quarta-feira, 14 de março de 2012

EPA 2012/Portalangop: Carlos Gomes Júnior diz que se candidatou "para evitar que as forças do mal derrubem o Governo do PAIGC"

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O Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, afirmou terça-feira que decidiu candidatar-se a Presidente do país para evitar que "as forças do mal" derrubem o Governo do PAIGC, de que é líder.

Num comício popular em Bissorã, a cerca de uma centena de quilómetros de Bissau, Gomes Júnior disse que se o PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) não apresentasse "um candidato forte" nas eleições presidenciais antecipadas de domingo, a primeira acção do chefe de Estado que fosse eleito seria "correr com o Governo do PAIGC".
"Se falharmos e elegermos um Presidente que não seja do PAIGC, qual será a sua primeira medida? É correr com o Governo do PAIGC. É por isso que todas as forças do mal estão juntas para derrotar o candidato do PAIGC. Mas isso não vai acontecer", afirmou um Carlos Gomes Júnior, confiante na sua vitória no domingo.

A convicção de que vai ser eleito Presidente da Guiné-Bissau é tanta que Carlos Gomes Júnior até já vai remetendo os pedidos dos populares, que o abordaram ao longo da viagem entre Bissau e Canchungo, para Adiatu Djalo, que, disse, "vai ser Primeira-ministra a partir do dia 18". Adiatu Djalo, actual ministra da presidência do Conselho de Ministros é a directora da campanha de Carlos Gomes Júnior, mas será ela quem vai dar vazão aos pedidos da escola que os jovens de Bissorã e de Canchungo fizeram à Gomes Júnior, pedidos de centros de saúde e de cooperativas agrícolas. Os mais velhos pedem apenas que haja paz no país e mais estradas.
   
Normalmente os comícios são feitos na parte da tarde. Mas hoje não foi assim. Carlos Gomes Júnior, que esteve em Bissorã, Cacheu, Calequisse e Canchungo falou para os seus apoiantes a meio do dia, quando fazia um calor tórrido. Com o sol, muitos aproveitavam as bandeirinhas para tapar a cabeça. Bissorã foi a localidade onde falou mais. Com música alta a misturar-se com as suas palavras, lá conseguiu responder aos pedidos do povo. Mais uma vez explicou que a governação do país será pacífica com ele na presidência e Adiatu no Governo.
   
"Depois do dia 18 deixo de ser Primeiro-ministro. É a camarada Adiatu Djalo Nandigna que vai passar a ser chefe do Governo. É uma homenagem que faço às mulheres trabalhadoras deste país. Penso que nada vai mudar. Porque, estando eu na Presidência e a Adiatu como chefe do Governo, é o programa do PAIGC que vai continuar", destacou. Ainda em Bissorã, Carlos Gomes Júnior apelidou os adversários de "milhafres que querem pegar no pé" do 'Cadogo' (nome por que é conhecido), mas garantiu que "não terão hipótese, porque serão pisados", levando a plateia ao rubro pelo gesto que fez com os pés.
   
Em Cacheu, cidade conhecida por ter sido a primeira terra da Guiné onde aportaram os portugueses, Carlos Gomes Júnior foi recebido em festa. Cacheu é a terra natal da sua mulher, Salomé Gomes. Aí, Gomes Júnior viu os jovens a dançar ao som da música tradicional e teve apenas pouco tempo para um encontro fugaz com os anciões, aos quais recomendou que orientem os mais novos para que votem nele. À Calequisse foram apenas os elementos da direcção da campanha. Os jornalistas foram encaminhados para Canchungo, onde depois ia ter lugar mais um comício.

Em Canchungo, 'Cadogo' viu o povo a dançar, sobretudo mulheres trajadas com panos tradicionais da etnia manjaca, e t-shirts com o seu rosto. Repetiu as mesmas palavras já ditas nas outras localidades e reforçou a ideia de que votando nele é garantir que Adiatu Djalo vá ser Primeira-ministra.  O povo de Canchungo gostou de ouvir. Adiatu Djaló é natural de Canchungo.
Conta-se que nos últimos três dias Canchungo tem vindo a ser ornamentada, com muita juventude nas ruas, muita bandeira do PAIGC, muita música, para acolher aquela que pode vir a ser a primeira mulher a chefiar um governo na Guiné-Bissau. Se Carlos Gomes Júnior foi eleito Presidente.

EPA 2012: PRS acusa Governo de "banalizar processo eleitoral"

A Directoria da campanha de Koumba Yalà acusou o Governo, através do Ministério da Administração Territorial, e a CNE, de banalizarem o actual processo eleitoral em curso no país, denunciando ainda uma alegada tentativa de fraude para 18 de Março.

Em conferência de imprensa, Artur Sanhá, director nacional da campanha, justificou dizendo que alegadamente deve haver «urnas misturadas» e com diferentes cores e tamanhos para estas eleições. E critica a distribuição dos materiais de voto: "Quando os materiais chegaram, provenientes de Portugal, foram levados e guardados nas instalações da CNE. Os mandatários de Koumba Yalà de Serifo Nhamadjo, de Baciro Dja e de Afonso Té é que reclamaram as garantias de segurança".

Neste encontro com a imprensa, Artur Sanha lançou críticas ao candidato do PAIGC, Carlos Gomes Júnior, que acusa de querer ganhar na primeira volta, o que, no seu entender, é uma fraude. Em relação à emissão da segunda via do cartão de eleitoral, Artur Sanhá falou de um alegado movimento descoordenado e mal enquadrado de brigadas junto dos seus distritos eleitorais, relativamente à imperfeição na emissão dos documentos, justificando que alguns destes não têm numeração nem anotação de segunda via.

Artur Sanhá citou nomes de algumas pessoas apanhadas em Catió, sul do país, em Gabú, leste, e em Bissau, que alegadamente foram vistas a seleccionar e a transcrever dados de cartões de eleitor. Perante estes factos, Artur Sanhá concluiu que o processo de emissão de segunda via de cartões de eleitor não é viável, transparente e serve apenas para "vender galinhas em Ziguinchor e em Bissau".

