quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Carlos Gomes Jr., e Durão Barroso: Encontro em Lisboa


O primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, reúne-se hoje em Lisboa com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disse à agência Lusa o político guineense. Carlos Gomes Júnior, líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), encontra-se desde domingo na Cidade da Praia, nada adiantou sobre o local, hora e conteúdo do encontro.

O dirigente guineense, participou na Cidade da Praia na reunião do Comité África da Internacional Socialista (IS), na qualidade de presidente do PAIGC. Carlos Gomes Júnior foi afastado do poder no golpe de Estado de 12 de abril, a meio do processo eleitoral das presidenciais, tendo sido o candidato mais votado na primeira volta. LUSA

terça-feira, 31 de julho de 2012

Filhos em tronos de ouro


 
Os filhos dos chefes estão sentados sobre tronos de ouro. François Mitterand dera o exemplo nomeando o seu filho Jean-Christophe como conselheiro no Elysée. Hoje, raros são os filhos de um chefe de estado africano que não aproveita do seu estatuto do seu pai para beneficiar de uma situação de ganhos ou de trampolim presidencial. Frequentemente chamados a exercer funções oficiais no coração do palacio, eles acumulam esses postos com negocios florescentes e altamente rentaveis, o tempo de um mandato de muitos anos, senão de toda uma vida. Inquérito.

Nepotismo Oeste Africano. Mesmo se ele vem de começar a travessia do deserto apos o falhanço da tentativa de conquista pelo seu pai Abdoulaye Wade, do terceiro mandato presidencial em março no Senegal, Karim Wade pôs, estes ultimos anos, a sua função de «super ministro» à proveito para ganhar influências. Ele ambiciona neste momento a liderança do Partido Democratico Senegales (PDS) na perspectiva das presidenciais de 2017. Por sua parte, o filho unico de Alpha Condé saboreia os frutos açucarados do poder depois da instalação de seu pai na Sékoutoureya no ano de 2010.

Apelidado de « Condé Junior », Alpha Mohamed Condé, pouco conhecido dos conakry-guineenses, viu-se nomeado em meados de abril conselheiro na presidência da republica. Uma função que ele acumula com os seus negocios. Proximo dos meios economicos sul africanos, ele recrutou Waymark para a preparação das proximas eleições legislativas. Uma operação muito criticada localmente. Raros são os dominios onde o filhinho do papa, que gere também a agenda e os deslocamentos do seu pai, não tem um direito à palavra, incluindo o sector estratégico das minas.

Dinastia da Africa Central. Sob a influência de sua esposa Constancia, Teodoro Obianga Nguema selou a transição na Guiné Equatorial, designando nos finais de maio ultimo, seu filho Teodorin como segundo Vice Presidente, posto nunca previsto pela constituição. O estatuto acordado pelo «émir » de Malabo a este seu filho imprevisivel explica-se pela sua capacidade de manter o pais sob a influência do «clan Mongomo».

No Congo Brazzaville, o filho mais novo de Denis Sasso Nguesso, Denis Christel, dito « Kiki », responsavel do trading no seio da SNPC, sai da casca para altos voos. Ele acaba de ganhar as legislativas de 15 de julho em Oyo, feudo familiar. Urna a aborratar : 100% dos votos expressos. A sua entrada na Assembleia nacional vai alimentar a sua ambiçéao de prosseguir os traços do seu pai ? Por seu lado, Idriss Deby Itno, inconsolavel apos a morte do herdeiro Brahim em 2007 em França, néao faz menos por Zacharia. A 9 de maio, este foi projectado director de gabinete civil adjunto da presidência, funçéoes que ocupava o seu defunto irmão.

Ele continua paralelamente a dirigir com punho de ferro «Toumai Air Tchad». No palacio de Ndjamena, o tenente-coronel, Nassour Idriss Deby é o chefe de estado maior particular adjunto do seu pai, Daoussa Idriss Deby ocupa-se dos projectos presidenciais, sendo que Adam Idriss Deby gere a intendência do palacio. Quanto a sua irmã Amira Idriss Deby, ela é encarregue do economato e aprovisionamento. Na Republica Centro-Africana, Jean-Françis Bozizé, ministro delegado da presidência encarregado da defesa, prepara-se para enfiar as botas de chefe de estado, porquanto a o coronel Sylvian Ndoutingai, sobrinho de François Bozizé, conhece a amargura da disgraça.

Os filhos nos negocios. Normalmente menos versados aos mitos do poder, certos filhos aproveitam no entanto do estatuto paternal para fazerem fructificar os seus negocios. Em Luanda, Isabel dos Santos, filha unica de Eduardo dos Santos fruto do primeiro casamento com a Azérie Tatiana Kukanova, multiplica as suas tomadas de participações em empresas do sector diamantifero, bancario e das telecomunicações (Unitel, Mstar SA, Banco Internacional de Crédito...) E, não somente em Angola ! Em Brazzaville, Claudia Sasso Ngueso, vulgo «Coco» responsavel da comunicação de seu pai, acaba de ser eleita deputada. Outra filha de Sassou, Ninelle Nguesso, esposa do presidente da camara de Brazzaville Hugues Ngouélondélé, esta à cabeça da sociedade de eventos. Patroa de CSN, Cendrine continua a «Sra Turista e Restauração » do palacio de Brazzaville. Outra filha de choque, Julien Johnson, vulgo « Joujou », dirige a sua empresa de aluguer de aviões onde o unico cliente... é a presidência congolaise!

(Fonte : a Lettre du Continent)

A ONU alerta...



