domingo, 17 de junho de 2012

Dia da Criança Africana: Mensagem do Presidente da República de Cabo Verde


Celebramos hoje, 16 de Junho, o dia da criança africana, ocasião simbólica importante para, em primeiro lugar, manifestar nosso afecto e respeito a todos os meninos e meninas que, de forma ímpar, expressam, em seus olhares e sorrisos, a força, a esperança e a confiança no futuro deste continente tão belo e diverso, e tão cheio de potencialidades e de desafios para as gerações presentes e vindouras.

A capacidade que existe nestes pequenos cidadãos de transformar o mundo e de fazê-lo muito mais gracioso e agradável à vida foi, aliás, de modo exemplar, retratada na música “Os meninos do Huambo”: eles “dividem a chuva miudinha pelo milho, multiplicam o vento pelo mar, soltam ao céu as estrelas já escritas, constelações que brilham sempre sem parar.”

A efeméride, no entanto, não se presta apenas ao regozijo. Só poderia fazê-lo se hoje em África todas as crianças tivessem preservado o seu direito a crescer num ambiente saudável, com protecção especial e todas as facilidades e oportunidades para se desenvolverem plenamente, com liberdade e dignidade, conforme os princípios da Declaração dos Direitos das Crianças. Infelizmente, tais princípios e os direitos das crianças consagrados em importantes documentos internacionais - como o direito à vida, à liberdade, a obrigações dos pais, da sociedade e do Estado em relação à sua protecção -, ainda estão longe de serem alcançados. Por este motivo, esta data tem se caracterizado, desde a sua fixação, como um acto igualmente político.

O 16 de Junho, além de enaltecer as crianças de toda a África deve favorecer um conjunto articulado de esforços que, oriundo de diversos actores sociais, sirva de alerta geral às sociedades e respectivas autoridades para a necessidade de se garantir às crianças um desenvolvimento com harmonia, nos aspectos físico, espiritual, psicológico, moral e social.

O 16 de Junho deste ano de 2012 se propõe a reafirmar, em especial, os direitos daquelas crianças que, dentre as demais, necessita de um olhar distinto – as crianças com deficiência. Estas, sabemo-lo, demandam condições que garantam sua dignidade, promovam sua autoconfiança e a sua participação activa na comunidade, conforme explicitamente estabelecido no artigo 13 da Carta Africana sobre os Direitos e o Bem-estar das Crianças. Todos os Estados signatários deste documento devem, assim, tudo fazerem para assegurar às crianças com deficiência e a seus respectivos responsáveis a assistência necessária e apropriada à sua condição.

Cabo Verde é considerado o país da sub-região africana que mais respeita os direitos da criança. A nossa Constituição é clara em relação aos direitos das crianças e ao dever das famílias e do Estado em garanti-los e, brevemente, o país terá um Estatuto da Criança e do Adolescente. Tais instrumentos consubstanciam um quadro legal e político extremamente positivo. Todavia, há um longo caminho a percorrer para que tais direitos sejam totalmente efectivados.

Para a garantia dos direitos das nossas crianças serão necessárias políticas verdadeiramente capazes de combater os problemas de carácter social, com enfoque no combate à pobreza das famílias, com impacto directo nas crianças. Questões particulares carecem de atenção especial, como a gravidez indesejada que atinge cerca de 15% de adolescentes; o abandono escolar; o envolvimento de crianças e adolescentes com a violência e com as drogas; o abuso e as agressões sexuais contra as crianças, e, em especial, a condição diferente da criança portadora de deficiência.

Apraz-nos registar que um número crescente de organizações da sociedade civil tem-se dedicado à protecção e promoção dos direitos das crianças com deficiência e aproveitamos a oportunidade para expressar o nosso profundo reconhecimento por essa entrega solidária. Exortamos essas organizações, as entidades publicas com particulares responsabilidades na matéria e os cidadãos em geral a reforçarem a sua contribuição a esta causa, cabo-verdiana, africana e mundial, para que cada criança, com deficiência ou não, tenha, como dizia o poeta “ um sorriso na corp inter”.

Apelamos, em síntese, a um olhar solidário e a uma forte consciência dos deveres dos poderes públicos e da cidadania nesta matéria, num mundo onde as crianças são o presente e continuam, sim, a ser a nossa esperança no futuro.

