“Acho a tua profissão deveras estranha. O que achas? Um abraço, D.”
“D.,
Algumas pessoas acham a (minha) profissão de jornalista “estranha”. E eu fui ao ponto de pensar se devia mudar de profissão. Há um momento na vida de cada um em que paramos e nos perguntamos se o que estamos a fazer tem algum propósito.
Devo a um amigo a minha primeira palestra em Bissau - dada a alunos pré-universitários - para falar da minha experiência enquanto jornalista e acabei a fazer campanha política, o que deixou o professor ‘alarmado’. Isso deu azo a muita gargalhada dentro da sala, mas os alunos colaboraram bastante o que tornou a situação, digamos assim, tolerável.
Depois da aula, e já fora da sala, fui automaticamente cercado por cerca de vinte alunos, o que me assustou bastante. Na aula, tremia que nem uma vara verde. Foi a gota de água que faltava. Ou seja, palestras não são comigo. Nunca me imaginei a dar palestras longas, cansativas, divagantes e esotéricas.
Durante a guerra de 1998/99, fui convidado, na qualidade de jornalista do semanário «O Independente», e de guineense, para ser orador uma conferência na Universidade do Algarve. A coisa até que correu bem uma vez que, no final, o reitor pediu-me que oferecesse a minha comunicação à Universidade, o que fiz com muito prazer e não menos orgulho. E foi ainda enviada uma carta de agradecimento qo jornal, enaltecendo a minha intervenção no campus.
Outra vez fui até abordado para leccionar numa universidade de Bissau. Adorava de facto aquela ideia apaixonante de ensinar, mas rapidamente conclui que, no fundo, eu também não era um académico. Posto isto, deixa-me mas é ir lixar outros. E tu devias fazer o mesmo. AAS”