domingo, 11 de abril de 2010

10 dias depois: a condenação (ou nem por isso)

Malam Bacai Sanha, afirmou hoje que vai haver uma profunda reestruturação do Estado-Maior das Forças Armadas "para breve" e condenou os acontecimentos do passado dia 1 de abril. Em discurso à Nação dez dias após a intervenção militar e a detenção do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o Presidente da Guiné-Bissau considerou que apesar "dos incidentes graves o país não pode parar e os guineenses não podem perder a esperança".

NOTA: É verdade, Presi. A esperança e a sogra são as últimas a morrer... AAS

Seguidor Nº 100 - quem será? Temos prémios...AAS

Investigação do ditadura do consenso deu nisto: muitos zer00000000000s

Photobucket

E explicações para isto? Se o Ministro das Finanças anda atrás de toda a gente... AAS

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O Fernando Júlio agradece

"Camarada!

Escrevo-te para te enviar um abraço de felicitações e outro de encorajamento. Depois, para te dar os parabéns pela iniciativa de incluir o trabalho do Fernando Júlio no teu blog. Ele é um desses muitos Homens guineenses cuja obra, por tudo o que país tem vivido, acaba por não ter o destaque que merece. O Fernando Júliio, por tudo o que tem feito pela Guiné-Bissau e pelo jornalismo guineense merecia (merece) estar noutro lugar. É um artista com rasgos de génio. Se lhe puderes transmitir o meu apreco pela sua obra fico-te agradecido.

JN
"

Para memória (+ que) futura

Photobucket

Por: Fernando Júlio

Sem rede*

Isto não está para brincadeiras. E quem diz o contrário é tolo. Há um ditado de que vagamente me lembro: quando chamas uma criança para conversar, apenas queres dizer-lhe as verdades. Mas, aqui, a verdade perturba qualquer criança. E deixa-lhe marcas para a vida. Olhe para o lado e diga-me o que acha.

Agora, imagine esta perguntinha: «Quem manda hoje no País?». Você, caro leitor, que resposta daria?. Se respondesse «o Governo», estaria ‘quadradamente’ enganado, para além de perder o nosso jackpot: 18 milhões em notas de euro falsas como Judas, ou, em contrapartida, o valor igual em cocaína. Da boa (é que neste aspecto não estamos para brincadeiras...). Para além disso, ainda corria o risco de ser rotulado de pateta. Um entre o milhão de patetas-analfabetos que gravitam à nossa volta e que foram genialmente fabricados pelo PAIGC – o partido ‘libertador’.

Se respondeu «os militares», acertou! Nem mais. Mas atenção: não é de hoje que isto acontece. Os militares sempre mandaram. Põem e dispõem. Furam, fiam e fazem.

Bubo/Papa vs EUA

O contra-almirante Bubo Na Tchuto, acusado ontem, 8 de abril, pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos da América de ser «um dos cabecilhas do narcotráfico» internacional - a par do chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Papa Camará - foi hoje voluntariamente à Procuradoria-Geral da República dizer de sua justiça: que é tudo falso, que não tem conta nem bens nos EUA. Que nada sabe e que nunca participou do tráfico de drogas.

Neste caso, esta batata quente fica inteirinha nas mãos da PGR. E nas de quem manda no país: a mesma tropa de que, orgulhosamente, Bubo faz parte.

Porém, Bubo Na Tchuto disse duas coisas que me deixaram altamente preocupado:

A dado passo da sua conversa com os jornalistas, ar sereno, confiante mesmo, Bubo apontou até as datas das muitas viagens que foi fazendo por esse mundo fora, incluindo à Europa – Espanha e Portugal, onde, disse, tomou parte numa conferência. E mais: que em tempos, fora à América em visita oficial.

Depois, fez uma acusação gravíssima: que «foi tudo montado cá, na Guiné-Bissau, e depois passada a informação para Portugal». Portugal – reparem bem... Outra batata quente, desta feita para o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior (Portugal estar-se-á nas tintas, presumo). Aguardo pacientemente que isto afunde de uma vez por todas.

P.S. – Para o Mutaboba: Gostei da excitação, mas não foi desta...

* Sei que me querem. Mas eu também quero tanta coisa... uma coisa é certa: se morrer às mão de bandidos, deste Estado falhado, não terei morrido em vão. António Aly Silva

Quem ousará ser Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses?...

Photobucket

Por: Fernando Júlio

quinta-feira, 8 de abril de 2010

General Papa Camará desmente EUA: «É mentira»

"O chefe de Estado-Maior da Força Aérea da Guiné-Bissau, general Ibrahima Papa Camará e o contra-almirante Bubo Na Tchuto, foram apontado hoje pelos Estados Unidos como uma das principais figuras do narcotráfico. Para já, Papa Camará desmente esse envolvimento e confessou à Lusa que a acusação lhe afecta a imagem.

Contactado telefonicamente pela Lusa a partir de Lisboa, o general Ibrahima Camará começou por dizer que não tem nenhum bem nos Estados Unidos e que está disposto a colaborar quer com o Ministério Público guineense quer com o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos.
" AGÊNCIA LUSA

DESPACHO EXTRA (ORDINÁRIO): A noite promete ser longa. Assim, Deus nos ajude... AAS

... "A revolta de um povo"

"Caro Aly,


Acabei de assistir à entrevista que deste à TVI no passado dia 01 do corrente. Não posso deixar de vir prestar a minha sentida homenagem à tua coragem e frontalidade.

É com muita honra e com o maior respeito que posso afirmar que conto entre os meus amigos um homem de elevados princípios que na sua palavra e independência carrega a revolta de um povo e a herança do libertador Amílcar Cabral.

