«Até hoje, nunca realmente compreendi muito bem o meu amigo Aly - nunca me tinha tocado a mim.
Na realidade, hoje precebo um pouco melhor a tua 'démarche'. Alguém tem de fazer o que tu fazes para que em momentos e casos em que a injustiça é desproporcional relativamente a todos os outros aspectos da nossa vida, alguém ponha as nossas vozes em megafones e nos faça sentir um pouco melhor conosco, com a vida e com a humanidade.
Trata-se na realidade de uma opção devida - todos nós as fazemos e normalmente ainda muito novos. A nossa personalidade, com os défices e potencialidades, enfim com a sua humanidade é quem acaba por comandar essas opções.
Tudo para dizer que deves ser louco ou um pouco esquizofrénico para teres feito a opção que fizeste ainda jovem - pena e tristeza para a tua família, sobretudo para o teu filho. Essa desgraça dos teus acaba por ser a nossa sorte em momentos como esses que hoje vivemos e que acabas por nos fazer viver em comunidade e juntos - mesmo com os teus desiquilibrios e desvios, humano e subjectivo que és e adoras ser.
De forma assumidamente egoísta, peço ao teu filho que me perdoe, peço-te que continues a fazer o teu trabalho - que no teu caso nem de perto nem de longe é emprego ou trabalho.
Um abraço e coragem - pois sei que para certas pessoas está a ser mesmo difícil.
R.»