terça-feira, 14 de maio de 2013
Ramos Horta: "Guiné-Bissau deve aproveitar as oportunidades de parceria que tem com o Brasil"
O representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau afirmou que o país africano deve aproveitar as oportunidades de parceria que tem com o Brasil para consolidar seu processo de desenvolvimento. Segundo José Ramos Horta, ex-presidente do Timor-Leste, as ligações históricas entre Brasil e Guiné começaram há vários séculos, quando escravos guineenses foram levados para a América do Sul por intermédio de Portugal. O Prêmio Nobel da Paz disse que os brasileiros já demonstraram solidariedade nas relações com a África, e que, para isso, os guineenses precisam primeiro realizar eleições livres para fortalecer o contato com Brasília.
"Estive com o chanceler brasileiro, o ministro (Antônio) Patriota e ele afirmou total disponibilidade para o Brasil continuar a apoiar a Guiné-Bissau. Estou convencido de que daqui a seis, nove meses, teremos eleições democráticas realizadas, um governo de grande inclusão com um presidente da República que será um mediador, um conciliador. Aí, eu creio que teríamos base para vermos todos os anos melhorias no índice de desenvolvimento da Guiné-Bissau e sua imagem melhorada no mundo." África 21
Carlos Lopes: “O povo da Guiné-Bissau está cansado, muito cansado”
O continente africano tem hoje mais telemóveis que a Índia, os Estados Unidos ou a Europa, salientou o guineense Carlos Lopes, ao falar em Lisboa sobre “A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Globalização”, onde, na sua opinião, o grande investimento a fazer é nas novas tecnologias. Descrevendo as mudanças que ocorrem hoje no Continente Negro, salientou que, dos vinte países que mais crescem em todo o Mundo, dez estão em África. Dois terços do crescimento africano vêm do consumo interno, de uma classe média calculada em 59 milhões de pessoas que têm nomeadamente meios para pagar uma educação de qualidade para os seus filhos.
Para Carlos Lopes, especialista em desenvolvimento humano e planeamento estratégico que, nas suas muitas andanças pelo mundo trabalhou com o antigo secretário-geral da ONU, Kofi Anam, a maioria dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) atravessa também um momento de “pujança de crescimento e, por isso, tem de encontrar agora prioridades”. “Temos uma transformação muito rápida e temos de nos adaptar a ela”, comentou, sugerindo que um dos estados da CPLP promova e acolha uma reflexão estratégica de todos os seus membros.
Isto, porque como referiu por várias vezes ao longo da sua exposição, “estamos a viver no crepúsculo da ajuda ao desenvolvimento” e a comunidade precisa de reflectir na questão. Defendeu também uma maior circulação de pessoas dentro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Para ele, se esses países querem uma comunidade, “a confiança tem que ser construída pedra a pedra”. Referiu por várias vezes o destaque que os membros da CPLP e alguns dos seus cidadãos têm hoje nas organizações internacionais.
A propósito do próximo aniversário da Organização da Unidade Africana que, quando foi fundada, não contou com nenhum dos PALOP (então colónias portuguesas), disse que nas cerimónias se vai prestar homenagem ao líder guineense Amílcar Cabral e que também se falará português, porque a presidente do Brasil foi convidada a falar em nome da América do Sul.
Acrescentou que, na recente cimeira dos BRICS, na África do Sul, na mesa estiveram três presidentes de língua Portuguesa – de Angola, do Brasil e de Moçambique. No seu entender, a língua e a cultura geram “um emaranhado de cumplicidades”. Referindo o Português como “uma das línguas que mais cresce na Internet”, considerou isso como “uma dimensão económica que devemos explorar”. Admitiu que a crise que Portugal está a atravessar afectou “a trajectória mais ou menos bem definida da CPLP até 2008/9”.
“Essa crise é a ponta do iceberg de uma nova redefinição geográfica e trouxe também à tona as debilidades portuguesas”, o que se reflectiu na cooperação com as suas ex-colónias. Mas, hoje, “quem falar de cooperação técnica à francesa ou inglesa, está a seguir o caminho errado”, disse, defendendo uma vez mais uma “reflexão profunda” que nos leve “a novos caminhos”. As previsões apontam, lembrou, para que, em 2040, África seja o continente com “a maior e mais jovem” comunidade trabalhadora, que terá também a maior cultura.
