domingo, 1 de julho de 2012

Exclusivo DC: O COMUNICADO DA CONFERÊNCIA DE CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO DA CEDEAO SOBRE A SITUAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU


(…)

33. A Conferência reconhece os orgãos de transição instalados na Guiné-Bissau graças ao apoio da CEDEAO. Ela solicita à Comunidade Internacional no sentido de reconhecer e apoiar o Gouverno de transição.

34. A Cimeira decide suspender as sanções globais impostas à Guiné-Bissau, e de manter o pais sob vigilância tendente ao regresso definitivo a normalidade constitucional.

35. A Conferência exorta todos os actores da cena politica e a sociedade civil a trabalharem em conjunto a fim de tornar o governo verdadeiramente inclusivo com vista a garantir uma transisão consensual. Para esse efeito, a Conferência encoraja o Presidente interino e o Primeiro Ministro a intensificar os seus esforços conducentes à plena participação de todas as partes envolvidas nas tarefas de implementação de reformas urgentes e de organização da eleição presidencial no decurso do periodo de transição.

36. A Conferência congratula-se com a instalação da Força de Prevenção da CEDEAO e exprime a sua gratidão a todos os Estados Membros que contribuiram com as suas tropas. A Conferência endereça as suas felicitações a Angola pelo sucesso da retirada da sua missão de assistência técnica e militar.

37. A Conferência exorta os Estados Membros da CEDEAO, da UEMOA e da Comunidade Internacional de aportar o seu apoio financeiro ao Governo de transição a fim de fazer face às suas obrigações.

38. A Cimeira instrui a Comissão no sentido de tomar todas as disposições necessárias para criar um clima propício a fim de acelerar a implementação das reformas urgentes da Constituição, do Código Eleitoral, da Economia e dos sectores da Defesa e da Segurança.

39. Em conformidade com a Resolução 2048 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Cimeira saúda as iniciativas em curso entre a CPLP, a UA, as NU e os outros parceiros para encontrar um consenso internacional sobre a transição. Para esse efeito, ele encarrega a Comissão de encetar todas as diligências necessárias para intensificar as consultas com os parceiros nesse processo.

40. A Cimeira felicita o Grupo Regional de Contacto para a Guiné-Bissau pelos resultados encorajantes obtidos nos esforços visando a estabilisar o país. Ela exprime a sua satisfação pelas diligências em curso entre a CEDEAO, a Comunidade Economica dos Estados da Africa Central (CEAC) e a Comissão do Golfo da Guiné (CGG), de realizar uma Cimeira Regional conjunta em 2012. A Cimeira aguarda a adopção de uma estratégia comum conforme a Resolução 2039 do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a pirataria, os assaltos em alto mar e outras ameaças à segurança maritima no Golfo da Guiné, com a assistência do Gabinete das Nações Unidas para a África Central e Ocidental (UNOCA, et UNOWA). Para este efeito, a Cimeira encoraja os Estados membros a se engajarem activamente nesse processo.

42. Conscientes dos perigos para a saude e a sua influência corruptiva sobre a sociedade e a politica, os Chefes de Estado e de Governo exprimiram as suas vivas preocupações face às ameaças sobre o tráfico de droga para a paz e a segurança regional e internacional. Os Chefes de Estado e de Governo decidem renovar o seu engajamento político para a luta contra o tráfico de droga e apelam à implementação urgente do Plano de Acção Regional de Luta contra o tráfico de droga, o crime organizado e o abuso da droga na África do Oeste, adoptada em 2009. Para esse afeito, eles instruem a Comissão para reactualizar o referido Plano. Eles saúdam o apoio financeiro dispensado pela União Europeia nesse Plano e convidam outros parceiros a contribuirem igualmente para a sua implementação.

(...)

49. A próxima sessão ordinária da Conferência dos Chefes de Estado e do Governo se realizar-se-á numa data que será fixada após consultas com o Presidente em exercício da Conferência.

Feito em Yamoussoukro, no dia 29 de Junho do ano 2012

A Conferência
___________________________

NOTA: Deste comunicado da Conferência dos Chefes de Estado e do Governo (CCEG) da CEDEAO quero fazer as seguintes constatações e interrogações:

a) Constatações:

1 - Efectivamente a CCEG da CEDEAO reconhecem o carácter ilegítimo do Presidente Interino e do Governo de Transição instalados, o primeiro há quase dois meses e o segundo ha mês e poucos dias na Guiné-Bissau. A decisão de «confirmação» é o reconhecimento da sua existência irregular e ilegal face aos estatutos e procedimentos dessa organisão sub-regional, isto no pressuposto de lhe serem reconhecidas essas competências - que não é o caso em apreço;

2 - O «Presidente» é sempre designado como «Président par Intérim» e não «Presidente de Transição» como se pretende a trafulhar a «Carta de Transição Politica» e o «Acordo Politico» assinado pelo PRS e grupos de partidos que, com isso, pretendem maquiavelicamente «convalidar» o «Presidente Interino» em Presidente de Transição. Parecendo de somenos importância, essa distinção tem as suas implicações jurídicas quanto aos poderes de exercício de um presidente em fases de transições politicas. O Presidente de Transição tem mais amplos e legítimos poderes que um Presidente Interimo, porquanto aquele provêm de uma base parlamentar legal, resultante de um amplo consenso politico;

3 – A CCEG da CEDEAO está ciente e reconhece expressamente que a sua mediação falhou na Guiné-Bissau e que o Presidente e o Govererno ilegalmente instalados nesse Estado membro não tem respaldo internacional e não é reconhecido pelos princpais organismos da Comunidade Internacional - daí o lançamento do apelo, em tons dramáticos, para o seu reconhecimento pela CI;

4 – A CCEG da CEDEAO reconhece implicitamente de que o PAIGC foi indevidamente afastado do processo e como principal força política ele deve ser incluido efectiva e activamente na procura de uma saida para a crise - daí o apelo a um diálogo amplo e inclusivo;

5 – Sem o engajamento alargado e consensual com a CPLP, a UE e as NU, estas medidads de cosmética não terão resultados palpáveis e positivos para a situação politico-militar na Guiné-Bissau, senão o seu agravamento, e fala no abandono das manipulações e controlo do país pelos militares;

6 – A necessidade de vigilância aproximativa sobre o processo de transição, sinal inequívoco de desconfiança, de uma parte sobre os militares que até agora continuam a intervir e a pautar a vida política quer por meio de influências directas, quer através de actos repressivos contra as populações e da manifesta incapacidade das «suas novas autoridades» em ter mãos sobre o processo político. Enfim, reconhece-se uma situação efectiva de «prise d'otage» da classe politica pela classe castrense sob orientação do PRS de Kumba Yala;

7 – A eleição Presidencial deve ser feita dentro do período de transição, isto é, nunca num prazo que ultrapasse um ano (o recenseamento biométrico e outras fantochadas só têm um mobil: o de retardar a transição, pois esse deve ser feito por um governo legitimamente saído das urnas e nunca por governo sem legitimidade).

b) Interrogações:

Em que competências ou mandato supranacional se baseia a CEDEAO para determinar a Revisão da Lei Eleitoral e da Lei Eleitoral da Guiné-Bissau? Com que Parlamento e com que consenso se fará a tão propalada «Revisão constitucional (?) e a Lei Eleitoral (??)», sabendo-se que 72% da estrutura Parlamentar da Guiné-Bissau foi posta à margem desse assalto ao poder (PAIGC+PRID+PND).

Pelo que sei, na minha humilde opinião, as regras da Revisão Constitucional e da Lei Eleitoral são claras e inamovíveis na nossa Constituição e, por outro lado, uma Revisão de Constituição não se faz NUNCA em períodos e nem com "Governos Transição" e "Presidentes Interinos".

Porém, como a Guiné-Bissau é um tubo de ensaio para a CEDEAO... vamos aguardando para, como São Tomé, ver para crer. Talvez, devido à propalada "incompetência" nas suas mentes, se aprestem a nos mandarem juristas Burkinabés, Senegaleses e Nigerianos para elaborar a nossa nova Carta Magna e nova Lei Eleitoral, impondo-nos tudo como já o fizeram com o seu "Presidente" e um "Governo" - ilegais.

c ) Era só...

António Aly Silva

Guiné-Bissau: inverter a dinâmica do desastre


"Meu mano Aly,

Espero que estejas bem. Aqui em Bissau, continuamos a tentar sobreviver, apesar da conjuntura cada vez mais problematica. Pedi a alguns amigos que me facultassem o teu contacto para partilhar esta reflexao que talvez possas ter interesse em publicar no teu blog. Caso nao for possivel, agradeco-te ainda assim.
Um abraco forte
Idriça"

A 12 de abril de 2012, duas semanas antes da segunda volta das eleições presidenciais, a Guiné-Bissau tem o seu enésimo golpe. As Forcas Armadas (FA) prendem o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o Primeiro-ministro demissionário e grande favorito da eleição, Carlos Gomes Junior. Seguindo um padrão já testado no passado, os papéis são compartilhados. As FA a missao de travar o processo e aos políticos coniventes a tarefa de organizar a transição. Torna-se assim mais complicado situar as responsabilidades de uns e outros. 

Estranhamente, porém, as FA nao obstante habituada a golpes, nao assume as suas responsabilidades e recusa-se aassumir o poder. Um mes após o golpe, a Guiné-Bissau não tem presidente e as suas instituições estão moribundas. É preciso a intervenção da CEDEAO para que uma solução política transitória possa ser encontrada.

Mais do que uma simples ruptura da ordem constitucional, como a Guiné Bissau ja viveu muitas,este golpe de Estado revela uma profunda crise que perdura ha muitos anos. A crise de uma classe política sem fôlego e mais especificamente, a crise do PAIGC, o todo-poderoso partido-estado. De tanto terem sido utilizadas na luta pelo poder político, as FA da Guine Bissau perderam a sua alma. Em outras palavras, o aparelho político-militar-administrativo do Pais encontra-se em plena deliquescência. Os primeiros sinais de fratura do sistema começaram a surgir nos anos 80, com a exclusão da ala Cabo-verdiana do PAIGC e a ala Balanta das FA.

Mas a ruptura do pacto político selado em 1973, após a independência, data de 1998. Desde entao, os partidos dominantes: o PAIGC e PRS, perderam contacto com a realidade, a de um país pobre, onde as pessoas lutam diariamente para sobreviver. A classe política tornou-se incapaz de gerir as correlacões de força sem recorrer à violência. Acima de tudo, a luta política tem apenas um objetivo: assumir o controlo total de um aparelho de Estado que, ao longo dos anos, tornou-se cada vez mais /claro. Esta lógica da predação mantém e alimenta a instabilidade. E estes últimos anos as crises teem sido mais frequentes revelando um caracter cada vez mais violento.

A raiz do mal deverá ser procurada na própria gênese do Estado independente da Guiné-Bissau. Durante a guerra de libertação, o PAIGC era simultaneamente um partido político e uma força armada. Uma vez conseguida a independência, as lideranças civil e militar do PAIGC dividiram as funções do Estado. O PAIGC encarna o Estado e o Estado serve o partido. Mais, Forcas Armadas e partido continuaram a ser os dois lados da mesma moeda. Quando o partido se constipa, as FA espirram e vice-versa.

À partida, a luta pelo poder não pode deixar as FA indiferentes, uma vez que ela própria constitui uma componente essencial do poder politico. Mas há mais grave: os líderes do PAIGC e os dissidentes que fundaram os partidos da oposição nos anos 90, nunca foram capazes de imaginar que a política pudesse ser feita sem a utilização dos militares como último recurso.

Enquanto o sistema permanece estável, este defeito congénito é quase invisível, mas quando o sistema entra em convulsões, torna-se invasivo. O mal que atinge a Guiné-Bissau é assim, a conjugação entre, de um lado, o casal fusional político / militar e do outro, uma clássica luta de poder num sistema semi-autocrático, onde a alternância através das urnas é meramente acidental. O sistema entrou em crise quando os políticos da Guiné-Bissau perderam toda a ambição patriótica, para afundarem-se numa forma de cleptomania, em detrimento das populacoes que são supostas servir.

A incapacidade de produzir um projecto político nacional passadas pouco mais de três décadas após a independência, reflete a fraqueza congenital do aparelho político da Guiné-Bissau e do pesado legado colonial. Se nos países vizinhos, como o Senegal, o esgotamento do partido dominante conduz geralmente à sua queda, em Bissau, esta queda está atrasada porque o PAIGC encontra-se enquistado na vida pública. Quanto ao PRS, que é basicamente uma simples dissidência do PAIGC, reproduziu o padrão partido/forcas armadas até ao detalhe, com a finalidade de poder igualmente aceder e permanecer no poder.