O tráfico de droga na Guiné-Bissau aumentou depois do golpe de Estado de Abril, sendo o país uma das principais plataformas para a entrada de drogas na Europa, alertou nesta terça-feira o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Numa resolução, este órgão com sede em Nova Iorque (EUA) exigiu que a ordem constitucional seja reposta. “Os membros do Conselho de Segurança condenam a interferência contínua dos militares na política e expressam a sua preocupação com os relatórios sobre o aumento do tráfico de droga desde o golpe de 12 de Abril”. Nesse dia, véspera do início da campanha para a segunda volta das presidenciais, os militares atacaram com morteiros e granadas a residência do primeiro-ministro em fim de mandato, Carlos Gomes Júnior, e prenderam o Presidente interino, Raimundo Pereira. Uma junta militar assumiu o poder.

O CS anunciou que poderá marcar uma cimeira internacional para discutir formas de fazer regressar a democracia ao país onde aumentaram as actividades dos cartéis de droga da América Latina, havendo fortes suspeitas de que há altas patentes militares guineenses envolvidas no negócio de fazer chegar a droga, sobretudo cocaína, à Europa. Em 2010, os Estados Unidos tinham acusado alguns militares, entre eles o antigo contra-almirante que chefiava a Marinha, José Américo Bubbo Na Tchuto, de tráfico de droga.

Embaixada da Guiné-Bissau em Lisboa reúne-se com a comunidade


embaixada encontro

N’KOSAZANA DLAMINI ZUMA: uma abordagem pragmatica da Unidade Africana


Os Africanos definitivamente não se enganaram ao designarem no dia 15 de julho 2012 a candidata Sul Africana, N’Kosazana Dlamini Zuma, à testa da Comissão da União Africana. Efectivamente, fiando-se na nova visão que a antiga esposa do Presidente Jacob Zuma expôs este fim de semana, pode-se dizer que ela tem uma abordagem que pode efectivamente conduzir a uma verdadeira unidade, à qual procura a UA ja la vão mais de meio seculo.

Segundo ela, a coesão do continente africano não se fara somente na base de discursos bonitos e voluntaristas. Ela propõem, uma abordagem que tem o mérito de ser realista e concrecta que, pode de passagem, ajudar na luta contra o fenomeno da pobreza que não é um factor a menosprezar na blocagem do processo de unificação do continente. Pragmatica, a antiga ministra sul-africana dos negocios estrangeiros mete o assento tônico das suas prioridades sobre as infraestructuras, a promoção da paz e a harmonização das legislações. Segundo ela, é mesmo paradoxal de almejar a Unidade Africana, quando praticamente, é impossivel de passar de um pais africano à outro através de uma estrada rodoviaria.

A verdade é que, mesmo ensinando às suas diplomacias respectivas o objectivo da Unidade Africana, os lideres do continente são na verdade estricta e enraizadamente nacionalistas.

Aquando dos grandes rencontros onde se reunem para falar dos desafios e objectivos do continente africano, as crises inter-estados, os egoismos desmedidos e os humores incontrolaveis dos diferentes chefes de estado africanos, invariavelmente têm impedido de debater projectos verdadeiramente integradores para o continente. Muitas vezes, senão sempre, põem de lado os temas mais interessantes e sedutoras, para abordar problemas ditos de « urgência ». A propôsito, gostam de dizer, em jeito de desculpa que, o problema principal foi «ultrapassado» ou que, tal ou qualquer outra crise «se impôs». Entretanto, o NEPAD pode ir dormindo nas prateleiras do esquecimento!

Porém, a verdade é que, aqueles que até agora se sucederam à frente da UA, até podem ter desejado ardentemente a possibilidade da promoção de um desenvolvimento integrador como meio de lutar contra as diferentes crises que desperdiçam tantas energias e recursos, mas eles nunca chegaram ao ponto de materializar esse sonho! Visivelmente, a situação pode mudar com ela que ainda é ministra do interior no seu pais.

Dlamini–Zuma diz querer se apoiar sobre a realização de infraestruturas nomeadamente rodoviarias para conectar os paises africanos, uns com os outros. As infraestructuras rodoviarias, não são mais do que indicadores, porquanto não podemos imaginar os resultados que estes poderão ter, se a mesma abordagem fôr aplicada no que concerne à energia e as telecomunicações, entre outras. No fim de contas, nos poderemos emerger, alcançando uma economia africana integrada e que forçara os africanos, por razões intrinsecas aos seus interesses, a se aproximarem e a se abraçarem.

A nova Presidente da Comissão da UA conta muito para além dessas variantes com um outro elemento da sua visão que é a harmonização das legislações. Ela quer, que as especificidades juridicas não sejam mais um elemento de entrave à Unidade Africana. Uma ideia que, a ser concrectizada faria a felicidade de enumeros homens de negocios africanos e outros, cujas pretensões expansionistas de negocios se esbarram infelizmente nas multiplicidades de codigos juridicos que se encontralm dispersos pelo continente africano.

No que concerne ao terceiro pilar da sua abordagem, a saber a promoção da paz, pode-se dizer que ele podera ser largamente coberta pelos dois primeiros. Parece que, mais uma vez, deve-se ter em conta que, a maior parte dos conflitos registados em Africa, têm uma origem socio-economica devido à pobreza e a precariedade reinante.

Pivi Bilivogui para GuineeConakry.info
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OS VELHOS “DEMÓNIOS” DA GUINÉ(*)


Excelências,

1. Presidente da República, Senhor Manuel Serifo Nhamadjo;
2. Ministro da Educação, Dr. Vicente Pungura;

Estimados finalistas, pais, amigos e convidados,
 
Momentos como estes são importantes e revestem particular importância para um país como a Guiné-Bissau e o momento em que acontecem, hoje, numa situação em que o país tem tido poucas boas notícias. Momentos de grandes carências, de desafios, mas também de esperanças para vocês. Esperanças de um emprego e uma profissão qualificada. Esperanças de uma vida melhor mas também esperanças para o país que passa a dispor de mais uns 250 quadros qualificados postos a sua disposição.
 
