sexta-feira, 9 de novembro de 2012
O pior pesadelo de um jornalista
Para ler neste link: http://ntpinto.wordpress.com/2012/11/09/o-pior-pesadelo-de-um-jornalista/
Mais um espancamento
No dia passado dia 7, um antigo deputado do PAIGC, Mama Samba Baldé, actualmente delegado dos serviços de alfandega no sector de Quebo provincia sul do país, foi barbamente espancado em Mansoa pelos militares. Neste momento encontra-se internado no hospital de Mansoa sob vigilancia dos militares fieis ao Antonio Indjai. A viatura de serviço dele encontra-se nas maos dos militares em serviço na quinta do general Antonio Indjai.
O povo guineense lança um grito de socorro à comunidade internacional para acabar com esta ditadura militar repressiva que está a matar, espancar e intimidar os cidadaos inocentes.
Respirador
"MANO ALY,
VOCÊ É O PRINCIPAL "RESPIRADOR" DO POVO GUINEENSE NESTE MOMENTO DIFÍCIL QUE ESTAMOS ATRAVESSAR. A SUA DESISTÊNCIA NESSA ALTURA DE CAMPEONATO EQUIVALE A UM GOLPE DE ESTADO.
UM ABRAÇO.
Tcharles Panaque"
Perigoso
"Aly, tudo bem?
Espero que sim! Segue, abaixo, um pequeno texto meu, avalia se vale a pena postar.
O que é mais triste no actual estado das coisas no nosso país é a indignação selectiva de alguns guineenses que têm tornado públicas as suas opiniões (as quais são muito diferentes da opinião pública da maioria dos guineenses), me refiro em particular ao nosso PIG (PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA). Essa indignação selectiva faz de uns, dignos seres humanos e de outros, reles mortais. Aos amigos, a justiça e a dignidade e aos adversários (“inimigos”), a bala, a paulada e a catanada!
Sobre as mortes, perseguições e torturas ocorridas nestas últimas semanas do PIG não se ouviu nada, pelo menos até agora!
Venho acompanhando desde há muito tempo o seu blog, e posso dizer que vejo em você a mesma indignação com relação às mortes, perseguições, injustiças, entre outros, ocorridas em outros tempos, quanto os que ocorrem actualmente.
Para um guineense médio é difícil entender isso “uai anta i ca él cu ta denuncia ba flanu, que gós i bindi bandera?”. Pensamento esse resultado, entre outros, de excesso de pessoalismo na nossa sociedade! Não se trata mais de ideias, convicções, de cultura política, etc. Mas sim, de fulano, sicrano ou beltrano, o que é muito perigoso para um país que quer se fazer sério!
E assim, vamos vivendo com a nossa “democracia delivery”, imposta a revelia de todo um povo! Vale lembrar que isso nunca deu certo na Guiné!
VS"
... E a aula acabou
"Caro Irmão,
O meu pai morreu no dia 11 de Novembro de 2011, e a verdade é que não o chorei, mas ontem, ao saber da noticia da morte Luis Ocante da Silva não pude conter as lagrimas. Pessoalmente não o conheço mas estava na turma quando o meu professor foi informado da morte do seu primo. Aly, imagina o que aconteceu, metade da turma chorou, e a aula terminou ali mesmo.
Aly Silva, das mensagens de solidariedade que li ontem quero só dizer que voce tem direito de viver no seu país e ao lado da sua familia. Na Guiné reina a ditadura da minoria que usam a arma para resolver os seus problemas em vez do uso da tecnologia (Internet...). Voce não pode continuar a fugir do seu país perseguido por um grupo de marginais treinados só e só para torturar ou matar.
Estou muito revoltado e se eu não tivesse familia na Guine prefereria sair deste pais e começar a vida noutro país. Podem matar, prender e torturar mas um dia a justiça de Deus há de chegar.
Que Deus ajuda a Guiné sair deste terror implantado
Obrigado"
Fora com as 'milicias'
"Aly, bom dia,
Nao vou alongar na minha opniao, mas acho que se a tua vida esta em perigo é melhor para ti os teus familiares, amigos e desconhecidos mas conhecidos de blog, que procures um lugar seguro e te protejas, pois nao ha nada que nao acaba, estudamos na historia os Fenicios, gregos cartagineses, os lusitanos, os romanos, os otomanos e mais recentemente a URSS, todos perderam a força e desapareceram, sem falar do apartheid e ainda do 14 de Novembro, etc.
No dia em que a sub regiao deixar de apoiar essas milicias, tudo voltara ao normal. Fui aluno do sr., teu pai, ele é que me ensinou o segredo da administraçao. Teremos a oporunidade de falarmos um dia se Deus, quizer. Um abraço do mais velho, que Deus,te tire no caminhos dos maldosos.
Tchau.
Mama"
A 2ª vez
"Antonio Aly,
Esta é a segunda vez que me intervenho nesse teu blog apesar de ser um consultor assíduo, porque é onde me informo de tudo que passa na nossa terra “Guiné – Bissau”, e sempre vi teu blog como um blog IMPARCIAL mais de verdadeiras críticas a todo os que não querem o bem-estar do nosso povo.
Venho te dar o meu apoio seja qual for a decisão que venhas a tomar sobre se deves ou não deixar por o fim do teu blog porque sei que como é difícil lidar com esta situação e sentir perseguido pelos que têm medo da verdade, este apoio não as terás só de mim mais sim de todo o povo da Guiné-Bissau que te querem e te vêm como um verdadeiro Homem e Herói vivo que temos, e que como ti gostaríamos de ter mais, porque talvez só assim os senhores da arma eram capazes de serem vencidos… a tua coragem e tua frontalidade é de ser reconhecido por todos nós, és filho da Guiné-Bissau e estas lá no terreno e nunca fugiste para começar a criticar como vejo muitos outros Srs. que têm blog fazem de fora para dentro as suas criticas e não estão na Bissau para os fazer porque como são parciais têm medo, tu como um profissional que não tens cor partidária mais sim um Homem neutro na politica, sempre lutas-te para que os teus irmãos que estão na diáspora como os que estão na Guiné-Bissau sabem toda verdade da situação do País.
Os nossos governantes, alguns, nunca tiveram coragem de mostrar as suas capacidades sem uso a força (arma) o que esta a levar muita fuga de cérebros guineenses para estrangeiros ou países vizinhos por não terem condições de expor os seus conhecimentos para o bem da nossa terra, Eu falo por mi e por meus (minhas) colegas que estão espalhados por este mundo fora mais que querem voltar e não o fazem por falta de estabilidade que os militares e seus colaboradores não permitem.
Meu caro Aly, peço a deus que te proteja e sempre porque és um herói vivo, és um exemplo de um cidadão com vontade de fazer mudar a situação do teu e nosso país para que o mundo nos vê como um país que tenha tudo para desenvolver e não como um estado falhado, de falhado temos só os militares (alguns), porque sabemos que mesmo dentro das nossas forças armadas temos homens capazes de levar o país a frente só que estes estão na minoria mais sabemos que há…
Meu caro Aly so me resta dizer que tenha muita força e muito cuidado com a tua vida porque nos queremos o teu bem…
Abraço,
Paulo Teixeira (Palakas)"
O valor supremo é a vida
"Caro Aly,
Após leitura do seu texto que não me parece nada mais que uma pré-despedida, não podia deixar de lhe dirigir alguns comentários, primeiro na qualidade de um humanista convicto e segundo, como um guineense muito desiludido com as quase quatro décadas da nossa (in)dependência.
Antes de tudo, queria começar por alertar-lhe que, no mundo actual, o valor supremo para qualquer indivíduo deve ser a vida, motivo pelo qual deve-see lutar pela sua preservação sob qualquer preço e com alguma qualidade. Olhando para a história, para além das estátuas e menções, que valem o que valem, que gratidões as várias sociedades, incluindo a guineense, tiveram para com os descendentes dos seus heróis revolucionários, verdadeiramente altruistas? Não são notórias!
O segundo valor primordial a preservar, é a família nuclear (filhos e esposa), só depois virá o resto da família de sangue e amigos. Depois de tudo isso acautelado, poderemos falar da pátria e do patriotismo. Por isso, antes de qualquer heroísmo, preserve a sua vida, porque também faz parte da inteligência sabermos criar mecanismos para a preservação da vida. Não deixe também perder o seu filho, que é neles que devemos investir mais, se efectivamente queremos deixar algum legado neste mundo hostil...
Infelizmente a nossa Guiné-Bissau está entregue a "bicharada" em pleno delírio e em transe, conforme havia já referido noutro texto. Ou a maioria da população entre em desespero e reajam, correndo o risco de instalação de uma verdadeira guerra civil, de motivação tribal, ou não vamos sair disto em que mergulhamos tão cedo. Tal como noutras partes do mundo, em que existem também flagrantes violações dos direitos humanos, mas onde não existem riquezas naturais que interesssam ao Ocidente, a comunidade internacional ou a União Africana face ao problema guineense, limitarão a emitir comunicados e a tentarem encetar conversações para se criar uma paz podre, até os interesses do narcotráfico começarem novamente a serem beliscados...
Neste desabafo, não consigo deixar de fazer referência ao silêncio "ensurdecedor", que chega a magoar a nossa alma, vindo dos activistas patrióticos virtuais, mais de 48h depois da confirmação de mais um animalesco assassinato de um cidadão Guineense, Luis Ocante Silva. Será que o silêncio é justificável, por não ter havido qualquer suposta relação com uma eventual ordem ou manobra de Cadgo Jr.? Ou estão mesmo a cair na realidade e aperceberem que o principal cancro da Guiné-Bissau, são os criminosos travestidos de Forças Armadas Revolucionárias do Povo? Já agora, sugiro desde já a substituição da palavra "Povo" na sigla das FARP, para a palavra "Pó" e assim tornaria condizente com as suas verdadeiras motivações (Forças Armadas Revolucionárias do Pó). Outra sugestão seria passrem a parecer-se na designação com os seus verdadeiros fornecedores, transformando-se nas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Coca). Que me desculpem todos aqueles que ainda vestem as fardas, acreditando nos ideais da sua criação.
Cuide primeiro de si e dos seus filhos, pois da pátria todos temos a mesma obrigação para com ela.
Abraço,
Jorge Herbert"
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
O inimigo cantará vitória
ALY,
FAÇO-TE CHEGAR A MINHA RESPOSTA, APOIO E ETERNO AGRADECIMENTO. SE ASSIM ENTENDERES, PODES PUBLICÁ-LA COM A MINHA AUTORIZAÇAO.
SE PARAES POR AQUI, CERTAMENTE SENTIREMOS MUITO A TUA FALTA. E O INIMIGO DO NOSSO POVO DARÁ FESTA EM HONRA DA SUA "VITORIA", POIS ERA JUSTAMENTE ISSO O QUE MUITOS AUGURAVAM, PARA PODEREM PERPETRAR AS SUAS BARBARIES SEM TER ESSA SENSAÇAO PERMANENTE DE VIGILANCIA E DENUNCIA DAS SUAS ATROCIDADES.
MAS O MEU CONSELHO É QUE NAO ARRISQUES A TUA VIDA NUMA CAUSA QUE MUITOS DEPOIS NEM VALORIZARAO, PORQUE ESSA É A MAIS PURA VERDADE, SENAO VEJAMOS: A. CABRAL LUTOU E MORREU PARA DAR-NOS A INDEPENDENCIA E UMA VIDA DIGNA, MAS MESMO ASSIM FOI MORTO PELOS "SEUS", E ALGUNS AINDE SE ATREVEM A INSULTAR-LHE OUTROS SIMPLESMENTE NAO RECONHECEM O SEU SACRIFICIO, E OUTROS AINDA SE ATREVEM A AFIRMAR QUE SAO MAIS INTELIGENTES QUE ELE.
O PIOR É QUE SE ELE RESUSCITASSE HOJE, MATAVAM-NO DE NOVO, E TANTAS VEZES QUANTAS FOREM PRECISAS, ENQUANTO EXISTIREM NO NOSSO SEIO PESSOAS DESPROVIDAS DE SENTIDO DE GRATITUDE E LUTA PELO BEM ESTAR COMUM. ENQUANTO AINDA EXISTIREM PESSOAS QUE PRIORIZAM OS SEUS INTERESSES POR CIMA DO INTERESSE DAS NAÇOES, ENQUANTO AINDA EXISTIREM NA NOSSA SOCIEDADE, PESSOAS ODIOSAS, OPORTUNISTAS, INVEJOSAS, COBIÇOSAS, MENTIROSAS, INTRIGUISTAS, PESSOAS QUE QUEREM VIVER NA SOMBRA DO POVO SEM FAZER O MINIMO ESFORÇO.
