas isso significaria estar, por ex., no Canadá e não na Guiné-Bissau).
Na verdade, nunca pensei na morte. De resto, quando chega, não deixa dúvidas (às vezes, nem deixa marcas - como um gato). Chega também a ser o acto mais individual da nossa vida (quando nascemos há sempre mais gente ao barulho).

A morte é apenas uma história fechada. De ponto final. Além de que é só nossa. Contudo, não estou preparado para a morte de ninguém, nem para a minha, nem para a dos meus amigos, nem para a dos meus inimigos.

Por que havia eu de perder tempo com minudências? Aliás, se querem mesmo saber, a minha morte, hoje, causaria o maior transtorno. É que já tenho coisas combinadas para Dezembro. E como se isso não bastasse, ainda morria em má companhia... AAS

PS - O "Fuck You" refere-se à morte propriamente dita. AAS

A tristeza não tem fim. A felicidade, sim

Olá, C., aqui está o texto «que não encontravas». O tal texto intemporal. Beijo. Aos guineenses que tiveram em todos os governos (de 1980 aos nossos dias), umas autênticas madrastas. AAS

Os guineenses devem trocar a idade do armário em que se viram enfiados, e ultrapassar a barreira da puberdade.
Ao guineense, é com a alma em sangue que peço: Pense. Reflicta. Confesse. Já nenhum de nós tem idade para andar de skate. É altura de trocar o T-1 por uma casa, reclamar uma camisa no lugar de uma T-shirt e, por tabela, exigir um Estado sério, credível, respeitado. Grande. Crescido. Como nós.
Como é que um país com quase quarenta anos de independência, com tanta história de mestria e valentia; como é que este país que lutou pela sua independência e de mais quatro(!) países atirou a toalha ao chão?
Este país é coisa pouca para alguém? Seja. Mas é nosso. Pode até ser uma coisa pouca, uma luz qualquer. Chega-nos. Deslumbra-nos. A Guiné-Bissau podia, hoje, ser um gigante entre gigantes mas nunca deixaram-na ter essa medida, esse sentido de proporção, a mínima mercê. E, no entanto, a Guiné-Bissau continua brilhante como se a noite não existisse.
Do que nos vale uma Nação sem nacionalismos? Que tal é a sensação desta alma colectiva que se desalma diariamente; esta idade sem qualidade, este tempo dessincronizado com a nossa natureza, onde já não há herói, figura, exemplo, esperança que nos empolgue ou nos sirva?
A Guiné-Bissau é o país do universo africano que fala o português que, proporcionalmente, tem melhores e mais quadros nos organismos internacionais. E se não regressam é porque aqui tudo é muito previsível e, normalmente, o que acontece é quase sempre mau. Verdade seja dita, raras vezes se registam acontecimentos que indiciam novos tempos. Por mais que os ventos soprem.
A Guiné-Bissau tornou-se como aquele mistério que pensamos saber e a perfeição que sabemos não conseguir. É este o mistério perfeito da realidade, o sonho sem amanhã, o desejo sem desperdício, a ideia de uma Nação, o coração de um povo. É verdade. A nossa geração – aquela que não está gasta – tem valores que importa preservar, e uma responsabilidade de proporções bíblicas, que é a de criar uma sociedade em que não se registe a exploração do homem pelo homem ou humilhantes discriminações em relação à mulher. A realidade actual do mundo impõe-nos outra reflexão, e outra intervenção. Um País é um País e é assim, País, que deveria ser.

António Aly Silva

domingo, 12 de outubro de 2008

Agora escolha

Corre pelo burgo o seguinte:

Afinal, o que significa PRID? (PRID soa ao apito do árbitro que depois aponta para a marca da grande penalidade)

1- Partido Responsável pela Introdução da Droga?;
2 - Políticos Responsáveis pela Introdução da Droga?, ou
3- Partido Republicano para a Independência da Droga?

AAS

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Qual Assembleia, qual quê?!

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A nossa investigação permitiu concluir que, afinal, nem tudo está parado no País. Depois desta grande obra pública (a terceira a seguir à ponte de João Landim e da residência para os antigos combatentes), os bandidos não mais poderão dormir descansados. Segundo a nossa fonte, a empresa contratada para construir a primeira prisão de alta segurança da Guiné-Bissau - a conceituada e respeitada chinesa Fech'a Djin Ti - terá o 'elefante branco' pronto para entrega no primeiro semestre de 2009.

A ANP - Associação Novas Prisões, não confirma nem desmente. Faz o seu papel.

Contudo e depois de muito falatório - «é a sede da Assembleia popular», ou «é a casa onde o Papa vai ficar para o resto dos seus dias», ou ainda «é a residência para acolher Woopy Goldberg», ditadura do consenso acaba com todas as discussões: é a futura prisão de alta segurança de Bissau. AAS

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

SOLIDARIEDADE GERAL (greve do blogue incluido)

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Como o Ministro do Turismo não me paga, faço greve! Sinta bu sukuta, n'na bim bam...

SOLIDARIEDADE (queremos mais disto)

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AAS

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Um télélé de 400.000 Fcfa

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...É isso mesmo que leram. Um director-geral de um organismo estatal, aproveitando-se da publicidade feita por uma empresa privada de telecomunicações ao seu organismo - portanto, um oportunista! - lá foi, em pessoa, reclamar o pagamento de 700.000 Fcfa (valor total dos 'spots').

Não conseguindo os seus intentos, desta vez preferiu telefonar: «A dívida pode ser paga em telemóvel?». Indignada, a empresa acedeu, convidando-o a ir escolher o aparelho. Engravatado, calça presa quase ao pescoço, serviu-se. Com ar de entendido (pensou ele). Toparam-no logo à primeira.