Que a tua acutilância e espírito de homem livre ajudem a Guiné-Bissau a erguer-se do lento estertor a que alguns a sujeitam. Eles sabem quem são, e tu bem os enumeraste.

Um grande abraço,
Miguel G. C.
"

NOTA: Obrigado, amigo. Espero reencontrar-te em Bissau. Aly

Bubo Na Tchuto veio fazer uma visita ao Kalliste. Vestido de um uarambá castanho. Agorinha mesmo... AAS

Esquecer o passado

"Aly

Tive o prazer de me inteirar do seu blogue, e confesso que desde então faço parte dos seus seguidores. Chamo-me Mamadú, antigo militar da Brigada Mecanizada 14 de Novembro. Sou Engº civil, empresário e mestrando no ramo.

Confesso que fiquei extremamente abalado com os últimos acontecimentos na nossa pátria amada e na semana que antecedeu os acontecimentos de 1 de abril, tinha acabado de convencer uns investidores ingleses e portugueses para um mega investimento na Guiné-Bissau. Tínhamos já agendada uma viagem de prospecção no terreno.

Contudo, ao soubermos da tentativa de golpe de Estado, eles disseram que por enquanto é melhor repensar e que talvez seria melhor apostarmos noutros países, como Moçambique, já que a Guiné é instável e não garante segurança a grandes investimentos.

Como deves calcular, fiquei super chateado com o PRS e com as chefias militares, porque a Guiné-Bissau merece mais e estava a tornar-se num mercado cobiçado. E agora??? Eu sempre disse que o Kumba Yalá e o seu PRS são factores de instabilidade e continuarão a sê-lo já que têm psicologia de Governo na base étnica.

Ando desesperado à procura de notícias animadoras para reconvencer os meus amigos empresários e investidores - mas isso só se o PRS e os militares deixarem. acompanho assiduamente o teu blogue e eles também. É importante que esqueçam o passado e que nos unamos em vez de estarmos no mata-mata. Obrigado e boa sorte na tua vida profissional.

M
."

Um documento histórico

"Caro Aly,

Ouvi a sua intervenção, na TVI, que constitui um documento histórico.
Parabéns pela coragem… e cuidadinho!

Cumprimentos
M.A.M.
"

Um cidadão de respeito e de coragem

"Olá!

Quero, muito sinceramente, parabenizá-lo pelo que representa para a Guiné-Bissau: ! Tenho indicado o seu blog a todos os guineenses que encontro porque o seu trabalho não pode ser ingnorado.

Na a entrevista à TVI, a sua voz disse aquilo que todo o verdadeiro guineense* sente. Envio-lhe,em anexo, um arquivo de som em que o falecido Tagmé Na Waie explica o porquê dos conflitos que tanto nos tem perturbado.

Um grande abraço,
A.L.S.


* Nem todos os cidadãos da GB são 'verdadeiros guineenses'. Para sê-lo,é preciso respeitar a Pátria Amada e estar disposto a trabalhar honestamente para mudá-la para melhor. O verdadeiro guineense está cansado de se sentir envergonhado pela sua Nação.
A.L.S.

Editorial do Jornal «Público»

A farsa da estabilidade em Bissau


"A única estabilidade que há em Bissau é a das armas e o que for dito em contrário não passa de perigosa ilusão.

Ontem, o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, veio finalmente dizer sobre a Guiné-Bissau o que se impunha: que o poder político "permanece refém de uma estrutura militar" e que é preciso que esse mesmo poder político tome uma opção clara e rápida: "Ou entra numa via de estabilização e de construção de um Estado democrático ou se isola e se torna num caso flagrante de um Estado falhado."

Isto porque nos últimos dias tem sido posta a circular, erroneamente, a ideia de que haveria em Bissau estabilidade. Ora a única estabilidade que há em Bissau é a das armas e o golpe de dia 1, travestido em "incidente", é disso prova cabal. Presidente e primeiro-ministro continuam reféns do poder das espingardas e mesmo a democracia já há muito se transformou numa farsa, quando as instituições se vêem privadas do poder que lhes cabe face ao poder fáctico do chefe fardado mais em voga.

Por isso, de nada adianta o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior (o tal que foi preso por militares há dias, chegando mesmo a ser por eles ameaçado de morte) vir dizer que a "situação está ultrapassada" ou que se deve trabalhar "para apaziguar os ânimos". Porque ele, neste estado de coisas, não pode garantir nada.

Nem o Presidente, Malam Bacai Sanhá, que ontem foi a Luanda tentar nova desdramatização. A Guiné-Bissau só terá solução quando o poder militar for submetido hierarquicamente ao poder civil e isso só sucederá quando o exército deixar de ter "vida própria", como até aqui. Se as armas e os interesses do narcotráfico continuarem a ditar as leis, não haverá Estado de direito (que ali nunca houve, mas se deseja) nem socorro internacional que lhe valha.
"

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Alguém ouviu o Indjai?

Caro Aly,

Agradeço o trabalho que tem em nos manter actualizados, mesmo para os que cá vivem é difícil acompanhar os acontecimentos e se ficarmos à espera dos jornais... Não te deixes influenciar pelos sentimentos para não caíres no triste poço amargo de desabafos em que se tornaram (...) outros sites.

E o PGR, Amine Saad? Ouviu bem as declarações de António Indjai? Do que está à espera?

Os meus melhores cumprimentos,
E.S.