SE PARARES POR AQUI, AMIGO/IRMAO, TAMBÉM MUITOS DE NÓS TE AGRADECEREMOS ETERNAMENTE PELO MAGNIFICO TRABALHO QUE TENS PRESTADO AO TEU POVO, MUITOS, JAMAIS NOS ESQUECEREMOS DE TI. QUALQUER DECISAO QUE VENHAS A TOMAR, PODES CONTAR COM O APIO INCONDICIONAL DO TEU POVO E UM ETERNO OBRIGADO. UM FORTE ABRAÇO, E MUITO BOA SORTE.
NÓS SEGUIREMOS COMBATENDO. MORREREMOS DE PÉ, MAS JAMAIS VIVIEREMOS AJOELHADOS.
João Carlos
A tua arma são as palavras
"Meu caro amigo,
Lembras-te do que falamos no pic nic em monsanto e do que falamos no B. Leza? Faças o que fizeres, digas o que disseres, escrevas o que escreveres, lembra-te sempre que ser jornalista é ser nobre e isento. Quero que saibas o que aprecio bastante o teu trabalho, mas há um problema, a tua arma são as palavras, e a dos outros são armas de toda a espécie e feitio.
Não quero que te aconteça nada de trágico, porque admiro o teu trabalho e a tua dedicação à causa, mas não ponhas de lado o que de mais valioso tens, a tua inteligência. Protege-te, e que Deus te proteja. Recebe um forte abraço deste amigo que se preocupa com o teu bem estar.
E.A"
Sobre o Aly
Aly,
Tenho lido vários sítios na internet que criticam o blog Ditadura do Consenso. É claro que são pessoas sem cultura nenhuma muito menos senso crítico e capacidade de análise com isenção. Quem criticou mais que tu a governação do Cadogo? Ninguém. Mas sempre fizeste acusações com fundamento, e sempre que aparecia algo mal feito, cheiro de corrupção tu caias em cima, existem vários artigos teus que comprovam isso.
Hoje em dia criticas um regime que é uma autêntica ditadura militar, que tirou todos os direitos e liberdade das pessoas. Não criticas alguém em específico, mas o sistema em geral e é esse o papel do cidadão comum. Continua a fazer o teu trabalho com isenção e senso crítico. O número de visitantes que tens fala por si. Os outros tem medo de exibir os números?
G.P.
APGB - Decepção total
Ontem assisti na televisão a mais um programa de propaganda da Administração dos Portos da Guiné-Bissau - APGB. Mas é impressionante o quão burro as pessoas conseguem ser senão vejamos:
O diretor geral foi nomeado pelos militares, antes disso o trabalho dele era apontar as horas extraordinárias... não preciso escrever mais. O PCA atual tem lá uma divida que remonta ao ano de 2008 e que ele não pagou ate hoje...
As máquinas que estão a gabar que compraram... foi comprado pela direcção anterior, aliás eles mandaram comprar uma máquina recentemente que nunca apareceu.... Será que agora, para além de funcionários fantasmas, também temos máquinas fantasmas?
O site da APGB, que estão a exibir, tinha sido criado pela direcção anterior desde o ano de 2009. Inovação de quê???
A clínica foi equipada pela direcção anterior, a obra de pavimentação que está feita foi feita pela direcção anterior, o resto está parado.
Mas eles inovaram sim, em algumas coisas:
Não têm dinheiro para continuar a obra de pavimentação;
Deixaram de pagar a segurança social pondo em risco a reforma de centenas de idosos que deram a vida por aquela empresa, os salários hoje em dia são pagos apenas com o descoberto feito pelos bancos comerciais. Desafio e o DG e o PCA a virem a público exibir o saldo das contas nos bancos para vermos se isto não corresponde a verdade...
O 13 mês, pela primeira vez, não será pago porque não há dinheiro.
Um funcionário da APGB insatisfeito e decepcionado.
A realidade
Aly,
Estamos divididos entre as pessoas que apoiam a legalidade, a democracia, a liberdade de expressão e aqueles que apoiam a situação actual. No nosso trabalho, nós que somos democratas, não podemos expressar as nossas ideias, não podemos criticar porque logo um colega invejoso, bufo, complexado, que sabe que numa situação normal não se pode comparar consigo em termos académicos e sociais vai logo telefonar a um certo grupo de amigos obscuros para te denunciar e depois, com fala mansa, dizem-te "no fala dja bós pá kala boca". Se deus nos der vida e saúde essas pessoas vão provar do próprio veneno porque os que estão a governar não vão deixar nada no cofre, as empresas vão fechar e esses burros vão perder os seus empregos e aí revoltar-se-ão contra os seus amigos de hoje. Pacto com diabo acaba sempre mal.
Gato Preto
DITADURA DO CONSENSO - Parar ou não, eis a questão
DITADURA DO CONSENSO, vai a caminho dos 5 milhões de visitas. Desde 2004, tirando um ano sabático, editei o blog com paixão, com irreverência, mas sobretudo com responsabilidade de cidadão e acutilância jornalística. Agora, achei ter chegado a hora de parar para pensar. E, pensando, questiono-me: Será que devo deixar-me matar por causa do blog? Não me parece. E estar sempre a fugir do país por causa de ameaças reais? Também não. Não quero ser herói, nem coisa que o valha. Não corro por condecorações, fujo de homenagens a sete pés, não quero a glória. Não me interessa para nada.
Eu gosto do meu país, a Guiné-Bissau. Gosto muito mesmo. Apenas quero viver, morrer e ser enterrado LÁ. Mas não quero ser assassinado por alguém que confunde a caneta com a catana. Portanto, e seja qual for a decisão que vir a tomar, espero que me entendam. Empatei muito, mas muito dinheiro no blog; fui preso e espancado e desapossado dos meus bens de trabalho. Sacrifiquei um casamento de 10 anos, com um filho maravilhoso, e a presença junto dos meus dois filhos - algo que não me posso perdoar. Gostava de editar um livro: Ditadura do Consenso, o livro.
- Visualizações de páginas de hoje > 18 370 (22h)
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- Histórico total de visualizações de páginas > 4 882 771
Ainda hoje, falava com um amigo que vive e trabalha nos EUA. Deste lado, e quase por entre lágrimas, confidenciei-lhe o que verdadeiramente vinha sentindo de um tempo a esta parte: O fim do blog está próximo. Sinto-o. É por demais palpável. Quero apenas regressar ao meu país e viver em paz, ainda que revoltado, junto do milhão e meio de guineenses que, como eu, deixaram de ter voz.
Até lá, até chegar ao número mágico dos 5 milhões de visitantes, continuarei determinado, lutando ao lado - ainda que agora esteja longe - da maioria do povo guineense na busca pela democracia e pela liberdade. Até lá, continuem a contar comigo. Depois disso, deixarei que outros continuem, torcendo - e porque não? - para que tenham igual ou maior sucesso. É que eu não sou egoísta. Boa noite a todos, e muito obrigados pela vossa compreensão. António Aly Silva
Cadogo > "Hoje um homem que tem uma arma pode-me ameaçar, mas não é homem para me enfrentar corpo a corpo"
A Guiné-Bissau está a ser gerida por um Governo de transição, na sequência de um golpe de Estado em abril passado, que deverá conduzir o país a eleições em abril de 2013. As atuais autoridades de Bissau não são reconhecidas pela comunidade internacional, mas têm o apoio da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), a organização regional da qual o país faz parte.
Carlos Gomes Júnior, que falava em Lisboa numa conferência de imprensa em que também participou o Presidente da Guiné-Bissau deposto, Raimundo Pereira, admitiu contudo que atualmente essas condições ainda não estão criadas. "Quando os políticos são espancados e são proibidas manifestações nas ruas, não estamos num Estado de direito. Nós queremos é repor a Guiné-Bissau no Estado de direito que existia antes de 12 de abril, em que existia liberdade e condições para qualquer cidadão se expressar livremente", disse.
Carlos Gomes Júnior não acredita que seja possível realizar eleições em abril de 2013 e voltou a defender a continuidade da segunda volta das eleições presidenciais, que foi interrompida pelo golpe de Estado de 12 de abril. A hipótese de "fazer uma eleição de raiz será muito remota porque tem custos e quem é que vai custear", questionou. O primeiro-ministro deposto defendeu que "só com o diálogo se podem conseguir resultados concretos" na resolução da crise da Guiné-Bissau e enalteceu o papel da União Africana na tentativa de aproximar as posições das autoridades de transição e do Governo deposto.
"Só com o diálogo podemos conseguir resultados concretos. Não é com insultos, não é com palhaçadas ou com ameaças. Hoje um homem que tem uma arma pode-me ameaçar, mas não é homem para me enfrentar corpo a corpo. Ninguém, seja ele quem for, me pode ameaçar. Estou livre para voltar ao meu país", disse. Carlos Gomes Júnior, que tem feito um périplo por vários países em busca de apoios, adiantou que conta com Portugal e com todos os Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para levar às Nações Unidas "tomar o processo em mãos", considerando que "só meia dúzia de países da CEDEAO não são suficientes para resolver os problemas da Guiné-Bissau". RTP
República da CEDEAO, S.A.
Os pagamentos ao Estado da Guiné-Bissau, passam a ser efectuados através da sucursal local do Ecobank, conforme determinação do Ministério guineense das Finanças. Por suposta recomendação da CEDEAO, o Ecobank (capital repartido por países da região, com predomínio da Nigéria), passou também a ser depositário de fundos do Estado até agora repartidos por vários bancos da praça. Ambas as medidas são internamente apresentadas como condição para a montagem de uma operação de financiamento do Ecobank, um banco que ainda não conseguiu singrar na Guiné-Bissau.
Foi também assinalada uma operação destinada a transferir para o BOADC, no Mali, o saldo do chamado Fundo do Cajú, no montante de cerca 7 milhões de euros, depositado em bancos locais. A operação não foi concluída de acordo com o previsto, pois o dinheiro está disseminado por vários bancos. Recorde-se que no passado dia 7, foi assinado em Bissau um entendimento nos termos do qual a CEDEAO garante à Guiné-Bissau um financiamento de 63 milhões de dólares, destinado a subvencionar um programa de reforma das Forças Armadas e de Segurança. AM>AAS
Inacreditável!
Os militares recusaram entregar o corpo do Luis Ocante da Silva, que raptaram e espancaram, acabando por sucumbir em virtude dos ferimentos. A esposa está devastada pela perda, enquanto que eles (os militares) disseram que a família enlutada deve mandar roupas para vestir o defunto. Depois, disseram que vão meter os restos mortais num caixão, fechá-lo a sete chaves... para que a família não veja o corpo. Onde vamos parar com toda esta barbaridade?! AAS
EXCLUSIVO > Luis Ocante da Silva foi assassinado
Luís Ocante da Silva, raptado pelos militares no passado dia 6 do corrente foi assassinado. Os familiares ouviram o anúncio pelos serviços da morgue do Hospital Simão Mendes, em Bissau, sobre existencia de um corpo com caracteristicas Y e K. Inconsoláveis, os familiares foram imediatamente para o local e constataram que é exactamente o corpo do Luís, embora lhes tenha apenas sido permitido ver o rosto. O Corpo do Luís Ocante da Silva continua até esta altura na morgue do Simão Mendes, enquanto que na sua casa, a familia está consternada e triste.
Em Bissau, vive-se num clima de medo, e as organizaçoes da sociedade civil estão impotentes perante tamanha violaçao dos direitos humanos. Ninguém sabe quem será o proximo alvo... AAS
Encontro em Adis Abeba
O Governo «legítimo» da Guiné-Bissau anunciou hoje, em conferencia de imprensa realizada em Lisboa, a possibilidade de um encontro em Adis Abeba entre as duas partes envolvidas no conflito político de Bissau. O primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior revelou movimentações no seio da União Africana para a realização de um encontro na capital da Etiópia.
Aos jornalistas portugueses, o primeiro-ministro deposto condenou os episódios de violência ocorridos desde 21 de Outubro, negou qualquer envolvimento no ataque ao quartel-general dos pára-quedistas em Bissau e voltou a exigir a realização da segunda volta das presidenciais de Abril.
Ao jornal SOL, Carlos Gomes Júnior manifestou a disponibilidade de se sentar cara a cara com os golpistas de 12 de Abril. Recorde-se que, a essa data, militares liderados por António Indjai derrubaram o Governo e interromperam as eleições presidenciais em curso. O país é neste momento liderado a título interino, e não reconhecido internacionalmente, por uma coligação de partidos da oposição afectos aos militares. O encontro diplomático poderá ocorrer ainda em Novembro. SOL
EXCLUSIVO > Os segredos por detrás da suspensão dos vistos para Hong Kong via Macau
Por trás da suspensão pelas autoridades chinesas dos vistos emitidos pelas autoridades consulares da Guiné-Bissau, contrariamente ao afirmado pelos responsáveis dessa representação diplomática guineense, tem a ver com os esquemas de corrupção de venda aos cidadãos chineses desse procurado sésamo para entrar no paraíso dos casinos de Macau e de Hong Kong.
