Três cidadãos gaboneses e congoleses, ajudados pela Transparency Internacional, apresentaram queixa em Paris, por encobrimento de desvios de fundos públicos. As queixas visam as famílias Bongo (Omar, o Presidente do Gabão, está no poder há 40 anos); Obiang (Teodoro, é o Chefe de Estado da Guiné-Equatorial), e N´Guesso (Denis Sassou é o supra-sumo do Congo).
E o que descobriram? Bom, os investigadores do Serviço Central para Repressão da Grande Delinquência Financeira (OCRGDF) realizaram um belo levantamento.
- Quinze membros da família Bongo detêm 70 contas bancárias em França – Omar, o patriarca, possui 11 moradas em Paris, entre elas um hotel privado, comprado em 2007 por 19 milhões de euros.
- Os N´Guesso também não escapam. Assim, descobriu-se que 16 membros desta família são os felizes proprietários de 111 contas bancárias em França.
- A família Obiang, essa, prefere os Estados Unidos da América. Casa de campo de 35 milhões de dólares, jacto particular de 34 milhões, iate com um aquário para tubarões e...um Maserati de 800 mil euros.
Mas perante todas estas evidências, o Ministério Público da França (MP) desdramatiza: «Nada demonstra que o património venha de desvios de fundos públicos». O Tracfin (organismo anti-branqueamento de Bercy, sede do ministério francês das Finanças), escreveu ao MP a propósito dos dirigentes guineenses: «Os fluxos são susceptíveis de traduzir o branqueamento de algum desvio de fundos públicos».
Aliás, o próprio Senado americano acusa a família Bongo de beneficiar directamente de 8,5 por cento do orçamento do Gabão – que é de 69 milhões de euros anuais – mas sem que o «subsídio presidencial» figure nas contas do Estado.
SINTOMÁTICO: No mês passado, depois de uma audiência com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, o congolês Sassou N’Guesso trovejava na presença dos jornalistas: «Todos os líderes do mundo têm castelos e palácios, sejam eles do Golfo, da Europa ou de África». Pela primeira vez, senhor N’Guesso, estamos de acordo.
CONCLUSÃO: É verdade que existe uma certa resistência, na Europa, em investigar os clãs africanos. Mas como a esperança e a sogra são as últimas a morrer, um dia, todo o património terá de ser restituído aos cidadãos. É que tudo isto é muito foleiro, pá! AAS