NOTA: Obrigado pelo seu e-mail. Eu mesmo vou fazer essa pergunta ao Procurador-geral, e depois digo-vos. AAS

N´bom... ali é fala kuma 'cócó bóia'

Caro Aly, Espero que te encontres bem apesar dos acontecimentos no nosso país. Não sei se te lembras bem de mim mas estivemos juntos na embaixada de Angola naquele triste dia do funeral do Presidente 'Nino' Vieira, em Março de 2009.

A primeira vez que te vi foi em 1999 no pavilhão Carlos Lopes (perto do Marquês de Pombal, em Lisboa) quando o Primeiro Ministro de então, Francisco Fadul estava de passagem por Lisboa. Chegamos a falar uma vez no facebook e é tudo o que sei de ti.

Envio-te este e-mail, porque gostaria apenas de te dizer que admiro muito a tua coragem e gostei muito mas muito da tua entrevista na TVI. Acho que partiste a loiça muito bem e nunca vi nestes 33 anos de vida alguém que tivesse a coragem de dizer isto na comunicação social e ainda continuar a viver na Guiné-Bissau.

Foste muito claro, directo e falaste do coração - o que aprecio bastante. Eu ainda estou aqui na América e devo acabar em Maio o meu mestrado. Assim que acabar eu vou juntar-me a ti nessa luta pela verdadeira libertaçaão nosso país ou seja da ignorância. Medo ka pudi tem nha ermon. Pabia cóc b´´oia dja. Bem haja meu caro.

J.V.

NOTA: Amigo, vem e traz mais cinco. Todos somos poucos para combater os bandidos. Que são já muitos... AAS

Cartoon do dia

Photobucket

PRS: 'Antigo guarda-costas do actual Primeiro-Ministro, é que colocou a bomba que matou Tagmé Na Waie'

Num comunicado de imprensa hoje divulgado, o Partido da Renovação Social (PRS) da Guiné-Bissau afirmou que um antigo guarda-costas do actual Primeiro-Ministro, Carlos Gomes Júnior, é que colocou a bomba que matou o ex-chefe das Forças Armadas, general Tagmé Na Waié.

De acordo com o PRS, "no encontro do primeiro ministro com os membros da comissão permanente da Assembleia Nacional Popular, ficou a saber-se, através de palavras textuais deste, que terá sido um dos seus antigos guarda-costas quem transportou e colocou a bomba que vitimou o general Tagmé Na Waié", afirma o PRS, o maior partido de oposição da Guiné Bissau, liderado por Kumba Ialá.

"Estas afirmações não deixam margens para dúvidas sobre o conhecimento deste assassínio por parte do primeiro ministro, do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde", acrescenta o maior partido da oposição, liderado por Kumba Ialá.

No comunicado, o PRS refere também que o primeiro ministro deve esclarecer
às entidades competentes "quem terá sido o autor pela importação da bomba
(...) e quem será a próxima vítima
". O PRS solicita também ao Ministério Público a "tomar providências conducentes
à responsabilização criminal dos autores morais e materiais do caso em apreço
".
AAS

Desculpa, desculpa, desculpa

General António Indjai, esteve hoje na Procuradoria-geral da República, mas não deu cavaco aos jornalistas. Rodeado de fortes medidas de segurança, saiu hora e meia depois do gabinete de Amine Saad: "Não quero nada com os jornalistas", resmungou entre sorrisos.

Ditadura do Consenso sabe, contudo, que António Indjai NADA levou à PGR. Djumbai son... AAS

ÚLTIMA HORA: MILITARES LIBERTARAM PROTOCOLO DE ZAMORA INDUTA. AAS

Bibóóóóóó

Photobucket

Por: Fernando Júlio - Cartoon para mais tarde recordar (desculpas à Kodak)

Entrevista de António Aly Silva

Entrevista no Jornal Nacional da TVI no dia 1 de abril (não é mentira). Aqui. Bom dia. AAS

terça-feira, 6 de abril de 2010

Mais uma oportunidade perdida

Hojé é dia 6 de abril de 2010, e a tropa continua no poder na Guiné-Bissau (desta vez não sangramos, mas é como se nos tivessem feito sangrar).

O que aconteceu neste País no passado dia 1 de abril, esventrou o Estado guineense e pô-lo de joelhos - numa manobra espectacular, os militares tomaram Bissau de assalto, foram à procura do Presidente da Assembleia Nacional Popular, Raimundo Pereira (felizmente, não estava em casa), raptaram o 1º Ministro durante, pelo menos, uma hora e continuam a ter na sua posse – sabe-se lá em que condições... - o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, o general Zamora Induta, e o chefe da secreta militar, coronel Samba Djaló.

Desde essa penosa manhã, até ao dia de hoje, a verdade é que a Guiné-Bissau, ainda que o Governo e a comunidade internacional digam o contrário, vivia um Golpe de Estado. Zamora Induta, esse, continua preso sob custódia militar, em Mansoa, num quartel tornado num autêntico forte - e muito bem armado.

Photobucket

Hoje, da reunião patrocinada pelo Presidente da República, Malam Bacai Sanhá, parece que houve fumo branco. Mas não houve a verdade. Como é possível que alguém faça tudo o que António Indjai fez e, depois, saia ao lado do 1º Ministro, sorrindo, quase gozando?

Perdemos, pois, mais uma oportunidade flagrante para arrumar a casa. Quem pagará por este «incidente»? Logo, logo veremos...

NOTA: Pediram-me nestes últimos dias que «parasse de atirar lenhas para a fogueira». Para uma fogueira que eu não não acendi...AAS

segunda-feira, 5 de abril de 2010

ALERTA: Vivemos num País onde discordar pode ser fatal

FACTO: Vivemos num País assente num vulcão. Um País onde é proibido discordar e onde o acto de discordar pode ser terrível. Um País que está a ser dirigido para lado nenhum.