O esquema, apurou o Ditadura do Consenso, começou a cheirar mal para as autoridades chinesas, tal era o ponto do descaramento e o fluxo desmesurado com que os responsáveis desse posto consular utilizavam o esquema nesses negócios. Destacam, como pivôt principal desse sistema de corrupção e utilização indevida de privilégios diplomáticos, o próprio encarregado de negócios da Guiné-Bissau na China, Sr Malam Sambu.
Segundo fontes seguras do Ministério Chinês dos Negocios Estrangeiros, contactadas pelo DC, passaportes guineenses eram vendidos aos seus cidadãos a troco de 45.000 dólares a unidade e o Cartão de Residência emitido pela Representação Consular (este para fazer prova de que vivem na Guiné-Bissau e assim facilitar o acesso a Macau), a 25.000 dolares. Estima-se, segundo a mesma fonte, que diariamente atravessam as fronteiras chinesas para acederem ao território macaense e de Hong-Kong, cerca de 20.000 chineses continentais para se deliciarem nos Casinos e Cabarés dessa parte ocidentalizada da grande China.
Todos os responsáveis diplomáticos afectados nessas representações tornaram-se exponencialmente abastados financeiramente em pouco tempo, sendo que, o citado Malam Sambu em pouco tempo logrou instalar uma clínica médica de ponta em Algueirão, Portugal. AAS
Matemática do Boé...
Na sua ultima publicação, "la lettre du continent" informa os seus leitores que uma companhia petrolífera, a Oryx Petroleum, começou os trabalhos de exploração na Zona controlada pela Agência de Gestão e de Cooperação entre o Senegal e a Guiné-Bissau (AGC). Ainda segundo a revista, um poço pode mesmo ser explorado no horizonte 2014. Essas descobertas parecem promissoras, pois eles suscitam o interesse das autoridades dos dois países, que no entanto receiam qualquer anúncio mediático susceptível de activar os movimentos independentistas e reacções de certa facção das autoridades guineenses que não se revêm nesse acordo, considerado nocivo para a parte guineense.
O processo de atribuição das licenças offshore levou muito tempo, mas os rendimentos, em caso de descoberta, será repartida como se segue: 80 % para o Senegal e 20% para a Guiné-Bissau. Por outro lado, o predecessor de Macky Sall tinha tentado renegociar a gestão da AGC e tinha até previsto rever em baixa os interesses guineenses em 15%. Segundo "la lettre du continent", Me Abdoulaye Wade foi obrigado a estancar os seus intentos por causa do golpe de Estado de 2010.
Nota: Caros compatriotas, eis o que leva o Senegal a interessar-se e a imiscuir-se nos assuntos da Guiné-Bissau. Eis igualmente o que nós podemos esperar dos nossos vizinhos-inimigos, pois é com essa matemática de cavalo e cavaleiro que se sentem à vontade com a Guiné-Bissau. Mais triste ainda é saber-se que esse poço encontra-se inteiramente nas nossas águas territoriais, o que prova que as actuais autoridades guineense são subalternas e estão sob as ordens de Dakar e, por fim, quem supostamente devia defender os nossos interesses nessa Agência de Corrupção não passa de um yes man das autoridades senegalesas e... é amigo íntimo do actual presidente. Por isso, estamos fodidos e mal pagos... o que nos restará se não pegar em armas e lutar por aquilo que é nosso... AAS
Kafunbam da CEDEAO
Mais uma vez assistimos a um acto de ilusionismo da CEDEAO na Guiné-Bissau, pois ontem foi anunciado com pompa e circunstância a assinatura, entre o Presidente da Comissão da CEDEAO, Sr. Désiré Ouedragao e o "Ministro dos Negocios Atrapalhados" do Governo da CEDEAO para a Guiné-Bissau, Sr. Faustino Fudut Imbali, de um pretenso acordo de financiamento, para a reforma do sector e defesa e segurança da Guiné-Bissau no valor de 63 milhões de dolares américanos.
Tudo bonito, caso não fosse a enésima vez que a CEDEAO anuncia o aporte de tais ajudas para a reforma desse sector tão nevralgico para a paz e estabilidade na Guiné-Bissau, mas que nunca acaba por chegar, ficando em escalas entre Abuja e Ouaga. Não é de hoje que a CEDEAO vem apregoando e vendendo essa bandeira da mentira para justificar a sua presença ilegal e desrespeitosa no nosso territorio, onde sabe-se não têm condições minimas de fazer o que quer que seja, senão continuar a caucionar as barbaridades e assassinatos do actual regime e acorbadamente dar a impressão ao mundo de que tudo esta bem na Guiné-Bissau.
Para pintar o arroz com feijão, é certo de que, seguidamente a CEDEAO fara deslocar para Bissau meios logisticos militares de grande porte, incluindo os da engenharia militar e meios de campanha mecanizada... contudo, tudo materiais velhos e absoletos vindos da Nigéria e do Senegal. São estes dois paises que mais beneficiarão com a fachada da reforma particularmente, com o aparato de meios que vão mobilizar a fim de criar a ideia ilusoria de que estão de facto a cumprir a sua promessa.
Contudo, é bom reavivar a memoria dos guineenses, lembrando de que, não é de hoje que a CEDEAO promete e nada faz para a Guiné-Bissau nesse ambito e, não sera hoje que o fara porque não tem meios nem fundos para tal. A CEDEAO contara obter esses fundos através dos demais parceiros envolvidos e engajados com o processo de reforma das FA na Guiné-Bissau, porém, sabe-se que, todos os demais parceiros que assinaram o roteiro do processo de reforma estão fora e não se revêm nesse processo sinuoso e mentiroso e reforma que esta sendo pilotado pela CEDEAO, a qual tem o mero objectivo de se acaparar dos potenciais financiamentos que serão disponibilizados pelos parceiros internacionais engajados nessa reforma, particularmente a UE.
Por outro lado, é bom lembrar que, enquanto a CEDEAO tagarelava e vendia ilusões, Angola a exensas suas, meteu mãos à obra e veio em socorro dos seus irmãos de armas, investindo e participando intensamente no processo de reforma. As acções e as obras eram visiveis e deixam saudades, porém um acesso de ciumeira cega, complexada e retrogada deitou tudo por terra, perdendo as nossas FA, em especial nos os guineenses. Angola, pais amigo e pragmatico, sozinho deu o exemplo, disse que fazia, estava fazendo e so não fez mais porque mentes obtusas e retrogadas assim não quizeram.
Em suma, é bom que os guineenses não se deixem enganar por esses malabarismos de ma fé da CEDEAO, porquanto para além de não terem capacidade financeira para dar vazão a essa propalada reforma, essa organização sub-regional não tem experiência em matéria da reforma. A Nigéria pretensamente mais habilitada para o efeito, é um conto do passado em matéria de conduta e organização militar, pois nas suas fileiras predominam militares indisciplinados, drogados, mal preparados e com a moral a roçar o desespero fruto dos constantes revêses sofridos nos confrontos com o grupo radical islâmico Bok-Haram. Senegal outro potencial "reformador" não passa de um tigre de papel, pois nem os sapatinhos de lã da rebelião da cassamaça consequem descalçar, imaginem agora, descalçar as pesadas e teimosas botas do general Injai & Companhia!
Quanto a este pais, é bom atentar-se ao caso de que, o Senegal esta integrado no processo da reforma da Guiné-Bissau com segundas e outras maquiavélicas intenções que estão bem evidentes. Esse pais, na escamoteada missão de participar na missão de reforma, pretendem por um lado, subrepticiamente recensear todo o potencial militar da Guiné-Bissau, quer dos recursos humanos, quer dos materiais bélicos e dissuasão e por outro lado, preparar-se para deliberadamente «orientar», em colaboração com os seus parceiros da sub-região nessa reforma, no sentido de que as Forças Armadas da Guiné-Bissau se reduza a um simples acantonamento de para-militares sem material de guerra dussuasivo. Alias, não se esqueça que o presidente cessante desse pais, A. Wade dissera em tempos, que o exercito da Guiné-Bissau devia ser desarmada e que a segurança do pais devia ser garantida por forças da policia e,... nesse particular o senegal estaria disponivel à «ajudar» na formação desses policias (os verdadeiros militares, patriotas republicanos que abram bem os olhos com esta reforma à CEDEAO !!).
Enfim, é bom finalmente realçar de que esta saida médiatica de Kafumbam da CEDEAO esta estreitamente ligado as recentes posições assumidas pela União Africana (UA). Esta organização supranacional africana tem-se orientado cada vez mais, instruindo as partes interessadas, para um envolvimento mais alargado, dos demais orgãos concernentes, nomeadamente UE e CPLP, incluindo eles proprios. Sabe perfeitamente a CEDEAO de que, se a UA deixar cair o principio da subsidiariedade na resolução do conflito guineense, a qual lhe permitiu assenhora-se do processo, o seu papel de nulo passara a inutil e, consequentemente tera que sair pela porta dos incompetentes e deixar os seus comparsas golpistas e os interesses dos seus patrões, presidentes da Nigéria, Senegal, Burkina e Costa do marfim em maus lençois... dai a razão desse show-off de ontem intitulado : KAFUMBAM A MODA DE CEDEAO.
P.R.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Mais um ano lectivo nulo?
As escolas públicas da Guiné-Bissau continuaram hoje (quarta–feira) encerradas apesar de já existir um acordo entre os sindicatos dos professores que estavam em greve e o Governo. Numa ronda realizada hoje (quarta-feira) no final da manhã pela agência Lusa nas principais escolas de Bissau, os liceus Kwame N'Krumah, Samora Machel, Agostinho Neto , Salvador Allende, constatou-se que as salas de aulas continuavam encerradas.
Em algumas destas escolas de Bissau era visível a presença de alguns professores, mas que não sabiam se havia aulas ou não. Quase todos diziam aguardar pela decisão da direcção do sindicato dos professores para iniciar as aulas.
A Lusa não viu alunos em nenhuma das escolas. No momento da assinatura do acordo com o Governo de transição, que levou ao levantamento da greve, o presidente do Sindicato Nacional dos Professores (Sinaprof), Luís Nancassa, afirmou que sem o cumprimento do acordado (pagamento hoje de um mês de salário ou diuturnidades) as aulas não poderiam iniciar-se. O ano letivo nas escolas públicas guineenses foi declarado aberto em Setembro passado mas de facto até aqui não tem havido aulas devido à greve dos professores inicialmente marcada para durar 60 dias. Após várias rondas de negociações, os dois sindicatos acabaram por chegar a acordo com o Governo para desconvocar a greve, o que na prática ainda não tinha acontecido. LUSA
ESPANCAMENTOS: Mais um acto bárbaro
Ontem à noite, um cidadão guineense de nome Luís Ocante da Silva, funcionário da Guiné Telecom, viu a sua casa invadida por um grupo de militares. "Foi retirado violentamente da sua casa, e em cuecas, e conduzido, presume-se, para o Estado-Maior General das Forças Armadas", contou uma testemunha. Segundo informações confirmadas pedo DC, em Bissau, Ocante da Silva terá sido brutalmente espancado. Até a esta hora, os familiraes nao conseguem obter nenhuma informação acerca do seu paradeiro, nem do seu estado de saúde. Luís Ocante da Silva, apurou ainda o DC, é um amigo do círculo íntimo do ex-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, José Zamora Induta. AAS
Governo legítimo da Guiné-Bissau: Nota de imprensa
Nota de imprensa
Devido aos recentes acontecimentos ocorridos na Guiné-Bissau que mais uma vez expõe de forma evidente o carácter do regime político ditatorial e militarista que se pretende instalar e sobre a situação prevalecente na Guiné-Bissau decorrente do golpe de estado de 12 de Abril do corrente, vai ter lugar no próximo dia 8 de Novembro, pelas 11h00, no Hotel Altis, Rua Castilho, nrº 11, Lisboa, uma conferência de imprensa com a presença do Primeiro-ministro da República da Guiné-Bissau, Sua Excelência Sr. Carlos Gomes Júnior.
O Governo Legítimo da República da Guiné-Bissau
O pior está mesmo à porta...
UM RECEITA PARA O CAOS...
Recentemente, em declarações à saida de uma audiência promovida pelo "Presidente de Transição da CEDEAO para a Guiné-Bissau", o representante do PRS assumiu uma posição intrigante e desafiadora dos esforços para uma solução inclusiva para o processo politico-militar que sacode a Guiné-Bissau. Em suma, ele primou pela manutenção do status quo imposto pelo golpe de estado, salientando que quaisquer cedências, aceitando a inclusão do PAIGC no processo ou a votação para a Mesa Da ANP (condição mesmo imposta pelos seus aliados da CEDEAO), seria a negação dos fundamentos da reversão da ordem constitucional de 12 de abril e, consequentemente, uma não solução para eles, porquanto vai contra as suas intenções, manifestando assim a tomada do poder pela força.