Jorge Carlos Fonseca
Presidente da República

Bissau


“Venham daí esses ossos!”. Cruzamo-nos, por acaso, ia eu a atravessar a rua em direcção à fortaleza da Amura. Abraçamo-nos e depois afastou-se. «Olha só para ti, estás um homem!». Este meu amigo costumava parar no bar «Escondidinho» – que fica na esquina da escola «Marques Palmeirim». Chegava de sorriso aberto, ao final da tarde, depois de grandes caminhadas pelo dia e depois de noites que só ele sabia viver. «Já estou de abalada», dizia isso sem ressentimentos nem temor. Aliás, começou a dizer isto – contaram-me – ia nos quarenta. Durou mais vinte e um; depois, sossegadamente, cerrou as persianas feitas de colmo e foi embora.

E adorava falar de mulheres - «Na minha idade é que era, vocês hoje vão para a cama por tudo e por nada». E tinha razão. Estamos sempre a ir para a cama; de manhã, à tarde e à noite. Pela primeira vez ouvi-o falar da violência da terra, dos ardores do sexo e de gente que se maltratava por um corpo quente de mulher. De gente que ele viu matar por um desvio de águas ou pela aleivosia de um dito mal interpretado. O meu amigo não era de percorrer tabernas, não. O «Escondidinho» enchia-lhe todas as medidas. Bebia o seu tinto, conversava, rindo de riso breve, ouvindo histórias. Histórias como aquelas que ele próprio contava, bem entendido; e contava-as numa toada lenta e despedida de deselegâncias.

Porém, vivia sempre o seu tempo. Nesse encontro, dois anos antes da sua morte, lembramos muitas coisas. Contou-me que enviuvara há cinco anos. A mulher morreu na sala de operações, em pleno parto, por falha de electricidade. «Ninguém contava com aquilo, foi terrível». Fez-se um silêncio sepulcral. Não consegui olhá-lo olhos nos olhos. Senti-me enfraquecido e a desfalecer e culpado por não saber o que dizer para confortá-lo. «Pelo menos ainda temos o ‘Escondidinho’» - disse-lhe. E fomos entrando. Voltou a desabafar. «Os amigos morreram todos; o Ucha, o Fernandinho...O último foi o teu pai» – disse-me. O meu pai morrera nesse ano, mais precisamente.

Fiquei então a saber aquilo que anos a fio me apoquentava: ou seja, o que este meu amigo procurava no «Escondidinho»: Letrado, ele procurava apenas a ração de afecto, os gomos de ternura que, confirmou-mo um dia, só a sua pacata e recôndita aldeia lhe poderia realmente oferecer. Bebíamos, de vez por outra mais do que manda a lei do equilíbrio; e, sobretudo conversávamos muito. E nós ouvíamo-lo muitíssimo. Ele percebera que perdera o tom da época; que a sua época era outra e que sobre essa época outra escrevera tudo quanto tinha de escrever. Porém manteve-se interessado. Lia o que os outros escreviam.

Certa tarde – contou-me o senhor Zé do «Escondidinho» - decidiu que chegara a hora de regressar à sua aldeia. E eles iam lá, vê-lo e conversá-lo. «Bebíamos agora um pouco e devagar». O meu amigo, sábio e antigo, quedava-se agora no batente da porta, no silêncio da tarde, no silêncio de todas as tardes. «Já nem havia palavra, aliás», sussurrou-me o senhor Zé. Depois, confidenciou-me, «ergueu-se e, pausadamente, atravessou os umbrais da eternidade».

António Aly Silva
Jornalista

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sob pressão



O presidente de Cabo Verde manteve hoje (sexta-feira) a pressão sobre o regresso à normalidade democrática na Guiné-Bissau e manifestou-se favorável à adesão da Guiné - Equatorial à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Jorge Carlos Fonseca, numa conferência de imprensa na Cidade da Praia, salientou que os encontros oficiais que manteve com as autoridades portuguesas em Lisboa, durante a visita de Estado de segunda e terça-feira, reforçaram a ideia defendida por Cabo Verde na busca de uma solução que passe sobretudo pelas Nações Unidas.
  
"A solução tem de passar pelo respeito pela ordem constitucional. É evidente que a segunda volta das eleições presidenciais não é exequível já. Tem de haver soluções realistas e pragmáticas, que passem pelo Conselho de Segurança da ONU e que vinculem a União Africana (UA) e a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental)", frisou. Ao salientar que a situação na Guiné-Bissau, afectada por um golpe de Estado a 12 de Abril e cujo Comando Militar se mantém no poder, "continua a ser muito plástica", Jorge Carlos Fonseca referiu que a posição portuguesa, "no essencial", não difere da de Cabo Verde. 

