Todos os dias. "Estás magro, pá!". Mas não estou. Quem me conhece desde sempre habituou-se a ver um gajo magrinho, lingrinhas, um fio de azeite, um sujeito capaz até de passar pelos intervalos da chuva. Mas um gajo, digamos que... porreiro.
Agradeço a preocupação, mas não encaixo a coisa. A senhora minha Mãe viveu sempre obcecada com os meus parcos quilinhos; o senhor meu Pai (que alguém o tenha), gabava o meu caparro - éramos panos da mesma banda...a Gabriela, pelo contrário, elogiava a minha ausência de barriga e achava graça ser capaz de rodear o meu corpo apenas com um braço.
Habituei-me, portanto, a ser um gajo com aspecto de doente. Em vez do suicídio, fiz disso um estilo, ou melhor, uma personalidade - porreiro, pá! Aly Silva, um estiloso com 1 metro e 79, levitando em 67 quilos.
A vida que levo nunca ajudou: acordo e acendo um cigarro que de certeza me vai destruir, saio de casa e avio 3 cafés de uma assentada e seis cigarrinhos; a meio dessa mesma manhã, mais duas doses de cafeína. E mais cigarros. Faço isto desde que saí da tropa, em 1989.
No que me diz respeito, fazer ginástica é uma canseira, incómodo a mais. Tomar comprimidos para o apetite pode ser perigoso (estou sozinho...), continuar a fumar 2/3 maços de cigarros por dia é, nota-se, suicídio à vista. Mas não quero ser gordo.
Ao contrário dos vitoriosos sobre o estômago, admito a derrota. Mas não quero habituar-me a um novo Aly Silva. Quero continuar um tipo giro, porreiro, de olhos ora verdes ora azuis.
Quem sabe não arruíne a minha vida e os que me amam passem a detestar-me, pois não seria a mesma pessoa. É que, afinal, 67 quilos é uma...enormidade! Bom fim-de-semana a todos. AAS