A corroborar essa tese do PRS, veio a posição posterior do porta-voz do Comité Militar (instância golpista aparentemente reabilitado pelo PT) que, mais do que isso, sugere e incentiva a dissolução da ANP, pugnado-se pela criação de um Conselho Nacional de Transição (CNT), para, diz ele, conduzir a transição por um periodo de dois anos. Portando, de um ano inicialmente previsto, passa-se a uma transição de dois, depois três anos e por aí além...
É claro que essas duas posições, que se complementam maquiavelicamente, foram maduramente concertadas entre a ala civil balanta do PRS e a ala militar balanta do mesmo partido - isto é, o Comando Militar. Essa perspectiva de cariz e motivações dessa estrita concepção étnico-tribal tem o fim último de levar o pais à desordem total e a uma situação de Não-Estado de Direito na Guiné-Bissau.
Mais que uma simples conjectura, trata-se de um plano bem nutrido, um alinhamento de pensamento clinicamente estruturado para impôr na Guiné-Bissau um regime assente na bárbarie, em que uma minoria em armas passaria a impôr a irracionalidade de uma lógica de poder assente em comportamentos e afinidades de índole tribal sobre a maioria, coartando os mais nobres designios de um povo.
Esse plano maquiavélico tem razões e terreno fértil para prosperar na maior impunidade, sem que alguém se atreva a travar essa galopada de loucos alucinados pelo poder da droga e do sangue de inocentes indefesos. É bom prestar atenção, o timing escolhido para a vigência deste estado preparatório não vem ao calha. Ele coincide paradoxalmente com os dois anos de mandato que Koumba Yala (o autor moral e arquitecto de toda a situação despoletada apos o 12 de abril). Sempre o reivindicou e ainda hoje reivindica-o. E, hoje mais do que nunca, o terreno é propício para consumar essa velha pretensão.
Consumando-se esse escabroso e maquiavélico plano de assalto ao poder levado a cabo por um grupo étnico sobre o conjunto da população da Guiné-Bissau, estão-se a criar as bases emergentes de um sentimento genocidiário na Guiné-Bissau. Hoje, embora em escala embrionária, o que se assiste, é que, são os balantas em armas que, por futéis e injustificaveis motivos, senão do abuso da força e do ódio, perseguem e matam os seus concidadãos guineenses de outras etnias, entre eles, os fulas, os mandingas e, principalmente os felupes... em nome de quê? Para extirpar e purificar as forças armadas numa linha de obediência ao «lan tim n'dam»?.
Neste momento, o povo observa, impotente, mas oprimidamente revoltado com o abandono da comunidade internacional (NU, UA em particular) e, vai criando os seus gêneses de ódio defensivo que ninguém sabe quando e como poderá explodir com a sanha de revolta e de raiva que lhe vai alma adentro. Explodirá um dia, para se defender e insurgir-se contra a tentativa da barbarização da sua vivência pacifica a que sempre se acostumou com os demais mosaicos da nossa sociedade. Pode tardar, mas não é impossivel, e o seu tempo chegará, e podera até não tardar. Poderá é vir a ser tarde para os que hoje estão a semear o ódio baseado numa aleatória supramacia da sua tribo sobre toda as outras que constituem o harmonioso mosaico étnico da Guiné-Bissau.
A CEDEAO nada lhe interessa com o que se passa no nosso pais, porque de facto, nunca nos sentimos pertença deles, e eles nunca nos sentiram assimilados. A CEDEAO esta la por estar e so ele sabe porque la esta, porque, bem sabem que o povo não quer que eles ai estejam. Bem cedo se percebeu que essa organização, esta la por tudo, mas menos para defender os interesses do Povo da Guiné-Bissau, da Democracia e do respeito dos Direitos Humanos, pois nas suas barbas e sob os seus olhares impavidos e serenos, inocentes foram violentamente espancados, Partidos Poiticos e Sociedade Civil foram proibidos de manifestar-se livremente, opositores foram perseguidos, torturados, espancados e abandonados na mata, alguns mortos, inocentes foram chacinados em montagens de «assalto militar» grotescamente mal encenadas... enfim, a CEDEAO esta na Guiné-Bissau a frete e a disposição dos golpista e, quiça à cata de alguns interesses obscuros e inconfessaveis dos presidentes da Nigéria, do Burkina, do Senegal e da Costa do Marfim, principais responsaveis desta situação de anarquia odio e medo que impera hoje na Guiné-Bissau.
A União Africana, aconchegada no principio da subsidiariedade na resolução de conflitos, segue a procissão dos desmandos, da matança, do trafico de drogas, dando paliativos de não querer asenhorar-se do processo e salvar o povo da Guiné-Bissau. Cada sinal dado no sentido de fazer retirar o processo à CEDEAO, este responde com relatorios forjados e deturpados sobre a realidade no terreno, orquestra operações de charme, encenando evoluções no terreno... «realidades» fictivas e mentirosas como as suas inconfessaveis intenções para com a Guiné-Bissau.
Um aviso: se a UA ou as NU não se apoderarem o mais rapidamente do processo da Guiné-Bissau, então o pior estra mesmo à porta... à mão de semear.
Análise de: Julião Mendes
Branqueamento
O presidente da comissão da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) prometeu hoje que a organização mobilizará "todos os apoios internos e externos" para o sucesso da reforma das forças de Defesa e Segurança da Guiné-Bissau. Kadré Désiré Ouedraogo falava hoje em Bissau, no âmbito de uma curta visita para assinar com a Guiné-Bissau um acordo, segundo o qual a organização regional disponibiliza 49,2 milhões de euros ao país para a reforma das forças de Defesa e Segurança, nomeadamente para pensões e melhorias de instalações militares.
A questão da reforma das forças de Defesa e Segurança há muito que é falada em Bissau, mas até agora ainda não avançou. O responsável da CEDEAO lembrou que a ideia foi proposta "há muito" pela Guiné-Bissau numa reunião em Genebra e "considerada pela comunidade internacional como de importância capital para a paz, estabilidade e desenvolvimento socioeconómico da Guiné-Bissau". LUSA
Nota do Editor
Caras/os leitores,
A CEDEAO ultrapassou todas as marcas no que toca ao descaramento. Agora, até desafia a União Africana (vide os comunicados). E o seu presidente da comissão, Ouedraogo, mente descaradamente. Esta organização de farsantes acabou por mostrar ao mundo civilizado a sua verdadeira face - de maneira desavergonhada, até. [A ideia foi proposta] "há muito" pela Guiné-Bissau numa reunião em Genebra e "considerada pela comunidade internacional como de importância capital para a paz, estabilidade e desenvolvimento socioeconómico da Guiné-Bissau", disse Ouedraogo, hoje, em Bissau.
Deixemo-nos de brincadeiras...
Vejamos, senhor presidente da comissão da CEDEAO
Por acaso o senhor presidente sabia que as reformas nas áreas da defesa e segurança começaram e estavam a bom ritmo, e que estavam em curso a reconstrução de casernas em todos os quartéis, a construção de raíz de novas instalações militares, incluindo o quartel-general da marinha? Saberá com certeza que a alimentação dos efectivos das forças armadas 'fazia parte'(!) dessas mesmas reformas e que já se tinham formado trezentos e tal homens e mulheres, e mais outros tantos acabaram há poucos meses a sua formação, totalizando mais de 700 novos agentes de segurança?
Ó, senhor presidente! E o senhor sabia, tal como eu, tal como centenas de milhares de guineenses, tal como milhões de pessoas em todo o mundo, que o tráfico de droga, que era suposto ser sucessivamente erradicado com a conclusão dessa mesma reforma - proposta "há muito" - pela Guiné-Bissau, foi a responsável pelo golpe de Estado de 12 abril? E saberá, por mero acaso, que esse golpe, a que a CEDEAO infelizmente se aliou, teve como consequência o cancelamento abrupto da segunda volta de uma eleição presidencial?
Parece que não se lembra, senhor presidente, que em consequência desse extraordinário acontecimento, a União Africana suspendeu a Guiné-Bissau da organização, a CPLP, a União Europeia, as Nações Unidas, o Movimento dos Não-Alinhados entre outras organizações nem querem ouvir falar em golpistas - recusando, quase oito meses depois - em reconhecer a imposição, pela CEDEAO, numa aliança perfeita com alguns militares e políticos, de um 'governo' em detrimento da vontade da maioria do povo guineense?
Saberá, claro, que a Guiné-Bissau está bloqueada política e economicamente. E que isso poderá traduzir-se em mais instabilidade, causada pelo ódio, por remorsos e ressentimentos? E saberá certamente que as responsabilidades serão imputadas à CEDEAO e aos seus comparsas guineenses, ainda que seja em tribunais internacionais.
Sabe, por sinal, que em seis meses de uma política desastrosa, destravada, depravada mesmo, dez cidadãos guineenses (transformados em "guerrilheiros de Casamança" pelo vosso 'governo de fantasmas e de traficantes') foram assassinados? Saiba, ainda, que foram torturados antes dos tiros de misericórdia?...
E sabe, ainda que lhe tenha sido dito por um passarinho, que dezenas de pessoas, cidadãos guineenses, irmãos nossos, estão refugiados em várias representações diplomáticas em Bissau, temendo pela sua vida? E, já agora, deixe-me que lhe diga que os espancamentos, ameaças à integridade física e psicológica dos cidadãos continua e não se lhe avizinha um fim a curto prazo. E que o medo continua, acaso lho sussurraram?
- Fazia ideia de tudo isto que acabei de lhe contar, senhor presidente da comissão da CEDEAO?
Senhor presidente, já que estamos numa de tu-cá-tu-lá, por falar dos guineenses...onde está mesmo a 'segurança', pateticamente apregoada pela CEDEAO, para o envio dos seus marginais travestidos de militares para Bissau? E no resto do país? Saberá, com toda a certeza, senhor presidente da comissão, porque continuam a aterrar aviões carregados de cocaína (a IIEE fala em 900kg/noite) para matar europeus e norte-americanos?
Eu digo-lhe: Porque, simplesmente, a CEDEAO pactuou com a canalha, parando a reforma nos sectores da defesa e segurança na Guiné-Bissau, que estava a ser custeada por Angola, um país nosso irmão, que teve sangue guineense derramado no seu chão, na luta contra o regime racista, e canalha, do Apartheid. Pense nisso, senhor Ouedraogo.
António Aly Silva
Afinal, os guineenses gostam da CPLP
A sondagem do DC sobre se "A CPLP devia expulsar a Guiné-Bissau da organização", foi ganha pelo NÃO, ainda que por pouca margem:
SIM > 906 (47%)
NÃO > 953 (49%)
NÃO SEI / NÃO RESPONDO > 67 (3%)
Obama vence: "O melhor ainda está para vir"
Barack Obama vai ficar na Casa Branca. O presidente norte-americano conseguiu vencer as eleições nos EUA, no culminar de uma campanha muito renhida, em que Mitt Romney e Obama lutaram pela vitória até ao último dia. "O melhor ainda está para vir", garantiu Obama no discurso. Perante a explosão de alegria dos seus apoiantes, Obama subiu ao palco, num centro de convenções em Chicago, acompanhado pela sua mulher, Michelle Obama, e pelas suas filhas, Sasha e Malia.
No discurso de vitória, Obama começou por garantir que para os EUA, "o melhor ainda está para vir" e que o caminho de "aperfeiçoamento da União" americana vai continuar. O democrata deixou também palavras de congratulação ao seu adversário e à sua famíla, garantindo que no telefonema que fez a Romney conversou com ele sobre formas de colaborarem no futuro. Barack Obama agradeceu aos seus apoiantes e voluntários de campanha, que apelidou como sendo "os melhores da história dos EUA". "Vou regressar à Casa Branca mais determinado e mais inspirado do que nunca", garantiu. "Vou trabalhar com os dois partidos para enfrentar os desafios que temos pela frente. Temos muito trabalho para fazer", continuou.
"Apesar de todas as dificuldades porque passamos, nunca estive tão esperaçado pelo futuro", disse Obama. "Eu acredito que podemos agarrar o futuro. Não estamos tão divididos como os nossos políticos sugerem e somos maiores do que a soma das nossas ambições", terminou o presidente norte-americano, num discurso inflamado que levou ao delírio os milhares de apoiantes que o foram ouvir a Chicago. Numa primeira reação, através do Twitter, Obama já tinha agradecido aos seus apoiantes: "Isto aconteceu graças a vocês. Obrigado."