O que quer que me aconteça daqui para a frente é da inteira responsabilidade dos militares. E com responsabilidades políticas inteirinhas para o Governo, que não tem mãos no País.


Bissau, 05|abril|2010, António Aly Silva

Imagem do Dia

Photobucket
AAS

Ainda o 1º de abril

- Zamora Induta foi transferido para a caixa-forte da tropa: o quartel de Mansoa. Acompanha-o na caminhada e na esperada travessia do deserto, o coronel Samba Djaló, aquele que mandava na secreta militar com nome de medicamento - a DINFOSEMIL...;

- Encontro de PR Malam Bacai Sanhá com partidos com representação parlamentar, acabou em desacordo. A velha senhora (PAIGC) quer que tudo fique na mesma; o PRID quer que seja «resposta a ordem constitucional», e o PRS reafirma a sua posição: «Carlos Gomes Júnior é o principal foco de instabilidade no País». Em que ficamos? Um Xanax, por favor!;

- Comissão parlamentar mete água. Ouvidos os intervenientes (os golpistas e os quase-golpeados), uma certeza: «Tudo não passou de um incidente». É penoso. AAS

domingo, 4 de abril de 2010

ÚLTIMA HORA: Primeiro-Ministro e Presidente da República correm perigo de vida. Segurança reforçada. AAS

ÚLTIMA HORA: Militares não desarmam. Ou Cadogo é exonerado, ou os militares depõem o Primeiro-Ministro e o Presidente da República. AAS

Cartoon do dia

Photobucket

Por: Fernando Júlio, caricaturista

NOTA: Ditadura do Consenso inicia, aqui, uma colaboração com um dos mais brilhantes caricaturistas da Guiné-Bissau.

From Russia

"Olá Aly,

Sou guineense e estou a estudar na Rússia. Escrevo para te felicitar pelo excelente trabalho que tens feito através da Ditadura do Consenso, e dizer-te que acabei de ingressar na lista de seguidores do Blog mais realista da Guiné-Bissau.

Danitos
"

ATENÇÃO: ZAMORA CORRE PERIGO DE VIDA NA CADEIA DA TROPA!!! AAS

Photobucket

sábado, 3 de abril de 2010

Alô Procuradoria-Geral da República: Peçam às Finanças o mapa dos pagamentos do mês de Janeiro...

AAS

Jomav!, Jomav!, Jomav!

Caro Aly,

"O Todo-Poderoso ministro das Finanças (Jomav) no dia da sua fuga
ordenou os seus serviços (especialmente o Tesouro) que limpassem todas
as despesas não tituladas (DNT e mais sujidades) que ele fez nos
últimos tempos e que não podiam sair sem cumprir as suas ordens, e os
coitados tiveram que trabalhar ate a 1 da manhã, enquanto o Jomav
pegava no voo da TAP daquela madrugada com destino a Lisboa, levando
consigo mais de 13 milhões de FCFA que estavam nos cofres do Tesouro,
deixando para trás os seus homólogos francofonos da UEMOA - ministros
das finanças, directores de bancos, etc, a mercê das suas sortes.
Coitados, estavam todos no BCEAO com o Director Nacional (DN) no dia
seguinte (dia 1) aflitos cada um com o seu telemovel a falar com o seu
familiar. Pobre do DN, como o anfitrião da festa (Jomav) fugiu, ajudou
a acalmar os hospedes com esperança de que tudo vai passar.
"

NOTA: Jomav, será que me pode trazer um Nokia E61? É que o meu telefone avariou-se de vez, como o Zamora... 13 milhões sempre são 13 milhões...ou não? AAS

01 de Abril, 09h da manhã: quatro militares armados invadiram a residência do Presidente da Assembleia Nacional Popular, Raimundo Pereira... AAS

AAS

Desculpas NÃO aceites. Levem o António Indjai a Tribunal!!!

Photobucket
AAS

Apelo dramático da viúva do Presidente 'Nino' Vieira

Photobucket

Isabel Romano Vieira
Viúva de João Bernardo Vieira

Sua Excelência
Dr. Raimundo PEREIRA
Presidente da Assembleia Nacional
Popular da República da Guiné-Bissau

Bissau Guiné-Bissau

Bruxelas, 2 de Fevereiro de 2010


Senhor Presidente da Assembleia Nacional Popular,

Excelência,


Por intermédio de Vossa excelência, dirijo-me a essa augusta Assembleia, em que têm assento os ilustres representantes do Povo da Guiné-Bissau.

Passaram-se já doze meses sobre o selvagem assassinato do Presidente da República, depois de lhe terem infligido as mais horríveis torturas, sem que até hoje ninguém tenha sido inculpado por esse feito de tamanha gravidade e que interpela a comunidade internacional

O Senhor Presidente sabe, tanto como eu, de que maneira esse facto afecta negativamente a imagem da Guiné-Bissau, tida como um país em que se permite que na mais completa impunidade se viole o domicílio de um Chefe de Estado em pleno exercício das suas funções para o torturar e assassinar sem que ninguém venha em seu socorro. Um país onde os assassinos do Chefe de Estado passeiam na rua sem serem incomodados ou detidos.

O que significa que o nosso país é impotente ara fazer aplicar a Justiça.

Não creio que, com uma tal imagem, o nosso país possa continuar a atrair e a inspirar segurança ao investimento estrangeiro e ao turismo.