Novamente oportunista - como só os servidores deste projecto de Estado sabem ser, lá se decidiu por um télélé...um topo-de-gama à volta dos 400.000 Fcfa! Uma bagatela para ele, terá pensado. Mas é por causa de bagatelas como estas que temos uma greve geral nas mãos...

Ah, já me 'olvidava': o organismo estatal é a RÁDIO DIFUSÃO NACIONAL; e «ele» 'e o seu Director-geral dos gadgets.

Eu pergunto: Sr. Director-geral, será que esses 400.000 Fcfa pertencem-no, a si, ou ao organismo para o qual dá a cara?. Se os 400.000 Fcfa são seus, peço desculpa; se não...djanti bu bai torna telefone di POVO. AAS

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Obviamente, demitam-no!(*)

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Num país minimamente decente, o Sr. Dr., Engº., Professor, Embaixador e prémio Nobel da fantochada, Francisco Fadul – o presidente do PADEC, um partido político nado-morto, não teria sido nomeado para presidente do Tribunal de Contas (TC). Mas isso seria num país decente. O que não é o caso. Fadul daria uma ajuda preciosa à sua biografia, e tranquilizaria o país se parasse de fazer os guineenses de bobos. É caricata a sua iniciativa de culpar tudo e todos; os seus discursos e entrevistas têm tanto de simplório como de patético.

Desorientado, lá vai a caminho de um campo minado, olhando para cima. E ainda bem.
Escapa-me, no entanto, o feito que levou Fadul à glória, a sua especialidade, a sua arte ou o seu, digamos, «distinguo». Pessoas que eu considero razoavelmente informadas, disseram-me que se tornou popular quando se fez passar por «intelectual» num golpe de Estado qualquer (é que já lhes perdi a conta...), dormindo numa sala da central eléctrica de Bissau e dando entrevistas a jornais estrangeiros fazendo figura de coitadinho.

Ora, sem menosprezo para tal tarefa, que certamente acarretará algumas dificuldades, não creio que fosse apenas isso a torná-lo no que é. Indaguei então se você teria feito alguma descoberta notável, conduzido uma guerrilha bem sucedida, apontado novos caminhos para lado nenhum, interpretado algo de sublime, criado uma obra inigualável, marcado o golo da vitória frente ao Senegal numa das edições da Taça Amílcar Cabral ou, pelo menos, escrito a letra «Baliera Disnortia» da orquestra Super Mama Djombo. Asseguram-me que nada disso você fez.

Creio, pois, que outras qualidades terá, além destas, e é delas que quero ter notícias, caso você se dê ao incómodo de contactar este seu admirador (embora não saiba por que admirá-lo). A democracia, sr. Presidente do PADEC e/ou do Tribunal de Contas, define-se pelas liberdades que assegura aos cidadãos e pelos limites que impões aos que exercem o poder de Estado. Se esses limites se tornarem imprecisos, torna-se precária a garantia de que esses poderes não serão usados por capricho pessoal contra os cidadãos. Ou contra o próprio Estado. Tal e qual como faz Fadul.

Num país com mais de 1 milhão e meio de pobres, esperava-se mais do «fiel da balança do Estado». É indizível a sensação de impotência e perplexidade que invade a imaginação dos guineenses diante do que deveria Francisco Fadul fazer – e não faz. A Economia de um Estado nunca se solidificará deixando os corruptos (e corruptores) de fora. É notório e incessante o ataque aos cofres públicos. O roubo indirecto ao Estado guineense tem de acabar para que possamos progredir.

PS – Sr. Dr., Engº., Professor, embaixador e prémio Nobel da fantochada: se, como diz, gosta mesmo do seu país, faça um favor à Guiné-Bissau e escolha: ou o PADEC ou o Tribunal de Contas. Os dois é que não!

(*) Escreva-me, Sr. Francisco Fadul: aaly_silva@hotmail.com

domingo, 5 de outubro de 2008

Ai, nós...

A Guiné-Bissau podia, devia mesmo ser, um case study para alguma comunidade internacional que aqui engorda, amealha e bem para a reforma, e se diverte a olhos vistos (vocês não me deixarão mentir) como se estivesse nas areias quentes de Varadero.
Como é que nós, o país dos Quatro C's - Cocaína, Corrupção, Caju e, mais recentemente esse novo produto em vias de extinção no mundo, portanto com muita procura - a Cólera, estamos assim tão pobres? Simples: Não sabemos fazer render 'a coisa'. O que é o mesmo que dizer que somos uns perfeitos idiotas nisto do comércio.
Porque não se entrega, por exemplo, aos 'Nar' o negócio da cólera (até se lhes podia dar o monopólio que não viria mal ao mundo).
Façam-no e, já, já este país vai para a frente. Qual bauxite, qual fosfato, qual Car...*$#. AAS

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A Questão Militar (*)

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Temos sido sacudidos, de tempos a tempos, pela força dos militares. Os militares terão, muito provavelmente, razões objectivas e de sobra para se sentirem injustiçados pelos inúmeros Governos que, diga-se, apenas e só em abono da verdade, trataram muitíssimo melhor outros poderes e servidores do Estado. Aqui, é preciso sublinhar que os militares têm restrições reivindicativas; enquanto que outros Grupos profissionais não a têm. E esses Grupos aproveitaram-se da inexistência e da fragilidade do Estado para conseguirem obter – através de guerrilhas sindicais e intestinais contínuas, algumas delas verdadeiramente injustificáveis e penalizadoras do interesse colectivo - todo o tipo de vantagens.