Romney apela à união
Depois de alguns momentos de expectativa, em que o lado republicano hesitava sobre o melhor momento para admitir a derrota, Romney acabou aparecer em público para afirmar que já tinha telefonado a Obama para o congratular. Foram para o democrata as primeiras palavras do discurso de derrota que Romney proferiu em Boston, o centro da sua campanha. O candidato derrotado congratulou a família Obama e desejou-lhe sorte. "A nação escolheu outro líder, e por isso eu e a Anna vamos juntar-nos a vocês e rezar por ele e por este grande país", afirmou.mNuma declaração curta, Romney acrescentou ainda que se candidatou porque "está preocupado com a América", mas que acredita que Obama "será bem sucedido a guiar o país nestes tempos difíceis". "É preciso que os políticos ponham as pessoas antes da política", apelou o republicano.
Vitória clara de Obama
Apesar dos resultados eleitorais ainda não serem definitivos, o número de votos do colégio eleitoral que Obama deu como garantidos, 303, foi suficiente para a vitória sobre o candidato republicano. A dupla Barack Obama e Joe Biden, o seu candidato à vice-presidência, repete, assim, a conquista eleitoral que os colocou na Casa Branca em 2008.
Obama ultrapassou por isso o mínimo de 270 votos do colégio eleitoral que um candidato à Casa Branca necessita para vencer as eleições. O presidente dos EUA resistiu a uma campanha muito dura, em que foi gasto pelos dois candidatos um número recorde de dinheiro, muito perto do milhar de milhão de euros. O combate eleitoral, especialmente na última fase, foi considerado pelos analistas como tendo sido muito agressivo, azedo e demasiado sustentado em mensagens negativas sobre o adversário.
No caminho para a vitória, Obama conseguiu manter do lado democrata os estados que normalmente votam no seu partido, mas também foi capaz de vencer a maioria dos embates previsivelmente mais difíceis, como nos estados do Iowa, Pensilvânia, Michigan, Minnesota e Wisconsin. Estes estados, considerados fundamentais nas eleições presidenciais nos EUA, são chamados os "swing states", cujos resultados são normalmente imprevisíveis e que têm um número relevante de votos no colégio eleitoral.
Em 2008, Obama foi eleito com 365 votos do colégio eleitoral, contra os 173 obtidos pelo então candidato pelo partido republicano, John McCain. Romney conseguiu vencer na Carolina do Norte e no Indiana, dois estados que McCain tinha perdido em 2008, e também assegurou vantagem nos estados tradicionalmente republicanos. Mas o republicano não conseguiu vencer noutros "swing states", atirando a vantagem para Obama.
Senado e Congresso também foram eleitos
Os norte-americanos votaram também para eleger um terço dos lugares do Senado e todos os candidatos ao Congresso. As projeções avançam que os republicanos vão manter a maioria no Congresso, sinal de muitas dores de cabeça para Barack Obama, e que os democratas deverão conseguir manter a maioria no Senado.
Noutras iniciativas legislativas que também foram a votos, ontem, as mais marcantes foram a aprovação do casamento homossexual nos estados do Maine e Maryland, e a legalização do consumo de cannabis para fins recreativos no estado do Colorado. Outro dado a destacar é a eleição da democrata Tammy Baldwin, no estado do Wisconsin, que se torna na primeira senadora homossexual da história dos Estados Unidos. Vários dirigentes mundiais já felicitaram Barack Obama pela reeleição como presidente dos Estados Unidos. Como é o caso do "amigo" britânico David Cameron ou da chanceler alemã Angela Merkel. UE, NATO e Nações Unidas contam com Obama para "manter laços de paz e segurança".
Guiné-Bissau: Hong Kong suspende isenção de vistos
Hong Kong suspendeu a isenção de visto para cidadãos da Guiné-Bissau. A partir de agora, quem queira entrar em Macau precisa de dois vistos. O cônsul honorário da Guiné-Bissau em Macau admite que a decisão da RAEHK pode estar relacionada com o uso ilícito de passaportes daquele país por cidadãos. Desde dia 1 deste mês que os cidadãos com passaporte da Guiné-Bissau passam a precisar de visto de entrada em Hong Kong – incluindo aqueles que estão apenas a fazer escala no território. Anteriormente, os guineenses podiam entrar e permanecer na antiga colónia britânica até 14 dias sem necessidade de visto.
A notícia foi anunciada pelos Serviços de Imigração de Hong Kong e deverá ter impacto em Macau, já que a maioria dos visitantes chega através do território vizinho. Por cá, as regras não foram alteradas, mantendo-se a obrigatoriedade de visto, que pode ser tirado na fronteira. Tanto a Polícia de Segurança Pública como o cônsul honorário da Guiné-Bissau em Macau confirmam que as novas regras de Hong Kong implicam que a maioria dos guineenses passe a precisar de dois vistos. “Agora são precisos dois vistos, um para Hong Kong e outro para Macau, ou para o Continente”, afirma o cônsul honorário John Lo.
Para António Barros, presidente Associação dos Guineenses, Naturais e Amigos da Guiné-Bissau em Macau, esta “é uma forma de dificultar a livre circulação, numa altura em que todos os países estão a fazer acordos para a facilitar, por causa da globalização”. “Para os portadores de passaporte guineense vai ser mais difícil. Gostaria de saber o porquê destas alterações”, questiona. John Lo afirma que o Governo de Hong Kong não apresentou motivos para esta mudança, mas arrisca uma primeira explicação: “Macau é um lugar importante nas relações entre a China e os países de língua portuguesa. Mas não há voos directos da Europa ou de África, por isso muitos [visitantes] passam por Hong Kong. Talvez Hong Kong sinta que precisa de controlar melhor o que se está a passar”.
Passaportes falsos
O número de guineenses a entrar em Hong Kong subiu exponencialmente nos últimos cinco anos. Dados dos Serviços Imigração de Hong Kong revelam que, em Dezembro de 2007, o território contabilizou 42 cidadãos da Guiné-Bissau. Em Fevereiro deste ano, esse número subiu para 2057.
Em Agosto, Fernando Vaz, porta-voz do 'Governo de transição' da Guiné-Bissau, levantou dúvidas quanto à validade dos passaportes apresentados. “Sabemos que existem muitos chineses com passaportes da Guiné-Bissau. Isso é público, são conhecidas várias denuncias públicas, inclusive que em Macau se vendia um passaporte da Guiné-Bissau por 50 mil dólares”, disse o responsável à Agência Lusa. John Lo admite que esta possa ser a principal motivação do Governo de Hong Kong para suspender a isenção de visto. “Há chineses com passaportes da Guiné-Bissau, sei disso. Já contratámos um advogado para tratar deste problema. Estamos a tentar resolvê-lo. Já temos uma reunião marcada com o Governo de Hong Kong”, conta o diplomata.
Ainda em Agosto, Fernando Vaz apontou o dedo à questão da produção dos passaportes guineenses. Em Setembro deste ano, os novos passaportes biométricos passaram a ser feitos na Guiné-Bissau, através da Imprensa Nacional. No entanto, anteriormente, eram feitos na China. “Os passaportes da Guiné-Bissau caíram em descrédito total. Uma vez que são feitos na China, não temos nenhum controlo sobre quem os faz, com quantos é que ficam, onde vão parar”, referiu na altura o porta-voz do Governo de transição guineense. John Lo salienta os esforços do corpo diplomático para amenizar o problema: “As novas regras não são propriamente boas para nós, mas não podemos fazer muito. Estamos a fazer os possíveis para resolver isto”.
Guineense vence recurso contra secretário para a Segurança
O Tribunal de Segunda Instância (TSI) deu razão a um cidadão guineense, que contestou a proibição de entrar em Macau durante três anos, aplicada através de um despacho do secretário para a Segurança, Cheong Kuok Va.
A interdição surgiu após o requerente ser condenado a pena suspensa de dois anos e seis meses de prisão por “crime de detenção de arma proibida”, segundo o acórdão do TSI. O guineense argumentou que tal decisão teria um impacto familiar negativo, já que é casado com uma residente permanente de Macau, com quem tem um filho, nascido em 2011. Perante o recurso para suspender a eficácia do despacho do secretário, o Ministério Publicou (MP) alegou que o crime cometido “faz razoavelmente pensar e prever que o requerente não dispõe da idoneidade cívica e moral para exercer o poder paternal e educar o seu filho menor”. Argumentou ainda que o requerente está em processo de divórcio, o que prova uma “ruptura conjugal”.
O TSI, no entanto, não deu razão ao MP.
“Não podemos deixar de dar razão ao argumento de que, com a execução do acto (…) se quebra, com certeza, a estabilidade da família que se estabeleceu na RAEM, com a sua mulher e a criança recentemente nascida (…) Num momento crucial no desenvolvimento e crescimento do filho, e da sua personalidade, considera-se essencial que ambos os pais possam acompanhá-lo de perto, constantemente, alternando e partilhando os esforços e a experiência única e insubstituível de o educarem”, pode ler-se no acórdão. O documento afirma ainda que “o exercício do poder paternal é um poder e dever do requerente, poder e dever esses que não podem ser afastados pela simples condenação pela prática dos crimes”. Conclui-se que “a quebra do lar causará prejuízos tanto para o próprio requerente como para o menor, cujo interesse o requerente não pode deixar de defender”. Assim sendo, “dão-se por verificados totalmente os requisitos da suspensão de eficácia do acto administrativo em causa” – ou seja, do despacho de Cheong Kuok Va que proibiu o guineense de entrar em Macau durante três anos. Ponto Final
terça-feira, 6 de novembro de 2012
A fractura
1 . A evolução mais recente da situação política tem vindo a impôr uma tendência no sentido da dissolução próxima da Assembleia Nacional Popular, seguida da criação de um Conselho Nacional de Transição (CNT), como instância suprema do poder (executivo e legislativo), com a missão de “dirigir” o país ao longo de 2 anos. A criação do CNT ficou praticamente decidida numa reunião convocada na semana passada pelo Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, para analisar a situação política. O único participante na reunião que contestou a intenção foi o represente do PAIGC, Oliveira Sanca. O Presidente deixou transparecer uma atitude dúbia.
Entre os participantes na reunião predominavam os chefes militares e representantes do PRS e de cada um dos 24 minúsculos partidos que nominalmente apoiam ou integram o Governo de transição. Os chefes militares têm-se apresentado ultimamente na extinta modalidade de Comando Militar, que inclui um porta-voz, Daba Na Walna. Kumba Yalá é apresentado como mentor e entusiasta da ideia da criação do CNT – solução a que são associados cálculos políticos de interesse próprio, entre os quais o seu eventual regresso ao poder e marginalização do PAIGC. K Yalá é descrito como “eminência parda” da situação criada pelo golpe de Estado de 12.Abr.
O regresso ao poder de K Yalá, eventualmente com a função de Presidente de transição designado pelo CNT, constituiria, segundo manifestações do próprio, em privado, uma reparação da “ilegalidade” de que considera ter sidio vítima quando foi derrubado do poder, Set.2003, através de um golpe palaciano. A vigência de 2 anos a definir para o CNT corresponde ao tempo de exercício do cargo presidencial que faltava cumprir a K Yalá para cumprir integralmente o seu mandato. O seu ponto de vista é o de a haver uma reposição da normalidade política e constitucional no país, deveria começar por contemplá-lo a si próprio.
2 . O cenário da dissolução da Assembleia Nacional Popular, acompanhada da criação do CNT, é contrário a reiterados pronunciamentos da CEDEAO – na sua forma e espírito adversos à constituição, no pós-golpe de Estado, de orgãos de carácter não constitucional para conduzir o país até à sua normalização política.
As ideias e propostas com base nas quais vem sendo aventada a hipótese de definição de um novo e mais alargado processo de transição política, também são incompatíveis com o referido cenário. Prevêm a formação de um governo dito inclusivo (alargado ao PAIGC), com um mandato de 1 ano, destinado a preparar eleições. De acordo com conjecturas pertinentes a CEDEAO não é inteiramente estranha ao referido cenário – nova demonstração da sinuosidade das suas atitudes em relação à Guiné-Bissau, desde o golpe de Estado. As novas autoridades cuidam geralmente de pôr do seu lado a CEDEAO, para desencorajar/anular outras resistências internacionais.
Tendo em conta realidades do sistema internacional, o papel dos agrupamentos regionais, como a CEDEAO, passou a ter importância acrescida como factor que as organizações de escalão superior devem têm em conta na definição das suas acções. É cientes desta evidência que as autoridades se aplicam em cativar a CEDEAO. Há dúvidas, porém, acerca do que poderia vir a ser a posição da União Africana face a uma evolução da situação política na Guiné-Bissau como a que se desenha. Apesar do bloco interno, maioritário, contrário ao golpe de Estado e ao status quo pelo mesmo criado, ter estado ultimamente a passar por um relativo apagamento.
3 . A Assembleia Nacional Popular praticamente não se encontra em funcionamento devido a nunca resolvidas disputas de mandatos e competências. A sua existência é, porém, principal fonte da legitimidade e representatividade do PAIGC (partido maioritário), razão pela qual a sua dissolução representaria um abalo para o mesmo.
