sábado, 30 de outubro de 2010

EXCLUSIVO - Ministra do Interior desmente tudo: "Não rasguei despacho nenhum. Fui educada pelos meus Pais, e pelo Amílcar Cabral»

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- Ditadura do Consenso (DC) - Boa noite, senhora Ministra.

- Hadja Satú Camará Pinto (HSCP) – Boa noite.

- Sra. Ministra, fala o jornalista António Aly Silva, do blog Ditadura do Consenso (DC). Durante todo o dia quis falar consigo...

- HSCP – Sim...

- DC – Sra. Ministra, é verdade que recebeu o Despacho de suspensão de funções assinado pelo Primeiro-Ministro e você rasgou-o?

HSCP – Não... sr. Jornalista, não queria falar sobre este assunto. A minha função, é a de garantir a paz e a estabilidade. Não tenho nada a comentar sobre essa matéria...

DC – Sra. Ministra, a imprensa diz que você recebeu o Despacho, e rasgou-o... as pessoas estão chocadas com essa atitude...

HSCP – Não é verdade, sr. Jornalista, não rasguei documento nenhum.

DC – Tem testemunhas disso que acabou de dizer?

HSCP – Tenho. Estavam lá o ministro da Função Pública, Fernando Gomes, e o meu Secretário de Estado, Octávio Alves. Estava também o Coronel Buota Nanbatcha. Fui à Primatura para apresentar ao PM o meu despacho onde nomeava os oficiais, conforme a nova lei orgânica da Polícia de Ordem Publica. O Despacho do PM, onde ele me suspende das minhas funções, foi levado, depois, pelos senhores Carlos Pinto Pereira (Caía) e Tolentino para o Ministério do Interior.

DC – Então, recebeu o Despacho...

HSCP – Recebi, sim.~

DC – Assinou-o?

HSCP – Não, não assinei...

DC – E devolveu-o à Primatura?

HSCP – Também não. Tenho-o guardado, até vieram em triplicado. Se não fosse por telefone, mostrá-lo-ia. Não rasguei nada, nem na Primatura e nem no Ministério, onde mo entregaram.

DC – Se percebi bem, você recebeu o Despacho, não o assinou e nem o devolveu à procedência? E também não o rasgou...

HSCP – Repare, eu não podia fazer uma coisa dessas. E foi o que me chocou – as pessoas a falarem que eu, Hadja Satú Camará Pinto, rasguei um Despacho, com o selo da República, e assinado pelo Primeiro-Ministro. Desde que saí da casa dos meus Pais e entrei para o funcionalismo, pensei que tinha que aturar muitas coisas... Éramos dez irmãos, oito morreram na luta de libertação. Sou alguém que nasceu no seio de uma família educada, o meu Pai era professor e tinha 590 alunos. Eu estava no meio deles. Muitos combatentes da liberdade da Pátria conheceram o meu Pai. Um homem culto que estudou em países árabes, um homem pouco barulhento, pouco problemático. Educou-nos dessa maneira. O meu pai esteve preso na ilha das Galinhas e no Tarrafal. Saí das mãos dele e fui para as do Amílcar Cabral. Portanto, nunca teria essa atitude para com o símbolo da minha Pátria...

DC – Sra. Ministra, porque acha que houve essa violenta discussão entre si e o Primeiro-Ministro...

HSCP – Não digo mais nada sobre essa matéria. Aliás, o sr. Jornalista apanhou-me ‘descalça’... Peço a todos os jornalistas que, no tocante a outros assuntos, deixemo-los no âmbito da Administração...

DC – Muito obrigado, sra. Ministra.

HSCP - De nada. Obrigado, eu.

Entrevista feita por telefone. António Aly Silva