Já no período de perguntas e respostas, questionado sobre o que falta à Guiné-Bissau para entrar na globalização, Carlos Lopes considerou que aquele país já o fez – mas pelas más razões. Admitiu que “o povo da Guiné-Bissau está cansado, muito cansado”. Lembrou que, até há pouco, as organizações internacionais (ONU, União Africana, CEDEAO) tinham cada uma a sua opinião sobre a forma de ultrapassar a situação, o que “se torna muito difícil para encontrar uma solução. De qualquer modo, na seu entender, “a solução tem que vir de dentro, é preciso encontrar uma solução interna”.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
COMUNICADO DA LIGA GUINEENSE DOS DIREITOS HUMANOS
A Liga Guineense dos Direitos Humanos, registou com bastante preocupação a denúncia de mais um ato de espancamento do cidadão Ensa Sanha, Perpetrado pelos indivíduos não identificados.
Tudo aconteceu na noite do dia 11 de Maio de 2013, quando uma viatura com sujeitos à paisana o interpelou num dos restaurantes de Bissau e lhe deram ordens de detenção, tendo sido conduzido pelos mesmos indivíduos para a zona da pedreira do bairro de Antula Bono onde foi posteriormente espancado de forma cruel e bárbaro.
Devido ao estado grave em que se encontra a vítima em consequência das agressões que sofreu, foi evacuado para a Republica de Senegal para efeitos de tratamento médico especializado.
Este acontecimento vergonhoso vem revelar que as ondas de violência gratuita, ataques e espancamentos contra cidadãos indefesos continuam a ser o modus operandis de determinadas pessoas para perpetrar o terror, com o propósito de instalar o caos e medo generalizado no país, num clima de total impunidade.
Face a gravidade deste acto, a Direcçao Nacional da LGDH delibera o seguinte:
1. Condenar sem reservas este ato hediondo de violência contra o cidadão Ensa Sanha;
2. Exigir a abertura de um inquérito judicial conclusiva tendente a responsabilização criminal dos seu responsáveis morais e materiais;
3. Alertar a comunidade internacional sobre o clima de terror instaurado no país, decorrentes das sistemáticas agressões e espancamentos seletivos dos cidadãos, numa clara violação dos direitos humanos e dos valores do estado de direito;
PELA PAZ, JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS
Feito em Bissau aos 13 dias do mes de Maio 2013
A Direção Nacional
PAIGC - Flashes da conferência de imprensa de Braima Camará
O Candidato do Projecto “por uma liderança democrática e inclusiva”, Braima Camará na conferência de imprensa que levou a cabo no dia 10 de Maio na Sala de Conferências “Amílcar Cabral” do Hotel Malaika, fez de forma categórica a reafirmação do posicionamento do projeto no sentido da manutenção da sua firme e inequívoca intenção de se Candidatar a Liderança do Partido.
Com a presença de todos os órgãos de comunicação social que operam no país, à excepção da RTP África que segundo informações que prestaram ao projecto, só cobrem os actos de lançamento de candidaturas, mas com a presença da Radiodifusão Nacional (RDN) e da Televisão da Guiné-Bissau (TGB) cuja reaparição para proceder a cobertura dos actos relacionados com o Projecto “por uma liderança democrática e inclusiva”, foi vivamente saudada e considerada como um regresso saudável e benéfico para a democracia guineense, a Sala de Conferências “Amílcar Cabral” estava completamente repleto por uma assistência constituída por dirigentes, deputados e militantes do PAIGC ligados a esta candidatura.
Hoje apresentaremos, somente algumas passagens marcantes desta conferência de imprensa, com a promessa de divulgarmos na íntegra, nas próximas horas, a totalidade do que foi este encontro do Candidato a Presidência do PAIGC com a imprensa, onde todas as questões, mesmo as consideradas como tabus, foram colocadas em cima da mesa e obtiveram as respostas e os esclarecimentos solicitados.
