segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O jogo inesquecível de Jonas: «Abdebayor? É o rei do Togo!»

Jonas acaba de completar 22 anos, mas já tem um jogo inesquecível na sua carreira. Internacional pela Guiné-Bissau, o guarda-redes do Beira Mar jogou recentemente no Togo, no âmbito do apuramento africano para o Mundial 2014, e testemunhou o regresso apoteótico de Adebayor. E com cenas dignas de um filme, contadas, na primeira pessoa, ao Maisfutebol.

«Para onde quer que ele fosse estava sempre rodeado de segurança, todos bem armados. Foi a loucura à volta de dele. Quando ele entrou no relvado, o público entrou em êxtase. Foi uma coisa do outro mundo, quer no aquecimento, quer depois sempre que tocava na bola. Parecia que o estádio ia abaixo. Nunca tinha visto uma coisa assim», conta o internacional guineense.

«Apareceu-me isolado à frente duas ou três vezes. Umas situações, consegui resolver, nas outras, os remates saíram ao lado», conta, com orgulho, voltando rapidamente ao relato pasmado: «Por mais que digam que não teve o comportamento adequado ao abandonar a selecção, ele é o rei do Togo! A estrela. Está para eles como o Cristiano Ronaldo para Portugal.»

Invasão de campo e salve-se quem puder

No final do encontro, num estádio, ainda assim, com «cerca de 15 mil pessoas», houve invasão de campo. O Togo qualificara-se para a segunda fase do apuramento, graças à vitória por 1-0, e, além disso, o maior craque da selecção estava de volta à equipa. Razões de sobeja para que o povo entrasse pelo relvado adentro mal o árbitro apitou. Os guineenses temeram o pior.

«Corremos para os balneários, com medo que nos fizessem mal ou roubassem o equipamento. Claro que, depois, apareceu polícia por todos os lados para proteger o Adebayor», descreve, retirando, de toda a experiência, uma conclusão óbvia: «Foi muito bom jogar contra ele. Gosto, em geral, de jogar em África, em ambientes com muito público. É altamente motivante.»

Este nem foi o encontro no qual o guarda-redes dos auri-negros teve de enfrentar a maior multidão. Ainda este ano, jogou no Uganda perante 75 mil pessoas¿ no primeiro jogo oficial pela selecção A. «Foi a loucura completa, adoram futebol naquele país», sublinha, garantido que mesmo na Guiné há sempre muita gente a assistir aos jogos e treinos. «Portugal? É outra realidade...»

Em Aveiro, Jonas está a dar os primeiros passos na Liga principal, depois de anos a fio no Amora, dos distritais. Concorrer com Rui Rego não está a ser fácil. «Não considero azar. Ter um dos melhores guarda-redes do campeonato no nosso clube é excelente, trabalhamos todos para o mesmo, e, além disso, tenho oportunidade de aproveitar com um colega mesmo bom», finaliza, com pragmatismo.
maisfutebol.iol.pt