O presidente cabo-verdiano salientou que as posições dos dois países saíram reforçadas depois de encontros com o presidente, Primeiro-ministro e outras personalidades políticas de Portugal, bem como na reunião que manteve em Lisboa com o primeiro-ministro guineense deposto, Carlos Gomes Júnior, cujo teor não adiantou. Sobre a eventual adesão da Guiné Equatorial à CPLP, Jorge Calos Fonseca indicou que a cimeira de Maputo, em Julho próximo, irá analisar o "roteiro de requisitos" que as autoridades de Malabo acederam em cumprir há dois anos e que, mediante a análise, se decidirá pela entrada ou por conceder "mais tempo".
   
"Obviamente que a Guiné - Equatorial não é uma democracia perfeita. Vamos aguardar pelo relatório", disse, admitindo que, por causa do petróleo, a adesão do país centro -africano "é apetecível" para os interesses económicos dos "oito". A 20 de Fevereiro, o Primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, afirmou que a posição oficial da Cidade da Praia passa por apoiar a entrada da Guiné Equatorial na CPLP, mas desde que Malabo cumpra os pressupostos estatutários da organização, definidos na cimeira de Luanda. O presidente da Guiné - Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, está no poder desde 1979. AngolaPress

LUTA NOSSA DE CADA DIA



“Há 10 anos nós éramos fulas, manjacos, mandingas, balantas, pepéis e outros... Somos agora uma nação de guineenses, unidade dos cabo-verdianos, unidade entre a Guiné e Cabo Verde, unidade dos nacionalistas das colônias portuguesas, unidade dos povos africanos, unidade das forças anti-imperialistas, tudo isso para melhor lutar contra o inimigo comum, o colonialismo, a dominação imperialista e contra as próprias fraquezas. Unidade e luta significa que para lutar é preciso unidade, mas para ter unidade também é preciso lutar. E isso significa que, mesmo entre nós, lutamos”

Amílcar Cabral

A tentativa de construção de uma Pátria tribalizada almejada por alguns guineenses que não pensam uma Guiné-Bissau Plural, respeitando a sua diversidade étnica e religiosa vai na contramão de sonho de Amílcar Cabral e de outros heróis que lutaram pela nossa Independência. Amílcar Cabral, ao proferir a frase acima em Havana, na década de 70 do século passado dirigia um chamado a todos (as) nós, Papel, Balanta, Felupe, Nalu, etc, que urgia pensar e construir uma NAÇÃO de todos (as) os (as) GUINEENSES e que a construção de uma Nação exige sacrifício e luta.

Dito de outra forma, Building Nation, é um processo de abnegação da minha identidade étnica para que o sentimento de nação, ou melhor, de patriotismo possa se manifestar, aceitando o outro, o meu irmão com as suas diferenças culturais, linguísticas, PA NÓ PUDI CUMÉ TUDU NA UM CABASS. Infelizmente, nossa pátria a(r)mada tem sofrido desde a proclamação da sua independência, 1973, uma triste tentativa de tribalização de acontecimentos, que muitos deles em nada dignificam uma Pátria Unida que todos nós almejamos.

Neste texto “anárquico”, quero deixar bem claro que a Guiné-Bissau não é um País que vive de conflitos tribais, nem tão pouco religiosos, portanto não vamos tentar dividir o País em mais de vinte e cinco pedaços (creio que este é número aproximado de etnias da Guiné-Bissau). Os conflitos vividos na Guiné-Bissau, sejam eles armados ou simbólicos são de viés políticos e não tribais, da forma que alguns têm tentado sustentar.

Apesar de eu ser definitivamente contra golpes, contra a tomada de poder por vias não democráticas isto não significa que tenho que dizer que algum grupo étnico é pior que o meu, ou que o meu grupo étnico é melhor que do meu vizinho. Antes de atirarmos as pedras olhemos primeiro para o lado. Quem sabe atingimos um amigo, uma namorada ou um namorado que nada tem a ver com as atitudes do seu patrício.

Conterrâneos, parece-me que a nossa querida África está a servir hoje de palco de teatro da III Guerra Mundial, que se configura em lutas de interesses políticos e econômicos das antigas metrópoles e outras potências que estão a surgir. Cabe a nós, principalmente que tivemos a oportunidade de possuir formações acadêmicas abraçarmos a nossa terra e reverter as relações de ontem e de hoje.