Mas por muitas razões que tenham, o lugar dos militares não é, em definitivo, nas ruas. Ser militar não é só uma «opção de vida»; é também a aceitação de um estatuto especial. Significa, assim, aceitar restrições de direitos, determinadas por lei aprovada pelo poder político democrático, e também uma estrutura de comando que, teoricamente, terá os mecanismos necessários para zelar por todos os seus interesses. Cabe aos militares, além disso, o papel de garante último da Constituição, não sendo, por isso, admissível que desrespeitem as leis da República.

Mais importante ainda: Ser militar significa também - tem forçosamente de significar – abdicar de qualquer tipo de demonstração de poder corporativo, porque nunca se poderá admitir que o poder de que os militares estão investidos, o das armas, possa de alguma maneira ser usado como ameaça contra a colectividade ou os seus representantes.
Como seria bom, além de prudente, que os vários Governos tivessem sido menos arrogantes na convicção das suas reformas. Não é cedendo onde não deve, mas sendo justo. Não é ter pressa, mas ter cuidado. Só assim se torna legítimo criticar e apontar o dedo aos militares...


Sr. Procurador-Geral da República,



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Tenho ouvido, com bastante preocupação, as suas intervenções. Conferências de imprensa prenhes de frases feitas, um piscar de olho aqui, uma guerrinha ali. As suas competências em termos da Lei, senhor Procurador, são limitadas. E não lhe conferem, que eu saiba, o direito a falar sobre a «falta de pagamento de salários na Função Pública», bem como a fazer visitas a obras públicas em curso. Em suma: o senhor anda a disparar para o ar. Em política, há um nome para isto: show-off. E que mal lhe fica, senhor Procurador! De show-off está o comum do guineense farto! E ainda assim nem dá sequer para matar a fome. Queremos acção, senhor Procurador!

Porém, as suas competências obrigam-no, isso sim, a estar atento aos que mal fazem o País.
Devia preocupar-se em ouvir aquelas pessoas que nunca tiveram nada na vida (nem trabalhando que nem um condenado e ganhando como um rei), e hoje são reis e senhores deste país esventrado e condenado, exibindo fortunas em carros de alta cilindrada (a maior parte deles roubados na Europa). Devia estar atento à construção de casarões sumptuosos (embora com arquitecturas duvidosas...) que estão a nascer como cogumelos. Isso, sim, faz parte da competência de um Procurador-Geral da República.

Pelos vistos, não de si. Faça um favor ao País: Páre com o show-off e mostre trabalho. Mande chamar os bandidos, investigue, entregue ao Ministério Público para que se faça Justiça. Os guineenses ficar-lhe-iam eternamente gratos. Senhor Procurador: já lhe ocorreu que, um dia, possa ser acusado de ter sido conivente com tudo isto? O desfecho natural e inevitável será o impeachment por prevaricação – crime no qual uma autoridade incorre quando deixa de fazer o que a lei prevê – no caso em concreto, investigar.

António Aly Silva

(*) TEXTO PUBLICADO NO JORNAL «DIÁRIO DE BISSAU», EDIÇÃO de 01/10/2008

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Há coisas que não controlo

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...Como, por exemplo, aturar aduladores. E idiotas e outros que mais. A vida pública nacional é uma mistura de hipocrisia e fraude. Esta manhã, alguém perguntou-me: «Sabes onde fica o centro comercial?». - Sim, é já ali à direita, junto aos semáforos... AAS

domingo, 28 de setembro de 2008

Irresponsabilidades aprovadas

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Três cidadãos gaboneses e congoleses, ajudados pela Transparency Internacional, apresentaram queixa em Paris, por encobrimento de desvios de fundos públicos. As queixas visam as famílias Bongo (Omar, o Presidente do Gabão, está no poder há 40 anos); Obiang (Teodoro, é o Chefe de Estado da Guiné-Equatorial), e N´Guesso (Denis Sassou é o supra-sumo do Congo).

E o que descobriram? Bom, os investigadores do Serviço Central para Repressão da Grande Delinquência Financeira (OCRGDF) realizaram um belo levantamento.
- Quinze membros da família Bongo detêm 70 contas bancárias em França – Omar, o patriarca, possui 11 moradas em Paris, entre elas um hotel privado, comprado em 2007 por 19 milhões de euros.

- Os N´Guesso também não escapam. Assim, descobriu-se que 16 membros desta família são os felizes proprietários de 111 contas bancárias em França.
- A família Obiang, essa, prefere os Estados Unidos da América. Casa de campo de 35 milhões de dólares, jacto particular de 34 milhões, iate com um aquário para tubarões e...um Maserati de 800 mil euros.

Mas perante todas estas evidências, o Ministério Público da França (MP) desdramatiza: «Nada demonstra que o património venha de desvios de fundos públicos». O Tracfin (organismo anti-branqueamento de Bercy, sede do ministério francês das Finanças), escreveu ao MP a propósito dos dirigentes guineenses: «Os fluxos são susceptíveis de traduzir o branqueamento de algum desvio de fundos públicos».

Aliás, o próprio Senado americano acusa a família Bongo de beneficiar directamente de 8,5 por cento do orçamento do Gabão – que é de 69 milhões de euros anuais – mas sem que o «subsídio presidencial» figure nas contas do Estado.

SINTOMÁTICO: No mês passado, depois de uma audiência com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, o congolês Sassou N’Guesso trovejava na presença dos jornalistas: «Todos os líderes do mundo têm castelos e palácios, sejam eles do Golfo, da Europa ou de África». Pela primeira vez, senhor N’Guesso, estamos de acordo.