Passemos aos flashes:
• Depois de ouvir com a maior atenção e humildade a proposta dos Veteranos do Partido, decidi em consciência ser meu dever continuar com a minha candidatura para a liderança do PAIGC, decisão unanimemente apoiada pelo Movimento "Por uma Liderança Democrática e Inclusiva" que a suporta;
• Pela primeira vez na sua história temos hoje a oportunidade de concretizar uma mudança geracional no seio do PAIGC;
• Devemos materializá-la porque acreditamos que agora é a hora de os mais Jovens cumprirem o Programa Maior do Partido, que os veteranos não conseguiram concretizar. Porém, veteranos não serão afastados. Continuarão a ser as "Firkidjas" do Partido;
• Proliferação de candidaturas demonstra, não a fraqueza do Partido, mas a sua vitalidade. Jovens estão ávidos de dar o seu contributo, de mostrar que a Guiné é CAPAZ de criar progresso e bem-estar para o seu Povo;
• A nossa candidatura é uma candidatura que visa assegurar o reforço da democracia interna do Partido, a inclusão de todos os militantes no processo de reforma e afirmação do Partido na sociedade guineense em conclusão do processo de reconciliação iniciado pela Direcção do Partido, que saudamos;
• Por isso, para nos, o contributo dos Veteranos nesta fase deve ser encaminhado para balizar o debate interno para aquilo que e essencial para o Partido e para o Pais;
• Deve servir para travar os oportunismos e promover o entendimento e o aprofundamento da reflexão;
• Deve servir para promover a amizade e o companheirismo, porque so um de entre nos pode liderar o Partido. Quando esse militante for escolhido todos os demais deverão apoia-lo e contribuir para as vitorias do Partido;
• O contributo dos Veteranos deve ser dirigido para os trabalhos de preparação do VIII Congresso, que Legitimem os órgãos estatutários do Partido, porque todos sabemos que a direcção actual esta desmembrada e fragilizada, não fazendo sentido nem sendo legal que seja ela a apresentar-se ao eleitorado no próximo futuro;
• Vou empreender uma viagem para contato com a diáspora e estabelecimento de contactos com os potenciais parceiros do partido e da Guiné-Bissau, como complemento da primeira do nosso programa de auscultação de militantes e simpatizantes;
• Quando decidi aceitar o convite para integrar e liderar este projecto, assumi o compromisso de não apresentar a minha candidatura sem antes visitar todas as regiões e auscultar os militantes e simpatizantes sobre as suas principais preocupações e anseios;
• Percorremos todo o país para esse efeito. Os contributos que recolhemos nas diversas regiões de jovens, mulheres, anciãos, chefes tradicionais e religiosos, autoridades regionais não tem preço, são de um valor inestimável;
• Como o prometemos aos militantes, todos esses contributos estão hoje retratados na nossa Moção de Estratégia de que eu serei apenas o primeiro subscritor;
• Também contactamos as representações diplomáticas acreditadas no nosso país, porque temos consciência da importância da cooperação internacional para o nosso desenvolvimento económico e social. Os conselhos que recolhemos foram também de grande utilidade;
• Finalmente, como o trabalho ainda não está concluído, vou deslocar-me a Portugal, Espanha e França para recolher as contribuições da nossa Diáspora para o enriquecimento da nossa Moção de Estratégia a ser apresentada no Congresso;
• Esta Moção será obra de todos os militantes e não apenas de Braima Camará. Será o início de um movimento de transformação e afirmação do Partido na nossa sociedade, tal como o requerem os ditames da modernidade que hoje vivemos;
• Só depois de terminado este processo de auscultação apresentarei publicamente a Moção de Estratégia e o meu Manifesto de Candidatura, arrancando em definitivo para uma participação responsável e séria no VIII Congresso do PAIGC;
• Defendo de forma intransigente a reconciliação interna no seio do PAIGC, por forma a permitir que todos juntos organizemos o nosso Congresso rumo a vitória nos próximos embates eleitorais.
• Nesta perspectiva, congratulo-me com a decisão da Direcção superior do partido que visa o reforço da unidade e coesão internas.