EPA 2012: Henrique Rosa à Lusa: "Sacudir o miserabilismo e beneficiar da riqueza da terra"

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Henrique Rosa, candidato a Presidente da Guiné-Bissau nas eleições de dia 18, quer um debate sobre a bandeira nacional, porque... é "falta de respeito" a bandeira do país e de um partido serem iguais. "A bandeira é importante, é um símbolo, mas a nossa bandeira é uma onde há um símbolo de um partido escrito, um candidato escrito. Afinal é a bandeira nacional, de um partido ou de um candidato?", questionou num comício em Mansoa, arredores de Bissau.

E acrescentou: eu não quero a nossa bandeira assim, nós queremos uma bandeira nacional. Temos de fazer uma opção clara, ou o PAIGC (partido que lutou contra o colonialismo e que está hoje no poder, apoiando o candidato Carlos Gomes Júnior) fica com a bandeira e arranjamos outra ou eles arranjam outra bandeira. Para Henrique Rosa, é uma "falta de respeito" e "não é possível homens que querem ser presidentes tratarem assim um símbolo nacional".

Henrique Rosa fez hoje contactos com populações da região de Mansoa, onde ao fim da tarde fez um comício no qual lembrou as regiões por onde andou na primeira semana de campanha. "Temos andado de tabanca em tabanca (lugares), setor a setor, para ouvir o povo onde ele está, o que lhe falta, o que deseja", porque "quero ser o Presidente da Guiné-Bissau, de todos os guineenses, e para ser Presidente tenho de saber como é que o povo vive, quais as suas dificuldades e canseiras", disse.

E depois contou que viu mulheres grávidas a serem levadas em carros de burro para o hospital, que viu uma mulher a quem lhe morreu o filho porque não passou nenhuma canoa na ilha onde vive que a levasse para um hospital. "Esta é a Guiné que temos", disse. "Se gostamos da Guiné-Bissau, do povo da Guiné-Bissau, e se há muitas coisas que podemos resolver, em vez de comprarmos um carro podemos resolver. Podemos dar escola aos nossos meninos, dar boas condições para os hospitais, podemos fazer muitas coisas", afirmou Henrique Rosa no comício, perante uma assistência atenta e muito jovem.

E foi para os jovens que falou depois, dizendo que os vê por todo o país e que se pergunta que futuro terão. São rostos bonitos, com força, com energia, com sonhos, "mas que podem fazer? Que oportunidades lhes são dadas se não há formação? Quando os mais velhos morrerem a quem entregar a Guiné se não preparamos as pessoas?", perguntou. Num país, disse, onde todos os dias se noticiam milhões que são dados ao governo e que continua "terra do fim do mundo", é preciso mudar, "sacudir o miserabilismo" e beneficiar da riqueza da terra. E a oportunidade, acrescentou, está no dia 18, o único dia em que o povo tem o poder.

FP/LUSA

Ter estilo próprio sempre causou polémica...

Sei o momento crítico por que passa a Guiné-Bissau. Sei, e sei ainda mais. Que há gente interessada em armar confusão no dia 18, dia das eleições. Não vou lançar lenha para uma fogueira que, anos depois, ainda arde. Não serei eu a dar o tiro de partida para a confusão. Não contem comigo para isso. Tenho a noção do perigo que estas eleições representam. Tenho visto, tenho ouvido, tenho lido. Meço bem as palavras, as críticas. Para mim, os candidatos estão todos em pé de igualdade, e, ganhe quem ganhar, não ganhará por mim.

Sei muito bem para onde caminho, conheço todas as pedrinhas que os meus pés pisam. Se alguém reparar num 'apoio' do meu blogue a uma candidato em particular, chamem-me à razão mas não me acusem sem fundamento, sem provas. Todos os candidatos que enviaram fotografias e textos, eu publiquei - Serifo Nhamdjo, Henrique Rosa, Carlos Gomes Jr., Baciro Dja. Não privilegiei um candidato em detrimento de outro. Nunca o farei. Tenho noção de Estado. Sei do que a Guiné-Bissau não precisa.

Que isto fique bem claro: Se no próximo dia 18 de março, um voto for realmente 'um voto', então não contabilizarão o meu. Alguém, seja quem for, não será o 'meu' Presidente. Contudo, e isto é para quem lê o blogue, uma coisa é certa: depois de contados os votos e a Comissão Nacional de Eleições se pronunciar, dir-vos-ei se o blogue Ditadura do Consenso continua. Ou não. Estou fartérrimo. De mentiras, de boatos, e, sobretudo de inveja. António Aly Silva

EPA 2012: Serifo Nhamadjo - "Para alguns candidatos, estas eleições são uma questão de vida ou morte.

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"Para alguns candidatos, estas eleições são uma questão de vida ou morte. O meu entendimento é de que muitos não são democratas, porque se perderem as eleições isso será um suicídio político para eles. Numa disputa há sempr...e que contar com a vitória e a derrota mas o comportamento de certos candidatos, em especial alguns, não tem essa cultura. Viveram sempre como todo-poderosos, que não admitem ideais contrárias". A Guiné-Bissau é um país com "muita impunidade e muita corrupção" e muitos dos agentes do Estado são corruptos, diz Serifo Nhamadjo, candidato a Presidente da República nas eleições de domingo.

Em entrevista à Agência Lusa, o candidato fala da corrupção mas também da falta de democracia, de candidatos que se sentem todo-poderosos e da necessidade de dotar a Justiça de meios. Se for eleito, a prioridade é "reconciliar a família guineense".
"A Guiné-Bissau tem sido catalogada de país desorganizado, sem esperança, com conflitos. A minha atenção vai ser simplesmente chamar à razão todos os guineenses, à volta de uma mesa. Buscar o entendimento necessário, que deve presidir todos os actos, o
entendimento, a reconciliação da família guineense, para projectarmos juntos o desenvolvimento almejado", diz à Lusa.

É que, justifica, só com o entendimento se poderá desenvolver outras áreas da vida nacional. "Para mim, a reconciliação deve de ser a base de tudo, para que a paz e a tranquilidade possam reinar neste país".
Serifo Nhamadjo, um dirigente do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), candidata-se contra as orientações do partido, que apoia Carlos Gomes Júnior, até agora Primeiro-ministro. O candidato tem criticado duramente a candidatura de Carlos Gomes Júnior e diz-se o verdadeiro seguidor das ideias de Malam Bacai Sanhá, o Presidente eleito em 2009 que morreu de doença em Janeiro passado. Na altura, Nhamadjo estava a preparar, segundo orientações do Presidente, uma "conferência de reconciliação nacional".