Os nossos irmãos que ainda em naufrágios no mediterrâneo tentando alcançar o Velho Continente não merecem o tamanho sacrifício e nem a África essa humilhação. Não podemos continuar a ser periferias e nem tão pouco quintal de quem quer que seja. Olhemos com nossos próprios, pensemos com a nossa própria cabeça e andemos com as nossas próprias pernas. Tudo se faz com a Justiça, Reconciliação e acima de tudo uma limpeza nas Instâncias Superiores do Estado. Nós não podemos continuar a ser reféns daqueles que deveriam servir ao Estado, mas que passam a servir os interesses dos inimigos do nosso POVO.

João Paulo Pinto Có
Graduado em História e Mestre em Antropologia Social.

ATENÇÃO


Contactado o Hospital Simão Mendes, garantem que "nada têm a ver com o mais recente pedido de ajuda", embora "não descartem qualquer tipo de apoio".

Assim, quem quiser ajudar o HNSM, contacte primeiro estas pessoas:

- Fodé Sanha - (+245) 6611995

- Johannes Mooij - (+245) 6849609

Muito obrigados. AAS

Desejado Lima da Costa 'convidado' a retomar funções


O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau, Desejado Lima da Costa, foi 'convidado' pelo chefe de Estado de transição, Serifo Nhamadjo, a retomar as suas funções. Lima da Costa, que falava a imprensa a saída de uma audiência com Serifo Nhamadjo, disse ter sido convidado a retomar as funções, depois de ter sido impedido de o fazer por soldados na sequência do golpe de Estado de 12 de Abril. "A CNE está a trabalhar a meio gás porque não tem presidente, não tem interlocutor, eu disse isso ao Presidente, aliás foi essa a preocupação do Presidente da República, arranjar um interlocutor que possa iniciar o diálogo com a comunidade internacional com vista aos próximos actos eleitorais", disse Lima da Costa.

"É preciso preparar a CNE, criar as condições operacionais para este período transitório a que se seguirá as eleições para o retorno à normalidade constitucional", acrescentou o presidente da CNE. Desejado Lima da Costa disse estar "em plena liberdade" pelo que vai retomar as suas funções na CNE, onde foi impedido de entrar recentemente por soldados e polícias, sem quaisquer justificações.

Lima da Costa era um dos dirigentes guineenses que se encontravam refugiados na sede da União Europeia em Bissau desde o dia do golpe, de onde saíram volvidos quase 40 dias.  
Questionado sobre se é possível realizar a segunda volta das eleições presidenciais, interrompida com o golpe de Estado, o presidente da CNE disse que essa pergunta deve ser respondida pelos políticos.

PAIGC acusa presidente em exercício da ANP de ser uma "força de bloqueio"



Angola Press
PAIGC acusa presidente em exercício do Parlamento de bloquear funcionamento

 
 
O líder da bancada parlamentar do PAIGC, partido que estava no poder na Guiné-Bissau até ao golpe de Estado, acusou o presidente em exercício do Parlamento de estar a bloquear o normal funcionamento daquele órgão.

Em conferência de imprensa, Rui Diã de Sousa acusou Ibraima Sory Djalo de não pretender acatar as orientações saídas da reunião da comissão permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento guineense) na qual ficou decidida o agendamento da eleição de uma nova mesa para presidir aos trabalhos parlamentares. Segundo o líder do grupo parlamentar do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, partido maioritário no Parlamento guineense) devem ser eleitos o novo presidente e o novo vice-presidente do órgão, diligências que Sory Djalo recusa que tenham lugar.

"Esta situação é prova inequívoca de falta de vontade política, por parte do actual presidente da mesa (da ANP), na condução do processo de retorno à ordem constitucional no país tal como vem sendo exigido quer no plano nacional quer no plano internacional", referiu Rui Diã de Sousa. A comissão permanente do parlamento guineense esteve reunida esta semana para deliberar sobre a data da próxima sessão plenária do órgão, tendo sido marcada a data de 29 deste mês para o início da sessão, mas não alcançou um consenso sobre os pontos que devem ser debatidos.

"Para o grupo parlamentar do PAIGC, o verdadeiro factor de bloqueio é o actual presidente da mesa da ANP, prova disso foi o impasse registado durante dois dias consecutivos de trabalho da comissão permanente na fixação da ordem do dia para a quarta reunião do presente ano legislativo", destacou ainda Diã de Sousa. Não foi possível à Lusa obter a reacção de Ibraima Sory Djalo, já que este se prepara para viajar hoje (quinta-feira) para o Brasil, onde vai participar numa reunião de parlamentares sobre questões ligadas ao ambiente.