Nós achamos, os meus filhos e eu, que é mais do que tempo para que o inquérito chegue ao seu termo e permita enfim punir não apenas os autores deste crime ignóbil mas também todos os que deram prova de negligência grave na protecção do Chefe de Estado.

Foi constituída uma comissão internacional de inquérito, um novo Procurador Geral da República foi nomeado na Guiné-Bissau, mas continuamos a não vislumbrar quaisquer sinais de progressos do inquérito, seja ele nacional ou internacional.

Nós pensamos que essa Assembleia Nacional está particularmente consciente da vergonha que esse facto lançou sobre o país, considerado um lugar sem justiça pelos mais bárbaros crime nele praticados. Essa Assembleia que deveria ser a primeira a querer limpar essa imagem de barbárie.

Na esperança de que o Senhor Presidente saberá encontrar a força ara exigir que seja feita Justiça e que seja restituída ao Povo a garantia de poder viver pacificamente num Estado de Direito credível,

Creia-me, Senhor Presidente da Assembleia Nacional Popular, com elevada consideração

Isabel Romano Vieira, viúva do General João Bernardo Vieira
"

É mesmo... Muitaboba!!!

"Amigos,

Li um artigo e fiquei deveras surpreendido com as declarações do chefe da missão da ONU na Guiné-Bissau:

Joseph Mutaboba, the UN Secretary General's Special Representative in Bissau:

“Recurring military intervention in politics is the result of constantly changing alliances. He says everyone in Guinea-Bissau wants to be the boss. Everyone wants to be a minister. Everyone wants to be an ambassador. Everyone wants to be something. Everyone wants to become what they can never become. He says there is too much demand and not enough vacancies in such a small country.”
Source: VOA

Tradução:

“A constante intervenção militar na vida política é o resultado das constantes mudanças das alianças. Na Guiné-Bissau todos querem ser chefes. Todos querem ser ministros. Todos querem ser embaixadores. Cada um quer ser alguma coisa. Todos querem transformar-se naquilo que nunca podem ser. Diz que há demasiada procura [no Mercado de trabalho] mas poucas ofertas num pequeno país.”
Fonte: VOA

Minha Observação:

Estará o Representante das Nações Unidas a insinuar que todas as movimentações militares na Guiné-Bissau são frutos de alianças políticas? Se este é o caso, porque é que não diz isto às Nações Unidas e ao Conselho da Segurança? Os vossos relatórios não são frontais, mas as suas declarações são.

Quanto à questão de cada um querer ser alguém, pergunto então ao Sr. Representante das Nações Unidas: As pessoas não têm o direito de sonhar e de prosseguir os seus sonhos?” O senhor está a advogar o conformismo? Como explica o Sr. a inabilidade das Nações Unidas mediarem o caso de Bubo Na Tchuto durante três meses? Conformismo ou ineficácia?

Concordo, no entanto, de que a via militar não deve constituir o meio de se chegar ao poder. Mas, se não me engano, tem sempre havido eleições livres e justas na Guiné-Bissau, o que quer dizer que os nossos “chefes, ministros, embaixadores…” são frutos de um exercício democrático – isto a fazer fé nos relatórios das organizações como a ONU que têm declarado as eleições da Guiné-Bissau como “livres, justas, transparentes e democráticas”. E as eleições têm os seus resultados – as nomeações de chefes, ministros, diplomatas…

O que eu saiba – com a exepção do governo de unidade nacional em 1999 após a guerra civil -- não tem havido levantamentos militares resultantes em nomeações de pessoas para cargos civis e públicos na Guiné-Bissau. Esses levantamentos têm beneficiado sobretudo (e unicamente) a classe militar. Mas também como esses privilégios são “short-lived” (de curta duração) – como tem mostrado a história recente na Guiné-Bissau, as alianças de que fala não devem interessar a ninguém. Aqui refiro-me aos políticos sérios, não aqueles que só aparecem nas alturas das eleições.


O que tem faltado na Guiné-Bissau é uma visão clara por parte da ONU e por parte dos nossos dirigentes. Cada vez que aparecem oportunidades para se fazer algo, elas acabam por ser desperdiçadas. Ao fim do dia, dizem-nos que “tudo está bem, tudo está sob o controlo.” Ah sim? Então revejamos os acontecimentos: Guerra de 1998-99, o assassinato de Ansumane Mané, o assassinato de Veríssimo Seabra, o assassinato de Tagme Na Waie, o assassinato de Nino Vieira, os assassinatos de Helder Proença e de Baciro Dabó … Será que tudo está realmente bem?


Há meses atrás, a chefia militar guineense recusou a ideia de uma força militar de manutenção na Guiné-Bissau. Disseram-no na altura que “estava tudo bem” e que era impensável contemplar o envio das tropas da ONU para o nosso país. Gostaria de saber o que pensam agora!

Pensem amigos, pensem!

Abraços,
Umaro Djau
"

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Recados

"Aly Silva,

Obrigado por nos manter sempre informados de diferentes situações que acontecem no nosso país. Eu sempre defendo que as pessoas devem ser reconhecidas pelo bom trabalho que fazem. O próprio reconhecimento é um aspecto de incentivo e de encorajamento, sabendo que o que faz não é em vão! Aly, o Sr. está a fazer um BOM trabalho! Que DEUS o proteja!

Ao presidente, Malam Bacai Sanhá

Sua Excelência Sr. Presidente da República, veio mais uma vez provar-nos que é um homem de paz, determinado e corajoso, ao contrário do que algumas pessoas dizem...
Se não fosse a sua sábia intervenção podia haver, ontem, um banho de sangue no país.
Obrigado Sr. Presidente! Estamos consigo!