Esta promoção é mais uma contribuição inestimável da Universidade Lusófona para a Guiné-Bissau. No ano transacto foram diplomados 349 quadros a maioria dos quais estão dando a sua contribuição nos mais diversos sectores da administração pública, do sector privado, das organizações não-governamentais enquanto outros continuam os estudos de pós-graduação ou de segundo siclo em várias universidades particularmente portuguesas.
O projecto educativo da Lusófona na Guiné-Bissau já formou cerca de 600 quadros, sendo de longe a maior contribuição na qualificação dos recursos humanos formados localmente, quer em termos de diversidade de áreas de formação, quer em número de estudantes formados por promoção.

Pela sua implantação em quase todos os países de língua portuguesa e pelo número de estudantes africanos nas diferentes instituições do Grupo, a importância e o impacto do projecto educativo do Grupo Lusófona transcende de longe as fronteiras de Portugal. Os seus resultados em qualidade e quantidade assim como a variedade da sua oferta educativa falam por si, colocando o projecto fora de alcance de toda e qualquer tentativa de ataque à sua imagem.
 
Excelência Senhor Presidente, caros convidados,

A nossa determinação e engajamento na formação prende-se com a nossa íntima convicção de que a riqueza de uma nação não se resume aos seus poços petróleo, minas de ouro, diamante, fosfato ou bauxite, mas sim na sua gente. Mas esta gente deve ser educada e devidamente formada para estar a altura de dar toda a contribuição que dela se espera.
Por isso esperamos que o país saberá aproveitar melhor essas competências, transformando o que no início era um projecto individual e familiar para o benefício do país e da sociedade no seu todo. Estamos esperançados de que no futuro este país deixará de ser predador dos seus recursos humanos, de ser repelente dos seus quadros e que saberá valorizar esta sua preciosa riqueza.
 
Excelência Senhor Presidente, caros convidados,

Permitam-me nesta ocasião lembrar que o nosso país não se libertou ainda dos seus velhos demónios que são:

1/. A ignorância que continua mergulhar o país no atraso, na pobreza e por consequência no subdesenvolvimento;

2/. As ganâncias, as ambições desmedidas, os sentimentos de prepotência, a aposta no dinheiro fácil que induzem à corrupção e ao envolvimento em actividades ilícitas minando assim os alicerces do poder político e os fundamentos da nossa sociedade.
3/ As invejas, as intrigas, a intolerância e a violência que continuam destruir vidas de muitos dos nossos concidadãos.

São estes demónios é que continuam nos impedir até hoje (quase 38 anos após a conquista da nossa independência) de encontrarmos um consenso mínimo permitindo pôr de parte os nossos diferendos e diferenças para colocarmos os do país em cima de tudo e de todos.
 
Excelência Senhor Presidente e caros convidados,

Estas palavras são de um guineense profundamente magoado, como todos os guineenses, magoados por constatarem a nossa incapacidade até hoje, de nos entendermos sobre o essencial para organizarmos o nosso país, garantindo o mínimo a este maravilhoso povo, ou seja a segurança, o bem-estar e a tranquilidade.

Segurança no sistema educativo dando garantias a cada pai de que na escola o filho está a aprender um ensino de qualidade.

Segurança no sistema de saúde proporcionando a cada doente cuidados e tratamentos dignos. Bem-estar nos seus lares podendo beneficiar de energia regular e de saneamento básico.
 
Após 37 anos de independência, os guineenses estão em direito de esperar estas condições básicas, diria elementares para qualquer país.

Este fracasso é de todos nós, estejamos onde estivermos, façamos o que fizermos, nenhum guineense sai ileso da condição em que se encontra o nosso país. Este fracasso não deve ser órfão, contrariando assim o provérbio cubano segundo o qual “se o fracasso é órfão, sucesso tem muitos padrinhos”. Este fracasso do nosso país tem de ser assumido por cada, humildemente mas sem conformismo, a fim de mobilizarmos todas as forças e energias disponíveis para contrariar este rumo que, doutra maneira nos conduzirá inexoravelmente ao abismo.

Peço desculpas por qualquer incómodo que este discurso possa provocar porque podia-se esperar em circunstâncias como estas um discurso de carris mais académico. Mas infelizmente os problemas do país são reais, de natureza existencial e não de meras hipóteses e teorias académicas. Por essa razão a academia não pode ou não deve estar alheia aos desafios sociais e societais do seu meio e do seu tempo.

Mas tudo neste país não é assim tão negativo porque há algo de importante a não perder, é o facto de o guineense gostar profundamente da sua terra e que ninguém o obriga a fazer o que não quer fazer. Encontra-se enraizado no mais profundo do guineense o que José Reis dizia “só sei que por este não vou”. Este sentimento de resistência e de aversão à injustiça que simboliza a nossa alma deve ser preservado a todo o custo. Preservado e utilizado no sentido positivo e construtivo.

Temos valores, temos recursos humanos e naturais, temos determinação e vontade, falta-nos apenas o entendimento entre todos nós, o reconhecimento e valorização de cada um, uma atitude de inclusão para pormos este país a andar, para o transformarmos num oásis invejável. Este sonho é possível e está ao nosso alcance.

Às vezes dá-me vontade de gritar basta, basta, basta de desperdícios de preciosas vidas, o desperdício do precioso tempo e de preciosas energias. Basta, vamos ao essencial!
 
Caros finalistas, a partir de hoje jamais poderão dizer não posso, não sei, não estou preparado. A partir deste momento têm o dever e a obrigação de procurarem ser os melhores nas vossas actividades profissionais, serem exemplares na vossa família, comunidade e na sociedade. Procurarem dar o vosso melhor ao nosso país. Lembro vos que a licenciatura é o primeiro grau do ensino superior. Continuem sempre a alimentar a vossa inteligência, a cultivar o vosso jardim interno. Nunca parar porque tudo para onde pararmos, parafraseando assim a minha querida mãe.

Para terminar, resta-me desejar todos vocês, sucessos profissionais e académicos e felicidades pessoais e familiais.