Incapazes de compreender a profundidade desta crise, os parceiros da Guiné-Bissau estão presos na armadilha da luta entre as diferentes facções. Cada um parece limitar-se a escolher um campo, em função dos seus interesses, e a fornecer respostas de acordo com os seus objetivos. Assim, a CPLP e Angola de um lado, a CEDEAO e a Nigéria, do outro, entraram em confronto sobre a questão de quem deveria assumir a liderança internacional na resolução da crise de Abril de 2012. O que todos ignoram, é que enquanto a Guiné-Bissau não tiver resolvido os seus problemas estruturais, não será capaz de ter uma parceria estratégica com qualquer parceiro que seja. Quanto às instituições de transição criadas sob os auspícios da CEDEAO, elas não têm nem a legitimidade nem a flexibilidade suficiente ou até mesmo a ambição necessária para tirar o país do atoleiro.

Na ausência de uma análise aprofundada das causas e conseqüências da crise na Guiné-Bissau, a comunidade internacional não pode fornecer as respostas correctas. Mas para entender o golpe de 2012, será necessário retroceder ao conflito político-militar desencadeado a 7 de junho de 1998.

Na véspera do 7 de junho de 1998, todos os indicadores políticos e econômicos do país eram positivos. O regime iniciou em principios dos anos 1990, uma transição para um sistema multipartidário. Em 1994, a Guiné-Bissau conhece as suas primeiras eleições presidenciais e legislativas livres e democraticas. João Bernardo Vieira, candidato do PAIGC é eleito presidente. Ele já ocupava a cadeira há 14 anos. No plano económico, a adesão à UEMOA, ou seja à zona CFA, impulsionou a economia. O país tem boas relações com o FMI e com os principais doadores. Os salários dos funcionários públicos são pagos no dia 25 de cada mês.

Contudo, por detrás desta aparência idílica, o sistema está sujeito a severas tensões. O PAIGC e as FA estão à beira da implosão. Após 14 anos de poder, Nino Vieira é contestado dentro do partido. A sua eleição exaspera a franja que lhe é hostil. A guerra estoura quando o presidente Vieira quer impor ao PAIGC o seu candidato ao posto de primeiro-ministro. O partido revolta-se e propõe outro candidato. Nino Vieira acaba por ceder e, finalmente, aceita a nomeação de Manuel Saturnino da Costa. Esta crise instalou uma guerra aberta dentro do PAIGC.

Em 1997, os homens de Nino Vieira retomam o comando. Manuel Saturnino da Costa e o seu governo sao derrubados. Vieira nomeia um dos seus fiéis (Carlos Correia) para o posto de primeiro-ministro. Todavia, a ala derrotada do PAIGC não desarma. Ela aproxima-se dos partidos oriundos do PAIGC e que se transformaram em oposição, tal como o PRS de Kumba Yalla.

Logicamente, quando o PAIGC começou a fragmentar-se, as FA entraram em convulsão. No seio das Forças Armadas, assiste-se igualmente a uma luta de gerações. Os jovens oficiais formados em academias militares soviéticas e ocidentais, pretendem assumir o poder na hierarquia militar e para isso pressionam a saída dos seus superiores, veteranos da luta de libertação, na sua maioria analfabetos, companheiros de primeira hora de Vieira e que constituíam ate aí a sua guarda pretoriana. Para além disso, as purgas dos anos 80 deixaram marcas e um sentimento de vigança anima alguns circulos no seio das FA.

O Presidente avalia mal a capacidade de resistência dos combatentes da libertação. A sua arbitragem em favor dos jovens oficiais irá precipitar a explosão. O detonador é rapidamente encontrado: uma história pouco credivel de tráfico de armas entre Vieira, os seus homens de confiança e os rebeldes do MFDC de Senegal servirá de motivo. Na madrugada de 7 de ~Junho de 1998, um sistema político-militar que controla todos os poderes do Estado na Guiné-Bissau implode. A agonia vai durar 11 meses.

Este será o golpe mais longo na história da África moderna. Um motim liderado pelo General Ansumane Mané, Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, tenta derrubar Nino Vieira. A intervenção das tropas do Senegal e da Guiné Conakry para salvar o presidente, a dos rebeldes do MFDC ao lado dos amotinados, e as intervenções mais discretas, mas muito ambíguas de Portugal e em menor medida da França; impedem uma leitura correcta das dinâmicas internas. Os acordos de paz assinados em Lomé solucionam algumas questões conjunturais mas adiam a resolução das questões de fundo.

Após a saída de todas as tropas estrangeiras da Guiné-Bissau, a lógica interna retoma o seu percurso normal. A guerra fria substitui-se a confrontação militar. Aqueles que perderam no plano militar, reerguem-se no terreno político. Novas alianças, inimagináveis alguns meses antes, são formadas na arena política. O exército é abalado por lutas internas, enquanto o PAIGC se fragmenta, deixando o caminho aberto para o PRS de Kumba Yalla que chega ao poder em 2000.

Fingindo ignorar as causas estruturais da implosão do sistema, que põe a nu as suas responsabilidades respectivas, o PAIGC e o PRS mantêm o país numa instabilidade crônica cada vez mais violenta. Essa situação ameaça mergulhar a Guiné-Bissau no caos. É a esta luz que deve ser compreendida a longa lista de tragédias que marcaram a história recente do país.
Há 12 anos, os principais actores políticos da Guiné-Bissau tentam desesperadamente estabilizar o sistema a seu proveito, mas sem sucesso. Os meios que utilizam (eleições, golpes, assassinatos políticos) são ineficazes, radicais e violentos. Assemelha-se à doença o que consome a classe dirigente na Guiné-Bissau.

A saída da crise através das eleições parece o caminho óbvio a seguir. Recomendado pelos parceiros da Guiné-Bissau, ela está em conformidade com a sua leitura dos acontecimentos, vistos como crises pontuais. No entanto, os factos estão lá: em 12 anos o país passou por mais de 6 eleições presidenciais e legislativas, seis presidentes da República e 12 primeiros-ministros sucederam-se. Por si só, esses números mostram o fracasso desta abordagem como uma solução de saida da crise.

A história política da Guiné-Bissau tem sido marcada pela violência. Método natural de resolução de conflitos no seio do PAIGC, ele foi estendido para as estruturas estatais controladas por este partido, desde a independência do Pais em 1973. Durante muitos anos, a combinação golpes de Estado e solucoes políticas permitiram limitar a violência. Mas este método deixou de surtir efeito. A legislatura do governo do PAIGC, iniciado em 2008 e dirigido por Carlos Gomes Junior, é a mais sangrenta desde a abertura política no início dos anos 90.

A 1 de março de 2009, o general Tagme Na Waye, chefe do Estado Maior General das Forças Armadas é assassinado em circunstâncias nunca esclarecidas. Algumas horas mais tarde, o presidente João Bernardo Vieira foi assassinado "em retaliação" pelos soldados do batalhão de Mansoa, liderada por Antonio Injai. Estes dois actos causaram uma mudança fundamental na estrutura de poder na Guiné-Bissau e alteraram a correlação de forças. O Comandante Zamora Induta assume o comando do Estado Maior General das Forças Armadas, assistido por António Injai. Acto este que será legitimado pelo governo de Carlos Gomes e pelo recém-eleito Presidente, Malam Bacai Sanha.

Próximo de Portugal, tal como o primeiro-ministro Carlos Gomes Junior, Zamora Induta tece uma aliança inabalável com Lisboa, neutralizando qualquer veleidade do Presidente Malam Bacai Sanhá que, ainda por cima, encontra-se gravemente doente. Poucos meses depois, em Junho, os inimigos jurados de Carlos Gomes Júnior, Hélder Proença e Baciro Dabóo, dirigentes do PAIGC, sao assassinados por soldados sob as ordens do Estado-Maior General. O governo de Carlos Gomes assume os actos. Essas quatro mortes tinham alguns pontos em comum: eles opunham-se à ascensão política de Carlos Gomes e estavam todos ligados ao aparelho securitário. Esses assassinatos abrem uma via real para Carlos Gomes. A agonia e a morte do Presidente Malam Bacai Sanha proporciona-lhe a oportunidade que esperava.

A paralisia criminosa da Justiça da Guiné-Bissau complica ainda mais a situação. Nenhuma investigação séria foi realizada e ninguém e inquietado pela justiça. Se não há nenhuma evidência da responsabilidade de Carlos Gomes nos assassinatos, a sua sombra paira contudo sobre estes tristes acontecimentos e a sua inacção à testa do governo, faz dele, de fato, o beneficiário directo desses crimes.

A impunidade alimenta a instabilidade e incentiva a continuação da prática da política de assassinatos selectivos. Esta época assemelha-se aos primeiros anos da independência marcada por uma série de crimes políticos de massa e de purgas sangrentas.

Esta impunidade institucionalizada impede a Guiné-Bissau de viver em paz.

A ordem constitucional nunca será plenamente efectiva sem um funcionamento normal do sistema judicial.

A decadência generalizada do sistema político-militar, e a ausência de um Estado forte daí resultante, não escaparam do olho apurado dos traficantes de drogas.
Na sua estratégia para se implantarem na África Ocidental e torná-la um atalho para o encaminhamento da cocaína sul-americana para o mercado europeu, os cartéis de droga vao encontrar na Guiné-Bissau o país ideal.

Confrontados com a diminuição dos recursos financeiros após o colapso da ajuda dos doadores no início dos anos 2000, os responsáveis locais rapidamente sucumbem à sedução dos traficantes de droga e disputam de seguida os rendimentos provenientes deste tráfico. Apesar das suas fragilidades, o sistema continua a controlar o país através de uma malha de segurança, militar e administrativa. À partida nenhum tráfico de droga seria possível na Guiné-Bissau sem uma concertação dos diferentes atores políticos, administrativos e securitários.

Para além disso o dinheiro sujo inunda os partidos políticos desde meados dos anos 2000.

A comunidade internacional que financia e valida as eleições, assim como as autoridades nacionais, nunca se preocuparam pela proveniencia dos fundos utilizados nas campanhas políticas que, no entanto, muitas vezes determinam o vencedor das eleições. Erradicar os cartéis sul-americanos do solo da Guiné-Bissau, significa igualmente assegurar que as fontes ilegais de financiamento desaparecam da vida pública. O envolvimento da comunidade internacional poderia ser também a este nível, porque não se pode pretender supervisionar o processo eleitoral, ignorando as implicações colaterais ilícitas deste processo.

O que nos leva naturalmente a propor possiveis soluções para tirar a Guiné-Bissau da crise.

A curto prazo, trata-se de evitar uma situação em que a comunidade internacional se contente em aceitar um processo eleitoral sem ser demasiado minuciosa sobre as modalidades do escrutinio ou sobre o estado da democracia na Guiné-Bissau. Se isto ocorrer, esta transição que e suposta durar um ano, será um fracasso. A CEDEAO, uma vez que está a supervisionar a transição, deverá discutir um roteiro com os atores políticos. Este roteiro deve abordar questões fundamentais como a reforma judicial, a reforma das forças de defesa e segurança, a composição da equipe de governo e o processo eleitoral, incluindo a elaboração de listas eleitorais indiscutíveis. Somente no final destes trabalhos poderemos realizar eleições.

Recordemos que os crimes políticos podem fazer alterar o poder de um campo para o outro. Como tal, representam verdadeiros atentados contra a democracia. Os seus autores, quer sejam militares ou politicos devem ser perseguidos, processados e julgados por um tribunal imparcial, talvez até mesmo por um tribunal “ad-hoc”. Não seria chocante que o Tribunal Penal Internacional examinasse a questão dos crimes políticos cometidos na Guiné-Bissau.

Hoje, a Justiça nacional é totalmente impotente para o fazer. É claro, por exemplo, que as estruturas estatais criadas pela “Junta” e pelos seus aliados após o golpe, nunca terão a credibilidade necessária para realizar esta tarefa. Ela deve ser confiada a um tribunal especial. Não se trata de reformular o sistema Judicial na Guiné-Bissau em tão pouco tempo, mas de por um termo a impunidade, sobretudo para os crimes mais hediondos. Esses crimes que negam o próprio espírito da democracia.
A equipe de governo deve ser composta exclusivamente por tecnocratas. A presença de militares golpistas e seus cúmplices políticos desacreditarão irremediavelmente o processo de transição.

Da mesma forma, é claramente impossível considerar uma reforma fundamental das forças de segurança durante o período de transição. No entanto, é realista trabalhar para estabelecer uma Guarda Republicana numa base nacional e não partidária, como foi feito no passado. A dimensão étnica que tanto pesa nas FA deve ser abordada com franqueza e determinação. Os elementos das FA envolvidos nos crimes mais graves devem ser excluídos.