CONCLUSÃO: É verdade que existe uma certa resistência, na Europa, em investigar os clãs africanos. Mas como a esperança e a sogra são as últimas a morrer, um dia, todo o património terá de ser restituído aos cidadãos. É que tudo isto é muito foleiro, pá! AAS

sábado, 27 de setembro de 2008

Para Lisboa...com pó!

Um agente da Polícia Judiciária guineense foi detido e suspenso das suas funções, por ter aceite um suborno em cocaína que foi apreendida no domingo no Aeroporto de Bissalanca a um homem que tentava transportar para Lisboa a droga. "Está detido e suspenso de funções por não ter denunciado e feito o mesmo que os outros", disse a directora-geral da PJ, Lucinda Barbosa.
Entretanto, outras autoridades que actuam no aeroporto guineense detiveram um outro indivíduo que tentava também levar para Lisboa uma quantidade de cocaína. O sujeito foi detido e os responsáveis pela detenção terão distribuido a droga entre si.
O homem, que inicialmente transportava as bolotas, está detido e aguarda julgamento, à semelhança dos agentes da Polícia Judiciária. Coisa nossas, só nossas, muito nossas... AAS

O 'Magalhães' já atracou em Bissau

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Em Portugal, critica-se tanto o tão falado computador português, o tal de 'Magalhães'... É injusto, ainda para mais porque o computador já chegou a Bissau... Que miseráveis que são! Ah, e o 'Magalhães' só pesa 970 gramas*.
(*) - Peso sem bateria, e, também, sem bateria com a carga toda.
P.S. - Os Miseráveis pode referir-se a:
E eu refiro-me tão só ao portátil 'português'. Invejosos. AAS

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Saudosismo

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Neste dia, há 35 anos, «Nino» Vieira proclamava o Estado da Guiné-Bissau.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Vergonha

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Querido Mundo,
Permitam que nos apresentemos. Somos a República da Guiné-Bissau, título que ostentamos sem qualquer orgulho, pois desde o dia em que os tugas daqui levantaram os pés, só ficou a poeira das suas botas. Desde essa altura que nós, os guineenses, vivemos numa espécie de neocolonialismo, e alguns estrangeiros fazem uma vida de porcos imperialistas.
Mas nós é que temos sido, com algum orgulho, os profetas da nossa própria desgraça.
Comemoramos (que motivos temos nós para comemorar?) no dia 24 de Setembro, 35 anos de independência, e apresentamos agora ao mundo conquistas que nenhum guineense quer ver, e estatísticas vergonhosas à vista de todos:

- 7000 casos de cólera que mataram cerca de 200 pessoas (podemos ser pobres, mas que raio, não precisamos ser – também - porcos);

- Somos o País do mundo com mais analfabetos funcionais (por isso é que nada funciona neste País, e estamos assim e assim continuaremos);

- A traficar droga ou a dar cobertura aos narco-traficantes, não há ninguém melhor do que nós.

Em suma, ainda não aprendemos que um País é um País e é assim, País, que deveria ser. Não basta apregoar ao mundo que temos um país, é preciso também provar ao mundo que merecemos tê-lo, e conservá-lo. AAS

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

É só escolher, cambada!

Cerca de 2.000 passaportes criaram pés e pernas, sairam dos armários onde estavam a ganhar pó e bolor e onde até ganharam asas. Depois, abriram as janelas pela calada, e voaram, voaram desde os gabinetes da Direcção-geral do Tesouro da Guiné-Bissau, espalhando-se depois e indo cada um para o seu destino até irem cair nas mão dos seus verdadeiros donos: os malfeitores deste País.
Anúncio de graça
Cliente: Direcção-geral do Tesouro da Guiné-Bissau
Arte: António Aly Silva
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«Cidadãos, bandidos, traficantes, músicos, feiticeiros, despachantes, desportistas, estrangeiros: querem um passaporte da Guiné-Bissau? Um verdadeiro tesouro? Tem três modelos à sua escolha: o «Ordinário», o de «Serviço» e o mais apetecível de todos: o «Diplomático». Consulte os preços acima, e telefone! Estamos em promoção, pois o tráfico de cocaína diminuiu. Assim sendo, se optar por um passaporte «Diplomático» oferecemos-lhe um de «Serviço. Se insistir um pouco mais, ainda lhe damos um «Ordinário» para todo o serviço». O porte de correio é por nossa conta».
Contacte-nos na Direcção-geral do Tesouro (Gabinete dos Desvios de Passaportes e Afins), todos os dias. Aos fins de semana, pode encontrar-nos nos bares e discotecas de Bissau.
NOTA: Não nos responsabilizamos por possíveis consequências nas fronteiras internacionais.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Para grandes males, pequenos remédios...

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Jantava sozinho na semana passada no restaurante «Oporto», e ouvi da boca de um estrangeiro, um cidadão britânico para ser mais preciso, meu amigo, um comentário à passagem de um grupo de catraios carregando coisas. Parecia em estado de choque. Revoltado. Disse: «Isto é uma vergonha para este país. Crianças carregando um peso igual ao seu próprio peso!».
Como o conheço, pedi permissão e disse-lhe tranquilamente: «Ouvi o que disse, e tem toda a razão. Mas tenho lido na vossa imprensa que em Inglaterra existem 2 milhões de crianças trabalhadoras. E isso é superior a toda a população da Guiné-Bissau.»
E muito sinceramente, penso que isso lhe pareceu ser uma insolência de um simplório e de um ignorante do Terceiro Mundo. Mas eu disse-lhe o que pensava. Disse-lhe a verdade. Cada um vai ao que é seu... AAS
PS- Há um provérbio na Serra Leoa (país que conheci, infelizmente, como um matadouro a céu aberto) que diz: "Uma pedra debaixo de água não sabe que está a chover".
Guineenses: Há que defender o País, o País corre perigo, o País está a ser ameaçado, e tudo isso é injusto. AAS