• Gostaria igualmente de encorajar a Direcção do Partido a prosseguir esforços para a realização do VTII Congresso do Partido;
• Quero aqui reafirmar-vos que o nosso Projecto e a minha candidatura pode e deve ser considerada como a candidatura que visa assegurar o reforço da democracia interna do Partido, a inclusão de todos os militantes no processo de reforma e afirmação do Partido na sociedade guineense em conclusão do processo de reconciliação iniciado pela Direcção do Partido, que saudamos viva e conscientemente;
• A actual conjuntura sociopolítica do país começa a ganhar novos e esperançosos contornos com a adopção para breve de uma Agenda Politica Nacional, com a data da marcação das próximas eleições gerais (legislativas e presidenciais) e a consequente adopção do Pacto de Transição Roteiro de Transição e a formação de um novo Governo Inclusivo de Base Alargada;
• Neste aspecto quero aqui realçar o esforço interno que está a ser realizado por todos os actores, principalmente pelo PAIGC, na busca de uma solução consensual;
• Gostaria igualmente de destacar e louvar os esforços da comunidade internacional na resolução e busca de soluções para tirar o país desta situação e neste aspecto quero destacar a reunião do Conselho de Segurança, precedida pela Cimeira da CEDEAO, onde tomou parte o Secretário Executivo da CPLP e Reunião de Paz e Segurança da União Africana e a Reunião do Grupo de Contacto Internacional que inclui as Nações Unidas, União Africana, CPLP, CEDEAO e União Europeia;
• Outro aspecto importante que quero destacar, como sendo um passo em frente de grande importância refere-se ao levantamento das sanções por parte das Instituições de Bretton Woods (Banco Mundial e FMI) e neste aspecto congratular-me com a recente presença no país de uma delegação do FMI, que considero como um prenúncio do melhoramento do relacionamento do país com a comunidade internacional.
• nada devo ao fisco. É o Governo que me deve dinheiro e favores. Mereci condecorações no estrangeiro, mas no meu país ninguém se lembrou nunca do empresário que mais contribuiu para dignificar a classe empresarial, para além de ter sido o maior exportador da castanha de caju ao nível nacional;~
• quem me quer atolar na lama, invocando nas minhas costas cias que nunca fiz, posso afirmar aos senhores jornalistas que nada temo e por sinal até viajo hoje para Portugal sem medo de ser capturado pelos americanos ou por quem quer que seja, pois tenho a consciência tranquila e durmo muito tranquilamente.
A Directoria de Campanha
Ramos-Horta: "O tráfico de drogas é um problema sério"
Representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas fala à Rádio ONU sobre a mensagem de esperança para o futuro da Guiné-Bissau, os desafios do tráfico de drogas, o trabalho da mídia e o papel dos países de língua portuguesa no apoio à nação lusófona africana.
Mônica Villela Grayley e Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova York - com foto
Rádio ONU: Qual é a sua mensagem ao Conselho de Segurança sobre a situação em Guiné-Bissau?
Ramos Horta: A minha mensagem é que há esperança. Houve alguns passos pequenos, as coisas estão voltando ao lugar desde a minha chegada. Estou trabalhando bem de perto com organizações regionais como a Cedeao, a União Africana, a Cplp, a União Europeia e os parceiros da ONU. Estamos desenhando uma visão e estratégia conjuntas sobre como assistir a Guiné-Bissau neste rápido processo de transição para eleições, que esperemos, ocorra em novembro. Tem que haver um governo mais inclusivo. Isso pode ocorrer nos próximos dias, uma semana ou duas. Isso ajudaria a estabelecer as bases para que a União Africana levantasse a suspensão da Guiné-Bissau como membro do bloco. Na verdade, a União Africana fez a coisa certa, assim como também foi o caso da União Europeia e da Cplp. Hoje, no século 21, não se pode dar um golpe de Estado e esperar que o resto do mundo não note, e que tudo continue do mesmo jeito. Não. Houve uma reação forte, e previsível, da União Africana. E isso deve ser louvável. Isso seria impensável 30 anos atrás. Havia tantos golpes de Estado na África. Mas hoje, há menos porque os africanos estão impondo padrões. Foi totalmente correto. Isso encorajou os líderes políticos na Guiné-Bissau, que não se envolveram no golpe militar; mas isso está levando a acelerar, a intensificar os esforços para o diálogo e promover discussões em todos os níveis para uma visão comum. Então, esperamos que haja um governo inclusivo, muito em breve, as eleições em novembro. Nem tudo é negativo ou crime organizado na Guiné-Bissau. Fora disso, existem as pessoas da Guiné-Bissau. É um país muito multiétnico, multireligioso e multicultural. Nunca houve violência étnica na Guiné-Bissau, você nunca viu comunidades se matando, jovens saqueando prédios públicos e lojas, assassinatos, roubos. Os guineenses são pessoas fabulosas. E isso sempre me deixou maravilhado. Então, eu tenho esperança de que teremos uma Guiné-Bissau diferente no próximo ano.