Na reunião promovida pelo Presidente de transição foi notória uma unanimidade de posições entre a esmagadora maioria dos particapantes no que toca à rejeição da ideia da formação de um governo inclusivo, alargado ao PAIGC, para o que são invocadas razões criminais, como, p ex, implicação na alegada tentativa de assalto de um quartel. O pendor anti-PAIGC que o golpe de Estado revela desde a primeira hora é considerado emanação de uma atitude de reserva há muito identificada em K Yalá. Encara o PAIGC como partido com um historial e implantação capazes de secundarizar o PRS, mas também como “refúgio” de dissidentes do mesmo PRS que desafiam a sua autoridade.
4 . K Yalá é um líder populista, cujo poder e prestígio radicam na sua condição de “chefe dos balantas” – uma das duas principais tribos da Guiné-Bissau (a outra é a dos fulas), de cuja mentalidade faz parte um forte espírito de grupo e de coesão. O PRS, que fundou, é um partido étnico-tribal de extracção balanta. Durante o seu consulado de 3 anos como Presidente, K Yalá aplicou-se em promover socialmente os balantas – que até então se consideravam política e economicamente marginalizados. Por vida disso e de outras afinidades conquistou o seu apoio, embora mais entre os originários do N, que favoreceu mais, em comparação com os do S.
O golpe de Estado de 12.Abr ocorreu no dia imediatamente anterior à 2ª volta das eleições presidenciais, que Carlos Gomes Jr, então PM, tinha condições para ganhar de forma humilhante para o seu opositor, que era K Yalá. É corrente a ideia de que o golpe também se destinou a poupar K Yalá de tal humilhação, capaz de o ofuscar. No desencadeamento do golpe de Estado, incluindo desenvolvimentos seguintes, assim como na situação por ele gerada, tem vindo a ser constantemente referenciado um papel activo de K Yalá. Em muitas particularidades e/ou subtilezas da acção política e do discurso das novas autoridades se notam influências multiformes de K Yalá.
Os chefes e grandes oficiais das FA, na sua esmagadora maioria de origem balanta, devem-lhe as carreiras e respectivas mordomias. Aceitam reverentemente a sua autoridade. Há entre os balantas das FA uma sensibilidade que dá nítida preferência a K Yalá, em detrimento de S Nhamadjo, como Presidente de transição. O handicap de K Yalá, é a sua baixa reputação externa – pessoal e política – formada ao longo dos seus 3 anos de exercício do cargo de Presidente. É geralmente considerado um excêntrico, desprovido de preparação e sentido de Estado; mas também perigoso, devido a sentimentos de egocentrismo e de ambição de poder. AM
União Europeia dará "resposta apropriada" a qualquer intrusão na sua delegação
A União Europeia advertiu formalmente as autoridades guineenses de que consideraria uma intrusão policial ou militar das suas instalações em Bissau como um “acto hostil”, a que daria resposta apropriada. A iniciativa ocorreu na esteira de ameaças de lançamento de uma acção destinada a proceder à retirada coerciva de cerca de 15 indivíduos refugiados nas referidas instalações, no Bairro da Penha.
Melcíades Gomes Fernandes, general da força aérea (Manuel 'Mina'), alegadamente implicado no atentado à bomba que em março de 2009 vitimou o ex-CEMGFA, General Tagme Na Waie, era um dos refugiados; outro, Tomás Barbosa, secretário de Estado das Pescas no governo deposto. No rescaldo do episódio foi estabelecido um compromisso nos termos do qual os refugiados abandonariam as instalações da União Europeia sob custódia da ECOMIB, que também se comprometia a garantir a sua protecção pessoal. Manuel 'Mina', piloto-aviador r oficial especializado em minas e explosivos, era alvo de especiais atenções das autoridades, em especial a dos militares, por suspeitas de estar envolvido em planos para atentar contra as suas vidas.
A advertência da União Europeia foi apresentada directamente ao MNE, Faustino Imbali, pelo seu representante em Bissau, Gonzalez-Ducay, instruído para tal por Catherine Ashton, alta representante para os Negócios Estrangeiros. Também por reflexo do desfecho do caso todos os dispositivos militares e policiais instalados junto às representações diplomáticas em Bissau foram levantados. Em todas se encontram refugiados indivíduos – em geral acolhidos por alegarem considerar a sua integridade física ou a sua vida em perigo, devido a ameaças e perseguições. AM
'Filho, serás um bajulador!'
Notadas nos meios diplomáticos de Bissau condutas de “bajulação” das autoridades guineenses em relação a Russel Hanks, um funcionário norte-americano baseado em Dacar, que amiúde se desloca ao país na qualidade de representante dos interesses dos EUA (adiados para 2014 planos de reabertura da embaixada). Na sua última, visita foi-lhe sugerida uma audiência oficial com o 'primeiro-ministro' Rui Barros, que depois o acompanhou à saída da Primatura e permaneceu ao seu lado enquanto prestava declarações à imprensa. Conduta atribuída ao propósito elementar de “cativar” simpatia e comprensão dos EUA. AM
A rota do pó
Há pouco tempo, uns traficantes arrojados vindos da América do Sul fizeram uma aterragem desesperada, porém bem sucedida, com um Boeing carregado de cocaína em pleno deserto, no Mali. Depois de descarregarem a valiosa carga, incendiaram o aparelho numa ousadia nunca antes vista, considerada um “descaramento” palas autoridades. Na altura, o presidente maliano, Amadou Toumane Touré, abespinhou-se, e, mandando o protocolo às urtigas, proclamou aos quatro ventos: “Não quero que este país se transforme numa nova Guiné-Bissau. Isso era o que mais faltava”, afirmou o ex-chefe de Estado, que os malianos tratam carinhosamente por ATT.
Foi uma referência clara – e triste – à fama que a Guiné-Bissau, um minúsculo país africano de expressão portuguesa, ganhou de há um tempo a esta parte – relacionado com o narcotráfico internacional em grande escala – e com estilo. Com efeito, mercê da fragilidade do Estado guineense e de uma cada vez maior influência dos militares, sobretudo dos oficiais-generais, a Guiné-Bissau foi posta de cócoras pelos narcotraficantes sul--americanos.
Num final de tarde igual a tantas outros, em Abril de 2007, a Polícia Judiciária guineense deu um duro golpe no tráfico de droga: apreendendo de uma só vez uns impressionantes 630 quilos de cocaína – nas contas da ONU fala-se friamente em 50 toneladas de cocaína a transitarem anualmente por alguns países da África ocidental, Guiné-Bissau incluída. Essa droga foi depois incinerada, numa cerimónia bastante mediatizada e filmada até ao fim, com a comunidade internacional em peso, embora incrédula, a assistir e a bater palmas pelo sucesso do governo no combate a este flagelo que movimenta milhares de milhões de dólares anualmente.
Apesar desta operação, que teve enorme sucesso, nunca, em momento algum, alguém chegou a ser preso ou sequer indiciado pela prática de crime de tráfico de droga. Numa atitude de desespero, Carmelita Pires, à altura ministra da Justiça, chegou a propor a Russell Benson, o responsável para a Europa e África da DEA (agência norte-americana de combate à droga), baseado em Dakar, no Senegal, o inverosímil: sugeriu que a comunidade internacional “comprasse as ilhas”, para, justificou, “melhor controlar o narcotráfico”, tendo apelidado os traficantes de droga de “oportunistas”. Os narcotraficantes “aproveitam-se da nossa fragilidade enquanto Estado, e da vulnerabilidade dos que estão no poder”, concluiu a ministra. Ninguém agiu depois destas acusações da ministra.
Pouco depois, o governo de Carlos Gomes Júnior foi exonerado pelo presidente da República. Remodelado o governo, chamado de iniciativa presidencial, Nino Vieira haveria de reconduzir Carmelita Pires. Contudo, o tráfico de droga continuou a não dar descanso à ministra – que todos os embaixadores ocidentais com residência em Bissau admiravam.
O AVIÃO DOS MEDICAMENTOS
Passou pouco mais de um ano. Em Julho de 2008, a turbulência voltou a atingir o país. Um avião a jacto desafiou tudo e todos fazendo-se à pista do aeroporto internacional Osvaldo Vieira em Bissalanca, a apenas 7,5 km da capital. Proveniente da Venezuela, veio a saber-se que esse voo não tinha sequer autorização para sobrevoar o espaço aéreo guineense e muito menos para aterrar. Toda a gente foi apanhada desprevenida – menos a classe castrense, sobretudo aquela que está na base aérea, contígua ao aeroporto civil. Sabiam de tudo, ainda que dissessem o contrário.
Assim que aterrou e se imobilizou na placa do aeroporto, os militares cercaram o aparelho, armados de AK-47, e proibiram a impotente polícia científica da Polícia Judiciária de se aproximar sequer do avião. O braço-de-ferro e as trocas de acusações entre a polícia, o governo e os militares duraram desesperantes duas semanas. Porém, com o cerco a apertar-se cada vez mais, quer pela imprensa quer pela opinião pública, além da comunidade internacional, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Papa Camara (que os EUA tinham acusado pouco tempo antes de envolvimento no tráfico de droga, juntamente com o chefe do Estado-Maior da Armada, Bubo Na Tchuto, hoje detido na prisão de Mansoa, acusado de estar por trás da sublevação do passado dia 26 de Dezembro) veio publicamente dizer que se tratava apenas de “medicamentos para as forças armadas”.
A Polícia Judiciária, através da sua directora-geral, Lucinda Barbosa Aukharie, veio logo a terreiro desmentir prontamente a tropa: “Desde o início que a PJ sabia que se tratava de droga.” E disse mais, disse algo que desarmaria a patética teoria dos militares: “As embalagens são iguais às encontradas na operação anterior.” Ainda assim, e mesmo debaixo dos olhares da impotente PJ, os militares, sempre de kalashnikov em riste, reforçaram a sua teoria e rebocaram o avião para dentro de um hangar desactivado, tendo descarregado todos os pacotes – um a um. Sem qualquer resistência. E esperaram que as coisas acalmassem. Porém, o barulho continuou, ganhando contornos cada vez mais obscuros. E mais decibéis. Assim, e perante uma cada vez mais forte pressão internacional, os militares acabaram por ceder.
Dois agentes federais norte-americanos, entre eles Russell Benson, da DEA, e também alguns portugueses chegaram a Bissau para ajudar as autoridades guineenses nas investigações que se seguiriam. Não viram um grama de cocaína (desaparecera misteriosamente, até hoje), mas em contrapartida os norte-americanos fizeram revelações surpreendentes: os pilotos eram todos venezuelanos e um deles, a cereja no topo do bolo, dava pelo famoso nome de Carmelo Vázquez Guerra, um títere procurado pela Interpol, e meio mundo mais, por tráfico de droga e a quem os norte-americanos viriam a reconhecer a façanha de, num único carregamento, ter traficado cinco toneladas e meia de cocaína do México para os Estados Unidos da América – um feito que os yankees nunca esquecerão.
Carmelo Vázquez Guerra e os seus comparsas foram detidos numa cela da Polícia Judiciária, mas, curiosamente – ou não –, e perante a incredulidade de todos, comunidade internacional incluída, a justiça guineense viria autorizar a sua libertação. Tanto de Vázquez Guerra como do resto da tripulação, que passeavam por Bissau sem receio, como quem se sente bem protegido. Russell Benson, sem nada mais poder fazer, desabafou apenas, em surdina, que o que mais desejava “era ver o senhor Vázquez Guerra ser conduzido para o México, para ser julgado por tráfico de droga”. Ficou a intenção.
MUDANÇAS
Depois as coisas acalmaram um pouco. O tráfico passou a resumir-se a correios de droga desesperados, que, aliciados por tuta e meia, vinham do Brasil para Bissau, em trânsito para Lisboa, onde muitas vezes eram caçados à chegada, mercê da cooperação entre as duas polícias judiciárias, a da Guiné-Bissau e a de Portugal. No ano de 2009, em Bissau, um quilo de cocaína custava 13 mil euros no “mercado” – cinco anos antes custava 8 mil euros. Mesmo assim, ainda era dez vezes menos que na Europa. Hoje o seu custo andará pelos 30 mil euros. Na opinião de um conhecido passador contactado pelo i, “foram bons tempos, mas de repente tudo mudou, mesmo para os traficantes que cá vinham”.
Actualmente, passear num imponente Hummer ou noutro carro de alta cilindrada deixou de ser novidade. O encanto parece ter desaparecido. Aqueles que em tempos ganharam notoriedade pela façanha no narcotráfico, mudaram-se sorrateiramente para Conacri, a capital francófona de outro país famoso pelo narcotráfico, e igualmente controlado pelos militares de alta patente – a outra Guiné. Outros escolheram a Europa, outros ainda o Brasil.