A questão da conferência, disse à Lusa, não morreu com Malam Bacai Sanhá. "Uma das motivações da minha candidatura é essa, é levar avante essa ideia, que eu acho que é brilhante, fundamental neste país. A reconciliação é um imperativo nacional e como sei que vou ser eleito, essa conferência terá lugar". Serifo Nhamadjo elege como prioridades também os jovens e a justiça, neste caso para que tenha uma independência real. Porque "não basta nomear um determinado responsável e dar um edifício para dizer que está tudo bem. É preciso dar condições materiais e financeiras para poderem materializar os objectivos".

Também a reforma das Forças Armadas, um projecto em curso, é necessária, mas desde que inclusiva e com a participação de todos os envolvidos no processo, nota Serifo Nhamadjo. E acrescenta: "não é fazer uma reforma imposta, teoricamente tratada num gabinete e imposta às pessoas". No seu discurso nota-se quase sempre uma crítica ao actual estado de coisas e ao Governo de Carlos Gomes Júnior, companheiro de partido até há poucos dias, embora sempre se esquive a citar nomes.

"Para alguns candidatos, estas eleições são uma questão de vida ou morte. O meu entendimento é de que muitos não são democratas, porque se perderem as eleições isso será um suicídio político para eles. Numa disputa há sempre que contar com a vitória e a derrota mas o comportamento de certos candidatos, em especial alguns, não tem essa cultura. Viveram sempre como todo-poderosos, que não admitem ideais contrárias", diz. E fala de uma impunidade na sociedade guineense "sobejamente conhecida", dos muitos agentes do Estado que são corruptos.

Mas não foi ele até agora um dirigente partidário, um vice-presidente da Assembleia Nacional? O que fez para acabar com a situação? Por que não denunciou? Serifo Nhamadjo responde assim: "contacte a Inspecção Superior contra a Corrupção, o Tribunal de Contas, a Procuradoria-Geral da República, vai encontrar processos infindáveis que não tiveram seguimento. De várias denúncias, pessoais e de vários outros cidadãos". LUSA

segunda-feira, 12 de março de 2012

EPA 2012: Candidatos 'tomam' Bissau de assalto; o candidato do PAIGC, Carlos Gomes Júnior, reuniu uma multidão no Bairro D'Ajuda. Serifo Nhamadjo, candidato independente, teve... outra multidão no comício na meteorologia. AAS

Bubo Na Tchuto foi apanhado com o telemóvel na cueca!

O almirante Bubo Na Tchuto, detido desde 26 de dezembro de 2011, no quartel de Mansoa, a 60 quilómetros de Bissau, na primeira visita que recebeu da Liga dos Direitos Humanos, exigiu uma única condição: ser visto por um médico. Há cerca de três semanas, foi-lhe feita essa vontade. Uma carrinha com homens bem armados, escoltou o acossado almirante até ao hospital da Força Aérea, em Bissau, onde o esperava uma equipa de dois médicos. E foi ali, numa sala húmida, que o caricato que vão ler a seguir aconteceu.

Estamos a falar 'do' prisioneiro, não de um prisioneiro qualquer. Pois bem. O médico que recebeu o almirante para a consulta foi bastante prestável para o paciente Na Tchuto, disse uma fote do DC. Os militares, sempre armados, acompanharam-no até a essa sala sem nunca o perderem de vista. Assim que o Bubo levantava um pé, a bota omnipresente da tropa apagava-lhe o rasto. Pois bem...

A conversa com o médico ia avançada quando o médico pediu ao almirante que se despisse. E foi ali que o impensável aconteceu, deixando todos de boca aberta. Toca um telemóvel, mas ninguém atende. E o telefone continuava a tocar insistentemente, seria 'uma melodia vibrante', no dizer da mesma fonte. Então, um militar aproximou-se...o telefone tocava, tocava, mas... estava na cueca do almirante!!! Ou seja, quando o foram buscar na cela, Bubo estava ao telefone e assim que ouviu passos, nem teve tempo de o desligar...E enfiou-o na cueca!

Tal e qual, meus caros. O que aconteceu depois? O militar, com toda a calma tirou o telemóvel ao Bubo, desligou-o e guardou-o no bolso da farda. A consulta, que era para ser...foi chão que deu uvas! Agarraram no infeliz do Bubo Na Tchuto, enfiaram-no na carrinha e voltaram a fazer-se à estrada, a caminho de Mansoa. Lá chegados, não foi difícil chegar ao homem que forneceu o aparelho na cela ao almirante Na Tchuto. O resto foi expedito. O militar em causa foi rapidamente transferido para o Sul.

Mas o que se passou a seguir tem também a sua piada. Assim que se viu na posse do telemóvel (um aparelho da Nokia), a contra-inteligência militar pôs-se então em campo. Assentaram todos os números - chamadas feitas, recebidas, e as não atendidas. Depois, de um outro número, ligavam. "Alô, então você andou a falar com o prisioneiro Bubo Na Tchuto?". Claro que o interlocutor jurará que não, que nem sequer sabe quem é o Bubo Na Tchuto. Então, desculpam-se, dizem que foi um erro, uma linha cruzada e coisa e tal. Coisas que acontecem...

E chega a parte bonita. Esse alguém que a tropa acabou de ligar, numa atitude com tudo de impensável, talvez fruto do pânico que é ser abordado pelos militares, e sobretudo sem saber que esse telemóvel já nã se encontra na posse do Bubo, liga rapidamete para o almirante. "Estou, almirante? Aguém telefonou-me agora a perguntar se eu tinha falado contigo. Como é que pode ser?" - pergunta com a voz a tremer, completamente assustado. Do outro lado, a contra-inteligência ri-se. Está tudo gravado. E respondem: "Então você não tinha dito que não tinha falado com o Bubo...". Do outro lado, alguém está seguramente a tremer que nem uma vara verde, e a fazer contas à vida. Sabe bem que tropa já o tem na mira. E que o vai apanhar um dia destes... AAS

Afinal, a Royal Air Maroc NÃO suspendeu as ligações aéreas com Bissau. Palavra do representante da companhia em Bissau, senhor Youssef Berchid. AAS