Com o golpe de Estado de 12 de Abril, Raimundo Pereira, que era presidente interino do país, foi substituído na chefia do Estado por Serifo Nhamadjo, um dos vice-presidentes do Parlamento e este, por sua vez, foi substituído no hemiciclo por Ibraima Sory Djalo, também outro vice-presidente (eleito pelo PRS, maior partido da oposição). De acordo com o PAIGC, o regimento do Parlamento diz que a substituição na chefia do Estado é automática o que já não acontece no hemiciclo, onde a lei manda que se faça uma nova eleição da mesa da presidência. AngolaPress

Hospital Simão Mendes URGENTE AJUDA HUMANITÁRIA



Queridos amigos

Peço que divulguem com urgência o seguinte mail, se assim o entenderem.

O Hospital Simão Mendes, em Bissau, Guiné-Bissau está neste momento em apuros com falta de medicação devido ao golpe de estado ocorrido em 12 de abril.

Há doentes cardíacos, considerados mais urgentes, que estão a falecer ou em risco de isso acontecer, por falta de medicação, estando a ser dada prioridade às crianças.

Ontem chegaram 2 crianças e 1 bebé a Portugal, pela ONG, Missão Saúde para a Humanidade, pela qual fui à Guiné-Bissau, e que neste momento estão hospitalizadas no Porto para serem operadas.

O médico do Hospital Simão Mendes que as acompanhou na viagem devido ao seu estado, regressa a Bissau na próxima 3a feira e no próximo sábado, 16 de Junho, de tarde estarei em reunião com ele no Porto.

Hoje telefonaram da Guiné-Bissau solicitando o máximo possível de VARFINE comprimidos e ATARAX em xarope. Lá pura e simplesmente não há.

Falei com o diretor do hospital que me disse que a quantidade de fitinhas ( CoaguChek XS test trips da Roche) que se colocam na máquina depois de picar o dedo para nivelar dosagem de VARFINE (não são as dos diabéticos), existentes neste momento para todo o hospital é 22 fitinhas. Cada caixa destas fitinhas custa mais de 100 €.

Enfim, não vou estender mais porque a quem toca, toca e todos vós já me conhecem bem, há muitos.

ESTE MAIL SERVE PARA SOLICITAR AJUDA A QUEM QUEIRA E POSSA ATÉ AO PRÓXIMO DOMINGO, CONTRUBUIR PARA QUE SE COMPRE O POSSÍVEL E O DR FERNANDO ASSEIEMO POSSA LEVAR NA 3ª PARA BISSAU, AJUDANDO ASSIM OS NOSSOS IRMÃOS NECESSITADOS.

SE PRETENDEREM PODEM CONTRIBUIR, ADQUIRINDO OS MEDICAMENTOS,

Recebam um enorme AGRADECIMENTO do fundo do meu coração e o desejo de que nunca nenhum de nós se possa encontrar nesta situação.

Podem contactar-me se pretenderem fazer de outro modo, transferência bancária com descrição AJUDA GUINÉ para meu NIB: 003501230006307430071 da CGD, outra modalidade que entendam, encontrarem-se comigo, etc, o que vos vier à cabeça.

(se o fizerem por transferência bancária por favor enviem-me mail avisando o montante ou cópia da transferência)

Tel: 965122190 begin_of_the_skype_highlightin​g 965122190 end_of_the_skype_highlighting begin_of_the_skype_highlightin​g 965122190 end_of_the_skype_highlighting

NAMASTÊ

Guiné-Bissau resiste à «tropacracia»


Por: Carlos Lopes Pereira

Os serviços secretos franceses terão orquestrado os recentes golpes militares no Mali e na Guiné-Bissau, como a ajuda de alguns chefes de estado da região. A denúncia – divulgada em Bissau – é de uma plataforma de organizações sociais malianas. Há também acusações de que os presidentes Allassane Outtara, da Costa do Marfim, e Blaise Compaoré, do Burkina Faso, protegidos de Paris, terão depois concedido aos golpistas em Bamako e Bissau o apoio da Cedeao, a organização económica dos estados da África Ocidental, de forte influência francófona. Na Guiné-Bissau, dois meses depois do golpe liderado pelo general Indjai, os patriotas organizam a resistência à ditadura militar de fachada civil.
 
Uma plataforma de organizações não-governamentais do Mali denuncia os serviços secretos franceses, com apoio de alguns estados da região, de terem orquestrado os recentes golpes militares naquele país e na Guiné-Bissau.

