terça-feira, 4 de novembro de 2014

ÉBOLA: Fecho de fronteira com Guinée não está a ser cumprido


Entre a Guiné-Bissau e a Guiné-Conacri, onde já morreram mais de mil pessoas com o vírus, as deslocações de pessoas e as trocas comerciais continuam a acontecer, diz à Renascença uma epidemiologista de uma ONG portuguesa. Os 300 quilómetros de fronteira entre a Guiné-Bissau e a Guiné-Conacri estão fechados desde o dia 12 de Agosto, devido ao alto risco de transmissão do ébola.

Mas a proibição não está a ser cumprida e as pessoas continuam a atravessar a fronteira com animais e frutas, para trocas comerciais, sem nenhuma verificação sanitária. É o que diz à Renascença Patrícia Carvalho, coordenadora de saúde da delegação da VIDA (Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento Africano) na Guiné-Bissau.

"As movimentações continuam a acontecer na mesma. De forma ilegal ou não, acaba por haver sempre uma movimentação de pessoas e de bens, já que as fronteiras são bastante permeáveis", conta a epidemiologista da organização não-governamental portuguesa. Apesar de a Guiné-Bissau não ter nenhum caso registado do vírus, a Guiné-Conacri é um dos países mais afectados pelo actual surto de ébola, com mais de mil mortos. Apesar disso, diz a enfermeira, "não há pânico" e as pessoas estão "optimistas de que as coisas poderão correr bem".

Mudança de comportamentos

A VIDA está a integrar acções de sensibilização sobre o ébola nos seus projectos da área da saúde que decorrem principalmente nas zonas fronteiriças. As acções de formação são dadas aos técnicos de saúde das comunidades, que depois fazem sessões de sensibilização aos agregados familiares.

"O que tem havido no dia-a-dia é uma alteração de comportamentos e isso acaba por ser evidente principalmente no que respeita à lavagem das mãos, aos cuidados de higiene pessoal e também comunitária, de recolha de lixo e limpeza de ruas", conta a epidemiologista.

Apoio entre Portugal e Bissau

Esta segunda-feira, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau afirmou que conta com o apoio de Portugal para preparar uma resposta rápida no caso de o vírus chegar ao país. À margem de uma conferência com empresários, em Portugal, Domingo Simões Pereira explicou que os contactos com as autoridades portuguesas estão em curso e as equipas mobilizadas para uma eventual necessidade.

Já em meados de Outubro a ministra da Saúde da Guiné-Bissau, Valentina Mendes, disse que Portugal deverá montar uma base de retaguarda para prevenção e combate ao ébola no Hospital Militar de Bissau.

A base portuguesa deverá complementar um centro de tratamento e isolamento para casos de ébola que o governo de Bissau quer implantar no Hospital Simão Mendes, o principal hospital público do país, mas também um dos mais degradados. Até agora, o ébola já matou 4.941 pessoas, infectou cerca de 13.500 pacientes em oito países, incluindo os Estados Unidos e Espanha. RR