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

PAIGC e a eterna teia de interesses

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O PAIGC (quem diz PAIGC, diz todos os outros partidos políticos guineenses), depois de quase 15(!) horas de reunião, chegou a consensos e a lista foi finalmente depositada. Mas as peripécias foram muitas. Alguns exemplos:
Cancan vs Marciano Barbeiro
- Depois do ex-ministro da Educação de Cadogo ter sido relegado para segundo plano na lista, com Cancan à cabeça, estalou verniz e não foi bonito. Frases como «não aceito ser humilhado» e outros menos simpáticos, serviram para aquecer um pouco mais o salão dos libertadores/destruidores;
Tio vs sobrinho
- Depois de acesa discussão, alguém levantou-se e, literalmente, atravessou todo o salão qual libertador. Estava eufórico: acenava com as duas mãos e em cada mão...um cheque. «Sr. Presidente (Cadogo), eu não digo mais nada, aqui tem as provas». O sobrinho, também presente no salão e dono dos cheques, envergonhado, não parava de coçar a cabeça...Cadogo, quando leu os cheques, limitou-se a abanar a cabeça, resignado. Ah, só mais uma coisa: o cheque serviria para comprar consciência (e voto), a favor de Malam Bacai Sanhá. Contra Cadogo, bem entendido. Matchus!
AAS

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Humor em democracia é saudável

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O Presidente da República, 'Nino' Vieira, na televisão:

«Em bissau, às vezes, não temos luz».

Eu cá acho que o «não» está a mais. Estarão de acordo, ou não? Apitem. AAS

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Rói-te de inveja, Kim Jong-il

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Pois bem!, com que então o MPLA lá papou as eleições Legislativas angolanas com oitenta e não sei quantos por cento, não é? Os números são impressionantes. E fazem corar de vergonha o Paquistão e a Coreia do Norte. Só a ZANU-PF, no Zimbabué, é capaz de proezas ainda maiores: Nas eleições a ‘coisa’ chega aos noventa e tal por cento. E a inflação põe e dispõe. Um exemplo: três (3!!!) ovos de galinha custam uma pechincha – 100.000.000.000 - sim, leu bem. São cem biliões de dóalres. Dólares zimbabueanos, é claro.
Portanto, a medalha de ouro e a de prata olímpicas vão para o Zimbabué, enquanto que Angola fica com a de bronze. É que a exemplo dos Jogos Olímpicos, o que importa mesmo é participar... AAS

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Será em 2009, estúpidos

«Em Novembro, teremos eleições Legislativas». É o que se ouve por aí. Desenganem-se os que assim pensam. Isto é blasfemar. Quando muito - e aposto um segundo exílio... - só em Março, ou Abril de 2009. Mas isso, é evidente, fica aqui entre nós.

domingo, 31 de agosto de 2008

02:28 da manhã

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Não tenho sono. Nem ninguém em quem desancar.aas

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Vai uma aposta?

1 X 2, são as opções do costume.
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O jogo consiste em acertar, não é assim? Então a pergunta é:

Será que o embaixador de Portugal vai expulsar alguém se houver uma recepção em honra do secretário de Estado João Cravinho?

Estão abertas as apostas.

Afrotostões. A criar pobres a cada minuto.

O Aly já está em Bissau, para desespero de muitos.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Até que lhes arda o cú na Praça do Império*

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É doloroso admiti-lo, mas não podemos excluir a possibilidade de que antes do primeiro semestre de 2009 a imbecilidade afecte de novo - e severamente – o nosso País. Ninguém aprende com os erros, ninguém percebe ou consegue decifrar um sinal; acumulámos erros sobre erros, as eleições a que temos assistido ultimamente são , a todos os títulos, deploráveis.
A máquina da democracia resulta da combinação da separação dos poderes, com o primado da lei e os mecanismos de representação, e todos estes mecanismos necessitam de um tempo e de um espaço que a virtualidade do real perturba e nega constantemente – e nós vamos a caminho dos 40 anos de independência...
Já não somos macacos, é certo, mas talvez ainda não sejamos completamente humanos. Pois então, que venha algo de mau, muito mau mesmo, e que se acabe de vez com esta merda.

(*) Fazer um voto destes pode não ser um apontamento de fina elegância literária, mas é por certo um exemplo da ancestral sabedoria popular e, quem sabe?, talvez o mais eficaz remédio contra a proverbial memória curta dos governos e a ausência de prevenção para outros crimes e desmandos que se seguirão. AAS

Não tens colhões, cabrão!

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Um dia, o agora ex-Chefe de Estado Maior da Armada (CEMA), dirigiu-se à minha pessoa num termo que podia sobressaltar o mais comum dos mortais. Mas não a mim. Isso é o que mais faltava. Era um fim de tarde em Bissau igual a tantas outras. Eu e mais umas pessoas fomos beber umas cervejas ao Texas Bar, junto à Marinha de Guerra Nacional. Fui «arrastado», para dizer a verdade.

Convém esclarecer desde já que desconhecia por completo que o dono do bar era o famigerado e hoje acossado «José Américo» Bubo na Tchuto. Adiante.