Saudar um antigo Reitor aqui presente, o Professor Doutor Idrissa Embaló.
Uma palavra de apreço muito particular à direcção da Universidade, aos nossos valiosos professores, aos funcionários, sem a corajosa dedicação dos quais esta tarefa teria sido impossível.

Os nossos agradecimentos ao Governo, parceiro e primeiro interessado nesta colaboração por prepararmos um produto final que pertence ao país. Trata-se de cidadãos Guineenses formados para servir o seu país.

O nosso profundo reconhecimento à S.E. o Presidente de República por aceitar o nosso convite marcando a sua presença neste acto demostrando desta maneira a importância que acorda à educação apesar de todos os desafios que pesam sobre os seus ombros.
 
Que Deus ou Allah abençoe e proteja a Guiné e ilumine os Guineenses para encontrarem o caminho certo.

Muito obrigados e Bem haja.

(*) - DISCURSO, CERIMÓNIA DE ENTREGA DE DIPLOMAS
BISSAU, ULG, 28 DE JULHO DE 2012
Professor Doutor Tcherno Djaló
(tcherno.djalo@ulusofona.pt)
Coordenador Geral da Universidade Lusófona da Guiné

A INCAPACIDADE DA CEDAO NA RESOLUÇAO DA CRISE NA GUINE-BISSAU É PREOCUPANTE


Um dos fatores facilitadores na resolução de qualquer crise politica, quer ela interna ou internacional, é a qualidade do mediador. Os intervenientes em qualquer processo de conciliação devem gozar de certa isenção, coerência, capacidade de entendimento quanto a analise conjuntural da situação em questão. Estes atributos estão longe do perfil apresentado pela CEDEAO, na “resolução” da crise politico-militar na Guiné-Bissau, tendo em vista que foi precipitada ao empossar os órgãos de transição na sequencia do golpe de Estado de 12 Abril último.

Muito embora tenha sido indigitada pelas Nações Unidas para procurar uma solução para a crise politica do nosso país, a CEDEAO deveria tê-lo feito de forma mais consentânea, levando em consideração não só a realidade interna, mas, também a conjuntura internacional. Os outros exemplos a nível mundial no tocante à democratização dão tom do clima vivido hoje em todos os quadrantes do mundo. Desde a pressão internacional sobre a toda poderosa China, no capitulo do melhoramento na defesa dos direitos humanos até o apoio aos acontecimentos políticos e sociais denominados de primavera árabe, passando também pela pressão interna e externa sobre a Rússia, no concernente à transparência politica e na gestão da coisa pública. Esses acontecimentos dão conta que não seria fácil dar sustentação a qualquer governo oriundo de golpe de Estado, mormente na Guiné- Bissau, onde o histórico da violência politica é sobejamente conhecido pela comunidade interacional.

O desconhecimento ou desprezo por essas variáveis na “solução” da crise politica guineense, é extremamente grave e põe em cheque a credibilidade diplomática da CEDEAO. Este bloco politico econômico deveria ter articulado de forma mais adequada e menos arrogante, um acordo politico para por cobro a situação lastimável que o nosso país está a atravessar, mediante um envolvimento de todos os atores políticos e sociais, ainda que nos momentos seguintes ao golpe essa possibilidade parecesse impossível. Pois, nenhuma negociação para a crise do porte da nossa se revela fácil.

Não bastava só ter um presidente e um governo de transição, mas sim, um governo de consenso que causasse uma sensação de correção da injustiça acarretada pelo golpe de Estado. O dialogo com a comunidade internacional seria menos complicado se tivesse ocorrido uma articulação interna profícua, largamente envolvente, ainda que sob os auspícios de um mediador fraco como CEDEAO. Se esses cuidados tivessem sido tomados o clima em torno da crise não teria se deteriorado da forma como se apresenta hoje, com desdobramentos ainda imprevisíveis.

Nunca é demais ressaltarmos que, a participação de uma organização regional como a CEDAO, é sempre importante, no sentido de conferir maior legitimidade a qualquer solução politica para uma crise como essa que está a assolar a Guiné-Bissau, posto que, presume-se que seja mais conhecedora da realidade em torno da qual se deva negociar, circunstancia essa que a CEDEAO não tem sabido explorar. Não tem sido considerada uma mediadora fiável, pelo contrário, tem ajudado a piorar o que já estava mal. Não apresenta nenhuma solução coerente para a crise, e, sem contar as disputas internas em torno da proeminência na liderança politica econômica da sub-região.
   
A falta de credibilidade da nossa instituição sub-regional faz-se sentir, quando as próprias Nações Unidas, que a mandatou não reconhece a solução que encetou para a Guiné-Bissau. Ou seja, estamos perante o caso em que a mandante não reconhece os atos da mandatária. A divulgação de mais condenações às figuras que a organização entende estarem envolvidas com o golpe de Estado de 12 abril é corolário dessa falta de confiança.

Urge a necessidade de as Nações Unidas procurarem outros interlocutores, hábeis, fiáveis e imparciais, com algum grau de conhecimento da realidade guineense, de modo a corrigir quanto antes os rumos do país, com vista a minorar o sofrimento do povo que não aguenta mais arcar com as consequências do isolamento do país.

A CEDEAO trata a questão da Guiné-Bissau, pelo menos no tocante à posição da União Europeia, com o complexo de índole colonial. Na mente de muitos dirigentes sub-regionais, o bloco europeu não passa de um clube de antigas potências colônias, que ainda estariam alimentando interesses em manter suas influencias político-econômicas sobre o continente. Diante disso, ceder à pressão da Europa seria sucumbir às exigências neocoloniais.

Levando em consideração a essa visão, não resta dúvida que a CEDEAO não dispõe de condições de singularizar-se na busca de soluções para a crise na Guiné-Bissau. Em que pese o ímpeto das antigas potenciais coloniais europeias ainda exercerem alguma influencia sobre o continente, não devemos perder de vista que as exigências impostas pela União Europeia no capítulo da democratização são mais do que louvável. São pertinentes.