As ONG malianas acusam também a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) de ter legitimado no poder os golpistas em Bamako e Bissau, apesar de proclamar «tolerância zero» contra golpes de estado. Considerando a Cedeao «um sindicato dos chefes de estado da África Ocidental», apelidam a organização encabeçada pelo presidente da Costa do Marfim, Allassane Outtara, de «tentáculo dos chefes de estado ocidentais, principalmente da França, que não vêem na África senão um reservatório de minérios inesgotáveis, um lugar de esvaziamento dos seus produtos que não se vendem nos mercados dos outros países industrializados».

Apelando à construção de uma «Cedeao dos povos», as ONG do Mali denunciam o papel de Blaise Compaoré, presidente do Burkina Faso, a quem tratam por «um homem de França, o animador do mercado negro de França em África para venda de armas e droga, (…) aquele que sufoca todas as tentativas de os povos quererem tomar nas mãos o seu destino».
Na Guiné-Bissau, onde meios democráticos divulgaram as posições das ONG malianas, são cada vez mais evidentes as ligações dos golpistas de 12 de Abril ao narcotráfico e a sua submissão a interesses estrangeiros.

Por um lado, há indícios da intensificação do tráfico de droga nas últimas semanas. Por exemplo, o pessoal da empresa privada que fazia a segurança do aeroporto de Bissau foi substituído por gente ligada à cúpula militar do golpe. O objectivo seria garantir a segurança das operações aéreas de narcotráfico, já que com a chegada das chuvas as pistas de terra batida tornam-se mais perigosas. E há testemunhos no interior do país – desde a fronteira com o Senegal, a Norte, até ao arquipélago dos Bijagós – de um maior movimento das «avionetas do pó branco», acolhidas em terra por soldados fardados…  
Por outro lado, o golpe castrense de há dois meses consolidou-se com a conivência da Cedeao.

Foram nomeados um presidente da república fantoche e um governo «de transição» chefiado por um militante do PRS de Kumba Ialá, a eminência parda civil do regime «tropacrático» (assim classificado pelo PAIGC, o partido maioritário que foi derrubado e marginalizado). Ministros, altos funcionários, o presidente da Comissão Nacional de Eleições, presidentes de câmara, responsáveis da rádio e da televisão estatais foram afastados e substituídos por gente da confiança dos golpistas.

A missão de cooperação militar angolana, a Missang, com 270 membros, deixou Bissau e foi substituída por uma força da Cedeao, com 600 militares e polícias, sobretudo da Nigéria e do Senegal, chefiada por um oficial burkinês. Os militares guineenses anunciaram que «regressaram às casernas» mas é óbvio, apesar da cosmética, que o homem forte do país é o chefe do estado-maior das forças armadas, general António Indjai, o líder de facto da ditadura de fachada civil instaurada.

Apesar deste contexto político-militar complexo, da tensão social existente e da deterioração da frágil economia (campanha da castanha de caju afectada, administração pública inoperante, salários em atraso, projectos parados, ajudas internacionais suspensas parcialmente, ano escolar perdido, abastecimento de electricidade e água à beira da ruptura), os guineenses resistem.

O PAIGC e outras forças políticas constituíram uma frente anti-golpista, sindicatos, organizações não-governamentais e movimentos sociais exigem o restabelecimento da legalidade constitucional e da democracia, jornalistas corajosos denunciam na Internet e em outros meios a repressão, as perseguições, os abusos, as ilegalidades.

No plano diplomático, o ministro dos negócios estrangeiros do governo derrubado, Djaló Pires, e o presidente do PAIGC e ex-primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior – que foi preso pelos golpistas, mais tarde libertado e enviado para a Costa do Marfim e que agora se encontra em Portugal – têm desenvolvido esforços junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e das Nações Unidas. No sentido de uma maior intervenção da comunidade internacional para o retorno à normalidade constitucional na Guiné-Bissau, para a conclusão das eleições presidenciais e para aplicação de sanções aos cabecilhas militares e políticos do golpe.

É, no entanto, pouco provável que as grandes potências imperiais estejam dispostas, por causa da «pequena» Guiné-Bissau, a beliscar os interesses dos seus aliados na zona – os Estados Unidos em relação à Nigéria ou a França em relação ao Senegal, Costa do Marfim e Burkina Faso.

Terão pois de ser os próprios patriotas guineenses a libertar-se – de ditaduras mais ou menos encapotadas, do crime organizado, da corrupção, das divisões étnicas instigadas do exterior – e a construir na sua terra a paz, a democracia e o progresso.
 
