quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Reformas tu, recruto eu
«Enquanto a Sociedade Civil guineense, a Comunidade Internacional, os parceiros do desenvolvimento, advogam a reforma das Forças Armadas e a consequente redução do seu pletórico efetivo e aligeirar o orçamento do estado com essa estirpe de parasitas sociais, o fogoso General, esse, esta completamente virado para outros lados.
Sem dar cavaco a ninguém, sem pedir autorização a quem quer que seja, sem perguntar com que meios sustenta-los, o General dá-se ao luxo de andar a brincar às recrutas num contexto de penuria social e financeira sem precedentes no pais. Logo de uma assentada, o General decide o recrutamento para o "seu" exercito 2.500 mancebos que estão a receber "instrução militar" no Centro de Instrução Militar de Cuméré, sendo estes sustentados pelo erário publico apesar do Estado/Governo não ter sido, nem ouvido nem achado nessa inusitada tomada de decisão unilateral do todo poderoso e omnipresente General.
Ao levar a cabo, por iniciativa própria esse recrutamento num contexto de apelo a "desmilitarização" da sociedade guineense, o General mostra a CEDEAO, o principal patrocinador do golpe e toda a CI, de que ele tem uma agenda própria na crise guineense e, essa agenda passa pela manutenção do status quo vigente, isto é, instituições corruptas, frágeis e subservientes aos seus desmandos e do seu séquito de militares e políticos golpistas.
Constata-se que, uma boa parte desses recrutas tem mais de 40 anos de idade, entre eles, diga-se de passagem, a grande maioria, são jovens brasas, filhos, sobrinhos, cunhados, tios, diretamente mobilizados nas suas longínquas tabancas e baracas de fanado, para, apos a praxe de "santa praça", passarem a sua especialidade favorita que é, a educar à lei da porrada essa gentalha da praça, "burmedjus", "os anti golpe", "os cadoguistas" e os autointitulados "anti-balantas".
Porquê essa necessidade urgente do General em recrutar em tempo de tão grave crise, quiçá das mais profundas que o nosso pais atravessou até a data ?
O General lá saberá das suas razões, porém, é nossa convicção de que, o medo que assola o General e a tomada de consciência do acentuado isolamento e encurralamento o terá levado a recorrer a essa cosmética de recrutamento alargado, para escamotear uma nítida pretensão de reforçar a sua guarda pretoriana, rodeando-se assim de novos e fieis mancebos, preferencialmente da sua etnia, seus parentes próximos e, consequentemente indefectíveis garantes da defesa da amplamente propalada causa da "etnia eternamente marginalizada" .
E sabido de que, o General se sente cada vez mais isolado, mesmo entre os seus é perceptível esse seu desassossego, a confiança não reina no seu espirito. Ele desconfia de todo o mundo, pois tem consciência de que, o seu ciclo esta a chegar ao fim, pois, ou é apanhado pelos ianques tal como o seu comparsa Bubo (hipótese que não esta longe de se realizar), ou é "posto fora do comboio" pelos seus pares golpistas (Dahaba Na Walma e Sousa Cordeiro se perfilham como Judas). Alias, as ultimas saídas mediáticas, caracterizado por ataques virulentos ao governo, o recurso a um discurso de refugio, apelando à defesa da causa balanta como elemento aglutinador para garantir a sua sobrevivência, são sintomas claros de que o desnorte e o medo se apoderou do General.
Contudo, face ao cenário de degradação e indecência humana que o General mostra estarem a viver os seus "bravos" militares, qual fénix, os eternos e, sempre renascidos "combatentes da liberdade da pátria", queremos saber, como, e com que meios ira ele enquadrar, sustentar, alimentar, alojar essa massa humana, em cujas fileiras se encontra uma boa corjada de novos potenciais marginais devidamente formatos para a anarquia e a desordem em nome do General e da sua tribo.
Júlio Nhaté
Sociólogo/Desempregado
PS: Não podia deixar de lamentar, a morte de 3 "recrutas" que, segundo informações fidedignas, foram premeditadamente urdidas e visavam um núcleo especifico de paramilitares , por sinal, até já bem formados, os quais foram levados ao Centro de Instrução como mero argumento de ajuste de contas.
Por estas e outras razões as novas autoridades democrática a emergir na Guiné-Bissau pós golpe deve pensar no recurso ao Tribunal Penal Internacional para levar a essa instância muitos crimes de suposto premeditação genocidiária que esta sendo praticada nesse pais sob regime militar.
J.N.»