O antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri, defendeu hoje o apoio de Timor-Leste à Guiné-Bissau, "Começo por uma questão polémica. O ano passado quando Timor-Leste decidiu apoiar a Guiné-Bissau fê-lo contra vontade da CPLP e as pessoas não entendiam porque Timor-Leste decidiu apoiar um povo irmão", afirmou Mari Alkatiri.
O secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) falava na conferência "África/Timor-Leste: passado, presente e futuro", que decorreu no Ministério dos Negócios Estrangeiros em Díli, no âmbito da celebração do Dia de África, assinalado no domingo.
"Fizemo-lo conscientes das relações históricas e culturais que unem num passado longínquo e recente. Fizemo-lo porque tivemos a perceção de que era a nossa vez de mostrar a solidariedade", afirmou Mari Alkatiri, lembrando que a Guiné-Bissau foi o primeiro país a reconhecer a independência de Timor-Leste.
"Um dirigente de outro país disse que não devíamos ter feito isso porque o governo era ilegítimo. Respondi que a comunidade era de países e não de governos", acrescentou. Timor-Leste apoiou o processo eleitoral na Guiné-Bissau, que conduziu à realização das eleições legislativas e presidenciais, com mais de quatro milhões de euros.
Na sua intervenção, Mari Alkatiri recordou também o apoio dado pelos Países Africanos de Língua Portuguesa à frente diplomática durante a ocupação indonésia de Timor-Leste afirmando: "Partilharam a sua própria pobreza para nos ajudarem a fazer o nosso trabalho".
Em declarações à Lusa no final da sua intervenção, Mari Alkatiri defendeu também uma CPLP mais ativa nas relações económicas internacionais para deixar de ficar limitada a uma organização para "matar saudades". "Não nos limitemos só a fazer da CPLP uma organização para matar saudades, falar do passado, é preciso que seja uma CPLP que possa intervir nas relações internacionais de forma sistemática e coerente e fundamentalmente nas relações económicas internacionais", afirmou Mari Alkatiri.
Timor-Leste assume pela primeira vez durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, marcada para 23 de julho em Díli, a presidência da organização.após o golpe de Estado de 2012, decidido contra a vontade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).