Ao Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior

Deixo aqui a minha palavra de apreço ao primeiro-ministro pelo trabalho que tem feito em prol de dar um novo rumo ao país. Na certeza de que não vamos nunca aceitar entregar o país aos narcotraficantes. Continue a liderar o Governo! Estamos consigo! Há sem dúvida pessoas que estão interessadas em que haja um Governo que feche os olhos a corrupção e ao narcotráfico...Nunca vamos permitir isso! Força! Mas uma coisa, o Governo fez uma má gestão do caso Bubo Na Tchuto!


Ao CEMGFA-José Zamora Induta

Espero que não seja tocado! Estou consigo porque foi designado pelas vias legais, se alguém o acusar de alguma coisa que seja resolvido nos tribunais.

Ao PGR-Amine Saad

Força, está a fazer um óptimo trabalho!

Aos perturbadores

Estamos fartos de violência na Guiné! Num mundo civilizado, os problemas resolvem-se pela força da razão e não pela razão da força! São uns cobardes e desnorteados...Bolas!!!


D.A.Yalá
Lisboa
"

'Adoro: aquele chão, aquele cheiro, o som calmo das manhãs e o cantar de miríades de pássaros e outros chilreios...'

"Caro amigo

Permita-me que o trate assim. Sou um jovem de 62 anos e andei como todos os jovens da minha idade, na Guerra Colonial. Ao meu irmão mais velho, tocou-lhe ir para Angola. Eu fui para a Guiné. Para essa Guiné tão linda e tão maltratada. Para essa Guiné que considero a minha segunda Pária. Sou Português, nado e criado no Norte, numa pequena cidade de nome Vizela que também lutou pela sua liberdade.

Estive na Guiné e lá voltei 25 anos depois. Costumo dizer a todos os meus amigos que esse regresso(embora só por dez dias) foi a coisa melhor que me aconteceu em termos de férias. Adoro aquele chão, adoro aquele cheiro, adoro o som calmo das manhãs e o cantar de miríades de pássaros e outros chilreios. E por isso me dói, me dói imenso, quando vejo irmãos, que um dia se levantaram em armas, percorrendo um só caminho na ânsia de libertação, lutarem entre si.

Basta de mortes. Basta de sangue derramado. É tempo de os filhos da Guiné se entenderem. É tempo de enterrar ódios e esquecer divergências. É tempo de harmonia. O futuro assim o exige. Os filhos que estão a nascer assim o exigem. Respeite-se o seu futuro.

Um abraço amigo, parabéns pela coragem e um muito obrigado pelas noticias "na hora", lúcidas e atentas.

Cumprimentos

Júlio César Cunha Ferreira
"

NOTA: Obrigado. AAS

Malam Bacai Sanhã - frases de ontem

Assim que soube do levantamento militar de ontem, 1 de abril, o Presidente da república levantou-se e tomou as rédeas, segurando a tropa. Depois, começou a poupar vidas.

Malam Bacai Sanhá, mostrou que tem autoridade. Dirigiu-se ao vice-CEMGFA António Indjai: "Isto é um disparate. Mande libertar imediatamente o Primeiro-Ministro, e ai de si se acontece alguma coisa ao CEMGFA, Zamora Induta". Quem assistiu, garantiu-me que António Indjai tremia que nem uma vara verde e até respondia ao PR com um «sim, Pai».

Malam Bacai Sanhá disse mais. Disse o que lhe deu na real gana e o que lhe apeteceu. Afinal, o PR sabe estar no lugar de Comandante-em-Chefe das Forças Armadas guineenses: «Durante o meu mandato, não haverá derramamento de sangue neste País, ouviu bem?». «Sim, Pai» - era a resposta do António Indjai.

Depois, Malam Bacai Sanhá mandou ao fim da tarde uma delegação a Bissalanca. Chefiada por Mário Cabral, um dos seus conselheiros, integrava ainda Octávio Lopes, Conselheiro para os Assuntos Jurídicos e Constitucionais do PR, o seu Chefe da Casa Militar e aida um coronel em representação do vice-CEMGFA, António Indjai. Mais um resultado positivo: Zamora Induta está bem e nunca foi maltratado. «Ouviu umas bocas desagradavéis, apenas e nada mais do que isso, o que, em certa medida e atendendo às circunstâncias, não foi de estranhar» - garantiu a fonte do DC.

Hoje, Bacai Sanhá reuniu-se em separado com o Procurador-Geral da República, Amine Saad, com a Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Maria do Céu Silva Monteiro e com o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior.

Cadogo insiste que continuará como Primeiro-Ministro porque foi eleito pelo povo. Contudo, há um problema: é o PM quem indica e propõe ao PR o nome para a chefia das forças armadas. Que nome indicará Cadogo? Será o de António Indjai, que disse que o ia matar? E se não indicar o nome deste, como será? AAS

Abril, 2 - A verdade do dia de ontem

Dos enormes relógios no topo da torre de vinte metros dos Serviços de Meteorologia, ouviram-se 11 sonoras - e senhoras - badaladas, anunciando as 11 horas da manhã do dia 1 de abril do ano de 2009. Mas as badaladas eram uma mentira porque o relógio estava atrasado. A única verdade, aqui, é que o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior estava já, por essa altura, sob custódia dos militares. Durante a sua detenção/prisão, o ministro da Administração Territorial, Luís Oliveira Sanca, foi violentamente agredido à coronhada por um dos militares. Resultado: pequenas escoriações e os óculos completamente partidos.

