sábado, 19 de julho de 2014
OPINIÃO: A isto chamamos escola
Estas imagens demonstram, em parte, o tamanho dos desafios que a sociedade civil, e sobretudo, as novas autoridades têm pela frente. Num momento em que se fala da educação como uma das prioridades da nova governação democrática, trago ao conhecimento público estas “tristes” imagens que expressam o estado de “arte” da educação na Guiné-Bissau.
Na aldeia de Kamquébu situada no sector de Mansabá, região de Oio, um pouco mais de 100 crianças frequentam diariamente esta “escola” que vemos nas imagens, e assim, nessas condições desumanas, elas vão-se preparando para amanhã se tornarem em homens e mulheres escolarizados, formados e preparados para os desafios de desenvolvimento.
O mais caricato de toda esta realidade, é que, alguns metros mais a frente, podem-se ver troncos de madeira (pau de sangue) espalhados, um pouco por todo o lado, a espera de serem transportados para Bissau e daqui para a China. São troncos de árvores subtraídos das florestas que pertencem também ao território da aldeia de Kanquébu, madeira essa que tanta falta faz para a confecção de portas, carteiras, mesas e quadros de que carece a escola. E retomando o nosso caricato cenário, só falta dizer que todo esse negócio passa-se nas barbas das autoridades e num contexto de total desrespeito pelas palavras do Presidente da República e do 1º Ministro que haviam ambos, e a viva voz, interditado toda a exportação de madeira
A decisão mais sábia que se podia tomar neste momento, era, ordenar a confiscação de toda essa madeira e mandar confeccionar carteiras, portas, janelas, mesas, armários e quadros para as escolas das respectivas regiões onde essas florestas estão sendo devastadas.
A população, de certeza que aplaudiria a decisão, as crianças e as famílias, essas sim, sentir-se-iam orgulhosas dos seus dirigentes.
H. A."