A conversa começou na vida militar e, logo a seguir, descambou para a política. Dizia o Bubo: «Eu não me chame Bubo Na Tchuto se ‘Nino’ Vieira não vencer as eleições presidenciais! Até dei a um dos meus filhos o nome ‘Kabi’». Retorqui: «Não sei se vai ganhar». Aquilo não caiu bem entre os muitos presentes que, ou queriam cair nas boas graças do CEMA, ou então tinham medo da criatura. Conversa vai, conversa vem, puxa daqui, enrola dali, os meus amigos lá tentaram sacar-me da enrolada, mas deu em nada. Ele quer guerra? Então, vai ter guerra!

Até que, Bubo saiu-se com esta frase e sem que ninguém estivesse à espera: «Abô, n’na matau!». Fez-se um silêncio sepulcral. Éramos uns vinte sentados nas mesas, em pleno passeio, descontraídos a beber cerveja gelada pelo gargalo da garrafa. «Aly, vai-te embora», «Aly, é melhor evitares» e coisa e tal.

Mas não sairia dali sem deixar o troco ao Bubo: «A mim, não me matas nem podes matar! Que isto fique claro: eu não lhe devo nada nem tenho medo de si». Acto contínuo, levantei-me e abandonei o local. Pois é, camaradas, é o que dá juntar-se aos porcos: come-se farelo. Mas, lá está: só come quem quer.

A partir desse dia, confesso, passei a provocar o Bubo: fazia sempre questão em estar onde ele estaria. Um dia, deu-se um feliz acaso: Passeava de carro com um amigo que era membro do governo. Na zona dos Coqueiros, uma voz grita. O carro pára. E de dentro do jipe sai o Bubo. Camisa branca, suja pelo colarinho e pela manga. Tresandava a bebida. Vinha de um cocktail oficial. O meu amigo sai do carro e eu também, pese embora me tivesse advertido que ficasse dentro do veículo. Mas não. Saí e estendi a mão direita. Ele virou a cara e continuou a falar sem me encarar e nem ao seu interlocutor...

Esse sacana nunca foi capaz de me encarar, quanto mais cumprimentar-me. Não tinha colhões! AAS

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Parece que o Brito está sozinho...

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Os "golpes de Estado não têm mais lugar em África", disse hoje o embaixador de Angola na Guiné-Bissau, António Brito Sozinho, ao condenar a intentona alegadamente perpetrada pelo ex-chefe do Estado-Maior da Armada guineense, Bubo na Tchuto. No que diz ser uma primeira análise à situação, Brito Sozinho afirmou que Angola acredita que a situação por que passa a Guiné-Bissau é um "momento transitório" mas defendeu a necessidade de "os ânimos serem resfriados".
"Os filhos da Guiné precisam entender-se. Sentarem-se à mesma mesa e dizerem o que é que não vai bem", defendeu Brito Sozinho. "Temos vindo a seguir a situação. À primeira vista, pode-se dizer que é má. Este país não precisa de indivíduos que queiram fazer golpes de Estado. Precisa de filhos da Guiné, da própria Guiné, que contribuam para o desenvolvimento do país", defendeu Brito Sozinho.
"Hoje em dia, já não se pode falar em golpe de Estado, sobretudo em África", continente que, disse, deve preocupar-se sim com o seu desenvolvimento. A Guiné-Bissau "tem potencialidades", comentou Brito Sozinho. Angola é um dos potenciais parceiros de desenvolvimento da Guiné-Bissau.
A MINHA OPINIÃO?: Já que tenho que a dar, cá vai: O Sr. Embaixador de Angola, podia, já agora, ter aproveitado a audiência com o PGR para lhe fazer uma pequena mas significativa inconfidência: O lugar para alguém que é acusado de «tentativa de golpe de Estado», não é a prisão domiciliária. Não, porra! Quando é que acordarão deste sono? O Estado da Guiné-Bissau pode ter perdeu uma vez mais a oportunidade de fazer Justiça. Os guineenses ganharam, com toda a certeza, dias e noites de incerteza. E de medo. AAS

Que futuro para este passado?

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A Guiné-Bissau deve acabar com as suas Forças Armadas. Now! AAS

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Pergunta inconveniente

Fala-se tanto hoje da China, por causa dos Jogos Olímpicos de Pequim: Que a China é a maior falsificadora a nível mundial (a mais desavergonhada até) - isso já sabíamos de cor e salteado; que na China os Direitos Humanos são espezinhados (como em qualquer outro país, diga-se de passagem), e coisa e tal.
Agora, foram os próprios chineses, os organizadores da sumptuosa abertura dos JO, quem deitou mais achas na fogueira: afinal, quem viu pela televisão a dita abertura dos jogos...viu tudo aquilo que os que estavam no estádio (ninho de pássaro) não viram. FALSIFICADO!
Mais. Agora, melhor ontem, os chineses voltaram a defraudar: afinal, a voz da bonita menina que (en)cantou na cerimónia...não era a voz da dita! FALSIFICADO. Que remédio? A China é mesmo reincidente.
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Agora, a pergunta inconveniente: Será que o Estádio Olímpico de Pequim existe mesmo (para aqueles, como eu, que olham para a televisao) ou tudo não passa de... caca de pássaro? AAS

ditaduradoconsenso.blogspot.com

Actualizem-se: custa 'nix'... e da SIC!

