quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Guiné-Conacry desmarca-se da CEDEAO


"Não estamos de acordo com a solução tomada pela CEDEAO"

Na altura da investidura do presidente Macky Sall no mês de maio 2012 em Dakar, o presidente Alpha Condé foi designado pelos seus pares como o mediador da crise politico-militar que sacudia a Guiné Bissau. Uma mediação que, relembre-se, suscitou vivas contestações da parte de certos protagonistas desta crise, nomeadamente o antigo presidente Koumba Yala. Este politico acusa o mediador encarregue dessa crise, de proximidade com os seus adversarios politicos do PAIGC, partido cujo candidato se destacou largamente à frente no rescaldo da primeira volta das eleições presidenciais.

Tendo-se campado numa dupla recusa sistematica e intransigente, sobre a pessoa do mediador e sobre os resultados saido das urnas, Koumba Yala incitaria de seguida, os militares à confiscarem a ordem constitucional. Desde essa altura, Conakry, que desejaria ver rapidamente realizado a segunda volta das presidenciais, marcou passo, senão auto-suspendou-se do dossier em sinal de desacordo com as posições da CEDEAO a qual, esse pais julga condescente face a junta militar que tomou conta do poder através de um golpe de estado.

Eis o que, o Ministro Fall explicou à imprensa para justificar a posição da Guiné-Conakry sobre este dossier da Guiné-Bissau:

«No que concerne a Guiné-Bissau, voçês dão-me ocasião de falar claramente da posição do nosso pais. E evidente que nos previmos e sentimos a crise em Bissau e não foi minimamente uma surpresa para nôs. A Guiné-Bissau estava em pleno processo eleitoral. A primeira volta das eleições decorreu da melhor forma, a comunidade internacional caucionou os resultados dessa primeira volta das eleições presidenciais. Porém, os derrotados nessa primeira volta, não aceitaram a vitoria do outro campo e começamos a comprender que em Bissau, os homens politicos estavam em vias de instigar os militares a tomarem o poder. Como havia um acordo entre o governo da Guiné-Bissau e Angola para a instalação de uma presença militar, eles começaram a solicitar a saida das forças militares angolanas do pais.

O presidente da Republica, Alpha Condé, apos ter contactado com o Representante Especial das Nações Unidas em Bissau, enviou-me junto ao presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara que é o presidente em exercicio da CEDEAO para que uma posição seja tomada rapidamente a fim de proteger o processo eleitoral, manter a ordem constitucional e organizar a segunda volta das eleições. Este cenario deveria passar pela manutenção nesse pais das forças militares angolanas até que, a CEDEAO enviasse tropas para securizar o processo eleitoral e as instituições da transição. Foi apos essa missão de Abidjan que as coisas se precipitaram em Bissau. O que tinhamos previsto acabou por acontecer, pois houve um golpe de estado.

Porém, a posição da Guiné-Conakry sobre a Guiné-Bissau, é diferente do tratamento que lhe foi dado. Nos não estamos minimamente de acordo com a solução encontrada e imposta pela CEDEAO à crise guineense. Nos pertencemos à CEDEAO, nos somos um membro activo mas, a CEDEAO no que concerne à governação politica, ha regras bem estabelecidas e ela possui uma longa e rica experiência no que toca a gestão de crises. Ela ja resolveu problemas na Costa do Marfim, no Niger, na Guiné-Conakry, na Libéria, na Serra Leoa e em muitos outros paises. Contudo para o caso da Guiné-Bissau, a solução que foi determinada não responde aos critérios que nos aceitamos e subscrevemos conjuntamente.

Nós não podemos aceitar que na opinião internacional haja a impressão hoje de que nôs avalizamos um golpe de estado em Bissau, actos que sempre condenamos. E claro que são os derrotados nas eleições presidenciais, os que iniciaram e incitaram o golpe de estado que foram postos no poder hoje em Bissau e são eles que estão la postos para asseguar uma nova transição. Porém, não se deve proceder dessa maneira errada. E essa a razão pela qual, nos não partilhamos o ponto de vista do que passou em Bissau. Ao nivel da União Africana (UA), das Nações Unidas (NU), o governo actual não é reconhecido, é o antigo governo de transição que é reconhecido. A CEDEAO não pode assim se posicionar à margem da situação internacional, tomar uma posição que necessita de ser corrigida.

É essa a razão pela qual, a comunidade internacional solicitou uma reunião urgente entre a CEDEAO, a UA, a CPLP, a UE e as NU para, que uma solução normal seja encontrada. E esta a posição que a Guiné-Conakry defende na crise de Bissau. Nós estimamos que é essa, a solução da razão, da justiça, do direito e também dos principios que regulam a tomada de poder pelos metodos constitucionais. E por isso, que a nossa mediação em Bissau não foi activa, apesar do presidente Condé continuar a ser o mediador dessa crise. Contudo a mediação que o presidente Alpha Condé faz e continuara a fazer, é de que se revenha aos valores que sempre guiaram a nossa organização sub-regional em matéria de crises ocorridos nos paises membros. Eu estou certo de que essa situação sera corrigida em Bissau de um momento à outro.»

Amara Moro Camara

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