Este trabalho pode ser feito pela CEDEAO, sobretudo porque esta Guarda Republicana terá a missão de substituir as forças da CEDEAO, na protecção das futuras instituições. Finalmente, a etapa mais fácil consistira em reconstruir a máquina eleitoral. A partir do momento em que as eleições sao contestadas, significa que elas são questionáveis. Há uma necessidade urgente de um recenseamento biométrico da população em idade de votar. Devemos, então, selecionar uma equipe profissional para dirigir a Comissão Eleitoral e por que nao, fazer apelo a um magistrado ou um alto funcionário Africano para dirigí-la, tal como foi o caso durante a eleição presidencial de 2010 na Guiné Conakry, onde a comissão eleitoral foi chefiada pelo Maliano, Toumani Siaka Sangaré.

A questão do tráfico de drogas é, por sua vez, muito complexo para ser resolvido porque significa que a Guiné-Bissau, Estado frágil, delega uma parte da sua soberania na fiscalização do seu território, numa potência estrangeira, como por exemplo, os Estados Unidos da América, para realizar a vigilância costeira e do espaço aéreo. Inicialmente, seria desejável que o Conselho de Segurança das Nações Unidas tratasse da questão, para criar um quadro jurídico internacional com a finalidade da criação de uma força naval semelhante àquela que combate a pirataria ao largo da costa da Somália. É evidente que, tirar a Guiné-Bissau de quinze anos de crise profunda não vai acontecer num ano. Mas é possível criar um quadro administrativo, político e de segurança suficientemente convincente para fazer eleições incontestáveis.

No entanto, isso só será possível se os parceiros da Guiné-Bissau; Portugal, Angola, França, Nigéria, Senegal e num plano mais alargado a CEDEAO , a CPLP, a UE e a ONU ajudarem este país sem segundas intenções revanchistas e sem objetivos estratégicos escondidos. Patriotismo e boa-fé tornaram-se raros nas margens do Rio Geba. Os amigos da Guiné-Bissau deveriam, antes de mais, ajudar a reintroduzir esses valores na vida pública em vez de perseguir interesses políticos e de dominação, cujo único efeito é o de destruir uma das Nações mais orgulhosas do continente.

Idriça Djalo
Presidente do Partido de Unidade Nacional
Bissau 04 de junho de 2012

CEDEAO levanta sanções e apoiará orçamento do país



A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) levantou as sanções à Guiné-Bissau e vai ajudar financeiramente o país, disse hoje em Bissau o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo. Serifo Nhamadjo falava aos jornalistas em Bissau, à chegada da Costa do Marfim, onde participou (sexta-feira) na 41.ª cimeira ordinária da organização regional, na qual se discutiu principalmente a situação na Guiné-Bissau e no Mali, países que sofreram recentemente golpes de Estado.
 
Num balanço sobre a reunião, o Presidente de transição afirmou que a viagem à Costa do Marfim foi "coroada de êxitos" e disse que o relatório apresentado sobre a Guiné-Bissau foi "apreciado", porque o país "teve mais sucesso". Já em relação ao Mali a CEDEAO considera que a governação não está a ser correcta e foi sugerido o envio de uma missão de avaliação e ao mesmo tempo a colocação no terreno de uma força de estabilização, disse Serifo Nhamadjo.
 
Quanto à Guiné-Bissau, disse, a CEDEAO decidiu levantar, desde sexta-feira, as sanções ao país e "organizar a nível internacional o reconhecimento do governo de transição". Serifo Nhamadjo afirmou acreditar que na próxima cimeira da União Africana também sejam levantadas as sanções à Guiné-Bissau. "Também foram instruídas a CEDEAO e a UEMOA (União Económica e Monetária Oeste Africana) para trabalharem com o governo de transição, na perspetiva de criarem condições financeiras de apoio ao orçamento geral do Estado", disse Serifo Nhamadjo, frisando que a organização regional considera "muito positivos" os progressos na Guiné-Bissau.
 
O défice orçamental da Guiné-Bissau, superior a 60 porcento, tem sido assumido pela comunidade internacional, a maioria a não reconhecer agora o governo de transição. "Havendo essa situação da comunidade internacional, ainda com certas reservas, a CEDEAO dispõe-se a dar esse apoio, há essa garantia dos chefes de Estado", afirmou Nhamadjo.

Povo - o que é?


Irmao Aly,

Não preciso elogiar-te, pois isso é algo que não lhe falta... Por favor dê-me um espaço no teu blog para que esta profecia de Amilcar Cabral seja lida pelos meus irmãos principalmente jovens.
 
IRMAOS CONVIDO-VOS A LER UMAS DAS PROFECIAS DE AMILCAR CABRAL DEPOIS DA CONFERENCIA DO PAIGC NA DECADA 60, E DEPOIS TIRAM AS VOSSAS CONCLUSOES. ELE NESTA PROFECIA MOSTROU AOS SEU CAMARADAS O QUE E O DO POVO .

MAS O QUE É O POVO?

Muitos camaradas dizem: oh o meu povo! Muitos camaradas, quando cometem erros ou estão atrapalhados com as coisas do Partido, começam logo a falar do povo. Isso vai acabar aos poucos, mas temos que saber duma maneir...a bem
clara o que é o povo.

A definição de povo depende do momento histórico que se vive na terra. População é toda a gente, mas o povo já tem que ser considerado com relação à própria história.mMas é preciso definir bem o que é o povo, em cada momento da vida de uma população. Hoje, na Guiné e em Cabo Verde, povo da Guiné ou povo de Cabo Verde, para nós, é aquela gente que quer correr com os colonialistas portugueses da nossa terra. Isso é que é povo, o resto não é da nossa terra nem que tenha nascido nela. Não é povo da nossa terra, é população, mas não é povo.

Hoje é isso que define povo da nossa terra. Povo da nossa terra é todo aquele que nasceu na nossa terra, ou na Guiné ou em Cabo Verde, que quer aquela coisa que corresponde à necessidade fundamental da história da nossa terra, que é o seguinte: acabar com a dominação estrangeira na nossa terra. Aqueles que estão prontos a trabalhar duro nisso, a pegar teso, são todos do nosso Partido. Portanto, a maior parte do nosso povo é o nosso Partido. E quem mais representa o nosso povo é a direção do nosso Partido. Que ninguém pense que lá porque nasceu no Pico da Antônia ou no fundo do Oio, é mais povo do que a direção do nosso Partido. O primeiro pedaço do povo da nossa terra, genuíno, verdadeiro, é a direção do nosso Partido, que defende os interes ses do nosso povo e que foi capaz de criar todo este movimento para defender os interesses do nosso povo.

Vou tentar esclarecer ainda mais este problema:

Toda a gente da população da nossa terra que quer, neste momento, que os
colonialistas portugueses saiam da nossa terra, para tomarmos a nossa liberdade e a nossa independência, esses são o nosso povo. Mas entre essa gente há alguns que pegaram no trabalho a sério, que lutam com armas nas mãos, ou no trabalho político ou na instrução ou em qualquer outro ramo, e que estão debaixo da direção do nosso Partido: esses são o nosso Partido. Se quiserem, a vanguarda do nosso povo é o nosso Partido e o elemento principal do nosso povo, hoje em dia, é a direção do nosso Partido. Portanto, aqueles que têm amor pelo nosso povo, têm amor pela direção do nosso Partido. Quem ainda não entendeu isso, não entendeu nada.

Isso é nesta fase, neste momento. Mas daqui a algum tempo, quando tomarmos a nossa independência, por exemplo, quem quiser que a nossa terra seja independente, mas não quer que as mulheres sejam livres, e quiser continuar a explorar as mulheres da nossa terra, esse hoje é povo, mas amanhã já não será. Se nós queremos que todas as crianças da nossa terra sejam respeitadas e algum de entre nós não quiser isso, esse já será população, não será povo.

O nosso objetivo é fazer o progresso e a felicidade do nosso povo, mas nós não podemos fazê - lo contra o nosso povo. Ora, se alguns da nossa terra não querem isso, ou eles não são povo, e então nós podemos fazer tudo contra eles e talvez mesmo os púnhamos na cadeia, ou então eles são muitos e representam o povo e, nessa altura, nós paramos; não podemos fazer nada, porque não se pode fazer a felicidade e o progresso de alguém contra a sua vontade.

Temos que entender bem, portanto, que em cada fase da história duma nação, duma terra, duma população, duma sociedade, o povo define - se consoante alinha mestra da história dessa sociedade, consoante os interesses máximos da maioria dessa sociedade.

O termo democracia foi criado na Grécia, em Antenas (Demo + cracia = governo do povo). Mas quem foi que o criou? Em Antenas havia nobres, Senhores (donos da terra) e depois os escravos, que trabalhavam para todos os outros. A democracia para eles era só para os de cima, eles é que eram o povo, os outros eram escravos. Até hoje é a mesma coisa em muitos lados. Quem tem a força na mão, o poder, faz a democracia para ele. Nós, na nossa terra, queremos que a maioria tenha o poder nas mãos. Mas nós queremos o poder nas mãos do nosso povo. Aquele que segue o caminho reto, que quer cada dia mais progresso e felicidade na nossa terra, progresso não só para os fulas, não só para mandingas, não só para filhos de cabo- verdianos, não só para balantas, progresso para todos, tanto na Guiné como em Cabo Verde — esse faz parte do nosso povo.>

sábado, 30 de junho de 2012

Sori, o despachado



O presidente em exercicio da ANP, Ibraima Sori Djaló, ocupou o gabinete do presidente eleito Raimundo Pereira, ainda antes de retirarem os pertences deste. Sori Djaló apropriou-se ainda de três viaturas - duas que eram do Raimundo Pereira (um Toyota V8 e um automóvel de cor azul escuro...que agora está à disposiçao da Mulher do Sori, e um outro automóvel que era do 1°vice presidente da ANP, Manuel Serifo Nhamadjo).

Na passada quarta-feira, houve uma conferencia de líderes e ainda uma reunião da comissão permanente da ANP. Não houve consensos porque os Deputados do PAIGC insistiram que seja agendado no projecto da ordem do dia a eleição de um novo 1°vice presidente da mesa... ou seja, caso for eleito um novo 1° vice o Sori Djalo vai ter que devolver os carros, desocupar o gabinete e voltar para o lugar dele, o de 2°vice presidente.... Uma coisa parece certa: na segunda-feira, a ANP promete aquecer, isto porque a sessão do dia 29 foi suspensa... AAS

ABRAM OS OLHOS CAMARADAS


Aly,

Permita-me um kandando forte e muita força e coragem na defesa da causa da nossa amarfanhada Guiné-Bissau.

Tive a oportunidade de ler recentemente no teu insubstituivel bloc-DC um documento intitulado Memorando III elaborado pela Comissão Permanente do Bureau Politico do PAIGC. Diga-se de passagem, um documento descritivamente estructurado e de muito interesse, pois ele permite situar e compreender as incidências e manobras que resultam da actualidade politica na Guiné-Bissau. Para nos que vivemos no estrangeiro e, por consequência seguindo de longe esses acontecimentos de penosa e retrogada vulgaridade que ocorrem neste momento no nosso pais, esse documento permite ter uma visão mais clarificada e sustentada desse golpe hibrido de obscuros interesses étnicos e de pretensões anexatorias sub-regionais.

Lendo esse documento com profundidade, senti-me impelido a escrever algo. Um desabafo no fundo,  afim de suscitar um agitar de consciência dos nossos camaradas, instando-os a reagir, defendendo a Patria com aquilo que temos e que, felizmente ninguém nos podem tirar, nem com a força das suas armas, nem com a brutalidade e a impunidade das suas matanças : o amor à Patria e o apego ao legado de Amilcar Cabral.

Gabei a descrição estructurada feita pelo referido documento relatando e demostrando a gestão catastrôfica da crise politica na Guiné-Bissau feita pela CEDEAO. Porém, o que me espanta em tudo isso, é, como é que o PAIGC, partido experimentado e rodeado de reputados quadros em quase todas as areas, se proste a uma posição de inércia quase total na condução desse processo dando até sinais de alarmante tendência para o conformismo perante uma acção de desrespeito e manifesta agressão contra as nossas instituições e a nossa soberânia. Para mim, essa posição é-me incompreensivel e espanta-me sobremaneira, o facto de não se ter explorado até a presente data a vertente juridica dessa aberrante e vergonhosa mediação da CEDEAO na Guiné-Bissau, que se sabe, pautada por um reportorio de incongruências, irregularidades e ilegalidades devidamente enunciadas e listadas no referido Memorando III.

Essa situação de imiscuência, abusiva e grosseira desse organismo sub-regional (particularmente desnaturada, interesseira e contraditoria quando se trata de problemas ligados a Guiné-Bissau) num assunto interno e soberano no nosso pais é de extrema gravidade e deve justificar a nossa maior indignação e reacção através de quaisquer meios ao nosso alcance.