RO: Não existem muitas situações políticas como essa, onde um Prêmio Nobel da Paz dirige negociações para o fim do impasse político. Como é o que o sr. imagina esta solução, uma vez que estas negociações não são fáceis.
RH: Não. Definitivamente. Realmente não o são. Os políticos da Guiné-Bissau, como em qualquer parte do mundo, gostam de poder, de privilégios e uma vez que você tem o poder político, você acha difícil ter que compartilhá-lo. As pessoas dizem uma coisa de manhã, outra à tarde e outra à noite. É difícil. Você tem que ser muito paciente e saber ouvir e não esperar nada garantido. Mas como o representante do Secretário-Geral, eu jamais trabalho sozinho. Meu parceiro número 1, e que tem a liderança no processo é a Cedeao. Os países da África Ocidental: Senegal, Cabo Verde, Gâmbia, Guiné-Conacri, Gana, Nigéria… e o presidente da Cedeao são os líderes legítimos da região. Eu trabalho com eles, e procuro a liderança deles. Mas também existe a União Africana, a organização-mãe. Eu trabalho com eles também. E aí vem a Cplp, que tem cinco países africanos. E tem a União Europeia que tem uma relação única com a Guiné-Bissau e temos feito tudo para preservar esta relação. Eu estou impressionado e até emocionado como os europeus querem ficar ao lado da Guiné porque eles foram tão decepcionados, tantas vezes, nos últimos anos, que teriam motivo suficiente para bater a porta, e dizer que não querem saber mais da Guiné-Bissau. Mas os europeus têm sido bastante generoros e pacientes. Eu sempre sou bem recebido quando vou a Bruxelas, e aqui em Nova York. Eu já me reuni com todos os 27 embaixadores, com o comissário Durão Barroso, e fiquei muito impressionado. Apesar dos problemas que a Europa está atravesssando, eles ainda têm tempo, interesse e recursos para a Guiné-Bissau.
RO: Como está sendo tratado o problema do tráfico de drogas na Guiné-Bissau, uma vez que este é uma parte muito importante com relação à situação da Guiné.
RH: Realmente é um problema sério. É tão sério quanto a pesca ilegal na Guiné-Bissau ou o desmatamento ilegal das florestas do país. Não deve ser, portanto, visto como o único problema que a Guiné enfrenta. O tráfico de drogas que vem da América do Sul e usa a Guiné-Bissau como trânsito para a Europa é um problema sério. Os americanos (dos Estados Unidos) estão certos em intervir com força. Cada país com seus recursos e vontade política tenta defender suas sociedades sobre este problema insidioso das drogas. Quanto você vê centenas de milhares de americanos morrendo por causa da droga, quando você vê os carteis de drogas infiltrando instituições e criando instabilidade, seja nos Estados Unidos ou na Europa, você não pode culpar os americanos ou os europeus por agirem. Então, países em questão como a Guiné-Bissau são os que têm que levar em consideração que ao permitir ou serem indiferentes às gangues criminosas da Colômbia, da Bolívia, do Peru usarem seu território como um ponto de transição, mais cedo ou mais tarde, eles terão alguém - neste caso os americanos -, aterrissando no seu território e entrando em ação. Neste caso, é melhor que as autoridades mesmas da Guiné-Bissau tomem esta atitude. E que indivíduos na Guiné-Bissau, no Exército ou política, que estejam envolvidos, cessem todas as atividades e cooperem com as autoridades. Acabem com as drogas. Se eles estiveram envolvidos no passado, terminem com tudo completamente. Eu estou avisando a vocês: mais cedo ou mais tarde, os americanos vão capturar mais uma pessoa. Não os subestimem. Se eles foram capazes de capturar a Al-Qaeda nas cavernas do Iêmen, no Afeganistão e no Paquistão. Pegar alguém na Guiné-Bissau ou em qualquer lugar da África Ocidental é piquenique para eles. Então, parem com o negócio das drogas que está afetando as pessoas da África Ocidental antes que mais uma pessoa acabe nas cadeias de Manhattan (por causa da droga).