EPA 2012: Comissão Nacional de Eleições prolonga até ao dia 15 de março, a emissão da 2a via do cartão de eleitor, em todos os bairros periféricos de Bissau. AAS

EPA 2012: Afinal, a UPG apoia o candidato do PAIGC, Carlos Gomes Jr. Segundo Zinha Vaz, a fundadora e presidente do partido "havia gente a fazer chacota com o nome da UPG". Zinha Vaz, e o os militantes da UPG, têm acompanhado Cadogo Jr em todas as acções no âmbito da campanha eleitoral. AAS

domingo, 11 de março de 2012

Um mau exemplo

Botché Candé, o ministro da Economia há mais tempo no cargo neste País, foi 'inaugurar' a obra de terraplanagem da estrada que liga Ponta Nova a Geba, na região de Bafatá. Um oportunismo obviamente condenável, ainda que essa via estivesse intransitável há mais de 10 anos. A televisão da Guiné-Bissau até apareceu para cobrir o 'evento', em plena época de campanha eleitoral, influenciando o eleitorado e ganhando, assim, mais votos. AAS

EPA 2012: Afonso Té, candidato independente, apoiado por uma ala do PRID, chegou hoje a Bissau depois de uma estadia longa em Dakar, no Senegal. AAS

EPA 2012: Bafatá e Gabú, a ferro e fogo

Bafatá e Gabú, são o coração destas eleições presidenciais antecipadas - mas para dois candidatos apenas: Carlos Gomes Júnior (PAIGC) e Manuel Serifo Nhamadjo, um dissidente desse mesmo partido. O primeiro a realizar um comício no Leste, nesta campanha, foi Cadogo Jr. Um mar de gente acorreu ao local. Assim que saiu, Serifo Nhamadjo entrou. Outro mar de gente, contaram-me. Tanto em Bafatá como no Gabú.

Mas, perguntam e bem, porquê esta histeria total apenas em Bafatá e Gabú - e não em todo o País? Dezenas de pesos-pesados de uma e de outra candidatura fixaram residência nestas duas cidades desde o primeiro dia da campanha eleitoral. Pelo menos numa coisa estas duas candidaturas são iguais: são uns mãos largas. Perfeitos Robbin dos Bosques à nova moda: roubar os pobres...para voltar a dar aos pobres. Nem uma ONG, aposto, tinha sequer pensado nesta nova forma de 'ajuda ao desenvolvimento'...

As duas candidaturas tanto 'oferecem' chapas de zinco, arroz, açúcar, tudo que possa influenciar alguém a votar no seu candidato, como também têm para 'oferta' bicicletas, motocicletas e mesmo carrinhas de caixa aberta, chinesas. Tem sido uma festa. Caravanas de carros novos e usados (todos sem matrículas, portanto não legalizadas...), atravessam avenidas e ruas interas, buzinam, violam regras de trânsito, fazem o que lhes der na real gana. Não se vê um polícia para amostra.

E Bafatá e Gabú lá continuam. A temperatura está alta. Gabú e Bafatá continuam pejada de 'enviados especiais' com todo o tipo de promessas que, sabem, ninguém irá cumprir. E de lá sairão apenas no dia 19, quando na véspera tiverem acompanhado toda a votação, vigiarem a recolha das urnas, contado os votos e assinado as actas-síntese. Então, via telemóvel, informarão o seu núcleo duro, instalados nas sedes nacionais de candidatura, em Bissau, o número de votos obtido.

E por volta das 21/22 horas, timidamente, ouvir-se-à uma ou outra buzinadela prolongada, ver-se-ão bandeiras ao vento. Algumas candidaturas chamarão a imprensa para dizer de sua justiça - uns para aparecer apenas, outras para adiantar números que conhecem, e portanto com alguma credibilidade. Mas só quando a Comissão Nacional de Eleições se pronunciar, provisoriamente, é que um candidato (ou alguém por ele) deverá pronunciar-se. Ou não?

António Aly Silva

sábado, 10 de março de 2012

Valentine Strasser:

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Por: Tânia Pereirinha/SÁBADO

Chamaram-lhe Operation Daybreak. No dia 29 de Abril de 1992, seis jovens oficiais invadiram o gabinete do Presidente Joseph Momoh, no centro da capital da Serra Leoa, depois o Lodge Presidencial, no outro lado de Freetown. Encontraram o Chefe de Estado, que consideravam incapaz de acabar com a guerra civil que durava há já um ano, escondido na casa de banho, de roupão. Meteram-no num helicóptero e levaram-no para o exílio, na Guiné Conacri.

Estava dado o golpe de Estado. Dos seis insurrectos, Valentine Strasser era o que tinha a maior patente (capitão), o que falava melhor inglês (o que não quer dizer que dominasse o idioma) e o mais facilmente manipulável, segundo alguns analistas. Para a história ficou como o Chefe de Estado mais jovem do mundo. Filho de um professor e de uma pequena empresária, Valentine Esegragbo Melvin Strasser chegou ao poder três dias depois de fazer 25 anos. E lá ficou até aos 29, idade com que foi metido à força num helicóptero com destino à Guiné Conacri.

Duas décadas depois, aos 45 anos, vive novamente em Freetown. Não no imponente Kabasa Lodge, para onde se mudou depois do golpe de Estado, mas na casa da mãe, num subúrbio pobre da capital. Passa os dias de calções, em tronco nu, no alpendre à beira da estrada, muitas vezes de garrafa de gin na mão. Não tem trabalho, recebe uma pensão do Governo, de 200 mil leones por mês – 34 euros. Nem para comprar um telemóvel tem dinheiro. Mas já foi pior: até há alguns meses só tinha direito a 11 euros. A pensão é, talvez, a única coisa que lhe resta dos anos que passou a governar o país, com sucessivos confrontos entre o exército e a Frente Unida Revolucionária (RUF). A guerra acabou em 2002.

Chegou a ordenar a execução de 29 pessoas, suspeitas de um golpe de Estado – que nunca aconteceu–, contra o seu governo. Foram todas consideradas inocentes, anos mais tarde. Mas Valentine nunca se arrependeu. “Vai-te f...! No Texas matam pessoas todos os dias!”, respondeu ao repórter da revista britânica New Statesman, quando questionado sobre as mortes. Também não admite que foi deposto em Janeiro de 1996. Diz que simplesmente se retirou depois de os seus 10 anos de serviço militar obrigatório terem terminado
Ainda foi admitido na Universidade de Warwick, no Reino Unido, para completar os estudos secundários e licenciar-se em Direito. Mas acabou por ser obrigado a fugir, depois de a sua cara começar a aparecer nos jornais, onde era apelidado de Antigo Ditador.