Aceita-lo no conformismo de «djitu ka tem» é declinar a nossa soberania, sobretudo a essência de um Estado forjado na luta titânica contra todo e qualquer tipo de dominação étnica, tribal ou estrangeira. Por isso, a agressão da CEDEAO coadjuvados pelos seus cumplices militares e politicos fraccionarios, deve ser corajosamente atacada no foro judicial, tanto no plano interno junto aos nossos Tribunais para os actos dos partidos usurpadores, quer no quadro das instâncias judiciais comunitarias no que toca aos actos e decisões ilegamente impostas pela CEDEAO contra a vontade popular e à revelia das nossa Constituição e leis da Republica.

São varias e, são extremamente graves as irregularidades cometidas pela CEDEAO na gestão do processo do golpe de estado de 12 de abril na Guiné-Bissau. A intervenção dessa organização sub-regional a que o nosso pais (infelizmente) pertence, foi no minimo vergonhosa, arbitraria e demostrativo do inequivoco desprezo que essa organização de parias tem pelo nosso Povo, a nossa dignidade e a soberania nacional.

A esse acto de caucionamento do golpe de estado de 12 de abril pela CEDEAO, sucederam-se concomitantemente varias outras arbitrariedades e manipulações politicas-militares e de foro parlamentar de inquestionavel gravidade e ilegalidade à toda a linha. Essas manobras politico-militares teve o beneplacito e abenção da CEDEAO e foram maquiavélicamente urdidas e levadas a cabo pelo grupo dos cinco candidatos derrotados nas eleições presidenciais, liderado por Kumba Yala, contou com a cumplicidade e envolvimento activo do PRS, do Comando Militar e de um conjunto de microcosmos de partidos sem representação popular e tão pouco parlamentar, senão a sagacidade e oportunismo doentio dos seus esfomeados e abutricos «dirigentes». Como resultado dessa desavergonhada "mediação", o terceiro candidato presidencial, candidato apoiado pelo presidente do Burkina-Faso, Blaise Campaoré (joker de todos os complôts na sub-região), é hoje escandalosamente entronizado « presidente interino-de-transição » pela entende CEDEAO/Comando Militar/PRS... porém, com controlo remoto multiplo Kumba Yala/Antonio Injai.

Sem precisar de individualizar as atrocidades juridicas cometidas, porquanto suficiente e claramente enunciadas no referido documento, quero apenas chamar à atenção dos meus Camaradas e compatriotas de que, devemos ser praticos e incesivos nesta luta presente, sem descurar nem negligenciar quaisquer meios que sejam para preservarmos a nossa DIGNIDADE E ORGULHO DE POVO. Temos que ser realistas, de que, faltando-nos o argumento da força, que infelizmente esta do lado dos nossos adversarios e da CEDEAO, temos que utilizar a arma que o direito e a legalidade nos confere.

Posto isto, mesmo que possam existir reservas quanto ao grau de independência e isenção do nosso Poder Judicial na presente conjuntura politica, o PAIGC não se deve coibir, mas sim, assumir o confronto no campo juridico, devendo atacar essas ilegalidades e atropelos grosseiros que foram cometidos no processo da mediação da crise guineense. Devemos atacar todos os actos considerados ilegais perante a Constituição e as Leis da Republica, que foram e estão sendo cometidos diariamente no nosso pais, quer pela hemofrodita ANP, quer pelo presidente e governo ilegitimamente imposto pela CEDEAO na Guiné-Bissau.

Essa acção de luta legal impõe-se para o futuro, pois, é um pressuposto de legitimidade cujas consequências e resultados so a historia podera julgar e avaliar um dia, conforme o seu desfecho e as suas consequências..., porém que, hoje independemente desse julgamento e dos resultados, deve começar a ser accionado, e ja... porque o tempo urge e o tempo corre a favor dos usurpadores.

Essas acções de luta judicial, devem passar prioritariamente pela contestação em instância nacional competente o denominado «Pacto de Transição» e também o seu apêndice fetal, denominado «Acordo Politico». Quanto aos actos de ilegalidade e de ingerência que foram cometidas pela CEDEAO contra a nossa soberania, as instituições da Republica e o governo legitimamente eleito e na altura, em funções legais na Guiné-Bissau, estas, DEVEM ser contestadas e atacadas perante o Tribunal da CEDEAO. Para esse efeito, estou certo de que, o PAIGC, tem argumentos e fundamentos de peso e de sobra para fazer valer os seus direito como unico poder legitimado pelas urnas na Guiné-Bissau. O recurso a esse Tribunal, parecendo que não, pode ser o recurso mais seguro e equilibrado susceptivel de restituir aos guineenses os valores mais sagrados e arreigados do Povo Guineense, que são, a independência, a soberania e o respeito pelas nossas instituições democraticamente eleitas.

Para alguns, pode parecer uma luta à D. Quixote de la Mancha, porém, o Tribunal da CEDEAO pode ser a nossa ultima e legitima esperânça conducente a uma saida digna e de justiça que todos nos reclamamos nesse processo. E bom ver e compreender que, a CEDEAO, não se limita aos seus pares-Presidentes. A CEDEAO é mais do que esse grupo de caciques obtusos e retrogados constituido por golpistas como os Blaises e Ouattaras ou os pretensos anexionistas das nossas riquezas, tal como os Salls e os Jonathans's.

A CEDEAO possui orgãos proprios, autonomos e independentes, e neste caso encontra-se o referido Tribunal, que segundo os seus estatutos devem defender os interesses dos Estados membros na base da lei e da igualdade, alheando-se aos jogos de interesses geoestratégicos e manipulações mafiosas dos seus pares-presidentes.

O recurso ao Tribunal da CEDEAO, so nos dignificaria e, estou certo que, seria um barulho surdo que muito incomodaria e decerto, daria a conhecer ao mundo juridico e a sociedade africana em geral, o nosso drama dos Novos Colonizados da Africa Ocidental.

«Mais vale morrer lutando, que morrer no conformismo de uma derrota antecipada»
Mao Tsé Tung

Alberto João Silva

O FINANCIAMENTO DO ESTADO, O PAGAMENTO DOS SALÁRIOS E A BOA GOVERNAÇÃO



Li as declarações que terão sido proferidas pelo Presidente do Governo ilegítimo da Guiné-Bissau (Serifo Nhamadjo), antes da sua partida para o encontro dos Chefes de estado da África Ocidental, que a seguir transcrevo, e surgiram-me algumas inquietações e dúvidas que gostaria de partilhar…

“Vou dizer aos meus pares da CEDEAO que a situação do país neste momento é estável. Felizmente, o Governo está a funcionar, já conseguiu pagar três meses de salários aos funcionários públicos, as escolas públicas funcionam normalmente, estamos a fazer um esforço para retomar o diálogo nacional para que o país se reencontre”.

1.      Para Serifo Nhamadjo, a situação no país neste momento está estável, com base na opressão Do seu próprio povo? Mesmo sabendo do impedimento da manifestação das mulheres e jovens na Guiné-Bissau, o Presidente do Governo ilegítimo considera que a situação do país neste momento é estável!? Para mim, é apenas a confirmação de que o conceito de estabilidade para este governo e para os narcotraficantes com farda de militares que os sustenta, é directamente proporcional ao grau de opressão que se aplicar ao povo! Isso é muito preocupante e torna urgente a desinstalação dessa escumalhada do aparelho do estado, o mais rapidamente possível…

2.      Gostava de saber o que o Serifo Nhamadjo considera “esforço para retomar o diálogo nacional e para que o país se reencontre”? Até agora não se viu nada nesse sentido, antes pelo contrário! A opressão de manifestações populares é uma forma de demonstração desse suposto esforço para que o diálogo nacional seja retomado?
   
3.      Durante a vigência do governo de Cadogo, ouvi repetidamente e bem, dos seus opositores na Guiné-Bissau e no exterior, que esse governo não podia considerar o pagamento atempado dos salários como um sinal ou índice de boa governação. Hoje, não oiço os mesmos críticos a manifestarem-se, perante a afirmação de Serifo Nhamadjo, em que claramente usa o pagamento de três meses de salários para demonstrar e realçar a funcionalidade do governo!

4.      Mas, não queria ficar apenas pela relação entre pagamento de salários e funcionamento das escolas como sinais de boa governabilidade. Não vou, nem devo, usar termos técnicos, não só porque não sou da área de economia e posso cometer erros e baralhar conceitos, mas também para tornar mais fácil a leitura e raciocínio do cidadão comum…

5.      A primeira questão que o governo ilegítimo da Guiné-Bissau tem de explicar aos guineenses, é da proveniência do dinheiro usado para o pagamento dos três meses de salário… Não podemos esquecer o facto deste governo ilegítimo ter apenas um mês de vida, ter saído de um golpe militar fortemente contestado pela população guineense, com marcada instabilidade sociopolítica e sob sanções de alguns parceiros económicos mais importantes. Portanto, nenhum cidadão lúcido acreditaria que este governo conseguiu tomar medidas, fazer reformas, que fizeram com que aumentasse a receita do estado, para permitir pagar salários.

Todos sabemos que a receita do estado assenta essencialmente na cobrança de impostos, exportação dos produtos produzidos no país, no turismo e no endividamento externo... Gostava de saber, em qual dessas áreas o governo mexeu, para conseguir melhorar a receita do estado e, dessa forma, pagar não um mês, mas sim três meses de salário? Com o país estagnado e com alguma resistência social, não acredito que o governo conseguiu aumentar a receita do estado, com a cobrança de impostos!

Também nesse período de tempo, não acredito que o país aumentou a exportação dos seus produtos, como a castanha de cajú! A única exportação que poderá ter aumentado neste último mês, deve ter sido das bebidas produzidas pela empresa espanhola que Fernando Vaz fez questão de visitar há dias, como forma de incrementar o investimento na Guiné-Bissau… Enfim! Com a instabilidade político-militar, nenhum guineense sensato também vai acreditar que aumentou a afluência dos turistas no nosso país! Só se forem os Senegaleses a invadirem as nossas praias, junto a fronteira com esse país, julgando termos tornado definitivamente uma província senegalesa!!!

O aumento da dívida externa, um fantasma que amedronta todos os governos, deve ter sido o caminho escolhido por este governo ilegítimo, por ser o caminho mais fácil, ter repercussões sociais imediatas e, tratando-se de um governo de transição, jamais correrá o risco de apresentar contas das suas irresponsabilidades, por isso, estão pouco se importando pelo facto de mais uma vez atolarem o país na dívida externa, recentemente perdoada em largos milhões de dólares, graça ao trabalho do governo legítimo derrubado pela força das armas e conluio deste governo fantoche… Se este governo ilegítimo não se financiou dessas formas lícitas que acima descrevo, então só podemos concluir que estão a delapidar o cofre público, ou estão a financiar-se por meios ilegais, como o narcotráfico…

6.      Mas, para que os guineenses em geral não sejam adormecidos nos contos do vigário ou dos vigaristas, aconselho a leitura dos dois links que disponibilizo abaixo.

http://www.imf.org/external/lang/Portuguese/pubs/ft/scr/2011/cr11119p.pdf

http://www.portugues.rfi.fr/africa/20101217-fmi-e-banco-mundial-aliviam-divida-externa-da-guine-bissau

7.      PA KA NÓ N'GANA N'UTRU... ANÓSS TUDU NÓ SIBI LEI TAMBÉ...

Jorge Herbert

IV Fórum dos Produtores: Kangaluta ku Produtos di Terra na Tempu di Crisi


Declaração de Djalicunda

Nós, camponesas e camponeses parceiros das Organizações de apoio integrantes do Grupo de Trabalho de Promoção de Produtos da Terra (GTPPT), vindos de todas as regiões do país, e reunidos no quadro do IVº Fórum dos Produtores sob o Lema: Kangaluta ku Produtos di Terra na Tempu di Crisi, organizado pela Tiniguena, em parceria com o GTPPT, no quadro do projecto Kil ki di nos ten balur, financiado pela União Europeia e o IPAD, reunidos entre os dias 27 e 28 de Junho de 2012 em Djalicunda, no Centro Campones da Kafo, gostariamos antecipadamente de lançar à sociedade guineense o seguinte apelo:

. Considerando a sucessão das crises no país, e em particular aos últimos acontecimentos de 12 de Abril, que afectou consideravelmente os produtores de todas as regiões da Guiné-Bissau, que tiveram que vender a sua produção agrícola a um baixo custo;
. Considerando ainda, esta mesma crise, que resultou na perca das sementes para a nova campanha agrícola, e a dificuldade que os agricultores enfrentam na comercialização dos seus produtos;
. Considerando os riscos que a crise vem provocando nos valores tradicionais-ancestrais de relação socioprodutiva existente entre produtores;
. Considerando que a crise provoca sobrecarga aos produtores com a deslocação dos familiares (e não só) para o campo;
. Considerando as tentativas da camada política e militar de semear a divisão étnica por meio do incentivo a agressão verbal, moral e física, que vem resultando na divisão da sociedade guineense;
. Considerando o não reconhecimento por parte da comunidade internacional do governo de transição vigente o que originou na suspensão do financiamento às organizações de apoio;
. Considerando que a comunidade local responsável pela conservação e gestão dos recursos florestais tem acesso limitado a exploração dos mesmos;
. Considerando que a falta de continuidade dos governos, tendo em conta o seu período legal de duração, afecta o processo de conservação dos recursos florestais comunitários;
. Considerando que os meios de comunicação social têm um papel fundamental na promoção da cultura de paz e estabilidade;
. Analisando e respondendo as preocupações dos produtores face as crescentes ameaças a que estão expostos e que podem, caso não forem tomadas medidas adequadas, colocar em risco a coesão e solidariedade social;
 