A Guiné-Bissau, quer se queira quer não, não passa de uma ilusão como estado. O abastecimento de energia eléctrica é deficitário – o país precisa de 20 megawatts mas só dispõe de sete. E não havendo energia não há água potável. O Estado existe – e é quando existe – apenas na poeirenta capital, Bissau, onde o caos e a desorganização deixam qualquer um espantado. A corrupção atingiu limites fora do aceitável. No entender de um conhecido comentador radiofónico contactado pelo i, que preferiu manter o anonimato, “este Estado nunca foi tão roubado como nestes últimos cinco anos”. António Aly Silva
Só mesmo a CEDEAO...
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental vai disponibilizar 63 milhões de dólares (cerca de 49 milhões de euros) à Guiné-Bissau para apoiar a reforma do sector da Defesa e Segurança. Esta é uma informação que acaba de ser divulgada, através de nota informativa, pelo 'governo de transição'. O acordo nesse sentido é assinado amanhã em Bissau pelo governo de transição e pelo presidente da comissão da CEDEAO, Kadré Désiré Ouedraogo.
Mas uma coisa são assinaturas de documentos (mais uma), outra, bem diferente, o dinheiro chegar! Tanto mais que se chegar, não será para reformar sector da Defesa e Segurança algum, mas para a construção das casas de luxo de alguns do senhores de armas (e não verdadeiros militares), especialmente do general quatro estrelas, António Indjai, como se tem visto. Mas haverá ainda parceiro algum que acredite numa reforma de um sector tão crucial para o nosso país, quando o panorama está á vista de todos? Só se for mesmo a CEDEAO… Pasmalu
Viabilizar, ou não, a Guiné-Bissau?
Nos últimos dias temos vindo a assistir e a registar com muita preocupação alguns posicionamentos que em nada abonam para o futuro da Guiné-Bissau. Com efeito, os acontecimentos de 21 de Outubro, vieram tornar mais sombrios as legítimas esperanças que os guineenses já sentiam com os esforços que estão sendo desenvolvidos no sentido de proporcionar um desejado regresso à ordem constitucional, condição sine qua non para permitir ao país escapar ao peso cada vez mais duro dos efeitos das sanções impostas à Guiné-Bissau em resultado do golpe de Estado de 12 de Abril.
Quando já se sabe que a França e a Espanha vão encerrar as suas Embaixadas, o que aliado ao funcionamento em regime de stand by da Representação da União Europeia em Bissau, bem como da Embaixada de Portugal, então teremos de facto um país completamente bloqueado e com poucas possibilidades de virar o actual estado de coisas.
No meio desta situação deveras preocupante temos vindo a registar várias e diferentes opiniões dos protagonistas neste cada vez mais complicado processo guineense e com consequências gravosas para a Guiné-Bissau e para os guineenses, já confrontados diariamente com a subida vertiginosa dos produtos de primeira necessidade, cujos efeitos colaterais far-se-ão sentir muito brevemente, não só entre as populações, como no seio da própria classe castrense. As nossas preocupações aumentam, quando escutamos o senhor Tenente-Coronel Daba Na Walna, porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas (ele que foi a mesma coisa no extinto Comando Militar que protagonizou o golpe de 12 de Abril) afirmar que a dissolução da Assembleia Nacional Popular estava iminente, em virtude da falta de entendimento entre o PAIGC e o PRS, em negociações que estão sendo levadas a cabo sob os auspícios do Presidente da República de Transição.
Ainda e a propósito destas negociações, escutamos com alguma incredulidade e preocupação as declarações do chefe da delegação negocial do Partido da Renovação Social (PRS) afirmar sem medir nas palavras que as reivindicações do PAIGC de assumir a Presidência da ANP não podiam ter lugar, porque tal como aconteceu com a escolha e imposição do actual Presidente da República de Transição, o mesmo também sucederia com o Sory Djaló, pois eram escolhas legitimamente abençoadas pelo golpe de Estado de 12 de Abril. Aqui prevalece na verdade a lógica do golpe contra a lógica da lei e da constitucionalidade, o que numa leitura simplicista, transforma implicitamente o PRS como o verdadeiro promotor do golpe de Estado de 12 de Abril, que derrubou o Governo legítimo do PAIGC, em consequência da sua vitória inequívoca e esmagadora sufragada pelos votos dos guineenses expresso nas urnas.
Mais ainda, quando escutamos o Tenente-coronel Daba NaWalna, porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas e o Secretário-Geral do PRS, Augusto Poquena, fica demonstrado de forma clara a génese do golpe de Estado de 12 de Abril, ou seja, a instauração do poder balanta pela força das armas e do balantismo (22% da população sobre os restantes 23 grupos étnicos da Guiné-Bissau) facto que deve deixar preocupado todos quanto defendem a liberdade e a democracia. Contudo, entendo deixar estas considerações para depois, pois o que interessa de momento é analisar a actual situação política guineense à luz dos últimos acontecimentos, tendo como ponto de partida a pretensa vontade de acabar com a Assembleia Nacional Popular.
Viabilizar ou não o processo de retorno à constitucionalidade?
A única forma possível e aceitável aos olhos dos nossos parceiros de desenvolvimento e consequentemente de conseguirmos levantar as pesadas sanções que estão a cada dia a ser impostas contra a Guiné-Bissau depois do advento de 12 de Abril, é de se pôr a funcionar os órgãos de soberania de Estado, ou sejam, a Assembleia Nacional Popular, a Presidência da República e o Governo.
Nas circunstâncias actuais quem pode extinguir ou dissolver a ANP?
Muitos afirmam, na mais pura ignorância, que a ANP seria um nado-morto a partir do dia 28 de Novembro, data em que os resultados oficiais foram proclamados em 2008, termina a actual VIII Legislatura. De acordo com o artigo 54º do regimento da ANP cada legislatura tem a duração de 4 anos e inicia-se com a proclamação dos resultados. Assim sendo e apesar da legislatura aparentemente terminar a 28 de Novembro de 2012, a legitimidade da ANP mantém-se até que os novos Deputados da Nação a serem eleitos nas próximas eleições legislativas tomem posse, dando início à IX Legislatura, cabendo neste período o funcionamento da ANP assegurado pela sua Comissão Permanente.
Outros e tendo como pano de fundo o posicionamento do PRS, apoiado pelo Estado-Maior General das Forças Armadas, de se continuar a manter Sory Djaló, 2º Vice-Presidente da actual Mesa da ANP, como Presidente em Exercício da Assembleia Nacional, para o qual foi imposto, segundo o Secretário-Geral do PRS, AugustoPoquena e pelo próprio golpe de Estado de 12 de Abril, apesar de toda a legitimidade que assiste o PAIGC nas suas reivindicações tendo como base da sua sustentação a Constituição da República e Regimento da ANP, qual o órgão com capacidade para extinguir ou dissolver a ANP.
Em abono da verdade, diga-se que o PAIGC, pelas informações que nos chegam da comunicação social nacional e internacional e pelos documentos que tem produzido e neste particular, os seus memorandos, com particular destaque para os terceiro e quarto, tem demonstrado maturidade política, humildade e responsabilidade. Aliás, ao longo deste processo, o PAIGC tem pautado por uma actuação digna de respeito e admiração, como o demonstrou bem recentemente Luís Oliveira Sanca, chefe da delegação negocial do PAIGC, que ao contrário do seu homólogo do PRS, assumiu a humildade e a responsabilidade nas suas declarações à saída de uma reunião quadripartida (Presidente da República de Transição, Estado-Maior General das Forças Armadas, PAIGC e PRS).
Voltando a extinção ou dissolução da ANP, quem o poderá fazer?
O Presidente da República de Transição por força das disposições constitucionais não o pode fazer, a que se juntariam, entre outros, a falta de argumentos legais e políticos para sustentar essa decisão.
Como já não existe o Comando Militar, extinta em documento enviado oficialmente à CEDEAO, o Estado-Maior General das Forças Armadas também não o pode fazer, porque é uma estrutura que funciona sob a directa dependência do Ministro da Defesa e do Governo e sem poderes constitucionais ou legais para consumar esta anunciada extinção ou dissolução da ANP e a criação deum Conselho Nacional de Transição (CNT) com poderes legislativos e com propensão para eventualmente barrar políticos que não estejam alinhados com os promotores do 12 de Abril. Aliás, os acontecimentos do 21 de Outubro, pelas declarações que têm vindo à praça pública, quer de um certo sector do PRS, como da ala ilegal do PRID, a ala “cadoguista”, por eles intitulada não só sabia como faziam parte do grupo golpista…
Voltando aos cenários de uma possível e já esperada extinção ou dissolução da ANP, uma solução possível é oressurgimento do Comando Militar, que se encarregaria de produzir um golpe sobre o seu golpe e consumar pela via das armas, uma vez mais, a extinção dos órgãos de Estado legitimamente constituídos através das urnas. Recorde-se que a CEDEAO nas suas Cimeiras realizadas em Abidjan, Dakar e Abuja, defendeu sempre e de forma clara e explícita nas suas Resoluções o funcionamento da Assembleia Nacional Popular, rejeitando de forma categórica a criação, o acordo assinado a 17 de Abril entre o então Comando Militar e 24 Partidos Políticos assinantes do Pacto de Transição, criando o Conselho Nacional de Transição, ao tornar explícito no ponto 27 da Resolução da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo, que a CEDEAO não reconheceria nenhuma transição anti-constitucional.
É de pensar e aceitar que a CEDEAO não alinharia com os cenários de dissolução ou extinção da ANP assumidos pelo PRS e pelo Estado-Maior General das Forças Armadas e também sub-repticiamente pelo próprio SerifoNhamajo, Presidente da República de Transição, ele próprio escolhido e designado pela CEDEAO. Recorde-se que a CEDEAO fixou um prazo de 12 meses para o período de transição, tendo a Assembleia Nacional Popular como órgãos encarregado de fiscalizar e legislar no período de transição, tendo como tarefas urgentes e imediatas proceder a uma revisão constitucional e a lei eleitoral, tendo para o efeito, aconselhado a eleição de uma nova Mesa da ANP, com vista a assegurar uma transição em conformidade com a Constituição Guineense.
Leitor perfeitamente identificado
Polícia Judiciária sem poderes
Uma equipa da Polícia Judiciaria chefiada por um inspector de nome Pedro* e mais quatro agentes desta instituição, foi destacada no passado dia 2 de Novembro, para o sul do país concretamente no sector de Cacine, mas passaram as passas do Algarve e estão agora refugiados... na vizinha Guiné-Conacry. O motivo da deslocação destes agentes teve a ver com uma denúncia: uma aeronave de pequeno porte num constante e desenfreado vaivém. As autoridades suspeitaram logo que o aparelho transportava cocaína. Investigando um pouco mais, descobriu-se que aterrava sistematicamente numa das aldeias deste sector, e, pasme-se, sob forte protecção dos militares.
Caçador vira presa
Acontece que assim que o CEMGFA António Indjai foi informado desta missão da PJ, decidiu de imediato despachar o seu esquadrão da morte e de espancamento para seguir a equipa da PJ pela zona sul. A primeira coisa que fizeram foi dividir-se em dois grupos - um seguiu directamente os agentes da PJ enquanto que o outro tomou posições na fronteira junto à Guiné-Conakry.
Por sorte, a equipa da PJ foi informada da perseguição dos militares e a primeira medida que tomaram foi abandonar a viatura em que se faziam transportar. De seguida, embrenharam nas profundezas das matas do sul, em direção à Guiné-Conakry. Felizmente, conseguiram entrar no país vizinho graças ao domínio do terreno pela parte do inspector da PJ, por ser originário desta localidade. Para já, encontram-se a salvo, aguardando a evolução das negociações com o António Indjai com vista a autorizar o seu regresso à Guiné-Bissau.
'Governo' apático
O 'governo de transição' foi de resto informado do sucedido, mas nem o ministro da tutela, menos ainda o 'primeiro-ministro' moveram uma palha para falar com o CEMGFA sobre a situação destes agentes, tudo isto com a agravante de um ministro envolvido no assunto ter dito que a única opção que resta à equipa da PJ "é a sua rendição e consequente entrega aos militares". Aliás, António Indjai terá dito em tom muito nervoso que a PJ anda a perseguir os seus interesses - facto que não toleraria de forma alguma. Anunciou mesmo, em tom acusatório, saber que o Director-Geral da PJ está em Portugal para reunir com o Ex-primeiro-ministro, Carlos Gomes Junior.
Assim, e para esclarecer as verdadeiras razões da ausência do João Biagué do país, desde a semana passada, o ministério da Justiça tornou público, ontem, um comunicado de imprensa informando que este responsável encontra-se de facto na Europa, mas em Itália e não, como disse o CEMGFA, em Portugal, para participar no encontro anual da Interpol que irá culminar com a eleição do próximo director-geral, que pela primeira vez será ocupado por uma mulher, de nacionalidade Francesa. António Aly Silva
(*) Nome fictício.