REVISTA 'SÁBADO'

Carlos Gomes Júnior, candidato do PAIGC, em entrevista ao semanário português 'Sol'

A uma semana das presidenciais antecipadas, o ex-primeiro-ministro guineense Carlos Gomes Júnior fala ao SOL. O líder do PAIGC admite que Bissau tem um défice de imagem, mas fala em estabilidade e crescimento. Aos 62 anos, Carlos Gomes Júnior deixa a chefia do Governo e é o candidato do partido do poder nas eleições presidenciais de 18 de Março, antecipadas após a morte a 9 de Janeiro do chefe de Estado Malam Bacai Sanhá.

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As presidenciais de 18 de Março podem também ser vistas como um referendo ao seu legado enquanto primeiro-ministro. Sente-se confortável com isso?

Não penso que estas eleições possam servir para julgar a minha actuação enquanto primeiro-ministro. Mas, se o eleitorado assim o entender, estou confortável com o legado que deixo enquanto primeiro-ministro. Apesar de alguns incidentes menores, como os ocorridos no final do ano passado, hoje a Guiné-Bissau vive um período de paz e estabilidade, reconhecido aliás não apenas pelos guineenses, mas também por diversas instituições internacionais.

As greves na administração pública repetem-se, e em Dezembro o país voltou a viver momentos de agitação militar. A Guiné-Bissau está hoje melhor do que quando a encontrou?

A Guiné-Bissau está hoje um país melhor, embora muito exista ainda para fazer. O meu Governo investiu muito na função social do Estado. Existiram aumentos salariais e registou-se uma subida do salário mínimo nacional. Existe hoje em dia um maior controlo da despesa pública, e o esforço que o País está a fazer é reconhecido pelas instituições internacionais. Repare, em quatro anos passamos de um crescimento negativo de - 2,8% para um crescimento positivo que oscila entre os 4,5% e os 5,2%. Tudo isso foi feito com muito esforço de todos. A agitação de que fala é residual e decorre de algo que temos vindo a resolver aos poucos. Queremos fazer uma reforma condigna da Segurança e das Forças Armadas que possa valorizar os nossos militares e dignificá-los enquanto pilar essencial da nossa sociedade, do nosso País e da nossa independência.

Pretende abandonar por completo a actividade executiva ou poderá a Guiné-Bissau vir a ter um Governo de iniciativa presidencial?

Eu acredito e defendo a separação de poderes. E embora o partido seja o mesmo (PAIGC), a chefia do Governo estará nas mãos de uma pessoa muito competente, em quem deposito toda a minha confiança. Claro está que isso facilita o diálogo entre as instituições e eu enquanto chefe de Estado estarei atento, colaborante e dialogante, mas é ao Governo que compete governar. O meu papel como primeiro-ministro acabou e entendi que posso ser muito mais útil ao meu país na Presidência da República. É também por isso que me candidato.

Quem gostaria de ver suceder-lhe na chefia do Governo?

A escolha caberá aos meus camaradas do partido e os seus militantes. Como lhe referi, defendo a separação de poderes e quando for eleito chefe de Estado deixarei igualmente a liderança do PAIGC. O partido tem quadros competentes, com experiência, e o passado tem mostrado que, quando a hora chega, sabem não apenas escolher o melhor mas rodearem-se dos melhores. Não estou preocupado com a minha sucessão, estou optimista com o futuro do meu país.

Quais as suas prioridades para a Presidência?

Quero, acima de tudo, contribuir como elemento agregador e pacificador do meu povo. Serei o seu primeiro representante, no país e no exterior. Sei que a imagem externa da Guiné-Bissau reflecte uma realidade que não é a mais exacta e correcta. Os guineenses vivem tempos difíceis – um pouco como acontece em todo o mundo, incluindo Portugal – mas acredito que a nossa vontade como Povo vai superar os desafios que enfrentamos. Todos somos chamados a esta tarefa e eu, enquanto Presidente da República, tudo farei para que amanhã o meu povo possa viver melhor.

A oposição afirma que a sua candidatura é inconstitucional pelo facto de um primeiro-ministro não poder ser demitido por um Presidente interino, nem por poder alguém acumular os cargos de primeiro-ministro e Presidente. Como responde?

Essa é uma falsa polémica e uma falsa questão que está a ser trazida por alguns elementos da oposição para tentar incendiar a campanha e confundir o povo. O acesso de qualquer guineense ao mais alto cargo do país é constitucionalmente garantido. Irónico seria se isso não fosse permitido a alguém que ocupava até há pouco tempo a chefia do Governo. As instituições nacionais competentes já se pronunciaram pela legalidade da minha candidatura e até mesmo reputados constitucionalistas internacionais – como o Dr. Jorge Miranda – confirmaram a legalidade da minha candidatura. Estou sereno e confiante e sei que isto também não passa de manobras de alguma oposição, porque sabem que o PAIGC e eu próprio estamos em condições de vencer e logo à primeira volta.

Dados os conhecidos problemas com a actualização dos cadernos eleitorais, acredita estarem reunidas condições para uma eleição livre e justa?

Nesse aspecto, nós estamos à vontade. Fomos a primeira força política a apelar para que o prazo dos 60 dias fosse alargado para permitir que os cadernos eleitorais fossem actualizados e que fossem registados os novos eleitores. Será uma eleição livre e justa, com vários observadores internacionais a atestá-la, algo que sempre defendemos. Queremos olhar a Guiné-Bissau para o futuro e não estar presos ao passado. A 18 de Março há uma nova oportunidade para o país e para o seu povo e sabemos que esta não irá ser desperdiçada.

Dispõe de sondagens? A eleição poderá ficar resolvida à primeira volta?

Estamos muito confiantes que a 18 de Março a maioria dos eleitores vai escolher o PAIGC como força política mais votada e eleger-me como Presidente da República. As pessoas conhecem-me, conhecem o meu trabalho e a minha obra e os eleitores sabem que Carlos Gomes Júnior é o único candidato que lhes oferece a certeza de um futuro melhor.