sábado, 9 de agosto de 2008

Novo governo guineense empossado hoje

O primeiro-ministro guineense, Carlos Correia, apresentou a lista completa dos membros do seu executivo composto por 21 ministérios e sete secretarias de Estado.
O novo executivo é composto, maioritariamente, por figuras leais ou próximas do Presidente 'Nino' Vieira e homens do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Vários nomes do anterior Governo mantiveram as suas pastas, como são os casos de Maria da Conceição Nobre Cabral, que permanece na pasta dos Negócios Estrangeiros, Carmelita Pires que preserva o cargo de ministra da Justiça, Issuf Sanha nas Finanças, Marciano Barbeiro, na Defesa e Soares Sambu, Recursos Naturais e Ambiente.
A novidade é a entrada de Cipriano Cassamá, antigo líder parlamentar do PAIGC, para o cargo de ministro da Administração Interna, organismo que se encarrega das questões eleitorais e que tem merecido muita polémica no país.
Algumas figuras ligadas às outras forças políticas também foram chamadas para o governo que, em princípio, terá a duração de pouco mais de três meses e com a tarefa de preparar e realizar as eleições legislativas previstas para o dia 16 de Novembro.
O Partido da Renovação Social (PRS) de Mohammed (Koumba) Ialá contribui para o actual executivo com cinco elementos, o Partido Unido Social Democrata (PUSD) com um, o mesmo do Partido Republicano para Independência e Desenvolvimento (PRID) e da coligação Aliança Popular Unida (APU).
Do PRS entraram para o governo Dionísio Cabi (ministro das Obras Públicas), Sola N'Quilin Na Bitchita (ministro do Desenvolvimento Rural), Fernando Gomes (ministro da Solidariedade Social e Luta contra a Pobreza), Carlos Costa (Reforma Administrativa) e Tibna Sambé Na Wana (secretário Estado do Ambiente).
Fernando Gomes, fundador e antigo presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, actual líder da coligação Aliança Popular Unida (APU) também vai integrar o executivo ocupando a pasta da Função Pública e Trabalho. AAS c/LUSA

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Bubo protagoniza tentativa de golpe de Estado

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O Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) da Guiné-Bissau, informou que o ex-Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante José Américo Bubo Na Tchuto, protagonizou uma tentativa de golpe de Estado na passada terça-feira e foi destituído do cargo. Em conferência de imprensa, o coronel Arsénio Balde, porta-voz do EMGFA explicou que o almirante Bubo Na Tchuto tentou, na noite de segunda para terça-feira, levar a cabo uma operação militar "que pode ser caracterizada como uma tentativa de golpe de Estado". Eu já avisara, na própria 3ª feira...AAS FOTOGRAFIA: (C) AAS

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Exílio de Lisboa, 06 de Agosto de 2008

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Meus caros e desgraçados políticos guineenses,

Esta crónica é para vocês, embora seja lida por todos. Não lhe chamo ‘carta aberta’ porque não é uma carta, é um texto personalizado tornado público. Não nos conhecemos, quer dizer, nunca participei em nada que tivesse, directa ou indirectamente, a ver convosco. Nunca me pediram nada nem eu a vocês (embora, só para dar um exemplo, o ministério do Turismo me deva qualquer coisa como 1000 euros...).
Limito-me, como poucos guineenses, a observar o que (não) fazem e, de vez em quando, a escrever sobre as vossas façanhas enquanto primeiro-ministro, ou ministro ou ainda secretário de Estado desta ou daquela espelunca.
Vocês estarão bem da cabeça? Quer-se dizer, vocês raciocinam com a caixa toda? Acaso serão infiltrados entre nós, apenas para nos dar má fama ou nos fazer mal? Será que perceberam ou é preciso que explique direitinho, ilustrando tudo com bonecos para perceberem melhor? São toscos ou fazem-se? São uns tontinhos ou não pescam mesmo nada disto?
Eu era capaz de vos insultar durante horas a fio, e mal recuperasse um pouco de ar voltaria à carga para outro período idêntico de insultos. E tudo com redobrado prazer. Havia de me faltar o vocabulário antes do fôlego, mesmo que chegasse ao extremo de vos mandar à merda e pedir que não voltem.

P.S. - Caro Primeiro-Ministro, Engº. Carlos Correia: dou-lhe um conselho, que vale tanto como os outros: Se somos mesmo, como se diz por aí, a «terra dos mil rios», então chegou a sua oportunidade: dance na água. Faça das fraquezas forças. Se você é um chefe, tem agora (e uma vez mais) a oportunidade de o demonstrar. Eles, os que agora se calam, não prestam para nada e vão tentar demonstrá-lo. Mas isso você já sabia. Eu continuo a acreditar que você é um homem decente, mas talvez seja essa a sua vulnerabilidade. Como sabe, os canalhas safam-se sempre. Faça um favor ao País: não deixe que os canalhas se safem. AAS

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Por cima da queda, o coice!

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O Governo caiu... Abaixo o Governo! O presidente da República, ‘Nino’ Vieira, mandou tudo para férias em altura de férias. Até aqui, nada de mal, pois todos temos o direito a férias.

Não há dúvidas de que Carlos Correia foi o melhor Primero-Ministro que a Guiné-Bissau conheceu depois da tragédia que foi o golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980. Porém, os tempos são outros e a Guiné-Bissau mudou. Muito. E como mudou!

Hoje, é preciso injectar sangue novo na Economia e nas outras áreas da governação; não precisamos de alguém que esteja a cair da tripeça. Que mal fizeram os guineenses a Deus Nosso Senhor?

Que tipo de políticos existem na Guiné-Bissau? E Partidos? E que espécie de conselheiros tem o Presidente da República? Ou será que o Presidente da República só ouve uma pessoa em toda a Presidência da República? Se sim, o que lá fazem então os chamados conselheiros? Ou será que não ouve ninguém? Se não, para que tem então conselheiros? A propósito de conselheiros, um disse-me isto: «Só aconselho se, e quando me perguntam»... Não caí de cú porque estava sentado, mas fiquei atrapalhado. Conselheiros...