Nós, camponesas e camponeses presentes no IVo Fórum dos Produtores em Djalicunda denunciamos:

1. O estrangulamento à comercialização dos produtos locais ocasionado pelo golpe de estado de 12 de Abril;
2. A paralização das nossas actividades realizadas em colaboração com as organizações de apoio;
3. A escassez de sementes para o ano agrícola em curso, visto que esta teve que ser consumida devido ao aumento do número do agregado familiar que viu-se obrigado a refugiar-se no interior do país, fugindo do clima de incerteza e instabilidade;
4. A tentativa por parte da camada política e militar de instaurar no seio da sociedade guineense a divisão através do incentivo a estigmatização étnica;

Por isso, nós camponesas e camponeses presentes no IVo Fórum dos Produtores em Djalicunda, nos engajamos à:

1. Aumentar a nossa união para juntos podermos fazer face às constantes crises as quais somos arbitrariamente submetidos;
2. Sensibilizar a nossa população para a valorização e consumo dos produtos locais;
3. Trabalhar com os nossos parceiros, com o objectivo de obtenção de uma Certificação Participativa para os nossos produtos, de acordo com as leis internacionais vigentes, permitindo escoamento destes para mercados que pratiquem o Comércio Justo ;
4. Recusar todo e qualquer tipo de práticas e discursos políticos que induzam a divisão entre nós, guineenses, usando como argumento as nossas diferenças étnicas;
5. Criar um fundo de solidariedade nacional;
6. Promover com a ajuda das organizações de apoio a permuta de produtos (sementes, viveiros e experiências comunitárias) entre nós.

Feito em Djalicunda a 28 de Junho de 2012

Organizações membros do Grupo de Trabalho:

sexta-feira, 29 de junho de 2012

PORQUE ESCREVO!?



Escrevo, essencialmente porque gosto de escrever.

Não sei, nem quero saber se outros também gostam de escrever, se começaram a escrever antes ou depois de mim.

Escrevo, porque não consigo calar-me perante as injustiças.

Não sei, nem quero saber se outros se calam perante as injustiças.

Escrevo, porque não admito que me tentem silenciar.

Não sei, nem quero saber se conseguiram silenciar os outros.

Escrevo, porque sinto-me livre para escrever e só concebo escrever sem quaisquer condicionalismos.

Não sei, nem quero saber se os outros se sentem ou não livres ou condicionados para escrever.

Escrevo, essencialmente sobre a minha pátria, porque respeito-a e tenho orgulho nas minhas raízes, na minha infância e na minha juventude.

Não sei, nem quero saber se amo e respeito a minha pátria mais que outros guineenses.

Escrevo, porque revolta-me ver a minha pátria e o meu povo refém de criminosos.

Não sei, nem quero saber se são ou não mais criminosos que outros.

Escrevo, porque vejo criminosos a cometerem barbaridades na minha pátria.

Não sei, nem quero saber se essas barbaridades são mais graves que aquelas cometidas noutros países.

Escrevo, porque sinto a dor e a revolta do meu povo.

Não sei, nem quero saber da dor e da revolta dos outros povos.

Escrevo, porque vejo oportunistas e incompetentes a assaltarem o poder na minha pátria.

Não sei, nem quero saber dos oportunistas e incompetentes da pátria dos outros, mas quero ajudar a combater os da minha terra.

Escrevo, porque vejo guineenses a confundirem aproveitamento de lacunas legais, com inconstitucionalidades.

Não sei, nem quero saber das lacunas legais e inconstitucionalidade dos outros países.

Escrevo, porque vejo os guineenses a confundirem os interesses da pátria, com os interesses de Cadogo Jr., de António Indjai, de Kumba Yalá, do PAIGC e do PRS.

Não sei, nem quero saber da pessoalização e personificação dos interesses dos outros países.

Escrevo, porque vejo guineenses a confundirem violentos golpes de estado militar, com a defesa da soberania nacional.

Não sei, nem quero saber dos golpes de estado e da soberania de outros estados.

Escrevo, porque vejo um Chefe de Estado-maior General das Forças Armadas, a convocar e dirigir uma reunião de antigos combatentes, no edifício que é o maior símbolo da democracia de qualquer país democrático.

Não sei, nem quero saber dos símbolos da democracia dos outros países.

Escrevo, porque vejo um Chefe de Estado-maior das Forças Armadas, principal suspeito de alguns crimes de sangue e de narcotráfico, a participar num Conselho de Ministros, no meu país que se queria democrático.

Não sei, nem quero saber dos ditadores, assassinos e narcotraficantes que presidem Conselhos de Ministros noutros países.

Escrevo, porque sinto que é hora de todos os guineenses de bem se manifestarem, de uma forma ou outra e, a minha forma de manifestar é escrevendo.

Não sei, nem quero saber se os outros se manifestam escrevendo, gritando ou em silêncio. Mas, é importante que se manifestem.

Importo-me sim, quando assisto a pacificidade e conformismo do povo guineense que permite que o chamem a votar e depois alterem o sentido do seu voto, desrespeitando a sua vontade e comprometendo simultaneamente o seu bem-estar e a sua liberdade…

Importo-me sim, quando vejo guineenses capazes de travar uma luta maior e ainda melhor que esta minha pequena contribuição, acomodarem-se ou deixarem-se intimidar por analfabetos com armas nas mãos ou outros condicionalismos…

Importo-me sim, se aqueles guineenses livres de condicionalismos não manifestarem como forma de resistência aos criminosos, aos oportunistas, a impunidade, a ignorância e a esquizofrenia na Guiné-Bissau.

Portanto, escrevo porque preciso e porque a minha pátria precisa de quem se manifesta, de uma forma ou de outra, livre de quaisquer condicionalismos.

Eu faço a minha parte (gostava de poder fazer mais) e cada guineense devia fazer a sua, se realmente queremos ver a Guiné-Bissau verdadeiramente livre, independente e a desenvolver-se.

A mudança tem de começar em nós guineenses, dentro e fora do país, para que os outros (a chamada comunidade internacional) possam levar-nos efetivamente a sério. Se não demonstrarmos o que realmente queremos, dificilmente os outros nos ajudarão a conquistá-lo…

Por isso, não nos calemos e manifestemos até a exaustão, pela Guiné-Bissau livre de golpes de estado e de governos de transição.

Jorge Herbert

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Nova sondagem DC: Vote agora. AAS

Como é que é? Ora, damos à sola...


Dezassete prisioneiros estão a monte, desde o oassado dia 26 de Junho, depois de terem fugido das instalações prisionais da 2ª Esquadra da Polícia de Ordem Pública, em Bissau. Os referidos presidiários pertenciam ao grupo de jovens denominado «Os como é que é». Nos últimos tempos este bando tem provocado ondas de assaltos e agressões com armas de fogo e armas brancas, nos diferentes bairros de Bissau.

As informações foram avançadas à PNN por uma fonte do Comissariado Nacional da Polícia de Ordem Pública. De acordo com a mesma fonte, foram 35 os jovens detidos nas últimas duas semanas pelas autoridades policiais, de entre os quais 17 se encontram em fuga desde início desta semana.

Segundo ainda a nossa fonte, o acto de mudança de cela destes reclusos não foi do conhecimento dos responsáveis directos do centro de detenção nem do Comissário Nacional da Polícia de Ordem Pública. Em consequência desta situação, dois agentes da Polícia já foram detidos, enquanto o director deste serviço foi exonerado. Os restantes 18 prisioneiros foram transferidos para a cela de outra esquadra, no Bairro Militar, nos arredores da capital. (c) PNN Portuguese News Network

SONDAGEM DC: A diferença entre ser suicida, estúpido ou ignorante



PERGUNTA DC: Como qualifica as declarações do 'diplomata' dos EUA?

RESPOSTAS:

Suicidas > 94 (12%)
 
Estúpidas > 516 (66%)
 
Ignorantes > 168 (21%)

AAS


Yamoussoukro acolhe nova reunião dos Chefes de Estado sobre o Mali e a Guiné-Bissau


As crises no Mali e na Guiné-Bissau estarão no centro das atenções da 41a sessão ordinaria da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Estados da Africa Ocidental (CEDEAO), amanhã, sexta feira em Yamoussoukro, capital administrativa da Costa do Marfim indicou uma fonte dessa organização regional.

Segundo o comunicado, os Chefes de Esatdo "passarão em revista o memorando do presidente da comissão da CEDEAO, Kadré Désiré Ouadraogo sobre o Mali, assim como o relatorio sobre a Guiné-Bissau". Por outro lado, o mediador da crise maliana, o Presidente do Burkina-Faso, Blaise Campaoré, submetera aos seus pares uma informação sobre a situação no Mali.

Quanto ao Presidente do Grupo de Contacto Regional da CEDEAO para a Guiné-Bissau, ele apresentará uma nota de informação sobre a situação prevalecente actualmente nesse pais. O comunicado anuncia a participação do Presidente em exercicio por interimo da Comissão da União Africana Jean Ping, e do Representante Especial do Secretario Geral das Nações Unidas na Africa Ocidental, Sr Saïd Djinnit, nesse encontro oeste-africano de alto nivel. Xinhuanet/Africatime.com

Primeiro comício do PAIGC depois do golpe de Estado na Guiné-Bissau


Cerca de cem militantes do partido que estava no poder até ao golpe de Estado de 12 de Abril participaram ontem, em Bissau, no primeiro comício organizado pelo PAIGC desde a queda do governo de Carlos Gomes Júnior. Até agora, todas as manifestações de condenação ao golpe de Estado decorriam dentro da sede do partido, todavia, esta quarta-feira, cerca de uma centena de militantes do PAIGC decidiram sair à rua. Inicialmente, os militantes pretendiam realizar uma marcha pacífica até à sede da CEDEAO em Bissau, para perguntar aos representantes dessa organização o motivo do não-cumprimento das orientações das Nações Unidas para a resolução da crise na Guiné-Bissau. Contudo, a manifestação não foi autorizada pela Câmara Municipal de Bissau, pelo que os militantes não passaram da porta da sede do PAIGC.

Durante o comício, vários militantes teceram duras críticas à atitude da CEDEAO que a seu ver pretende fazer voltar atrás a democracia na Guiné-Bissau. Pelo contrário, para os manifestantes, a CPLP, a União Africana, a União Europeia bem como as Nações Unidas são entidades "amigas da Guiné-Bissau". Durante esta concentração na qual não foi visível a presença de agentes da polícia ou militares, não foram registados quaisquer incidentes. O PAIGC promete, entretanto, realizar daqui por diante outras acções de luta política contra as autoridades de transição que continuam a não reconhecer. RFI

A ofensiva está a tomar forma


Se era segredo, deixou de o ser. O presidente Senegales, Macky Sall, visitou ontem a linha foronteiriça de N'PACK (que divide a Guiné-Bissau do Senegal) onde teve uma pequena reunião com comandantes de batalhões do Senegal e da Guiné-Bissau que controlam aquela fronteira. O objectivo desta visita, apurou o DC, é o de criar uma frente comum de combate contra os independentistas de Cassamança a partir do nosso território.

Ontem, falei pelo telefone com o sargento A., que atê ao mês passado estava na frente de Kolda, e agora foi transferido para a zona de N'PACK. O sargento onfirmou esta informacão, e disse ser essa a razão da sua transferencia. O próprio sargento questionou sobre esta operacão conjunta a partir de São Domingos. Perguntei-lhe sobre os ganhos para Guiné-Bissau com esta operacão isto porque ninguem sabe onde estão e nem quem é rebelde. Não soube responder. Aguardemos pela posição das autoridades da Guiné-Bissau. AAS

Golpe militar preocupa gabinete anti-narcotráfico da ONU



O gabinete anti-narcotráfico da ONU (UNODC), está "preocupado" com o golpe de Estado de 12 de Abril na Guiné-Bissau e a tentar determinar o impacto no tráfico de droga no país, disse terça-feira o director do organismo, citado pela Lusa. "A UNODC pode apenas lamentar que isto tenha acontecido porque a Guiné-Bissau é um dos mais problemáticos países da África Ocidental, em termos de abertura das suas fronteiras ao abastecimento de droga ilícito da América do Sul, para a África Ocidental e também a União Europeia", afirmou o director do organismo, Yuri Fedotov.    

