terça-feira, 29 de julho de 2008

Nô Pintcha

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A Guiné-Bissau é um dos países da África Ocidental que poderá ficar refém dos narcotraficantes, avisou o director executivo do Departamento da ONU de Combate à Droga e Crime, António Maria Costa.
Num artigo publicado hoje, 29 de Julho, na página de opinião do Washington Post, o responsável pelo gabinete daquela agência das Nações Unidas, com sede em Dacar, Senegal, notou que a campanha implementada contra os traficantes de droga em Cabo Verde «é um exemplo» a seguir pelos Estados da região.
António Maria Costa afirmou que a África Ocidental «está sob um ataque» dos narcotraficantes, reiterando que se tornou um centro «para o contrabando de cocaína da América Latina para a Europa». «Estados de que raramente se ouve falar, como a Guiné-Bissau e a vizinha Guiné-Conacri, estão em risco de ficarem reféns dos cartéis de droga, em conluio com forças corruptas no governo e com os militares», escreveu o director de combate a droga da ONU.
Actualmente, disse António Maria Costa, cerca de 50 toneladas de cocaína são transportadas todos os anos dos «países andinos» para a Europa, via África Ocidental.
«E isso é uma estimativa conservadora», pois as quantidades poderão ser «cinco vezes mais do que isso», frisou.
Este dirigente da ONU aludiu ao recente incidente registado na Guiné-Bissau, em que vários estrangeiros foram detidos, afirmando que, no aeroporto internacional de Bissau, «centenas de caixas foram descarregadas de um jacto», que foi entretanto apreendido e que terá transportado droga, segundo as próprias Nações Unidas.
O director do Departamento da ONU referiu-se também às «enormes insuficiências» dos Estados da África Ocidental, notando a inexistência de radares, barcos de intercepção e mesmo veículos por parte das polícias locais.
“Os traficantes raramente são levados a julgamento. Em alguns casos, não há prisões para os colocar”, escreveu António Maria Costa, lembrando que, há cinco anos atrás, a ONU conseguiu evitar uma crise em Cabo Verde, levando os cartéis de tráfico de droga a mudarem as suas operações para a Guiné-Bissau.
Aquele responsável da ONU exortou os países da África Ocidental a assumirem o controlo das suas costas e espaço aéreo, apelando aos respectivos governos que procedam a esforços locais, com ajuda externa.
«A cooperação entre entidades alfandegárias, guardas de fronteira, polícia e agentes de combate aos narcóticos, sobretudo nos portos e aeroportos, tornou Cabo Verde um ponto de transito menos atractivo para os traficantes de droga», recordou.
«O mesmo método deveria ser adoptado noutros países», escreveu António Maria Costa, que descreveu a cooperação regional como «vital», particularmente na troca de informações.
António Maria Costa sugeriu ainda, no seu artigo, que os países de origem e de destino das drogas devem estabelecer contactos de trabalho e troca de informações, para um melhor e mais eficaz combate ao narcotráfico.