Como se pode perceber, a União Europeia não impõe nenhuma condição esdruxula, mas, a criação de ambientes de democráticos apenas. Não determina que forma de governo deva ser implantada, se é monarquia ou a republica. Não impõe a forma do Estado, se deva ser composto ( federação ou confederação) ou unitário, o que é o nosso. Muito menos define o sistema do governo, se deva ser presidencialismo, semi-presidencialismo ou parlamentarismo. Apenas exige que para que um país africano tenha o seu governo reconhecido, com direito à ajuda do bloco, a cláusula democrática é indispensável. Ou seja, a exigência é em relação ao regime, que deve ser democrático. Nada mais do que respeitar a vontade popular.

Em razão do acima exposto, as Nações Unidas devem procurar outros canais alternativos à CEDEAO, na busca da solução par aa crise do nosso país. É evidente que muitas autoridades sub-regionais se definem como democratas apenas de forma cosmética. Não se convencem da necessidade do poder vir da vontade popular. Com isso, logo não podem ser bons mediadores.
 
Alberto Indequi
Advogado e Empresário

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Greve no sector da saúde foi suspensa



Os enfermeiros e técnicos de saúde chegaram esta tarde a acordo com o Governo da Guiné-Bissau e decidiram suspender a greve que haviam iniciado esta segunda-feira. Na base da contestação social estão salários em atraso e as condições de trabalho. Depois de uma longa reunião com elementos do Governo guineense, os enfermeiros e técnicos de assistência hospitalar decidiram suspender a greve que havia começado esta manhã e estava agendada até quinta-feira.

De acordo com Gaspar Baticã, porta-voz da comissão de greve, os sindicatos (SINETSA - Sindicato Nacional de Enfermeiros, Técnicos e Afins - e STS - Sindicato de Técnicos da Saúde) e executivo chegaram a acordo nos seguintes pontos: subsídio de vela, subsídio de isolamento e subsídio de novo ingresso. Os três subsídios serão pagos em três tranches, a primeira a ser regularizada na próxima quarta-feira. De recordar, que enfermeiros e técnicos de saúde exigiam o pagamento de seis meses de subsídios de vela e de isolamento, o pagamento de 18 meses de salários aos enfermeiros recém-formados e a alteração de letras aos quadros da saúde. RFI

António José Seguro - "A reposição do Estado de Direito democrático na Guiné-Bissau é uma responsabilidade universal e uma obrigação da família socialista"

O secretário-geral do PS português, António José Seguro, defendeu hoje na Cidade da Praia que a reposição do Estado de Direito democrático na Guiné-Bissau é uma "obrigação da família socialista". Falando aos jornalistas no final da cerimónia de abertura da reunião do Comité África da Internacional Socialista (IS), que decorre durante dois dias na capital cabo-verdiana, Seguro afirmou estar convicto de que do encontro sairá uma posição firme de apoio às autoridades guineenses eleitas democraticamente.

"A minha posição é muito clara e muito firme: sou um defensor da democracia. O povo guineense deu o seu voto a um presidente e a um primeiro-ministro. É inaceitável que os dirigentes que foram eleitos democraticamente vivam fora do país e não tenham a possibilidade de desempenhar os cargos para que foram eleitos", disse.

"A reposição do Estado de Direito democrático na Guiné-Bissau é uma responsabilidade universal e uma obrigação da família socialista", acrescentou, negando que tal afirmação constitua uma "crítica implícita" ao presidente do Comité África da IS, o senegalês Ousmane Tanor Dieng. O líder socialista senegalês, ao intervir na sessão de abertura, aludiu às crises militares no Mali, Nigéria e Níger, mas não fez qualquer referência ao conflito na Guiné-Bissau, gerido por um Governo de Transição após o golpe de Estado de 12 de abril.

O golpe de Estado na Guiné-Bissau levou à destituição do executivo de Carlos Gomes Júnior, também presente na reunião da Cidade da Praia. "Houve três intervenções e duas delas referiram-se explicitamente à necessidade de se resolver o conflito na Guiné-Bissau", sublinhou Seguro, aludindo às intervenções do presidente da IS, o chileno Luis Ayala, e do líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), José Maria Neves.

Seguro disse "não compreender" que um Governo saído de eleições seja acusado de obstaculizar o país, aludindo não só a Carlos Gomes Júnior, também presidente do Partido Africano da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), mas também a Raimundo Pereira, chefe de Estado interino após a morte de Malam Bacai Sanhá. "Não consigo compreender que quem ganhou as eleições, que foi legitimamente eleito, seja acusado de obstaculizar a estabilidade. Tem de haver respeito pela democracia. Os guineenses escolheram os seus representantes e eles devem regressar para ocupar o lugar para que foram eleitos democraticamente", frisou.

Sobre a participação na reunião do Comité África da IS, que antecede a XXIV cimeira da organização a realizar na Cidade do Cabo em fins de agosto, Seguro indicou que, além da mensagem sobre a Guiné-Bissau, chamará a atenção para os problemas que existem em África decorrentes da crise financeira internacional. "O PS tem uma grande sensibilidade para as questões africanas, para os problemas que se colocam com a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (OMD) e tem a convicção de que a crise é global, afetando mais uns continentes que outros, e que é necessário haver uma resposta também global", explicou.

"Daí que a expressão solidariedade faz todo o sentido e obriga a respostas concretas em diferentes estados de desenvolvimento, sobretudo em África. A luta pela paz, direitos humanos, desenvolvimento, democracia social e por uma resposta à crise financeira e global exige uma resposta de todos", acrescentou. líder socialista declinou responder a questões não relacionadas com a IS, remetendo para terça-feira as ligadas à assinatura de memorandos de entendimento com PAICV e PAIGC e à visita a Cabo Verde. LUSA

Guiné-Bissau: Carlos Gomes Júnior nega envolvimento na morte de Cacheu


O Primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, negou qualquer envolvimento e que tenha «mãos sujas» na alegada morte do deputado do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Roberto Ferreira Cacheu.