"Politicamente falando, (o golpe de Estado) é um evento preocupante, um motivo de preocupação que só pode prejudicar a situação", adiantou. Fedotov, afirma ser "cedo" para perceber com precisão se o tráfico aumentou após o golpe militar, cujos protagonistas incluem oficiais acusados pelo governo de ligação ao narcotráfico internacional. Promete respostas "num futuro próximo", quando estiver concluído um relatório de "avaliação de ameaças" na África Ocidental, em que a Guiné-Bissau será incluída.   

Na apresentação do relatório anual da UNODC, em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou para o facto de o tráfico de droga estar a aumentar na África Ocidental e Central e a "minar severamente" Estados da região. "A governação na África Ocidental e Central está a ser severamente minada pelo crescente tráfico de drogas nestas regiões", adiantou Ban Ki-moon. "Não podemos ceder terreno aqueles que se alimentam da falta de lei e que usam países como caminho para a entrega de drogas ilícitas", prosseguiu.   

O relatório anual refere que as "afinidades linguísticas com o Brasil e alguns países africanos", fizeram com que Portugal tenha sido importante no transbordo de cocaína, sobretudo entre 2004 e 2007, perdendo de aí em diante a importância, como "porta de entrada" para o tráfico de droga sul-americana, através de países da África Ocidental. LUSA

Morreu Manuel Rambout Barcelos, um dos mais brilhantes quadros guineenses. Condolências à família. Descansa em paz. AAS

"A CPLP tem actuado além do que os estatutos lhe permite"



“Acreditamos que este tenha sido o último golpe de Estado na Guiné-Bissau ” – Fernando Vaz28 de Junho de 2012. Um mês após assumir o governo na Guiné-Bissau, após o golpe de Estado levado a cabo a 12 de Abril, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Vaz, em entrevista exclusiva à Deutsche Welle África (DW África), reiterou que as questões do país estão a ser bem encaminhadas e geridas.

Questionado que balanço faz do desempenho do governo de transição, desde a sua posse, Fernando Vaz afiança que questões elementares têm sido resolvidas, como é o caso do pagamento de salários em atraso.

“Aquilo que marcava Carlos Gomes Júnior [o primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau] era pagar os salários mensalmente, a tempo e hora. Este governo de transição fez num mês aquilo que o Carlos Gomes fez em três. Ou seja, num mês, nós pagamos três meses de salário. E ainda pagamos a metade da dívida que o Estado tem com os professores, com cinco meses de salário atrasado. Conseguimos com que os militares fossem para os quartéis e arredassem completamente da vida política e civil do país”, garantiu o Fernando Vaz, que alerta, também, que não é meta desse governo resolver, em um ano, todas as necessidades do país.

“É um país que depende completamente do exterior. Mas isso são questões estruturais e espero que não tenham a pretensão de que em um ano nós resolveremos esta questão. Nem é esta a nossa proposta. Queremos criar condições para que haja eleições livres, justas e transparentes e para que a justiça comece finalmente a imperar neste país”.

No dia 20 de Julho próximo a capital moçambicana, Maputo, vai ser palco da 9ª cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP, uma altura em que, dada a sua situação política, a presença da Guiné-Bissau tem sido uma incógnita.

Perguntado quem vai representar o país, uma vez que Carlos Gomes Júnior disse ser o representante do governo legítimo do país, Fernando Vaz responde, categoricamente: “Hoje temos dois países. O “real” e aquele que Carlos Gomes Júnior governa. O governo de transição governa o país “real”.

Quanto à posição que a comunidade lusófona vem tomando, relativamente ao processo em curso, consequente do golpe es Estado de 12 de Abril, o ministro da Presidência de Conselho de Ministros do governo de transição afirma que a CPLP tem actuado além do que os estatutos lhe permite.

“Para nós, a CPLP é uma comunidade linguística e não política. A CPLP faz mais do que deveria fazer. Vejam bem o estatuto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e com certeza vão me dar razão. Porque o que não querem entender é que a comunidade internacional e as Nações Unidas mandatam a CEDEAO, a Comunidade Económica dos Países da África Ocidental, no caso do problema guineense, para encontrar soluções. Uma parte da comunidade internacional entende que a Guiné-Bissau são apenas duas ou três pessoas”.

“Acreditamos que este tenha sido o último golpe de Estado na Guiné-Bissau e que eles tenham a consciência de que não é com golpe de Estado que se resolve o problema da Guiné-Bissau. É preciso sentarmo-nos todos, inclusive Carlos Gomes Júnior e outros parceiros, para encontrarmos uma solução viável para este país”, finaliza Fernando Vaz.

Fonte: Deutsche Welle África (DW África)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Holder fala qualificação por...um milésimo de segundo!


O atleta Holder da Silva falhou o acesso às Meias Finais por 1 centésimo de segundo! É impressionante mas é a realidade. Holder ficou em 25º e só 24 podiam passar para as Meias Finais, num total de 58 participantes na prova dos 100 m. 
Aos guineenses, resta continuar a acreditar, e ao atleta caberá representar cada vez melhor o nosso País, representando o nosso Povo.

Mas Holder não esteve só. Um cidadão Guineense estudante em Cotonou, viu ontem pela TV Nacional a apresentação das Seleções e, fez questão de se deslocar cerca de 40 Km para vir ver o o atelta do seu País. Um grande apoio sem qualquer tipo de dúvidas.
 
Um obrigado ao holder e a todos aqeles que continuam a acreditar no Atletismo Guineense. AAS

Fim de contrato com empresa senegalesa deixa Bissau às escuras


A capital da Guiné-Bissau está desde o início do mês com aumentos nos cortes de energia em diversas zonas, devidos ao fim do contrato de gestão com uma empresa senegalesa, justificou o diretor da Central Elétrica de Bissau. Alberto da Silva, citado hoje pela ANG (Agência de Notícias da Guiné-Bissau), explicou que a EAGB (Energia e Águas da Guiné-Bissau) trabalhava em parceria com a empresa senegalesa "Mat-Force" para o fornecimento de energia, com o apoio do Banco Mundial, tendo o contrato terminado no último dia 05. Foi esse o motivo da diminuição da produção, disse, acrescentando que, ao contrário do que se diz em Bissau, não há falta de combustível para alimentar os grupos de geradores. LUSA

Nem tudo o que brilha é ouro


"Prezado Aly,

Permita-me mais uma vez debruçar sobre um assunto, revolvendo-o e faze-lo vir a tona, assunto que para mim ao invocá-lo me serve de exercício de aprendizagem e, suponho que para os meus conterrâneos seja mais uma aventura ou curiosidade inconclusiva, do extrair uma pedra no sapato ao andar ou dum osso atravessado na garganta.
 
A advertência de que «nem tudo o que brilha é ouro», induziu-me a estabelecer um paralelismo “quantidade versus qualidade”, associando-a harmoniosamente à um assunto translúcido de há varias décadas, mas submergido no ego de certos dos nossos conterrâneos, que se inclinam irresistivelmente ao princípio de que a superioridade numérica é o vector da ideia duma qualidade superior. O que não é o caso!
 
Mas de um outro lado o é, isto é, da parte de alguns dos nossos conterrâneos que durante todas essas décadas senão séculos, a natureza foi «pródiga» para com eles em termos de fertilidade e de reprodução, impondo-se numericamente dentro do xadrez demográfico da Guiné-Bissau. E sendo eu um averso à denominação especifica de índole étnico-tribal, e para retratar esse grupo, prefiro fazer uma abordagem em termos antropológico e sociológico, que durante os respectivos estudos tornaram publico e conclusivo em como esse povo, nas suas origens e relações sociais, são classificados pela inexistência de hierarquia, ou seja ausência de estratificação social, dai que são denominados de sociedade «horizontal».
 
Sem alguma pretensão pejorativa, os nossos irmãos da sociedade "horizontais", desculpem o termo, que acho suave e, que tive o cuidado de pôr entre "aspas", durante décadas reivindicaram as suas superioridade numérica, e utilizando essa quantificação como razão para confiscarem e ter como refém as instituições do estado, ignorando o factor qualidade, que devia ser uma amálgama, para produzir resultados positivos e justificar essa superioridade.
 
Consta que, etnicamente ao invocarem essa superioridade numérica em termos demográficos, seja ela duma forma espontânea ou propositadamente, nem se apercebem de que estariam a diluir a expressão [quantitativa e qualitativa], das outras comunidades étnicas que compõem o nosso rico mosaico demográfico.
 
Essa confiscação e acto de fazer refém as instituições do estado, justificadas debilmente pela quantificação numérica, é o paradigma do pelo facto de se ser mais numeroso, implicaria assim automaticamente possuir qualidades, sinónimo de capacidades, boas e requeridas para um determinado desempenho positivo.
 
Dai que um convite é endereçado à todos nós, Guineenses, para contextualizarmos histórica e geograficamente essa superioridade numérica reivindicada pelos nossos irmãos "horizontais", tanto na luta armada de descolonização [meu termo preferido em vez de independência] como em inúmeras outras vertentes.

No caso especifico da luta armada, que se saiba de que, essa luta foi dirigida na zona Sul do nosso país, que por coincidência era zona de maior confluência dos nossos irmãos "horizontais", fosse a luta armada gerada nos arquipélagos dos Bijagós, concerteza o cenário seria outro; ou se fosse ela gerada no Leste, ai o compasso teria traçado um ângulo de 45 graus; fosse ela no Norte, talvez o compasso traçaria talvez um ângulo de 90 graus e; fosse ela em Bissau talvez teríamos um ângulo de 180 graus, e ai por diante.
 
E que fique bem claro de que, quanto maior se é, mais probabilidade existe e mais vulnerável se fica exposto em ter elementos medíocres num processo de filtragem e de qualificação.
 
Portanto, que fique bem claro ainda de que, na aplicação da lei da proporcionalidade numérica em qualquer sociedade não deve ser tida como um apanágio, mas sim dum factor forjador de fusão e de diversidade cultural, e nem tão pouco quantidade prima sobre a qualidade. O protótipo concreto, é o caso das nossas forças armadas [onde os mais numerosos não são melhores do que os menos numerosos]; no parlamento da legislatura deposta [o partido maioritário não teve a qualidade suficiente para se impor convincentemente nos debates]; na esfera dos partidos ou melhor grupusculos políticos [as minorias é que fazem perfilar as qualidades mínimas requeridas dum partido politico e, não a maioria medíocre como ela se apresenta]; nas nossas escolas [muitas escolas mas delas uma ínfima parte apresenta qualidades]; nas nossas bolanhas [temos muitas, mas importamos arroz mais do que produzimos, ou quase nada produzimos]; nos mares e rios [temos quantidade incomensurável de peixes, mas consumimo-lo infimamente] a exemplificação seria extensiva se pretender continuar, essa seria só a ponta do iceberg.
 
Racionalizando esse assunto, urge exorciza-la de uma vez por todas, retirar o manto de opacidade sobre essa lamentação, e passarmos a inverter a tendência de invocação das lamentações em : " nós é que temos maior e melhor qualidade" ao invés de perpetuar no " nós é que somos maioritários" ou " nós é que lutamos mais"; " nós é que....... etc, etc."
 
Porque nem tudo o que brilha é ouro.
Pabia i ka tudu kê ki a lampra ki uru.
 
Nevabamon, S. Tcharty"

Get it!



atletismo gb


O atleta guineense Holder da Silva irá competir esta tarde, a partir das 13.30 na prova dos 100m planos nos Campeonatos de África no Benim. Se passar, atinge as Meias finais da competição. Boa sorte! AAS

terça-feira, 26 de junho de 2012

Quem será o próximo da lista?



"Já para iniciar a minha fala, permita-me trazer algumas indagações sobre o futuro motim no país. O que será do Antonio Injai, atual Chefe de Estado Maior das Forças Armada com a soltura de Bubo Na Tchuto, seu ex-comparsa no golpe de 01 de abril de 2010 que culminou com a detenção de Zamora Induta ex-Chefe de Estado Maior das Forças Armadas e Carlos Gomes Júnior (Cadogo filho) ex Primeiro Ministro? Será que a libertação de Bubo Na Tchuto complicaria futuros manobras de Injai no seio dos militares, principalmente da etnia Balanta? Quem é a próxima vitima neste cenário de turbulência? Mais uma vez, com a libertação do ex-Chefe da Marinha, Bubo Na Tchuto, o país esta marcado para surgimento do novo motim sem data marcada, a Guiné-Bissau país pequeno com grandes problemas causados pela classe castrense.

