sábado, 25 de outubro de 2014

Retratos da Guiné-Bissau em exposição fotográfica


Por: Rutilene Silva
Fonte: Correio da Manhã

Retratos da fauna e da flora da Guiné-Bissau, objetos tradicionais, imagens de guineenses e muita riqueza cultural daquele país marcam a exposição "Fotografias da Guiné-Bissau", de Tiago da Cunha Ferreira, patente no palmário do jardim botânico, no Museu de História Natural e da Ciência, em Lisboa, até 16 de novembro.

A ideia de fotografar o ambiente natural dos guineenses nasceu no seguimento da participação do fotógrafo português numa investigação antropológica na Guiné-Bissau, no início deste ano. Foi nesta altura, que Tiago da Cunha Ferreira conheceu parte da realidade deste país africano.

"Fotografar países lusófonos ou de influência lusófona é um dos meus objetivos", contou ao CM Tiago, que se consagrou como fotógrafo com o seu primeiro livro Ukama Wangu, que em português quer dizer "Família Minha", onde documentou a vida e o quotidiano de uma família moçambicana, os Tivane. Este trabalho foi realizado no âmbito de uma missão humanitária em Moçambique, em 2002.

Durante os meses que ali esteve, Tiago converteu-se num membro daquela família, trabalhou e viveu como eles. Assim surgiu este primeiro livro de fotografia documental, que foi apresentado pelo escritor moçambicano Mia Couto.

"Eu sempre gostei do Mia Couto, li muitos dos seus livros, e como eu estava na Beira – que é a sua cidade natal –, encontrei-me com ele e falei-lhe do meu projeto com a família Tivane. Ele gostou e ofereceu-se para escrever a apresentação do meu livro", acrescentou.

"A África chama-me"

Convidado pelo escritor Jacinto Lucas Pires, em 2011, Tiago participou no "Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano". Projeto que deu origem ao livro Vamos, trabalho mais uma vez inspirado nas origens africanas, onde retratou a vida de jovens africanos e descendentes de africanos inseridos na Academia Ubuntu, onde assumem um papel de liderança.

"Estes jovens estão à frente de ONG’s, alguns são professores de música, outros fazem trabalhos humanitários", explicou o fotógrafo. "Existe uma relação de muita proximidade entre os povos lusófonos, é como se fôssemos irmãos."

Entre outros trabalhos que vem somando, Tiago inaugurou agora a exposição "Fotografias da Guiné-Bissau", um trabalho íntimo, realizado durante as seis semanas em que esteve no Parque a Nacional da Cantanhez, naquele país lusófono.

"Eu tenho um grande fascínio por África. Alguns dos meus trabalhos estão ligados àquele continente. A África chama-me." O fotógrafo está agora a trabalhar numa edição de autor do livro "Fotografias da Guiné-Bissau".