Que palavras merecem os seus mais directos rivais Kumba Yalá, Henrique Rosa e Serifo Nhamadjo?

Eu respeito todos os candidatos. Quero fazer uma campanha pela positiva e estou a fazer essa campanha. Não entro em polémicas estéreis, mesmo quando criadas pelos meus adversários.

O país ainda não alcançou a desejada estabilidade. Como conta promovê-la na Presidência?

O poeta costuma dizer que o caminho faz-se caminhando. Hoje estamos melhores que ontem e amanhã estaremos melhores que hoje. Acredito que estas eleições serão determinantes, não apenas ao nível nacional mas também junto da comunidade internacional, para mostrar que a Guiné-Bissau caminha na senda do sucesso. E com o sucesso vem a estabilidade e a paz que todos queremos e desejamos.

Qual a sua relação actual com o CEMGFA António Indjai?

É uma relação cordial e de respeito.

Que balanço faz da colaboração angolana? Pretende vê-la reforçada?

Angola tem sido um bom amigo da Guiné-Bissau e esperamos e contamos com a sua leal colaboração. Sentimos que somos parceiros, unidos por um passado comum e com um futuro onde os dois, preservando as suas independências enquanto países, podem continuar a trabalhar nos vários domínios que até aqui temos desenvolvido. Queremos reforçar a cooperação internacional, não apenas com Angola, mas com todos os estados com os quais nos sentimos próximos e onde percebemos que os nossos objectivos são comuns.

Como é público, a Guiné-Bissau é hoje vista como um narcoestado por vários observadores externos. O que está a ser feito para alterar esta situação e que contributo conta prestar na Presidência?

A Guiné-Bissau tem desenvolvido um intenso combate a este flagelo e temos contado com o apoio das organizações internacionais. Temos determinação e temos vontade e o Governo que liderei deu um sinal claro nesse combate. Mas temos a consciência que estamos a lidar com um inimigo poderoso e sabemos que este não é um combate que vencemos sozinhos. Mas acredito que a comunidade internacional irá ajudar-nos a combater este flagelo.

Como se consegue ‘vender’ uma Guiné-Bissau com défice de imagem aos investidores estrangeiros?

Penso que aqui há duas palavra-chave: credibilidade e estabilidade política. Temos feito um esforço no sentido de consolidar as contas públicas e esse esforço tem tido resultados práticos e é reconhecido pelas instituições internacionais. Acredito que é uma questão de tempo até que novos investidores internacionais vejam que a Guiné-Bissau é um país de futuro e onde vale a pena investir.

Quais os grandes vectores para o desenvolvimento do país?

Continuamos a apostar na agricultura e nas pescas, que garantem a subsistência de inúmeras famílias guineenses. Mas não só. Acreditamos que o investimento estrangeiro será benéfico para o desenvolvimento da Guiné-Bissau. Há muito para fazer no país e estamos dispostos a arregaçar as mangas e trabalhar em conjunto com quem queira investir e apostar no futuro da Guiné-Bissau. Acreditamos que, com a estabilidade política e social, virão novas oportunidades de desenvolvimento.

Quais os maiores desafios?

Acima de tudo, acho que o maior desafio é o da estabilidade política e social no país. Assim que esta seja uma realidade que também seja percebida lá fora, da mesma forma que já é vivida e sentida pelos guineenses, acredito que a Guiné-Bissau se irá levantar. Temos o turismo para desenvolver, por exemplo, com o arquipélago dos Bijagós a ser um verdadeiro diamante em bruto para ser explorado. Outra das apostas vai ser o sector minério.

Como tem acompanhado a situação no vizinho Senegal?

O Senegal é um país irmão e tudo o que se passa no Senegal acaba sempre por afectar, directa ou indirectamente, a Guiné-Bissau. Temos boas relações de vizinhança com este país e pertencemos à mesma comunidade (UEMOA, União Económica e Monetária do Oeste Africano e CEDEAO, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e estamos sempre prontos a que tudo se faça para que entre vizinhos tudo corra bem. Acompanhamos com alguma preocupação o acto eleitoral que também decorre no país, mas sabemos que quem quer que seja que os senegaleses escolham será sempre um bom amigo da Guiné-Bissau. E isso para nós é o mais importante.

No quadro da Lusofonia, qual o estado das relações com Cabo Verde, Portugal e Brasil, e quais as expectativas para o futuro próximo?

Temos as melhores relações com os países que referiu e também com os nossos restantes irmãos lusófonos de Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e também com Timor-Leste. Acredito que todos juntos somos mais fortes e que o nosso passado e herança comum hoje liga-nos e identifica-nos no mundo. A CPLP está com um dinamismo extraordinário e orgulhamo-nos do trabalho que o guineense Domingos Simões Pereira tem estado a desenvolver. A língua Portuguesa tem força e voz no mundo. Trabalhamos juntos para que o futuro seja melhor e que nos possamos ajudar mutuamente.

Entrevista: Pedro Guerreiro
Jornal 'Sol', Lisboa

sexta-feira, 9 de março de 2012

Para Istambul, com amor

As prestações dos dois atletas guineenses nos Mundiais de pista coberta em Istambul, na Turquia, "ficaram acima do esperado", confidenciou ao DC Renato Moura, o mais jovem presidente de uma federação de atletismo do mundo. Esta tarde, o atleta masculino Holder da Silva, ficou em 3º lugar na sua série (60 metros planos). Holder "perdeu o acesso às meias finais por apenas quatro centêsimos de segundo - correspondente a um piscar de olho", lamentou 'Papi' Moura.

Por sua vez, a atleta Graciela (400 metros) também ficou pelo caminho com o 4º lugar na sua prova (400 metros), e onde apenas duas de cada série seriam apuradas para as meias finais. As prestações foram definitivamente positivas até porque estamos nos Campeonatos do Mundo. Estão presentes 172 Países e cerca de 800 atletas nestes campeonatos.

Amanhã, após as meias finais e a final dos 60 metros masculinos, saber-se-á em que posição, na classificação geral, ficou o nosso atleta masculino. O presidente da Federação de Atletismo da Guiné-Bissau, Renato Moura, sonha alto: "Com toda a certeza ele estará posicionado nos vinte primeiros", disse ao editor do ditadura do consenso.