Durante trinta e oito anos da independência, a Guiné-Bissau no seu dia-a-dia foi marcada pela tristeza de diversos atos de violências, tumultos em decorrência do primeiro golpe de Estado de 14 de novembro de 1980. A instituição militar tradicionalmente não pautada pela democracia e sendo essencialmente uma instituição hierárquica e piramidal, manifesta radicalmente sua concepção autoritária no meio político-administrativo do Estado. Os militares preferem obedecer ao seu comandante de turno, em vez de obedecer ao Presidente da República ou Primeiro Ministro.

O entendimento da trajetória do exercício do poder político na Guiné-Bissau, desde os anos 1980 até hoje, é uma tarefa um tanto difícil de entender, uma vez que exige a compreensão do quebra-cabeça em que se fraguou nossa historia de independência. Parece-nos que o líder revolucionário pela independência do país, Amilcar Lopes Cabral, havia previsto o que iria acontecer com a situação político-social guineense pós-independência; uma vez que, no período da luta armada, já alertava aos guineenses e cabo-verdianos para que não confundissem a luta pela libertação nacional com a busca por privilégios pessoais.

O líder revolucionário afirmava que o objetivo do Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC) que se mobilizou e lutou pela independência, não seria somente destruir o colonialismo português e substituir a dominação lusitana por uma espécie de burguesia nacional ao estilo de um mero colonialismo interno. Mas, sim, de construir uma nação em que houvesse oportunidade, igualdade e justiça para todos os seus filhos. Com efeito, Cabral argumenta: “a nossa luta não deve ser apenas contra os estrangeiros, mas também contra os inimigos de dentro, aquela classe social que não quer o progresso da nossa terra, do nosso povo, mas apenas o seu próprio progresso e bem-estar da sua família (...). A luta para libertação do nosso país e do nosso povo, condição necessária para o progresso da nossa sociedade como um todo, deve ser dirigida pelos melhores filhos do nosso povo”.

As divergências que correspondem interesses pessoais dos oficiais das forças armadas, isso levou a uma intensa disputa no meio dos militares de quem deveria ocupar o cargo de Chefe de Estado Maior das Forças Armadas. Desde o conflito armado de 07 de junho de 1998, sempre quem assume este posto é tido como novo alvo e, por conseguinte derrubado e ou morto como é o caso de Ansumane Mané, Veríssimo Correia Seabra e Tagme na Waie, com exceção Zamora Induta, o último Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, deposto no dia primeiro de abril de 2010 por Antonio Injai, atual Chefe de Estado Maior das Forças Armadas.

Enquanto não houver uma cultura democrática na instituição militar, dificilmente o país sairá dos motins e das turbulências típicas que caracterizam a ascensão de um militar ao cargo aludido. Hoje é fácil entender o próximo evento que irá ser causado pelos militares, podemos esperar que a próxima já foi planejada, só questão do tempo, data e a hora de ser executada, e a minha intuição que a próxima vitima será Injai, ( vamos escrever isso,ajuste de contas entre Na Tchuto e Injai, e o primeiro passará assumir o cargo mais disputado na área militar, Chefe de Estado Maior das Forças Armadas). Antigamente na era Nino Vieira, as disputas eram pautada nas fraudes, mas hoje é disputado nas balas.

Esses sucessivos golpes de Estado, bem como a tendência guineense de resolver as questões políticas através do uso da força e das armas, encontram uma explicação plausível na cultura local, denominada de “matchundadi”. Hoje políticos e militares não reflitam sobre a possibilidade de resolverem seus conflitos de forma civilizada e dialógica. Sabemos que os conflitos muitas vezes são imutáveis, mas precisamos estimular que todos busquem resolvê-los através do dialogo, com a mediação das palavras e da compreensão.

Precisamos difundir essa ideia, estamos cansados de tantas violências, não há motivo que justifique alguém tirar a vida de outras pessoas. Quem paga preço da violência causada pelos militares e políticos é a população, tudo se anda no sentido contrario, em vez dos políticos serem inquilino da população, é o último que passa ser o inquilino do primeiro.  Os militares são manipulado pelos políticos que se acham GABOLA, para aproveitar das oportunidades para roubar no aparelho de Estado, a população não merece passar por tais situações.

A sociedade guineense precisa criar um Projeto contra corrupção, isso vai ajudar a denunciarem os políticos GABAROLAS, que só pensam nos seus proveitos, sem que importar com a causa do país. Vamos incentivar a população a denunciar qualquer anomalia dos políticos. Hoje muitos países tem orgulho de ter quadros humanos, investir na Educação é acreditar no futuro do país, só que os nossos governantes não priorize, aliás, não pensem nisso, na verdade, como a maiorias dos nossos representantes são analfabetos, isso mostra a não preocupação no investimento na área Educacional. Vamos lutar até o último suspiro para mudar esse quadro.

Armando. A."

Um debate



"Aly,

Os meus melhores cumprimentos.

Como seguidor assiduo do teu blog, recentemente dado ao interesse que assunto sustiva em mim, aventurei-me e fiz uns comentarios sobre o novo «ministro» dos NE do Governo da CEDEAO para a Guiné-Bissau, Sr Faustino Fudut Imbali. Do conteudo desse artigo, sentiu-se tocada a "Sra Sara E. T", vindo defender-se, fazendo considerações sobre a minha pessoa e pondo em causa a minha legitimidade como «bom filho da Guiné-Bissau». Esse artigo não teve como mobil ofender quem ela pretende defender, pois a menção a essa pessoa surgiu na sequência da mera descrição dos factos que na verdade aconteceram. Enfim, para certos espiritos com consciência pesada... a verdade e a mentira, confundem-se como as certezas de Jumo. Posto isto, se me permitires, sinto-me no direito de me defender contra essa advogacia instintiva, sendo porém certo, de que, não mais voltarei ao assunto, qualquer seja o tratamento que e der a este meu artigo.

Sra Sara,

Contrariamente do que pensa estamos todos no mesmo fuso horario (muito perto de si do que pode imaginar) e, não sofro de insonias como pretende insinuar porque a minha consciência esta mais tranquila e sem quaisquer remorsos do que a sua. Nunca na minha vida desejei a morte de quem quer que seja e muito mesmo tirei à vida alguém. Pode crer que, de si dispenso qualquer ajuda que seja, porquanto não esta minimamente habilitada para tal, pois conclui que nada pode me ensinar sobre a vida e muito menos sobre os postulados da verdade.

Para mim, a pior ignorância, vem de quem quer negar a verdade, mesmo quando ela é limpida como àgua. A historia da Guiné-Bissau é prenhe de exemplos de "Santos" erigidos em pedestais de martires de "mãos limpas", com isso, tentando branquear muitos casos lamentaveis, que também tem destinatarios dessa dôr..., porém, silenciadas sem se poderem defender. Muitas vidas foram tolhidas da vivência dos vivos e dos seus entes, por mãos hoje, paradoxalmente brandidas como limpas e imaculadas.

Na vida, cada um e cada qual se cobre com o lençol que melhor lhe serve para se defender um ente querido que se chora e se procura pela imensa falta e saudade que nos deixa, certo porém de que, esse reencontro so no além se realizara. Esse além, onde todos nos iremos apresentar as nossas contas ao Nosso Senhor Deus.

Muitos lençois, embora tachados de sangue de vitimas de outras eras, vidas vilmente ceifadas...sejam eles, Quadros, sejam eles Seabras..., decerto, vos parecerão imaculadamente virgem, puro e santo, porque não pertence a vossa dôr. Enfim, são os olhos com os quais queremos ver a realidade perante uma dôr que não vos pertence e, nem vos interessa... Porém, essas familias, Quadros, Seabras entre outros, também se deitam e se levantam na procura da eterna paz e tranquilidade, procurando no silêncio a justiça contra os que lhes tiraram os seus entes queridos, e assim apagar as suas magôas ainda exanques de dôr.

De dizer que, a poesia, infimamente linda e sublime não tem rosto e pode vir de seres mais controversos, irracionais e insensiveis que se pode imaginar, e como tal, nada branqueia, nada apaga... alias, Adolf Hitler e Josef Mengele, embora a titulo postumo, descobriu-se que, foram também, grandes e iméritos poetas, mas não deixaram de ser o que foram para a humanidae.

Da minha parte, se este artigo fôr publicado, sera o ponto final nesta questão inopinadamente despoletada por alguém que se auto-constuiu advogada de defesa de uma causa, onde alguém, por mera coincidência e de circunstância dos factos foi citada nesse meu artigo.

Por fim fico, deixo também a Sra Sara a minha opinião sobre a sua pessoa que não considero filho digno da Guiné, pois, bons filhos da Guiné-Bissau, são-nos, os que que aceitam a verdade e saibam assumir com humildade e contrição necessaria os erros daqueles que nos são proximos e queridos e reconhecer o mal e a dôr que causou aos outros seus irmãos. Por isso, quanto a tentar julgar-me de ser ou não bom filho da Guiné-Bissau, a sua omissão e contradição com a verdade deixam-lhe mal na fotografia para me julgar.

No entanto, deixo-lhe com estes dois sabios adagios do povo : «Quem semeia ventos colhe tempestades» e «Quem com ferro mata, com ferro sera morto».

Almiro Correia

MINISTROS PRECISAM-SE



Após a recente declaração do Ministro de Negócios Estrangeiros do governo ilegítimo da Guiné-Bissau, em que ameaçava com a possibilidade da retirada do nosso país da CPLP, decidi escrever sobre algumas saídas infelizes desse Ministro, mas a carta aberta do editor do blog “Ditadura do Consenso” e o texto de Almiro Correia publicado no mesmo blog, frenaram o meu impulso, achando que qualquer novo texto em relação a essa declaração de Faustino Imbali não viria acrescentar nada e pecaria por ser repetitivo e pobre de novidades… Mas, hoje foi daqueles poucos dias em que consigo ver o noticiário das 19h30min da RTP África.

Vi os portugueses a receberem a visita de um Nobel da Paz (Desmond Tutu), os caboverdeanos a disputarem a liderança de umas eleições autárquicas, os angolanos a reabilitarem um caminho-de-ferro, etc. Da minha Guiné-Bissau, assisti a mais uma vergonhosa entrevista do Sr. Faustino Imbali, na qualidade de Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo ilegítimo da Guiné-Bissau e uma visita do Ministro da Presidência do Conselho de Ministros da Comunicação Social e Assuntos Parlamentares do mesmo governo ilegítimo, supostamente para atrair investimentos estrangeiros, à uma fábrica de bebidas instalada na Guiné-Bissau há 3 anos, por um empresário espanhol!!!

Pergunto, mas em que mundo de amadorismo e empirismo vivem esses dois ministros!? Em que Universidades esses dois coitados estudaram Relações Internacionais, os conceitos de Micro e Macroeconomia e as regras do mercado para atração de investimentos estrangeiros!?

Quanto ao Sr. Fernando Vaz, não tenciono perder muito do meu tempo com ele. Peço-lhe apenas para não tentar ser notícia a todo o custo, mesmo tendo que desempenhar papeis ridículos como aquilo que vi hoje na RTP África. Isso porque, apesar de não pactuarem com este governo de golpistas, ainda existe guineenses que se envergonham, ao assistir a tamanha pequenez daqueles que pretendem ser representantes de um país… Gostaria que esse Ministrozeco me dissesse, de que forma acha que essa visita a essa fábrica possa atrair novos investidores para a Guiné-Bissau, quando todo o mundo sabe de cor e salteado que a Guiné-Bissau encontra-se numa situação de grave instabilidade político-militar, com consequente afastamento dos nossos principais parceiros económicos e agravamento progressivo da situação sócio-económica…?

Nesse contexto, a visita à uma fábrica de sucesso (convém realçar sempre que se instalou há três anos na Guiné-Bissau e não durante o mandato do atual governo ilegítimo), transforma-se apenas numa clara demonstração da pequenez, falta de visão e défice de postura de estadista, de alguém que não faz a mais pálida ideia o que é a arte de governar um país… A desorientação é gritante!

Mas, no desenrolar do noticiário, a vergonha guineense começou com a entrevista do suposto Ministro de Negócios Estrangeiros, com quem o jornalista fez questão de gozar, sem ele se aperceber do ridículo que estava a ser! Começou por garantir, como se estivesse munido de uma varinha de condão, que jamais haverá golpes de estado na Guiné-Bissau. Não foi capaz de justificar essa sua afirmação, demojstrando clara cumplicidade com os militares, já que essa afirmação não passa de chavões já repetidos por outros CEMGFA. Agora, em vez de ouvirmos essa garantia da boca do principal ator do último golpe de estado, essa afirmação não fundamentada, saiu da boca de alguém que se afirma Ministro dos Negócios Estrangeiros de um país!

