quarta-feira, 4 de junho de 2014

DROGA: A confissão de Bubo Na Tchuto



(Reuters) – De acordo com fontes judiciais norte-americanas desta terça-feira, o ex-chefe da Marinha da Guiné-Bissau, capturado numa acção anti-droga de alto nivel levada secretamente a cabo na Costa Ocidental de Africa, declarou-se culpado antes de um julgamento em pendiam sobre ele as acusações de ter conspirado para importar narcóticos para os Estados Unidos.

O julgamento de José Américo Bubo Na Tchuto, de 64 anos, tinha sido programada para começar na segunda-feira proxima no Tribunal Distrital dos EUA em Manhattan. Porém, Na Tchuto, que é classificado pelas autoridades dos EUA como sendo um dos barões do tráfico ilícito de drogas da África Ocidental, decidiu declarar-se culpado no dia 13 de maio dando-se a devida transcrição da confissão nos autos sendo este imediatamente selado, disseram as fontes judiciais norte americanas. Com a confissão de culpabilidade a audiência foi cancelada.

Não foi indicado o que Na Tchuto pediu em troca por ter-se declarado culpado, nem tão pouco os termos de um eventual acordo que tenha celebrado com as autoridades judiciais norte-americanas. Em situações de confissões de culpabilidade, às vezes as audiências de julgamento são cancelados quando os réus concordam em cooperar com as autoridades .

Sabrina Shroff, a advogada de Na Tchuto, e o Representantes dos EUA, o Procurador Preet Bharara de Manhattan e a Drug Enforcement Administration (DEA) recusaram tecer quaisquer comentarios, quando na terça-feira, foram contatados por telefone ou e-mail.

A prisão de Na Tchuto, ocorreu em abril de 2013, quando foi capturado à bordo de um iate de luxo na costa da Guiné-Bissau na sequência de uma operação secreta montada a longa data pela DEA . Antes da sua confissão, Na Tchuto enfrentava a possibilidade de ser condenado a prisão perpétua em caso de julgamento e se for condenado sob a acusação de conspirar para importar e distribuir mais 5 kgs de cocaína para os Estados Unidos .

A Guiné-Bissau, um pais pobre, é visto pelas Nações Unidas como um dos principais pontos de passagem da cocaína da América Latina para a Europa. As Autoridades norte-americanas e europeias já suspeitavam de que o referido militar desse pequeno país estava envolvido ha muito tempo no tráfico de drogas .

De acordo com os promotores publicos dos Estados Unidos, Na Tchuto e seus dois co-réus reuniram-se varias vezes com informantes infiltrados da DEA que se faziam passar por representantes de traficantes de drogas da América Latina. Nas reuniões, os réus foram flagrados e registrados a discutir a importação de carregamentos de cocaína para a Guiné-Bissau, para o fazer transitar depois para outros destinos, disseram os promotores publicos.

A DEA tem também como alvo o Chefe do exército da Guiné-Bissau, Antonio Indjai , que liderou um golpe de Estado em abril de 2012, que interrompeu o processo de eleições na ex-colônia Portuguesa. Porém, Indjai, que negou ser traficante de drogas, escapou a captura, por em ultimo minuto ter recusado ir ao encontro programado no alto mar. No final de abril, dois dos ex-assessores de Na Tchuto, Tchamy Yala e Papis Diemé, se tinham ja declarado culpado das acusações de conspiração para importação de narcóticos para os EUA.

Durante o seu depoimento, Diemé, disse que a partir de outubro de 2012 a abril 2013, ele concordou colaborar com Na Tchuto em plano visando importar cocaína através da Guiné-Bissau, da qual, uma parte seria, então, enviado para os Estados Unidos, de acordo com uma transcrição vertida nos autos.

(Reportagem adicional de Richard Valdmanis em Boston, e Joseph Ax , em Nova York , Edição de Noeleen Walder e Jonathan Oatis)