Carlos Correia teve o seu tempo e hoje, volvidos quase 20 anos, não poderia ser novamente primeiro-ministro. Mas na Guiné-Bissau tudo é possível.

Depois admiram-se se alguém, num dia qualquer, decide pegar na arma e desencadear uma revolta no País.

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Nô sinta nô sukuta. I ta tarda ma i ka ta maina! AAS

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Baliera disnortia

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O Adriano Gomes Ferreira - Atchutchi - merece uma estátua. Já! «Nês ritimo di arte baratu, Tchebudjen pa li, pôbar pa lá, terra pirdi ton, terra pirdi alma, di nós nada ka resta». E eu acrescento: Baliera disnortia. AAS

quinta-feira, 31 de julho de 2008

O país onde até as putas se...

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O Fundo Monetário Internacional, ou a Fome, Miséria, Imperialismo disponibilizou a segunda tranche dos cerca de 5 milhões de dólares que havia prometido, no âmbito do programa de assistência de emergência pós-conflito (o que quer que isso seja).
São 2,9 milhões de dólares que:

1 – Não servem para nada;
2 – Só servirão para alguns.

Sinceramente, eu não sei o que vai na cabeça dos nossos governantes quando a massa lhes cai nas mãos. Mesmo que essa massa seja preta ou branca; pegajosa ou criminosa. Afinal, pouco importa se o gato é preto ou branco... desde que apanhe ratos! Na televisão, todos sorriam. De orelha a orelha. Bom, dois milhões e novecentos mil dólares sempre são dois milhões e novecentos mil dólares.

Num país com uma dívida externa cinco vezes superior ao seu Produto Interno Bruto - 1 bilião de dólares(!), tudo é bem-vindo. Venha ele de onde vier. É aqui que tudo acontece.

Neste país organizadamente desorganizado, sem Estado, sem eira nem beira;
Neste país onde tudo é previsível e o que acontece é quase sempre mau;
Neste país onde até as putas se vêm (obrigadinho por esta, ó João Soares) ;
Neste país onde os delatores e os mentirosos têm lugar cativo no catálogo de bandidos em que a Guiné-Bissau se tornou. AAS

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Que saudades deste balcão...

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... Onde noites a fio penso. Às vezes estou só; outras vezes, estou acompanhado. Noites há que carrego uma conhecida verdade. Noutras, é o desejo que se traveste. Hoje, sinto-me assim: estou na medida para ser entendido. Alguma contradição? Pois muito bem, eu contradigo-me. Sou vasto, contenho multidões. E sinto uma saudade desmedida do X-Klub. AAS/Fotografia: XNunes

terça-feira, 29 de julho de 2008

Nô Pintcha

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A Guiné-Bissau é um dos países da África Ocidental que poderá ficar refém dos narcotraficantes, avisou o director executivo do Departamento da ONU de Combate à Droga e Crime, António Maria Costa.
Num artigo publicado hoje, 29 de Julho, na página de opinião do Washington Post, o responsável pelo gabinete daquela agência das Nações Unidas, com sede em Dacar, Senegal, notou que a campanha implementada contra os traficantes de droga em Cabo Verde «é um exemplo» a seguir pelos Estados da região.
António Maria Costa afirmou que a África Ocidental «está sob um ataque» dos narcotraficantes, reiterando que se tornou um centro «para o contrabando de cocaína da América Latina para a Europa». «Estados de que raramente se ouve falar, como a Guiné-Bissau e a vizinha Guiné-Conacri, estão em risco de ficarem reféns dos cartéis de droga, em conluio com forças corruptas no governo e com os militares», escreveu o director de combate a droga da ONU.
Actualmente, disse António Maria Costa, cerca de 50 toneladas de cocaína são transportadas todos os anos dos «países andinos» para a Europa, via África Ocidental.
«E isso é uma estimativa conservadora», pois as quantidades poderão ser «cinco vezes mais do que isso», frisou.
Este dirigente da ONU aludiu ao recente incidente registado na Guiné-Bissau, em que vários estrangeiros foram detidos, afirmando que, no aeroporto internacional de Bissau, «centenas de caixas foram descarregadas de um jacto», que foi entretanto apreendido e que terá transportado droga, segundo as próprias Nações Unidas.
O director do Departamento da ONU referiu-se também às «enormes insuficiências» dos Estados da África Ocidental, notando a inexistência de radares, barcos de intercepção e mesmo veículos por parte das polícias locais.
“Os traficantes raramente são levados a julgamento. Em alguns casos, não há prisões para os colocar”, escreveu António Maria Costa, lembrando que, há cinco anos atrás, a ONU conseguiu evitar uma crise em Cabo Verde, levando os cartéis de tráfico de droga a mudarem as suas operações para a Guiné-Bissau.
Aquele responsável da ONU exortou os países da África Ocidental a assumirem o controlo das suas costas e espaço aéreo, apelando aos respectivos governos que procedam a esforços locais, com ajuda externa.
«A cooperação entre entidades alfandegárias, guardas de fronteira, polícia e agentes de combate aos narcóticos, sobretudo nos portos e aeroportos, tornou Cabo Verde um ponto de transito menos atractivo para os traficantes de droga», recordou.
«O mesmo método deveria ser adoptado noutros países», escreveu António Maria Costa, que descreveu a cooperação regional como «vital», particularmente na troca de informações.
António Maria Costa sugeriu ainda, no seu artigo, que os países de origem e de destino das drogas devem estabelecer contactos de trabalho e troca de informações, para um melhor e mais eficaz combate ao narcotráfico.