sexta-feira, 13 de março de 2009
A realidade assusta
Os dois primeiros dias de Março foram-nos madrastas. Talvez não devamos, de agora em diante, esperar uma só batalha, mas uma campanha prolongada que pode ser terrível. Temos atravessado momentos muito difíceis, incorremos em erros desnecessários. E se um dia surgir aqui uma guerra, não é que ela nos tenha sido imposta. Não será certamente por nos terem posto numa situação em que nos rendamos ou entramos na guerra; então, haverá guerra porque nós mesmos nos impusemos a guerra.
Hoje, muitos já pensam em como será o amanhã. Alguns crêem apenas que nós sómos o que somos. Mas só nós sabemos o que somos, só nós podemos julgar-nos e podem crer que assim é. Só assim pode ser. Devemos vigiar-nos muito a nós próprios. Aqui, travamos uma luta contra os instintos.
Vejo algo de frequente: a influência, o poder. E vejo os homens. Os homens quando têm um pouco de poder envaidecem-se e querem-no usar à vista de todos. Porque sei isso, tenho de lutar. E sei também que enquanto os anos passam, é possível não ter menos entusiasmo mas até mais. Não menos energia, mas até mais – e essa energia nasce, precisamente, da convicção.
George Orwell escreveu, em tempos: “Não está em questão se a guerra é ou não real. A vitória não é possível. A guerra não existe para ser vencida, existe para ser contínua. E o seu objectivo é manter intacta a própria estrutura da sociedade.”
Hoje, devíamos lamentar simplesmente que falhamos. E que o mal que fizémos e fazemos é a nós mesmos. Mas não. Parecemos cegos numa sala cheia de surdos. Quanto, a mim: Gosto dos factos, não me interessa a glória. AAS
P.S. - Amigos meus foram chamados ao Estado-Maior General das Forças Armadas. Foram humilhados e ameaçados. Ainda não me chamaram, mas estou excitado. AAS