"Falta excitador à televisão pública
A Televisão da Guiné-Bissau (TGB) está há três meses sem emissão regular devido a uma avaria no emissor que custa 150 mil euros, verba que o director-geral da estação, Eusébio Nunes, diz não possuir.
Há três meses que a TGB, única estação de televisão na Guiné-Bissau, emite escassas horas durante a noite, limitando-se a poucas notícias do telejornal e alguma publicidade.
À Agência Lusa, Eusébio Nunes explicou que a avaria no excitador do emissor (aparelho que propaga o sinal) é só parte de um "conjunto de problemas" que afectam a TGB ao ponto de os trabalhadores da estação admitirem o seu encerramento temporário.
"A avaria (no excitador) é parte de um conjunto de problemas que já existe há muitos anos. Há equipamentos que foram descontinuados, porque estão em funcionamento há vinte anos sem manutenção e as fábricas onde foram produzidos já não existem", contou o director-geral da TGB.
Eusébio Nunes deu o exemplo do excitador do emissor agora avariado mas que não pode ser substituído porque a fábrica onde foi fabricado já não existe.
O problema, referiu ainda o director da TGB, foi mais visível na campanha eleitoral para as eleições presidenciais recentemente realizadas no país, durante a qual a televisão praticamente não emitiu.
O excitador avariado foi enviado para Portugal na esperança de ser reparado pela RTP, mas chegou-se a conclusão que era melhor comprar um emissor novo, só que os custos apresentados ao Governo, 40 mil euros, afinal não correspondem ao preço real do mercado.
"O Governo arranjou esse valor, contactou-se a fábrica, só que esta já tinha sido encerrada há cinco anos. O Governo contactou um novo fornecedor que lhe indicou que um emissor novo ronda 150 mil euros", explicou Eusébio Nunes.
O Governo está agora em contacto com uma empresa espanhola e Eusébio Nunes espera que dentro de uma semana a "situação fique resolvida".
Até lá a televisão vai funcionando com uma câmara, uma unidade de montagem e uma máquina na "régie".
"Em todas as áreas há problemas: na central técnica, na régie de áudio e de vídeo, só temos uma unidade de edição com uma ilha de montagem... Torna-se difícil fazer televisão", afirmou o director da TGB.
"O telejornal é feito com uma máquina. Se não alinharmos as notícias numa única cassete, o apresentador tem que ler lento para que o técnico possa trocar de cassetes", contou.
Os estúdios da televisão não puderam ser visitados pela Lusa, "porque não há electricidade e a sala está escura".
O comité dos trabalhadores já colocou a hipótese de a estação ser encerrada até que haja condições de funcionamento. O director-geral da TGB concorda com a ideia, mas julga que o Governo nem quer ouvir falar desse cenário, devido a um imperativo constitucional.
"A constituição diz que o país deve ter uma televisão, uma rádio, uma agência de notícias e um jornal do Estado", declarou o director-geral da TGB, que tem esperança nos contactos que as autoridades de Bissau têm feito junto do Governo de Angola para resolver o problema.
Lusa/Mussá Baldé"