(Artigo publicado no jornal “Avante!” n.º 2011, de 13/06/12.
Publicado também na revista web odiario.info).

CICLO DE CONFERENCIAS: OS DESAFIOS DA PARTICIPAÇÃO FEMININA NA CIDADANIA ATIVA: LIMITES E POSSIBILIDADES


Conferência 2: 20 de Junho de 2012
Centro Cultural Franco Bissau Guineense
(Bissau, 17h00-20h00)

Quais são as vantagens de uma participação cidadã ativa da mulher, para a nação e o Estado guineenses e para a própria mulher?

2.     Quais são os principais fatores explicativos da evolução decrescente, em número e qualidade, da participação cidadã da mulher na Guiné-Bissau?

3.     Quais são, hoje, os limites e as possibilidades do desenvolvimento e consolidação da atividade cidadã da mulher guineense, tendo em conta (i) o papel das diferentes partes: os três poderes do Estado -executivo, legislativo, judiciário-, a sociedade civil, em particular os partidos políticos, o homem e a própria mulher; e (ii) a situação específica da Guiné-Bissau, ou seja a recorrente instabilidade política, as importantes dimensões da pobreza e o posicionamento do país relativamente ao narcotráfico.

http://acaocidadao2012.blogspot.com.es/2012/06/v-behaviorurldefaultvmlo_14.html

Comunicações de:
o   Fanceni H. Baldé (Nutricionista, Ação Cidadã )
o   Djamila Gomes (Arquiteta e Paisagista, Ação Cidadã)

Moderação de:

o   Cadija Mané (Socióloga, Mov. Ação Cidadã)

Proposta da criação de um Movimento Democrático de petições a favor da Guiné-Bissau



"Prezado Aly,

Desde a triste notícia do golpe de Estado na Guiné-Bissau que penso muito em si pois a primeira notícia que ouvi relacionada com esse evento se referia ao seu rapto e espancamento por um bando de militares que o teriam levado para parte incerta e da existência do blog Ditadura do Consenso. Os meus sinceros parabéns pela sua coragem e bravura.

Antes de ontem um dos meus colegas dirigiu-se a mim e fez-me esta declaração de Abraham Lincoln: “Um boletim de voto tem mais força que um tiro de espingarda.” A frase fez-me logo pensar em si, sugerindo que a coloque no seu blogue mas sem mencionar o meu nome.

Diz-se que não se ensina a um pescador como pescar. Entretanto, humildemente tive uma ideia que gostara de partilhar consigo. Um dos meus amigos acaba de criar um blog para fazer petições a favor da libertação do seu pai injustamente detido no Togo. Pois pensei, e que tal se o Aly criasse um mega movimento de petições a serem enviadas ao Secretário-Geral das Nações Unidas a favor da reposição do estado de direito que vigorava na Guiné-Bissau antes do 12 de Março?

É claro que seria simplesmente colocar um link no seu blog DC e com ligações a todos os seus amigos do Facebook e outras redes socias, e talvez poderia repetir o efeito da revolução árabe, quem sabe? Lembro-me que antes da libertação de Nelson Mandela circularam listas dirigidas ao Secretário-Geral das Nações Unidas de pedidos de assinaturas a seu favor no mundo inteiro e em várias embaixadas de vários países.

Listas destas já circularam a favor de outros políticos e em favor de outras causas. Creio sinceramente que terá mais adesões que as sondagens que realizar no seu blogue. Entretanto convém consultar os seus diplomatas e conselheiros antes de levar a cabo uma acção destas.

Sem mais de momento, desejo-lhe sucessos na sua missão e votos de recuperação da sua saúde.

Guilherme Lima"


NOTA: Meu caro, faça isso e envie que eu ponho no ar. Abraço, AAS

O peso da 'coisa'




"Caro Aly,

Retomando o mail anterior (acho que seguiu em branco ou incompleto por descuido..) Dizia eu que já nos cruzamos algures numa esplanada em Bissau. Sou professor e estava acompanhado de professores Portugueses na Páscoa em 2010 por altura do 1 de Abril !! ..trocamos breves palavras, eu estava a acabar de chegar por terra, e você estava a pensar arrancar e sair.. para fazer a mesma viagem em sentido contrário....acho que foi mais ou menos isto… conversa de ocasião…

O que lhe queria pedir era o seguinte: Por acaso não conhece ninguém de confiança  que regresse a Bissau e que possa levar uma caixa de mais ou menos  20 quilos com bolachas para os miúdos do Orfanato Emanuel ? É que daqui de Portugal até 2 kg (que não é nada !!!!) paga-se 2.98 euros !!! mas para se levantar a encomenda nos correios em Bissau ainda se tem que pagar!!!!  e não é pouco… quase o dobro do custo do envio da encomenda daqui de Portugal !!!! e estar a sobrecarregar o Orfanato com mais esta despesa é muito chato, além de que me pesa na consciência….