Falando domingo, 29 de Julho, para mais de 500 membros da comunidade guineense na Cidade da Praia (Cabo Verde), Carlos Gomes Júnior, em tom de comício, disse que não foi ele quem mandou «bombardear» a casa de Roberto Ferreira Cacheu, em Dezembro de 2011, na sequência de uma alegada tentativa abortada de golpe de Estado, em que o deputado do PAIGC era apontado como um dos cabecilhas.

Desde a alegada tentativa abortada de golpe de Estado de 26 de Dezembro último que Roberto Ferreira Cacheu nunca mais foi visto em público, circulando informações em Bissau que poderá ter sido morto ou estar fora do país.

Na semana passada, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz do Governo de transição da Guiné-Bissau, Fernando Vaz, convocou jornalistas e o Corpo Diplomático acreditado em Bissau para mostrar a alegada vala comum onde jazem os restos mortais de Roberto Ferreira Cacheu e de mais duas pessoas, mas depois da escavação nada foi visto. Para esta semana, Fernando Vaz promete novos desenvolvimentos.

A declaração de Carlos Gomes Júnior na Cidade da Praia é claramente uma «indirecta» ao Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, líder do golpe de Estado de 12 de Abril último, da chefia do Governo guineense.

«Por isso mesmo escrevi, na semana passada, uma carta ao Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, na qual solicito o Conselho de Segurança para constituir um Tribunal Internacional para a Guiné-Bissau para o julgamento de todos os crimes de sangue cometidos nos últimos anos no país de 2000 a 2012», explicou o também Presidente do PAIGC.

O Primeiro-ministro deposto pelos militares guineenses disse que quer um esclarecimento cabal dos assassinatos ocorridos nos últimos 14 anos no seu país (desde 1998), nomeadamente os do Presidente Nino Vieira, do ex-deputado Hélder Proença, do antigo ministro e responsável da secreta guineense Baciro Dabó, dos antigos Chefes de Estado-Maior General das Forças Armadas, generais Ansumane Mané, Veríssimo Correia Seabra, Tagmé Na Waié, do coronel Domingos Barros, do comodoro Lamine Sanhá, o ex-Chefe dos Serviços de Informações do Estado, Samba Djaló e o recente caso do desaparecimento do deputado Roberto Ferreira Cacheu.

«Quero que todos os responsáveis sejam julgados e condenados. Se tiver mãos sujas que seja julgado e condenado», declarou Carlos Gomes Júnior «arrancando» estrondosos aplausos dos participantes.

Gomes Júnior reafirmou que é um «insulto» para os guineenses e para os democratas a forma como o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, foi nomeado por um «meninozito» referindo-se ao ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria.

«Nós os guineenses e os democratas não devemos admitir mais este insulto», advogou.

Carlos Gomes Júnior terminou o seu discurso dizendo que não pretende continuar a fazer política a partir do exterior, mas sim dentro do território guineense, deixando a entender que regressará muito brevemente à Guiné-Bissau.

O Primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau encontra-se na capital cabo-verdiana a participar na reunião do Comité África da Internacional Socialista juntamente com o Secretário-Geral da Internacional Socialista, Luis Ayala, e os Secretários-Gerais do PS de Portugal, António José Seguro, e do Senegal, Tanor Dieng.

(c) PNN Portuguese News Network

PÉS QUE NÃO CAMINHAM CRIAM RAÍZES...



"Aly,

Para além de colaborador, sou um leitor assíduo do teu, “nosso” blog. Arrisco a dizer que li todos os artigos editados no D.C. desde 12 de Abril. Não dá para disfarçar... Confesso que sou “ditaconsensodependente”. Isto porque sou apologista de um jornalismo interactivo, com espaço para a qualidade, que relata a verdade e, porque não, com duas costelas de patriotismo.
 
Sou um cidadão muito atento e leitor compulsivo de notícias da nossa querida Guiné, onde dia sim dia não, verdadeiras bombas de vergonha explodem sobre esta nação que deveria ser banhada de bênçãos divinas. São mais do que evidentes os episódios gritantes de irresponsabilidades, actos que vão desde abusos de poder até espasmos de extremo ódio e violência.
 
Ao longo destes meses de incertezas e angústias do povo guineense, constatei que o ditadura do consenso tem também uma componente sociocultural forte. Excelentes críticos, analistas políticos, escritores mostram os seus talentos e descontentamentos, poetas desconhecidos não escondem os sentimentos nos seus versos. Parabéns!
 
Parabéns a todos os “bloguistas”, sites, e cidadãos que fazem as notícia chegarem aos nossos aposentos, principalmente a nós que vivemos na diáspora, com atitude de coragem, profissionalismo e patriotismo! Parabéns aos jornalistas ou não, que disponibilizam os seus espaços virtuais para debates, comentários e até sondagens concernentes a esta conjuntura sociopolítico que a nossa Guiné-Bissau atravessa! São bem-vindas as “nobas di nô terra” críticas construtivas e sugestões, sejam elas da esquerda, da direitas ou do “centro”, desde que respeitem os princípios de ética profissional. Aliás, o exercício da liberdade de opinião, expressão e informação, é um direito humano e factor vital na conquista e fortalecimento da paz.
 
