Os 15 partidos da oposição na Guiné-Bissau acusaram a missão angolana presente no país de ingerência nos assuntos internos. A oposição estranha a ocorrência de um golpe dias depois do regresso do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior de uma visita a Angola e sobretudo a forma como foi dada protecção ao chefe do governo, na madrugada de segunda para terça-feira.
No decurso de um alegado golpe, uma coluna de soldados angolanos levou o primeiro-ministro para a embaixada de Angola. A missão militar angolana tem duas centenas de soldados em Bissau, no âmbito de um acordo da CPLP que visa treinar as forças de segurança guineenses.
Falando numa conferência de imprensa em Bissau, em nome dos diferentes partidos, os partidos da oposição democrática consideraram de "ilegal" a presença da força angolana: "Dois dias após o regresso do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, de uma visita relâmpago ao Presidente José Eduardo dos Santos, dá-se de novo a encenação de um golpe de Estado", disseram.
Segundo as autoridades guineenses, na segunda-feira ocorreu uma tentativa de "subversão" militar, com um tiroteio junto a um paiol. Seguiu-se uma vaga de prisões, incluindo de altas patentes militares e deputados do PAIGC, sendo incerto o número de detidos. Na resistência às prisões, ficou gravemente ferido um polícia, que foi evacuado para Dakar vindo a falecer no passado dia 27.
Entre os detidos estão o chefe da marinha, Bubo Na Tchuto, e o número dois do exército, Cletche Na Ghana, além de um dos militares mais poderosos do país, o general Watna na Laie. São todos balantas. A estancar a rebelião esteve em foco chefe do estado-maior, general António Indjai. DN/AAS