Se possível alguém que viaje amiúde para Bissau .. ou com alguma regularidade…. Ando sempre à espreita de possíveis contentores de ONG´s… mas não se avizinha nenhum para os próximos tempos. Se não estiver  a ver ninguém conhecido que possa fazer este favor, não tem problema. Pode ser que noutra altura qualquer surja essa oportunidade. É só. Obrigado pela atenção. E parabéns pelo esforço e determinação posto no Blog. De que de restou sou um seguidor viciado. Alguma coisa disponha.

Augusto José C."

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA...


"Caro Aly,
Ditadura do consenso é “FIRKIDJA” da indignação do povo guineense... Permita-me entrar de novo no “nosso” blog!
Um abraço!
Vasco Barros.

Confesso que já tive a percepção que os guineenses residentes no país, estão a assistir passivamente e com certo conformismo, a violação da nossa constituição. Na verdade, apesar da opressão, o povo esta a lutar com todas as ferramentas de que dispõe, na defesa dos seus direitos, em nome da democracia. Provas disso, vimos nas manifestações clandestinas dos subúrbios, no sucesso da hip-hop na Net. Para variar, a cidade acordou numa das madrugadas consternadas, desta vez, não com slogan “DJITO KA TEN” mas sim, com pedidos de impugnação em tempo oportuno...
 
Este povo maravilhoso e pacífico, continua com um sorriso lindo e contagiante mas por dentro esta a sofrer. Ajoelhado no infinito com lágrimas, voz presa na garganta e com medo de humilhação e retaliação. Afinal em que mundo estamos? Em que fundo andamos? Menos mal, que as novas tecnologias de informação estão presentes no dia a dia dos guineenses. Ditadura do consenso é testemunha de tanta raiva, tanta revolta.

Caro Aly, como soa, como rima tão bem o verbo escrever no “nosso” blog.
Eu escrevo para desabafar, tu escreves para informar e denunciar, nos escrevemos para reivindicar. Escreve também, meu povo! Escreve sem medo... Escrever é uma terapia da mente. A democracia é isso mesmo!...

A liberdade de expressão é um direito garantido pela nossa constituição. Não quero ouvir o teu pranto mas sim, o teu brado retumbante....! Escreve para encorajar os nossos irmãos na “colónia”! ... Para espantares os males... Para acordar o nosso palácio da coma profunda que se encontra! Para exigir os nossos governantes, a paz a estabilidade e o bem-estar.

Escreve, pois a democracia precisa de cidadãos activos. Os governos preferem os súditos, dóceis os indiferentes, pois esses são mais fáceis de dominar.

Caros irmãos, devemos fazer destas pequenas acções, ponto de partida para uma firme caminhada, rumo a responsabilidade social. Devemos fazer a nossa parte, contribuir intensamente para o crescimento e transformação da sociedade guineense.

Este é o momento de reflexão e de afirmação da nossa identidade. A nossa independência e a nossa soberania, estão hoje gravemente ameaçadas.
Para além da indignação, é preciso afirmar o nosso repúdio claro e inequívoco a esta imposição.

“ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA.”

Mantenhas para todos!

Vasco Barros.
Londres - 2012"

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Quem dá mais


serifo vendese

E agora, 'ministro da Presidência?'...


Conselho de Segurança e União Africana exortam Comando Militar a deixar o poder. Os conselhos de segurança da ONU e União Africana condenaram os recentes golpes de Estado na África Ocidental e exortaram o Comando Militar golpista na Guiné-Bissau a deixar o poder e a permitir eleições democráticas. A posição conjunta foi tomada após uma reunião, na quarta-feira em Nova Iorque, sobre a situação de segurança em África em que estiveram em destaque os golpes de Estado na Guiné-Bissau e no Mali e também os combates no Sudão e a pirataria na Somália. "Os membros do Comando Militar devem abdicar da sua posição de autoridade", refere a declaração conjunta, divulgada na última noite, em relação à Guiné-Bissau. LUSA