Avançou na entrevista afirmando também que a Guiné-Bissau tinha sido reconhecida pela Comunidade Internacional, referindo-se especificamente a CEDEAO. O jornalista lembrou-lhe e bem que a CEDEAO era apenas uma organização regional… Após umas baboseiras pelo meio, lá terminou a entrevista a dizer timidamente, em jeito de “recado de boca pequena” aos governantes portugueses, qualquer coisa como: para a Guiné-Bissau, o principal parceiro económico ou a referência da Comunidade Internacional para a Guiné-Bissau, é Lisboa!!!

Sr. Faustino Imbali,

“Tire o cavalinho da chuva” e oriente as suas energias a pedinchar algo mais a CEDEA O, porque com este governo português, não vai ter sorte, enquanto não reporem completamente a legalidade constitucional… Quando cozinharam o golpe e formaram governo, deviam também calcular o risco de colocar o país num isolamento económico e todas as consequências que daí poderiam advir. O Sr. Faustino Imbali não sabia que corria o risco de se tornar no Ministro dos Negócios com menos de meia-dúzia de países, em vez de um verdadeiro Ministro dos Negócios Estrangeiros? A dita Comunidade Internacional pode até não estar interessado em aplicar-se muito em homens e dinheiro para resolução das constantes instabilidades de um dos países mais pobres do mundo, mas também garanto-lhe que não estão nem estarão dispostos a apoiar financeiramente um governo fantoche saído de um golpe de estado.

Voltando a entrevista anterior em que o Sr. Faustino Imbali ameaçava com a saída da Guiné-Bissau da CPLP, queria apenas perguntar-lhe, se não era melhor inscrever-se antes num curso de verão de Relações internacionais, antes de vir proferir baboseiras para a comunicação social?

Nessa entrevista o Sr. Faustino Imbali dizia que a Guiné-Bissau é um país soberano e independente!

Pergunto ao Sr. Faustino Imbali, que país independente é esse e que independência é essa, quando o povo é oprimido, impedido de se manifestar, quando exige a reposição da legalidade constitucional? A quem compete defender a soberania do país? Os militares? Quem delegou essa função aos militares? O Governo de transição? E QUEM DELEGOU ESSA REPRESENTATIVIDADE AO GOVERNO TRANSIÇÃO? O POVO É QUE NÃO FOI! Portanto, o conceito da independência e soberania de um país, sem a independência e soberania do seu povo, é muito difícil de explicar a pessoas que têm a mínima capacidade de raciocínio… Estude e pesquise, antes de vir falar para a comunicação social. Ser Ministro também implica estudo e rigor nas palavras e nos actos.

O Senhor Faustino Imbali quer dialogar com a CPLP, Portugal e a União Europeia, para quê!? Para tentar passar a imagem de que as pessoas que formaram este governo fantoche não passam de quadros patriotas dispostos a sacrificar as suas vidas pessoais para encontrarem uma saída para a crise que se instalou após o golpe de 12 de Abril, com o qual não pactuam mas também não condenam?

Caro Faustino Imbali, com a tecnologia de informação, o mundo hoje tornou-se muito pequeno. Por isso, assim como a maioria dos guineenses, dentro e fora do país, todos os atores internacionais e regionais, a começar pela CEDEAO, sabem perfeitamente que este golpe foi cozinhado entre os cinco candidatos a Presidência da República contestatários das últimas eleições, com Kumba Yalá a cabeça, o PRS, os opositores de CADOGO dentro do PAIGC e os assassinos cobardes da nossa praça com fardas de militares, encabeçados pelo António Indjai… Não adianta tentar explicar o óbvio. Já devia saber que um dia serão responsabilizados pelo estado socioeconómico a que estão a submeter os guineenses hoje e nos próximos tempos, tudo para satisfazer a vossa cega ganância do poder.  

Contrariamente ao que afirma o Sr. Faustino Imbali na sua entrevista, este governo não pode nunca ser constituído por quadros tecnicamente capazes, porque qualquer quadro tecnicamente capaz e patriota, não devia aceitar integrar um governo saído de um ato de violência, como é um golpe de estado, porque aceita logo a partida trabalhar condicionado pelos militares, verdadeiros detentores do poder no país. Também, qualquer quadro minimamente capaz deve saber projetar o seu desempenho num determinado cargo ou funções, antes de os assumir, obviamente com pequenos desvios.

Este governo de fantoches e os seus apoiantes de visão fraca, só depois de algumas agressões verbais a Portugal, ao seu Ministro dos Negócios Estrangeiros e a União Europeia, começaram a perceber que a Guiné-Bissau é um país pobre, muito dependente da Europa e do resto de mundo e que a “porta” para esse espaço internacional situa-se em Lisboa e quem tem a chave é o governo português, na pessoa do seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, por seu lado apoiante da concertação a volta da CPLP... Se demoraram para perceber isso, coitado do povo guineense nos próximos tempos!

Na ânsia cega para o poder e na emoção da revolução e do patriotismo barato, agridiram tudo e todos e só depois começaram a cair na realidade e agora pedem para conversar… Isto é aquilo que se diz na nossa terra “minino curridur, lebal réia”.

Para terminar, queria dizer de que é minha impressão de que Daba Na Walna foi afastado para o segundo plano, não por doença, mas sim por questões de luta para o protagonismo entre quem tem alguma formação e um analfabruto que comanda uma máquina de assassinar…

Jorge Herbert"

Obrigado.



You can learn me

"Olá,

Queria ter-te escrito uma carta de "amor" - vês, odeio expor-me?. Não o faço há uns anos, desde o Y, mas a situação era outra, estávamos apaixonados um pelo outro, havia reciprocidade. Mas não faz mal. Porque todas as cartas de amor sao ridículas...

Em vez disso, alguma coisa em ti, no que disseste um dia sobre ires para longe sem família lembrou-me uma das cenas do "Constant Gardener", em que eles se conheceram como nós e nunca mais se separaram. E quando se conheceram ele ia ser destacado para África - não sei se viste ou se te lembras. E ela, Tessa, simplesmente entrou no escritório dele e disse: "leva-me". E a cena, que tirei da net, tem este diálogo absolutamente fabuloso e terno, em que para ela é tudo tão simples e óbvio que quando ele diz "mas mal te conheço" ela responde "You can Learn me".

Se noutra vida, as circunstâncias fossem outras eu teria feito como Tessa. Ia contigo para qualquer lado. E dizia-te "You can learn me".

E acho que não havia carta de amor mais bonita que eu pudesse escrever em vez deste diálogo e esta cena deles que amo. Porque se não fosse hipoteticamente, eu diria mesmo que tu és um profissional excepcional, que me encho de orgulho cada vez que descubro um trabalho teu, que te vejo e que iria contigo para qualquer lado. Porque somos muito diferentes, mas muito compatíveis. E se tu não me vês tão bem quanto eu te vejo, diria "you can learn me" cada vez que tivesses dúvidas."

Obrigado. AAS

Guiné-Bissau, a província mais a Sul do Senegal...


Foi decidido em reunião de Conselho de Ministros, o destino a dar às duas aeronaves apreendidas no ambito do combate ao narcotráfico. O avião cargueiro vai ser vendido, e segundo informações de que o DC dispõe ja existe um potencial comprador no Senegal, que, era nem mais nem menos o mesmo indivíduo que agenciava o avião a partir de Dakar e com quem o Eng° Domingos trabalhava.

Esse aparelho foi propsitadamente modificado para passar a levar mais carga - dizia-se para comercialização de peixe. O avião, um Falcon, vai ser afectado à FISCAP para... patrulhamento maritimo!!! Segundo consta, como o mesmo sofre de uma avaria, vai ser alegadamente enviado para reparação no estrangeiro. Porém, tal não passa de mero subterfúgio para "revender" aos seus donos, os mesmo colombianos que levaram o avião com droga para Bissau.

Há boa massa a ser repartido entre alguns membros do 'governo' e altas figuras da estrutura militar. O negócio foi montado, sob orientação do BNT e diligenciado pelo Faustino Imbali a partir dos seus contactos no Burkina-Faso e com outras cumplicidades... Esse avião nunca mais regressará à Guiné-Bissau, pois o alibi da reparação é a sua revenda sem que o dinheiro passe pelos cofres do Estado. Não vos faz lembrar a famosa história do avião que o Ansumane Mané vendeu?...

Outra trapalhice:

O 'governo' mandatou FI para negociar com os operadores económicos senegaleses a exportação da castanha de caju da Guiné-Bissau via Senegal, onde estranhamente o custo do preço da tonelada da castanha de caju custa mais de 250 dólares do que se oferece à Guiné-Bissau. Para além da quebra de mais de 40% das exportaçãoes previstas para este ani, vai esse golpe para acabar com a unica esperança de equilibrio financeiro de que dispõem os nossos agricultores.

O Governo Senegales, astuto como sempre, prometeu o estebelecimento de um cordão de segurança para permitir a evecuação do produto. Uma forma inteligente de mostrar os músculos e poderio militar no nosso território a coberto de um fim económico que não seja na verdade, nem mais nem menos do que afastar a ameaça dos homens do MFDC sobre o território senegalês. As receitas e contrapartidas dessa "exportação" pela porta dos fundos vai... direitinho para os bolsos dos militares e da entourage do KY.
Paulatinamente estamos a ser a província mais a sul do Senegal. AAS

Ai, o nosso mar...


Herculano Encada, filho do deputado do PRS, Embunhe Encada, foi nomeado director administrativo e financeiro da secretaria de Estado das Pescas. Esse senhor é dono de uma frota de navios de pesca e representa os interesses coreanos e gregos na...mesma área! AAS

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Eu (também) vou solidarizar-me


 
Concerto de Solidariedade
“I KASSA KU NÔ MISTI KUMPU”

A Favor da Casa de Acolhimento “Fraternidade” da Fundação Ricardo Sanhá
29 de Junho – Sexta-Feira – Aula Magna – 21h30
 
A Fundação Ricardo Sanhá, criada em 2009, e reconhecida em Portugal como Entidade de Utilidade Pública, tem a seu cargo a Casa de Acolhimento “Fraternidade”, que recebe os doentes guineenses que chegam da Guiné-Bissau com Junta Médica, mas sem quaisquer outros apoios de subsistência  ou medicamentosa.

A Casa de Acolhimento “Fraternidade” tem recebido os doentes e concedido todos os apoios e acompanhamento necessários, sem quaisquer apoios das autoridades guineenses, apesar de protocolos assinados para esse fim.

Visto que as despesas, que são inteiramente suportadas pela Fundação Ricardo Sanhá, têm vindo a aumentar, a entidade vê-se perante a necessidade de organizar eventos com o intuito de angariar fundos necessários para ajudar a manutenção Dos referidos apoios concedidos aos doentes guineenses em Portugal.

É neste sentido que a Fundação Ricardo Sanhá vai realizar no próximo dia 29 de Junho, Sexta-Feira, na Aula Magna da Universidade de Lisboa, pelas 21h30, um Concerto de Solidariedade subordinado ao tema “I KASSA KU NÔ MISTI KUMPU” (“Queremos Erguer Uma Casa”) e que vai contar com grandes referências da música da Guiné-Bissau, tais como SUPER MAMA DJOMBO, MANECAS COSTA, MICAS CABRAL, MAIO COOPÉ, AMINATA INDJAI e os BBK, sob a Direcção Artística do conhecido músico e produtor guineense JUCA DELGADO.
Os fundos revertem a favor da Casa de Acolhimento “Fraternidade”, da Fundação Ricardo Sanhá, sita no Bairro de Chelas, em Lisboa
 
Contacto:
Ricardo Sanhá – Presidente da Fundação Ricardo Sanhá – 96 845 37 71

Paz e insônias




Olá Aly,
 
Votos que tudo esteja bem contigo.
 
As minhas desculpas por estar a usar o teu blog para este fim, mas sei que me compreenderás.
 
"Sr. Correia,

Acredito que o morto jamais ressuscitaria para se defender, e continua a causar-lhe transtorno, falta de paz e insónias. Por isso, compreendo a razão da sua escrita porque, a voz da sua consciência tem-lhe provocado insónia, e é natural que se agarre numa caneta/teclado e escreva, para que o  o seu fuso horário se torne mais curto, pensando que desta forma consegue omitir a pura verdade.

Interessante o que escreveu e preocupada fiquei após a leitura! Gostaria de prestar-lhe alguma ajuda, infelizmento não encontrei.
 
Lamento profundamente porque, gostaria que fosse possível ajudar-lhe a ter, o mesmo deitar e levantar que temos tido com o desaparecimento do You:
 
Um deitar e levantar de eterna paz e tranquilidade( não fomos cumplices e nem temos as mãos sujas de sangue);
 
Um deitar e acordar de infinita dor;
 
Um deitar e acordar de ETERNA SAUDADE; 
 
Um deitar e acordar de AMOR eterno;
 
Estes deitar e levantar nos acompanhará até encontrarmos com ele .
 
Dou-lhe os meus parabéns por se deixar transparecer que homens como você a Guiné não merece ter como filho.
 
Sara E. T."