Caros compatriotas, o país só tem a ganhar com a intelectualidade dos seus filhos.
Independentemente das nossas, convicções politicas, divergências de opinião e preferências, temos os mesmos objectivos que é acima de tudo, o bem estar deste povo sofridor e o desenvolvimento do nosso país. É claro que devemos trabalhar para fazer valer o que acreditamos. Mas, isso exige respeito aos demais e o cuidado de observar se o momento é apropriado ou se é hora de se calar. No regime democrático o que se espera é mesmo o debate e a disputa. Mas, devemos tomar atenção e não deixar exaltar os ânimos... Pois, o exercicio da cidadania é coisa séria. Até porque, nós, “fidjus di é tchon sagrado” temos a responsabilidade social acrescida... Temos que admitir que somos os verdadeiros culpados de toda esta zaragata. Confesso que é doloroso assistir a nossa Pátria, a passos longos, caminhar, rumo a um hospício.
 
É hora de unir esforços, usar as nossas inteligências ao serviço do povo e ajudar a resgatar a nossa querida mãe Guiné do labirinto! Temos que reconhecer o papel importante que a informação e a comunicação desempenham no mundo contemporâneo, e sobretudo, na Guiné-Bissau neste período conturbado. Ninguém é merecedor de coronhadas violentas, ataques virtuais e nem tão pouco perseguições alucinantes, por opinar, defender os direitos dos mais humildes, baseando sempre na realidade dos factos.

“Há que encontrar algo que faça carburar o País. Qualquer coisa. O Ultra-nacionalismo, o anarquismo, a desobediência civil, eu sei lá que mais. Qualquer coisa, mas não - nem por sombras! - um cabide onde nos pendurarmos a comer o pó dos dias e à espera de dias piores...”AAS.

Antes de terminar, gostaria de comentar este “emocionado” parágrafo extraído do artigo “Maravilhoso 1973”(AAS). Caro Aly, a Guiné-Bissau, para poder carburar a todo o vapor, carece realmente de acções com muita firmeza. acções como “Desobediência Civil” que o fulano pediu, acções como “Marcha da Liberdade” que o beltrano exigiu... São estas e outras pequenas acções que geram conquistas e mudanças em nós e nos dão a certeza de que somos capazes.
 
Irmãos,” os pés que não caminham criam raízes” deixemos de dizer apenas que amamos o nosso país; Vamos amá-lo em verdade e demonstrar não só com palavras e promessas mas sim, pelas nossas posições e atitudes que revolucionem e que dêem resultados. “Um grande objectivo começa com pequenas acções mas, uma pequena acção, não sai do lugar apenas com grandes promessas”.

A questão é que os guineenses deixam de fazer a sua parte, porque acham que não fará diferença alguma para o país, já que ele se encontra atolado até ao pescoço.
Mas como dizia Madre Teresa de Calcutá: " Sua acção pode ser uma gota no oceano, mas o oceano fica menor sem uma gota”.
 
Que corra sangue de touro nas nossas veias...!!!

Bom dia a todos, com muita leitura e atitudes do bem!
 
Lisboa, 29/07/12
Vasco Barros."

domingo, 29 de julho de 2012

Doka: obrigado pelas tuas palavras mas continuo na mesma - não há nada oficial, sobre o Roberto Cacheu estar morto e menos ainda sobre quem ordenou o suposto assassinato. A ser verdade, acredita, vou lamentar e serei o primeiro a pedir justiça! Disso não tenhas dúvidas nenhumas. Quem me conhece em Bissau poderá dizer da minha relação com o Roberto Cacheu. Nunca fui cínico, nem hipócrita - coisa que, infelizmente, não falta naquele país. AAS

Todas as mentiras


Disseram-me há pouco que o Didinho postou no seu site que o Aly "retirou" o post onde, por carta, o Governo legítimo da Guiné-Bissau tendo à testa o seu primeiro-ministro, pede ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, a criação de um tribunal internacional ad hoc para a investigação dos crimes de sangue ocorridos durante os seus mandatos. Pois bem.

Caros leitores do ditadura do consenso, tem havido muita contra-informação, e outras tantas mentiras. O referido post - http://ditaduradoconsenso.blogspot.pt/2012/07/carlos-gomes-jr-pede-onu-que-crie-um.html - continua no blog. Não sei o que pretende o Didinho, passando essas contra-informações, o certo é que eu nunca vi esse sujeito tomar partido daquilo que ele próprio escreve. Que lhe pertence. Há dias, alguém escreveu isto no blog do Doka:

"06. Onde arranjou dinheiro para comprar tantas casas, cuja lista o seu agora amigo e apoiante Aly Silva publicou no seu blogue DITADURA DO CONSENSO?"

A verdade, meus caros, é que essa lista - ainda que esteja completamente desactualizada, pois tem vários anos - foi publicada aqui: http://didinho.org/LISTADEIMOVEISDOGRUCAR.htm - e não no meu blog. Eu assumo tudo o que escrevo. Nunca acusei CGJr de matar este ou aquele, mas de ser o responsável político. Era ele o chefe do Governo. Para quem sabe ler e percebe o que lê, o Aly nunca seria o sacrificado. Mas eu estou habituado a que se mate o mensageiro...

Também me foi dito que o Doka prometeu postar sei lá o quê, ainda hoje. E que se referiu ao meu blog como sendo do CONCENSO... Eu aguardo. Sereno...

Só peço isto: tenham colhões e assumam os vossos. Disparates, ou não. E fica desde já um convite a essa dupla: organizem um debate sobre a Guiné-Bissau, para que, juntos, possamos discutir educadamente o mal de que o nosso país padece. Organizem. Aqui, na terra, ou na lua. Ou onde quiserem. AAS

A inveja


"1. «A inveja é um mecanismo de defesa que pomos em actuação quando nos sentimos diminuídos no confronto com alguém, com aquilo que tem, com o que conseguiu fazer. É uma tentativa desajeitada de recuperar a confiança, a estima de nós próprios, minimizando o outro, escreveu FRANCESCO ALBERONI, no seu “Os Invejosos” .
 