Pedro Pires: "Preocupa-me o facto de a situação continuar sempre na mesma"
O ex-Presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, mostrou-se ontem preocupado com a situação na Guiné-Bissau, depois dos mais recentes acontecimentos. «Preocupa-me o facto de a situação na Guiné-Bissau continuar sempre na mesma. Fico com a impressão de que estamos a correr o risco de deterioração ou de apodrecimento da situação, o que pode conduzir a situações extremamente complicadas e dificuldades em encontrar uma solução, de modo que há a necessidade de um empenho actual no sentido de se encontrar a melhor solução», declarou Pedro Pires. Questionado sobre se estaria disponível a mediar a crise guineense caso fosse convidado, Pedro Pires disse que, neste momento, não se sente em condições.
Sobre a recente troca de provocações entre as autoridades guineenses e cabo-verdianas, Pedro Pires disse entender que estas questões precisam de lucidez e seriedade porque não acredita que se resolvam os problemas com insultos. «Os problemas resolvem-se com negociações, resolvem-se com diálogo. O insulto não ajuda, pelo contrário, dificulta. Caso haja vontade, há que se dialogar sobre a questão e se encontrar a melhor solução», advogou, acrescentando que não se pode cometer um erro ao desentender-se com aqueles que criticam.
Repórteres Sem Fronteiras
Repórteres sem Fronteiras tomou conhecimento com satisfação da decisão das autoridades de Bissau de voltarem atrás com a expulsão do chefe da delegação da Rádio Televisão Portuguesa (RTP), Fernando Gomes, e de terem chegado a um acordo com a RTP de forma a garantir a segurança do jornalista perante as numerosas ameaças proferidas contra este. A organização espera que, para além do caso de Fernando Gomes, esta medida assinalará o fim das pressões exercidas sobre a imprensa na Guiné-Bissau.
Repórteres sem Fronteiras deplora a expulsão pelas autoridades de Bissau do delegado da Rádio Televisão Portuguesa (RTP), Fernando Gomes, e exprime a sua preocupação pelo ambiente extremamente sensível no qual os jornalistas do país exercem a sua profissão. O jornalista português deverá regressar a Lisboa no dia 2 de Novembro de 2012, na sequência das ameaças de morte directas e explícitas proferidas contra si por um alto responsável militar.
A expulsão do delegado da RTP sucede após uma grave crispação das relações entre a Guiné-Bissau e Portugal, com as autoridades de transição a acusarem a antiga potência colonial de estarem por trás do ataque a um quartel de Bissau, no passado dia 21 de Outubro, com o objectivo de voltarem a colocar no poder o ex-Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior.
Fernando Gomes é acusado de ter realizado “reportagens hostis” contra o governo de transição, no poder após o golpe de Estado militar do passado dia 12 de Abril, que destituiu o regime de Carlos Gomes Júnior, entre as duas voltas da eleição presidencial.
Contactado por Repórteres sem Fronteiras, Fernando Gomes afirmou não ter sido notificado oficialmente da sua expulsão mas ter tomado conhecimento dela através do conselho de administração da RTP, que recebera uma carta do Ministro da Comunicação e porta-voz do Governo, Fernando Vaz, a 29 de Outubro de 2012.
Um dos seus colegas, citado pela Agência France-Press (AFP), declarou: “Fernando Gomes não faz mais do que o seu trabalho. Já foi várias vezes importunado e insultado por soldados no decorrer de reportagens”. A AFP relata que Fernando Gomes fora intimidado por soldados, a 27 de Outubro, durante a detenção, na localidade de Bolama, numa das ilhas das Bijagós, do capitão Pensau N’Tchama, suposto cabecilha do ataque de 21 de Outubro na capital.
“Trabalhamos todos com medo”, reconheceu um jornalista de Bissau a Repórteres sem Fronteiras. A 30 de Outubro, numa conferência de imprensa na sede do Estado-maior, o chefe do Estado-maior proferiu a seguinte ameaça: “O jornalista que colocar questões sobre o assassínio do antigo presidente Nino Vieira não sairá vivo deste quartel. Eu mato-o. Estamos numa situação de guerra.”
Preocupada por estas ameaças directas e o ambiente de terror por elas provocado, Repórteres sem Fronteiras solicita às autoridades de Bissau que ponham um ponto final imediato a esta política de intimidação contra os jornalistas. “Instilar medo de forma a beneficiar de uma cobertura mediática dócil e complacente não é digno de um governo que prepara eleições, previstas para Abril de 2013. O pluralismo e a independência dos meios de comunicação devem ser respeitados, assim como a segurança dos jornalistas”, concluiu a organização.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
As mentiras da CEDEAO
(NOTA: Ver o comunicado da União Africana e comparem com este - mais um - acto criminoso. AAS)
La situation de la Guinée-Bissau exposée aux partenaires de la CEDEAO
Report
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ECOWAS
N°: 296/2012
1 novembre 2012 [Abuja - Nigeria]
Le président de la Commission de la CEDEAO, M. Kadré Désiré Ouédraogo, a souligné mardi 30 octobre 2012 à Abuja les «progrès sensibles» accomplis concernant la stabilisation de la situation sécuritaire en Guinée-Bissau et l’établissement d’un consensus interne sur la transition dans ce pays.
S’exprimant lors d’une réunion de concertation au siège de la Commission avec les représentants des partenaires au développement en poste au Nigéria, M. Ouédraogo, tout en affichant un optimisme prudent, a décrit une situation en voie de normalisation et sollicité le soutien de ses interlocuteurs à cet égard.
«Les négociations sont en cours entre le président par intérim, les autres acteurs politiques du gouvernement de transition et la faction de Carlos Gomes Jr au sein du PAIGC (Parti africain pour l’indépendance de la Guinée et du Cap-Vert) en vue d’intégrer celle-ci au processus de transition», a indiqué le président de la Commission de la CEDEAO.
Pour ce qui est du chronogramme électoral, il a été publié le 5 septembre 2012 en vue des consultations générales prévues pour avril 2013, tandis qu’un budget de 21 milliards de F CFA a été esquissé pour faire face aux opérations d’identification, de compilation des listes électorales et d’établissement des cartes d’identité, a-t-il expliqué.
Les forces de la Mission de la CEDEAO en Guinée-Bissau (ECOMIB) sont entièrement déployées et accomplissent leur mission en coopération avec les militaires bissau-guinéens, a indiqué M. Ouédraogo, signalant les démarches entreprises en vue d’harmoniser, au sein de la communauté internationale, les positions sur le processus de transition et mobiliser des ressources pour satisfaire les besoins du pays à court terme.
Une mission conjointe CEDEAO-Union africaine-Nations unies-CPLP (Communauté des pays de langue portugaise) se rendra prochainement à Bissau pour évaluer la transition et voir ce que ces organisations peuvent faire ensemble conformément à la résolution 2048 du Conseil de sécurité, adoptée en mai 2012.
En outre, les négociations sur le Mémorandum d’entente (MoU) relatif au programme du secteur de défense et de sécurité ont été finalisées, et celui-ci devrait être signé dans les meilleurs délais sur une base bilatérale entre la Commission de la CEDEAO et la Guinée-Bissau.
Le président Ouédraogo n’a pas manqué d’évoquer la tentative de déstabilisation du pays perpétrée le 21 octobre 2012 par un groupe d’hommes dirigé par le capitaine Pansau N’Tchama avec l’attaque de la caserne des Bérets Rouges près de l’aéroport de Bissau. L’opération s’est soldée par la mort de six personnes, mais la situation a été maîtrisée rapidement.
Cependant, il reste quelques autres défis à relever, notamment ceux liés au trafic de drogue, à la pêche illégale, au gel de l’aide par l’isolement de la Guinée-Bissau, etc., a ajouté le président de la Commission de la CEDEAO.
Il a alors lancé un appel à la communauté internationale pour l’accompagnement et le soutien dont la Guinée-Bissau a besoin en ce moment pour finaliser sa transition, conduire les élections les plus inclusives et crédibles possibles et mener les réformes nécessaires de sa gouvernance politique et économique.
Petit pays d'Afrique de l'Ouest gravement touché par un intense trafic de drogue où seraient impliqués des chefs militaires, la Guinée-Bissau a une histoire jalonnée de coups d'Etat. Aucun président n'a jamais mené son mandat à son terme depuis l'indépendance du pays, obtenue du Portugal en 1974.
Le 12 avril 2012, le Premier ministre Carlos Gomes Junior avait été renversé par un coup d'État perpétré entre les deux tours de l'élection présidentielle, alors qu'il était arrivé en tête à l’issue du premier tour.
Les militaires putschistes, conduits par le chef d'état-major de l’armée, le général Antonio Indjai, avaient ensuite rendu le pouvoir à des hommes politiques civils aux termes d’un accord portant sur la mise en place d'autorités de transition, dirigées depuis par M. Manuel Serifo Nhamadjo.
La situation de la Guinée-Bissau exposée aux partenaires de la CEDEAO
Report
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ECOWAS
N°: 296/2012
1 novembre 2012 [Abuja - Nigeria]
Le président de la Commission de la CEDEAO, M. Kadré Désiré Ouédraogo, a souligné mardi 30 octobre 2012 à Abuja les «progrès sensibles» accomplis concernant la stabilisation de la situation sécuritaire en Guinée-Bissau et l’établissement d’un consensus interne sur la transition dans ce pays.
S’exprimant lors d’une réunion de concertation au siège de la Commission avec les représentants des partenaires au développement en poste au Nigéria, M. Ouédraogo, tout en affichant un optimisme prudent, a décrit une situation en voie de normalisation et sollicité le soutien de ses interlocuteurs à cet égard.
«Les négociations sont en cours entre le président par intérim, les autres acteurs politiques du gouvernement de transition et la faction de Carlos Gomes Jr au sein du PAIGC (Parti africain pour l’indépendance de la Guinée et du Cap-Vert) en vue d’intégrer celle-ci au processus de transition», a indiqué le président de la Commission de la CEDEAO.
Pour ce qui est du chronogramme électoral, il a été publié le 5 septembre 2012 en vue des consultations générales prévues pour avril 2013, tandis qu’un budget de 21 milliards de F CFA a été esquissé pour faire face aux opérations d’identification, de compilation des listes électorales et d’établissement des cartes d’identité, a-t-il expliqué.
Les forces de la Mission de la CEDEAO en Guinée-Bissau (ECOMIB) sont entièrement déployées et accomplissent leur mission en coopération avec les militaires bissau-guinéens, a indiqué M. Ouédraogo, signalant les démarches entreprises en vue d’harmoniser, au sein de la communauté internationale, les positions sur le processus de transition et mobiliser des ressources pour satisfaire les besoins du pays à court terme.
Une mission conjointe CEDEAO-Union africaine-Nations unies-CPLP (Communauté des pays de langue portugaise) se rendra prochainement à Bissau pour évaluer la transition et voir ce que ces organisations peuvent faire ensemble conformément à la résolution 2048 du Conseil de sécurité, adoptée en mai 2012.
En outre, les négociations sur le Mémorandum d’entente (MoU) relatif au programme du secteur de défense et de sécurité ont été finalisées, et celui-ci devrait être signé dans les meilleurs délais sur une base bilatérale entre la Commission de la CEDEAO et la Guinée-Bissau.
Le président Ouédraogo n’a pas manqué d’évoquer la tentative de déstabilisation du pays perpétrée le 21 octobre 2012 par un groupe d’hommes dirigé par le capitaine Pansau N’Tchama avec l’attaque de la caserne des Bérets Rouges près de l’aéroport de Bissau. L’opération s’est soldée par la mort de six personnes, mais la situation a été maîtrisée rapidement.
Cependant, il reste quelques autres défis à relever, notamment ceux liés au trafic de drogue, à la pêche illégale, au gel de l’aide par l’isolement de la Guinée-Bissau, etc., a ajouté le président de la Commission de la CEDEAO.
Il a alors lancé un appel à la communauté internationale pour l’accompagnement et le soutien dont la Guinée-Bissau a besoin en ce moment pour finaliser sa transition, conduire les élections les plus inclusives et crédibles possibles et mener les réformes nécessaires de sa gouvernance politique et économique.
Petit pays d'Afrique de l'Ouest gravement touché par un intense trafic de drogue où seraient impliqués des chefs militaires, la Guinée-Bissau a une histoire jalonnée de coups d'Etat. Aucun président n'a jamais mené son mandat à son terme depuis l'indépendance du pays, obtenue du Portugal en 1974.
Le 12 avril 2012, le Premier ministre Carlos Gomes Junior avait été renversé par un coup d'État perpétré entre les deux tours de l'élection présidentielle, alors qu'il était arrivé en tête à l’issue du premier tour.
Les militaires putschistes, conduits par le chef d'état-major de l’armée, le général Antonio Indjai, avaient ensuite rendu le pouvoir à des hommes politiques civils aux termes d’un accord portant sur la mise en place d'autorités de transition, dirigées depuis par M. Manuel Serifo Nhamadjo.
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