Autópsia de um fim

Falta pouco mais de uma semana. Dia 18, cidadãos eleitores guineenses - não na proporção desejada, é claro - escolherão entre nove candidatos aquele que lhes inspira mais, digamos que, confiança. É óbvio, até para um invisual, a diferença de meios entre pelo menos dois candidatos, e os restantes sete. Mas, se não tens dinheiro, porque te metes então numa campanha, neste caso, presidencial? Da chacota não escaparás (mininus di Bissau ka ta tarda), e daí a tomarem-te por um tonto, é...

Dá pena ver alguns candidatos, a campanha que estão a fazer... E as poucas pessoas que tiverem o azar de cruzar com alguma dessa 'comitiva, sentem-se encurralados. Então, limitam-se simplesmente a ouvir, com a mão a suportar o queixo. Alguns candidatos ainda nem sequer foram ao interior do País. Andam - e é quando a força e a vontade o permitem - por alguns bairros periféricos de Bissau. Candidatos. Política a sério custa dinheiro. Muito dinheiro. Mas deve custar mais pensar que não se lutou. Portanto...

Não sei se alguma coisa vai mudar na Guiné-Bissau depois das eleições presidenciais, ou se haverá mesmo eleições. O que sei e não tenho dúvida alguma, é que nada mudará se não se impuser a ordem neste País! Primeiro, a ordem; depois, a Justiça. Sim, por esta ordem. E não custa perceber - se permanecer a desordem - o que nos vai cair em cima. Para alguns, muito poucos, nada; para muitos, um pouco mais, maiores dificuldades; para muitos mais, pobreza; e, para a esmagadora maioria do Povo guineense, a pobreza extrema. Perdemos o nacionalismo, não temos exemplo que nos empolgue. Temos um Povo sem alma, nú de espírito, baralhado da mente.

Por agora é a festa, mas o 'fim' está próximo. Por agora é mar de gente em todo o lado. As pessoas não se reconhecem, torna-se impossível saber onde acaba o passeio (quando houver, é claro) e começa o alcatrão (onde houver alcatrão, é óbvio). E faz calor. Uma corrente de gente que parece aumentar de volume até fazer explodir as praças onde assistirão aos 'showmícios'.

Festas à parte, o guineense comum está cansado. Não é que não lhe passe pela cabeça a palavra 'lutar'. Passa. E muitas vezes. Só que o guineense acomodou-se faz tempo. Não quer lutar pelo simples prazer que tem em pensar que lutar deve cansar muito - e para quê mesmo cansar um corpo que mal se alimenta e que é difícil arrastar para onde quer que seja? Será que é preciso um partido ultra-nacionaista para as coisas entrarem nos eixos? Seja. AAS

EPA 2012: África do Sul contribui com 1 milhão de euros. Acordo foi assinado hoje com o PNUD, organismo que irá gerir esse fundo. AAS

quinta-feira, 8 de março de 2012

EPA 2012: Uma dezena de parlamentares britânicos chegará a Bissau, para escrutinar a eleição para Presidente da República. São independentes mas têm o apoio do Governo de David Cameron. AAS

EPA 2012 - Escândalo: Representantes de todos os candidatos, menos o do PAIGC, puseram, cada um deles, um cadeado no armazém onde estão os materiais de voto... Depois, rebentou-se os cadeados e a CNE lá tomou o fio à meada... AAS

EPA 2012: Carlos Gomes Jr., candidato do PAIGC, apresentou hoje, dia da Mulher, o seu Manifesto de Candidatura - "A certeza num futuro melhor; Uma convicção cimentada no trabalho". Promete, entre outras coisas, ser "um Presidente junto do Povo, de todas as camadas sociais, e um futuro melhor para os guineenses". AAS

manifesto cadogo

EPA 2012: Avião da Força Aérea Portuguesa aterrou em Bissau com o kit eleitoral composto por boletins de voto, actas-síntese, e de apuramento, tinta indelével entre outros. AAS

"Negócios na Guiné-Bissau têm sido negociados", considera analista político angolano

Belarmino Van-Dúnem fez este pronunciamento em resposta a uma clara alusão a alguns políticos da oposição guineense e aos que naquela região se opõem ao contributo que Angola tem dado à Guiné-Bissau para a sua reconstrução e estabilidade política, social e na reedificação das suas Forças Armadas Guineenses.
 
Comentando à Angop o actual momento político da Guiné-Bissau na véspera das eleições presidenciais antecipadas de 18 de Março de 2012, o analista frisou que “ as acções que Angola tem implementado neste país Oeste africano, que a imprensa e a comunidade internacional reportam, são objecto de negociações”.

Enfatizou que apesar de Angola estar num processo de desenvolvimento para a consolidação da paz e de estar a se preparar para um pleito eleitoral, a realizar-se este ano, tem estado a partilhar do pouco que tem com àquele país irmão.

Informou que em 1975, a Guiné-Bissau que estava num processo de consolidação da sua independência precária, enviara para Angola militares e material de guerra “ e por quê não dar continuidade dessa partilha, até porque os partidos no poder são os mesmos e conhecem-se.
Para o também professor universitário, a cooperação bilateral entre os dois países irá continuar independentemente de quem assumir a chefia do Estado na Guiné-Bissau, pois os acordos existentes são entre ambos os Estados.

Sustenta ainda que a diplomacia angolana está num bom caminho pelo facto da implementação do processo na Guiné-Bissau estar conferir uma credibilidade ao país, porque Angola foi sempre respeitado a nível internacional do ponto de vista militar.
 
“Mesmo assim, Angola nunca tinha enviado oficialmente as suas Forças Armadas para um processo de observação, de manutenção de paz, como está a fazer actualmente naquele país, onde está através da Missang a formar quadros para o exército guineense", disse.
        
Em sua opinião, a presença militar angolana na Guiné-Bissau pode servir de trampolim para que as Forças Armadas Angolanas (FAA) possam participar de forma abrangente em futuras missões de paz das Nações Unidas, da União Africana (UA), da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) ou de outras organizações internacionais de que Angola faz parte.
 
