O primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau disse hoje em Lisboa que vai apresentar a candidatura à Presidência do país. "Vou ter um encontro com os jornalistas para dizer o nosso firme propósito de regressar ao país", acrescentou Carlos Gomes Júnior afastado do poder na sequência de um golpe de Estado organizado pelos militares em 2012.
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Gomes Júnior falava no final de uma reunião com o coordenador permanente da Comissão Política Nacional e porta-voz do PSD, Marco António Costa, e antes de uma conferência de imprensa marcada para o final da manhã em Lisboa. As eleições gerais na Guiné-Bissau decorrem a 24 de novembro. O primeiro-ministro deposto referiu que pretende, com o seu retorno à Guiné-Bissau "defender a democracia e as liberdades fundamentais do povo guineense".
"O meu regresso é um retorno à legalidade constitucional, conforme foi exigido na resolução 2048 do Conselho de Segurança das Nações Unidas", disse Carlos Gomes Júnior, sublinhando que Portugal teve, com a Comunidade do Países de Língua Portuguesa (CPLP), "um papel muito importante" na defesa do seu Governo nas instâncias internacionais. A Guiné-Bissau está a ser gerida por um Governo de transição, na sequência do golpe militar que em abril de 2012 afastou do poder o Presidente, Raimundo Pereira, e Carlos Gomes Júnior.
Carlos Gomes Júnior agradeceu, em particular, ao "presidente do PSD, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, por todo o apoio que nos deram desde quando ocorreu o golpe de Estado na Guiné-Bissau e o acolhimento que nos foi reservado aqui em Portugal e a posição firme que o Governo português sempre manteve na defesa dos direitos fundamentais na Guiné-Bissau". "Viemos para agradecer, não só ao PSD, mas ao Governo de Portugal e ao povo português pelo acolhimento que nos deram", acrescentou, referindo-se ainda à reunião com Marco António Costa.
Carlos Gomes Júnior disse que o regresso à Guiné-Bissau depende de "questões prévias", que foram colocadas a Marco Antonio Costa e ao Governo português, que poderiam ajudar a serem defendidasjunto do Conselho de Segurança das Nações Unidas. "Para se fazerem eleições, é preciso que haja as liberdades fundamentais do povo, que se possam manifestar, que os jornalistas possam circular livremente. São estas as nossas preocupações que nós gostaríamos que o Governo português continuasse a ajudar", indicou ainda.
São já conhecidas outras duas candidaturas às presidenciais de 24 de novembro: a do antigo ministro da Educação da Guiné-Bissau Tcherno Djaló e a do antigo diretor-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Hélder Vaz. O economista guineense Paulo Gomes já disse que até final do mês de agosto decidirá se se apresenta como candidato às eleições gerais de 24 de novembro na Guiné-Bissau. LUSA