2. Na inveja há um confronto, subsequente a uma necessidade interior de defesa e resposta,com deformação ética. Um confronto interior com terrível dispêndio de energias. É que, afinal, o terreno onde germina a inveja parece ser o mesmo onde germina a competitividade; mas, depois, tudo se tolda: o invejoso perde-se e perde dentro da sujidade da inveja, desviando a energia positiva da competição para o pântano confuso e trapalhão da cólera, do ódio, da tristeza ou da renúncia interiores, iluminado pela frustração e pela mesquinhez disfarçada de distância.No entanto, esta artificial distância do invejoso em relação ao invejado enfrenta um contradição insanável: a necessidade de julgar o outro. É que quando o invejoso julga, ele está a evitar a auto-humilhação ao inveja, pois nesse momento ela é um recuo estratégico para fugir à evidência que o corrói; e o invejado é, à vista do invejoso, melhor do que ele.Mas, uma vez mais, o invejoso falha: o seu próprio veneno, com que agride, sufoca e intoxica o outro (o invejado, o ambiente), esse veneno também o miserabiliza mais cedo ou mais tarde, porque o invejoso também vai respirar o ódio ou a troça com que agride os outro. É que, mais cedo ou mais tarde,a condenação social descobre o invejoso (aquele que involuntariamente se sente menos) e, por isso, se vicia num ódio intermitente, num zombar ou numa distância artificiais em relação às vítimas da sua inveja, com a consciência do mal que quer fazer ao outro quando a “paixão” da inveja o atinge; é isto o que, afinal, define o invejoso. A inveja é, assim, um mal que o invejoso sente que recebeu, mas que ninguém lhe fez, em que a experiência interna do invejoso não se coordena bem com o juízo moral da sociedade sobre as virtualidades das comparações, donde brota a inveja competitiva, ou depressiva, ou obsessiva, ou maldosa, ou avarenta ou iniciadora.
 
3. Na inveja, o invejoso revela a sua covardia interior. Ele foge às regras sociais da sã competição. Não quer “jogar” social e lealmente. Como se sente diminuído, convence-se de que naquela arena irá sofrer; então, cria uma arena artificial, a sua, para onde procura transportar outros, de forma a se sentir “social” e moralmente “normal”: aí odeia, zomba, “despreza”, finge que não vê ou que não ouve, tenta fugir ao invejado, àquele que ele pensa ser a causa da sua diminuição, que, afinal, é auto-infligida por uma mente primitiva.
 
4. Mas, a inveja também é parente da admiração pelo invejado? É na medida em que o invejoso luta contra a vitalidade, a força do invejado. Este, de que o invejoso não faz parte, representa um eu separado, distante, intangível para o invejoso. Este descobriu que também ele tem de conquistar; e é neste momento que algo no invejoso o impele à energia descendente da inveja e não à força ascendente do respeito ou da admiração pelos outros.E isto é assim por quê? Porque o invejoso não quer ser como o invejado. Ele quer os resultados e o poder deste, seja a realização pessoal ou profissional, a auto-satisfação, a força ascendente, próxima da noção de energia vital de que tantos filósofos do século XIX e XX falaram. Nada mais!Na inveja existe uma desarmonia entre a vida e a vontade nobre de poder. O invejoso não quer ser como o invejado, ele quer antes acabar com o seu sofrimento interior de diferença em relação ao outro que ele vê como diferente e bem sucedido; o outro, que o invejoso, no fundo, sabe que vale mais; mas que não pode compreender, porque não o vê bem, já que a cegueira do invejoso só lhe dá luz sobre si mesmo e não sobre a humanidade do objecto da sua inveja. O invejoso desconhece o ser do invejado. E é por isso que não suporta ouvir falar ou ver o ser invejado. Daí que: «A inveja não procura, afirma. Não escuta, murmura. Não vai para o objecto, diferencia-se dele, atira-o para longe como que ofuscada pelo esplendor que entreviu e pelo qual foi perturbada. É esta a transfiguração invejosa».A negação das coisas e dos actos do invejado pelo invejoso existe, como tal, quando não há ameaça à fé, mas sim ao valor pessoal que o invejoso dá a si próprio, de molde a que nada possa ou consiga aprender com o invejado. E este pobre quadro floresce se a sociedade não estiver bem organizada colectivamente, assente em valores ascendentes e fortes, porque nesse tipo de sociedade os seus valores são frágeis, discutíveis, podendo todo e qualquer ser humano querer ter o mesmo valor social do outro, abrindo assim caminho à triste paixão da inveja. Esta é, assim, tanto mais forte quanto mais fracas forem a sociedade e as raízes pessoais e intelectuais de cada um.
 
5. Um dos maiores segredos da vida é saber como reduzir a força da inveja. Tal redução passa sempre pela distância e pela força vital do movimento progressista do invejado. Este deve ter sempre presente a possibilidade de “viajar com saúde vital” ao longo da vida.

Por: Francesco Alberoni"

Conduto de Pina: 15 de agosto de 2009


Deputado ilibado de alegada tentativa de golpe de Estado diz ter sido "procurado" pelos militares © 2009 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A., 15 Ago, 2009, 18:10

O deputado Conduto de Pina ilibado sexta-feira pelo Ministério Público guineense de participação numa alegada tentativa de golpe de Estado, afirmou hoje ter sido "procurado" por um grupo de militares nas instalações da igreja católica onde se encontra refugiado. Segundo o deputado, só não foi levado ao Estado-Maior General das Forças por se ter escondido numa dependência da missão católica de Bissau até a chegada de um oficial dos Serviços de Segurança de Estado (SIE, a `secreta`) que ordenou a retirada dos soldados que se encontravam armados.

"Escondi-me num quarto e não me localizaram. Se me tivessem apanhado nem sei o que me podia ter acontecido", declarou Conduto de Pina, ilibado, juntamente com o deputado Roberto Cacheu, na sexta-feira pelo Ministério Público das acusações de participação numa alegada tentativa de golpe de Estado em Junho. LUSA/RTP