Os elementos da empresa de segurança privada MaSa, de serviço na portaria do edifício das Nações Unidas, em Bissau, viram chegar de repente uma carrinha 4x4. Esta encostou calmamente, sempre com o motor a trabalhar, e de dentro saíram quatro militares, fardados e armados com metralhadoras Kalashnikov. E com uma intenção apenas: «Viemos buscar o Bubo Na Tchuto. Onde é que ele está?».

Assustado, um dos seguranças (eram cinco ou seis) foi a correr para o interior do edifício para chamar alguém. Este apareceu, e confrontou o militar: «Amigo, você não pode entrar armado no perímetro das Nações Unidas». O militar, visivelmente nervoso, barafustou qualquer coisa imperceptível, mas acatou. A arma e os três carregadores de 30 munições ficaram à porta.

O elemento de Segurança das NU foi então confrontar Bubo Na Tchuto. Depois, dirigiu-se à Fortaleza D’Amura. Lá dentro, António Indjai, vice-CEMGFA, espumava. De ódio e de raiva. «Bubo tem de sair, e já, das Nações Unidas». Gesticulava, barafustava e ditava sentenças. Calma e diplomaticamente, o interlocutor dirige-se-lhe: «Sr. General, o Bubo não está preso. Está nas Nações Unidas por vontade própria». Acalmou-se.

De regresso às NU, Bubo foi novamente confrontado. Pediu para ver quem eram os que lhe tinham vindo buscar e acedeu a partir com eles. Mas primeiro teve que assinar uma declaração em como abandonava voluntariamente as instalações. E, depois, o próprio Bubo sugeriu querer despedir-se de Joseph Mutaboba, o representante do Secretário-Geral das Nações Unidas em Bissau. O que também aconteceu. A máquina fotográfica registou um abraço e um aperto de mãos. E lá vai Bubo. Neste momento, José Américo Bubo Na Tchuto está na sua casa, vigiado por militares. Se, amanhã, for chamado a tribunal, nada - nem ninguém - o impedirá de responder a qualquer acusação. Nem o próprio António Indjai. AAS

Ele já anda por aí...

Photobucket

O 1º Ministro Carlos Gomes Júnior esteve até há bem pouco tempo na Presidência, numa reunião com os órgãos de soberania. "Estou decidido a permanecer à testa do Governo", disse o PM. A ver se o deixam...

Ditadura do Consenso seguiu a caravana do PM num passeio pelas esburacadas ruas de Bissau, incluindo a das Nações Unidas... AAS

Letter from Scotland

"Boa Noite
Prezado Aly


Contava há muito fazer-te estas linhas mas por falta de vagar fui adiando. Para te dizer que realmente desde que tomei conhecimento do teu blog (já lá vão mais de ano e meio) nunca mais priorizei outra fonte noticiosa. Sempre admirei a tua coragem e frontalidade - coisa que escasseia hoje em dia em Bissau. Tive a oportunidade de falar contigo em Bissau no mês de Junho de 99 (foi na discoteca plack e como a noite ja ia longe não deu para mais como gostaria). Confesso que foi bom para a minha alma poder ver-te e falar contigo. Há muito que fazes parte das minhas orações tudo no sentido de pedir ao todo poderoso que te proteja e te dê muita saúde. Obrigado pelas notícias de hoje e tudo de bom para ti.

Obrigado

Sydney Monteiro

Edinburg-Scotland"

Aly Silva - o D. Quixote guineense

Carta de Lisboa

"Jornalista e pintor, António Aly Silva, também bloguista, é um autêntico D. Quixote da Guiné-Bissau, uma figura ímpar de que me apetece aqui falar.

O António, de 43 anos, natural do Quebo, antiga Aldeia Formosa, na região de Tombali, no interior da Guiné-Bissau, é um caso fabuloso de desdobramento de personalidades, entre o pintor que começou a ser ainda muito novo, na adolescência, e o jornalista irreverente em que depois se tornou, com uma posição assinalável no blogue Ditadura do Consenso.

Rapaz de duas pátrias, a guineense e a portuguesa, pois que em ambas já viveu, ele tem um desassombro excepcional quando fala dos muitos problemas da terra onde também nasceu Amílcar Cabral; e onde tantos morreram, em circunstâncias várias.

Falar do António Aly Silva e da sua maneira de estar na vida é homenagear todos aqueles que transgridem, que fazem tantas vezes aquilo que nós pensamos mas não temos a coragem de fazer ou de dizer. Depois de tanto se ter escrito nos últimos anos sobre uma pátria ainda a dar como que os primeiros passos, pois que 36 anos pouco são na vida de uma nação, é bom ter uma matéria nova para falar, que não seja o peso dos militares ou as influências do narcotráfico.

Aly é um artista e um poeta, que nos sabe bem ler, pois dele transcende o mais puro espírito libertário. E aqui o gostaria de colocar ao lado de muitas das outras figuras africanas que já tenho abordado ao longo da vida, pessoas com maneiras diferentes de estar na vida, mas que de algum modo não podemos ignorar: o José Vicente Lopes, o Tony Tcheka, o José Eduardo Agualusa, o Ondkaji, o João Paulo Borges Coelho, o Mia Couto, o Nelson Saúte e tantos outros.

Esta minha carta é para eles, os cidadãos lusófonos que aprecio, pessoas que têm ajudado a fazer notadas as jovens nações onde vivem. Pessoas todas elas com menos de 65 anos; nascidas portanto depois da II Guerra Mundial e de tudo o que ela significou para marcar um antes e um depois.

