O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, defendeu hoje que uma "intervenção concertada de todos os membros da CPLP na Guiné-Bissau "seria o ideal". Na conferência de imprensa que se seguiu à XV reunião de ministros da Defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que hoje se realizou no Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, Xanana Gusmão frisou que só uma intervenção concertada "responderia às necessidades de reforma do setor de segurança" guineense.
O chefe de Governo timorense assinalou que Timor-Leste está em posição de ajudar, já que tem "uma certa experiência", por ter vivido um "conflito prolongado" a seguir ao qual foi necessário "desmobilizar as forças armadas". Porém, reconheceu, a Guiné-Bissau tem "a particularidade" de manter "ex-guerrilheiros nas forças armadas de hoje”.
Recordando que as forças armadas guineenses tiveram "um papel relevante" no "desrespeito pela ordem constitucional", Xanana aplaudiu, por outro lado, "a coragem dos atuais líderes" militares e policiais, que, acredita, "estão agora imbuidos de vontade de mudar o rumo dos acontecimentos".
Por seu lado, o ministro da Defesa brasileiro, Celso Amorim, renovou "o compromisso" em apoiar a Guiné na "profissionalização" e "modernização" das forças armadas, no sentido de as habilitar "para combater as ameaças globais", como o narcotráfico.
Sem descartar a importância, também, da reforma do setor de segurança e defesa, incluindo a desmobilização dos atuais militares, garantiu que "o Brasil está muito empenhado em ajudar", reconhecendo que tal reforma exige "financiamento, porque tem um custo". Já uma eventual ação conjunta da CPLP tem de "levar muito em conta o que pensam os países da região e as organizações regionais", sublinhou.
"A situação na Guiné-Bissau nos preocupa a todos, e muito, há muito tempo aliás", assegurou. Por seu lado, o ministro da Defesa português, José Pedro Aguiar-Branco, foi mais cauteloso nas declarações sobre a situação na Guiné-Bissau, sublinhando que a reunião de hoje foi "uma reflexão sobre os resultados eleitorais e o caminho a seguir" e "ainda não foi o fórum para tratar de medidas em concreto", que será realizado "em momento oportuno".
Aguiar-Branco disse apenas que a organização lusófona "renovou o compromisso" de "contribuir para a consolidação do sistema democrático” na Guiné-Bissau. Recordando que, no quadro da CPLP, "não existe uma acão de intervenção conjunta na área da defesa", Aguiar-Branco assegurou "empenho, colaboração e cooperação em ações que se possam vir a desenvolver para consolidar o processo" em curso na Guiné-Bissau.
Considerando que as eleições foram "um passo sustentado e duradouro para o regresso à normalidade", o ministro transmitiu ainda "o desejo" de que a Guiné-Bissau "regresse o mais depressa possível" à área de intervenção de defesa na CPLP. Moçambique transferiu hoje a presidência do setor da Defesa da CPLP para Portugal e São Tomé e Príncipe vai acolher a próxima reunião de ministros da Defesa daqui a um ano, adiantou.
Diário Digital/Lusa