A Guiné-Bissau, que as vezes, é conhecida como Guiné lusófona, em contraposição a Conakry e Equatorial, respectivamente, é um país de expressão portuguesa situada na costa ocidental de África. Faz fronteira a norte com o Senegal, a este e sudeste com a Guiné-Conakry e a sul e Oeste com o Oceano Atlântico. Proclamou unilateralmente a sua independência a 27 de Setembro de 1973, que só foi reconhecida por Portugal em 10 de Setembro de 1974.

Fonte: portalangop

Um livro é um amigo... de palavra!

A associação “Afectos com Letras” lançou, no passado dia 5 de março, uma campanha de recolha de livros, com vista à construção de uma biblioteca pública na capital guineense.

Em parceria com a Rede de Bibliotecas de Pombal, as Bibliotecas Escolares, o Ministério da Educação guineense e a empresa Derovo, a  “Afectos com Letras” pretende juntar, até dia 25 de junho, um fundo documental abrangente, que irá permitir a construção de uma Biblioteca em Bissau.

O espaço para a instalação da biblioteca será cedido pelo Ministério da Educação guineense e a Associação pombalense será responsável pelo envio dos livros e do material para equipar o espaço. A formação técnica dos funcionários será da responsabilidade da Rede de Bibliotecas de Pombal.

Esta iniciativa, que tem como objetivo estender-se a outras regiões da Guiné-Bissau, “incluirá a modalidade de biblioteca móvel itinerante, de forma a democratizar ao máximo o acesso à leitura e a aquisição e solidificação de conhecimentos naquele país”.

Fonte: ocorreiodepombal.net

Mulher

 

Olá Aly, Tudo bem?

Sou Suleimane Mané, estudante guineense no Brasil e o seguidor do teu blog. Alias, aproveito para lhe elogiar e agradecer pela capacidade que teve de criar um mecanismo através do qual, os guineenses em diáspora possam acompanhar os acontecimento da terra que os viu a nascer. Estamos cientes das dificuldades que país enfrenta no que tange a tecnologia de informação, sobretudo a internet e geralmente as noticias publicadas em alguns blogs e sites chegam um pouco atrasados e meio que diria censuradas, mas graças a Deus o teu blog nos faz sentir  presentes no país,  pois podemos acompanhar atempadamente tudo o que lá acontece e tentar contribuir de forma direta ou indireta para o tão desejado desenvolvimento que de tanto se fala.

Para finalizar gostaria de lhe dizer que ser patriota é fazer pequenas coisas(atos) que ficam marcadas no coração de muita gente. Digo atos, fazer o bem, dar possibilidade aos impossibilitados e ter amor, mas amor de verdade pela pátria.

Que Deus lhe proteja

Atenciosamente,


OBS: Pela ocasião de dia internacional de mulheres enviei-te em anexo um poema que retrata um pouco as nossas mulheres e mães e agradeceria muito se pudesse publicá-lo no teu blog





Mulher é ininio, indício, vida.
É luz, reluz, seduz,
É carinho, caminho, ninho.
 
Mulher é dedicação, ação, paixão,
É dignidade, cumplicidade, verdade,
É sedução, devoção, direção.
 
Mulher é ardor, calor, amor,
É alegria, harmonia, ideologia,
É audaz, paz é mais.
 
Mulher é um dia, outro dia, todo dia,
  É encanto, portanto, manto.
É juízo, preciso, sorriso.
 
Mulher é ver, prever, entender,
É ser, nascer, saber.
É coração, mão, pão.
 
Mulher é pensamento, alimento, sentimento,
É instante, cada instante, todo instante.
Mulher é sonho, solo, colo,
É o primeiro passo, tino, destino.
É segredo, texto, contexto.
 
Mulher é vitória, outrora, agora,
É senhora, trabalho, atalho.
É garra, força, raça.
 
Mulher é espírito, alma, calma,
É segurança, confiança, esperança,
É antologia, poesia, arte,
 
Mulher são as Satus, Fendas, Bintas,
Joelas, Djamilas, Ludmilas,
Ermitas, Nikitas, Carmitas.
 
Mulheres são Esperanças, vanessas, Larissas,
Suraias, Lionices, Lavíneas.
 
Mulheres são todas, são sempre, são completas.
Mulher é isso, é tudo isso e muito mais.
 
Suleimane Mané

Mulheres, cultivar a amizade fraterna

Mulheres da minha terra, mães de todos os guineenses, berço da vida humana na Guiné-Bissau, mães como nós preocupadas com a educação, formação moral dos filhos e seu desenvolvimento no futuro, estamos sempre juntas e unidas embora o destino tenha implantado esta distância entre nós, empurrando-me para muito longe da minha terra.

Resisto com os olhos postos no chão que nos viu nascer e havemos de voltar a viver todas juntas, cultivar a amizade fraterna e solidária que caracterizou a nossa conduta como mãe guineense, juntas ainda temos uma batalha para vencer trazendo de novo a Paz e confiança para o Povo da Guiné-Bissau.

Este dia tem um significado para nós todas, agora e nunca mais devemos voltar a permitir que os nossos destinos como Mulheres, sejam manipulados e explorados por aqueles que não reconhecem o nosso valor humano, social, como o garante do matrimónio e segurança afectiva da família no nosso País. Somos mulher, mãe, esposa, trabalhadora doméstica e profissional activa enquanto mulher na sociedade, somos a força maior associada a tudo de bom que temos na Guiné-Bissau, devemos estar unidas e ajudando em tudo o que estiver ao nosso alcance para impulsionar o nosso País, rumo ao progresso e desenvolvimento para todos. O tempo é de união pela pela Paz e progresso da nossa terra, vamos continuar a lutar até a vitória final, nunca cruzar os braços a não ser para regeitar tudo o que não concordamos ou que ponha em causa a nossa dignidade como Mulher.

Tenho um luto difícil que não me deixa tranquila há três anos, a mim e aos meus filhos, mataram o Nino Vieira, assassinato que muitos participaram e continuam à solta, como também há muitos camaradas que sabem e não dizem, há medo e desconfiança que há-de acabar ou parar de repetir-se no chão da Guiné-Bissau.

Hoje estou longe e nem sequer posso votar, mas se votasse votava Paz, Segurança e Tranquilidade para o meu Povo. Viva a Mulher Guineense, viva a Guiné-Bissau.
Obrigada.

Nazaré de Pina Vieira.