O António Aly Silva andava na instrução primária em Portugal quando aqui foi o 25 de Abril de 1974 e algum tempo depois seguiu para Bissau, a matricular-se no Liceu Kwame Nkrumah, onde a sua pintura começou a ser notada, em tons vivos, como é próprio da África e dos africanos.

Galerias de Dacar, Lisboa, Sintra, Paço d'Arcos e Cascais viram os seus quadros, bem como algumas salas de Bissau. Toda uma corrente de afectos se foi gerando à sua volta, como de ódios também; ou não fosse a Guiné-Bissau um país de perfídias, onde por vezes parece tão fácil morrer, vítima do feitiço de alguém que nos quer mal.

Aos meus olhos, ao colocar claramente os pontos nos iis, denunciando as conjuras, os golpes baixos, em pleno terreno armadilhado, o Aly é um herói, um autêntico D. Quixote deste tempo novo, deste século XXI em que nos é dado viver, até que os deuses o permitam.

"Venham mais cinco!", como ele, como o Zeca Afonso, como o José Dias Coelho. E um dia talvez o mundo seja melhor, onde mereça a pena viver. Graças ao esforço dos que tantas vezes chegam a duvidar de que valha a pena. Dos que tropeçam nos escolhos mas acabam por arranjar forças para se levantar.

J.H.
"

NOTA: Comovente. Tocante. Um abraço, Jorge. António Aly Silva

E os leitores têm sempre razão...

"Caro Aly,

O todo poderoso Ministro das Finanças, José Mario Vaz, fugiu que nem um
relâmpago um dia antes dos acontecimentos de 1 de abril alegando problemas
graves de saúde (recorde-se que estava muito bem um dia antes a
presidir ao CM da UEMOA e a gabar-se de...) acho que nem esperou pela
Ordem de Serviço do PM e agarrou milhões de FCFA dos cofres do Tesouro
para a sua fuga e nem se dignou alertar o seu amigo PM e alguns
colegas seus. Coragem Aly e obrigado pelas informações que nos tem proporcionado.

Bartaba
"

---------------

Caro Aly,

Faço este para te parabenizar e te agradecer por nos proporcionar notícias da terra.
Na nossa Guiné, quando se vê uma luz ao fundo do túnel, acaba sendo sempre um trem (comboio) vindo no sentido contrário para esmagar as esperanças de um dia melhor" - infelizmente.

Um abração

C.F.

----------------------
"F.M.

Enviou-lhe uma hiperligação para um blogue:
Parabéns pela coragem e irreverência. Lê-lo é uma lufada de ar fresco. Parabéns pelo presidente, que esteve à altura.
"
-----------------
"Bom dia Aly,

Eu sou seu seguidor a 100% desde há muito tempo. Obrigado pelas informações frescas na ditadura do consenso, coragem nesta luta que também é de todos nós.
Sou também leitor de vários outros jornais guineenses online, mas neste momento o Ditadura do Consenso é o único jornal que tem coragem de nos informar na diáspora sobre o que está acontecer no país passo a passo ou melhor minuto a minuto, isso sim é fazer jornalismo, lutar por aquilo que se gosta de fazer a ferro e fogo para defender o interesse da maioria. É uma pena que temos só você.
Escrevo desde Cabo Verde, pode contar conmigo que estou a divulgar o seu blog por todo lado imprimindo as suas notícias para informar os guineenses que precisam de acompanhar o que está passando no país.

Continue sempre em frente denunciando aos malfeitores da imagem e o bom nome da nossa terra. L.S
."

NOTA: Agradeço todos os e-mail. A perseverança e a luta contra os que mal fazem a Guiné-Bissau não pode parar. Ainda que nos façam sangrar. António Aly Silva

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dos leitores

Boa noite.
Escrevo apenas para expressar em poucas palavras o meu apreço por manter-nos (a mim e a outros fora do país) tão informados acerca dos incidentes que decorreram no país.
Já agora, aproveito também para congratula-lo pela coragem pois decerto expõe-se bastante a fazer o seu trabalho.
Obrigada,
T.S.

--
"In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul."

William E. Henley

-----------------

Neste blog, sim, há informação de qualidade. Só para quem sabe estar no local certo, na hora certa.
Obrigada.
LG.

-----------------

Aly,


Muito obrigada pela tua rapidez em actualizares o teu blogue com os eventos recentes. Continua! Espero que estejas bem.

Beijinhos,

M.

-----------------

NOTA: E os leitores têm sempre razão. AAS

PR: Se quiserem, matem-me, mas isto que fizeram é um disparate

- Conversações que tiveram lugar, hoje, sobre a sorte que caberá ao Primeiro-Ministro deram, para já, em nada. Os militares não querem o actual chefe do executivo nem com molho de soja. Mas lá terão que engolir o peixe pelo rabo.
A verdade é que o Presidente da República deu uma descompostura tal aos cabeças do golpe de Estado, que estes logo se prontificaram, em comunicado, a respeitar a Constituição (já violada) e prometeram que a ordem seria reposta. "Se quiserem, matem-me, mas isto que fizeram é um disparate" - disse uma Malam bacai Sanha furioso;

- Fui jantar ao Malaika mais um amigo. Numa mesa próxima, um deputado e ex-ministro de Cadogo caído em desgraça junto deste, jantava sozinho. E o telefone não parava de tocar. E o toque era nem mais nem menos que cócórócócóóóó. E o gantar do galo, já se sabe, anuncia sempre um novo dia... AAS

Seguidores são já 69...ops! AAS

Não há um militar para amostra à porta ou à volta da residência do 1º Ministro. Vigilância, haverá sempre. E com tanta arma enterrada por aí...AAS