RO: Agora, vamos falar do seu país, o Timor-Leste. Quando o sr. era presidente lá, o sr. desenvolveu um conceito importante de ajuda externa baseada na solidariedade e não, necessariamente, na riqueza do país ou em quanto dinheiro tem para gastar. Agora, Timor-Leste está levando uma agência de desenvolvimento para a Guiné-Bissau com o valor de US$ 2 milhões. Como é que essa agência vai funcionar na prática e a partir de quando?
RH: Bom, em primeiro lugar, a Agência de Desenvolvimento já foi autorizada pelo Conselho de Ministros timorense. O Parlamento também já alocou o dinheiro. Agora, estão sendo procurados dois ou três funcionários timorenses para liderar a agência. O primeiro-ministro Xanana Gusmão disse que não quer fazer como outras agências ricas de desenvolvimento que gastam muito dinheiro com elas mesmas. Ele disse que a nossa só terá duas ou três pessoas, que serão pagas por um orçamento diferente. Os custos operacionais serão cobertos por um outro fundo. Ou seja: os US$ 2milhões de ajuda serão gastos com a ajuda mesmo na Guiné. Eu creio que as coisas podem começar já em junho, julho. O escritório já foi alugado em Bissau. Nós trabalhamos rápido. Mas esta não é a primeira vez que nós fornecemos ajuda para outros países. Nos últimos cinco anos, o Timor-Leste doou pelo menos US$ 10 milhões para países que tiveram desastres naturais severos. Nós fomos um dos primeiros a doar US$ 500 mil para Cuba depois do ciclone, o mesmo se deu com Mianmar, doamos para o Brasil por causa das enchentes. Prestamos ajuda a Portugal devido às cheias em Madeira, até mesmo para a Austrália quando eles tiveram grandes enchentes no estado de Queensland. Nós fazemos isso com sinceridade. Sabemos que não é muito, mas o Timor-Leste já se beneficiou tanto da ajuda internacional, e agora que temos um pouco de dinheiro do petróleo e do gás, faremos aquilo que outros fizeram pela gente: ajudar. Nós continuamos sendo pobres, mas os pobres também devem demonstrar, e às vezes têm mais sensibilidade para ajudar que outros.
RO: Mas este dinheiro, desta vez também ajudará a sociedade civil, a mídia. Como será na prática?
RH: Bom, a decisão será feita pelo chefe da agência, eles deverão me consultar como o representante especial do Secretário-Geral da ONU. Mas, eu espero que nós possamos providenciar assistência à mídia da Guiné-Bissau. Eu me encontrei com jornalistas lá, eles têm dificuldades, os salários são miseráveis, as condições de trabalho também são ruins. Eles têm que ser apoiados. Espero que os americanos e a União Europeia também apoiem a mídia guineense. Eles merecem apoio político para se sentirem protegidos, mas além disso, eles precisam de transporte, equipamento, até dinheiro vivo para que possam comer, possam comprar roupa, porque os salários deles são miseráveis. Quando você tem um político que ganha milhares de dólares na Guiné-Bissau, como também no meu país, e aí você vê jornalistas, que prestam um serviço público, e mal podem comer. Então será uma prioridade para a agência de desenvolvimento do Timor-Leste ajudar a mídia guineense.
RO: Última pergunta. Como é que os países de língua portugesa podem ajudar ainda mais a Guiné-Bissau, como por exemplo, Brasil?
RH: Bom. Os outros países de língua portuguesa fizeram ainda mais que o Timor-Leste. Veja o apoio de Portugal, por exemplo. Eles têm sido muito pacientes e generosos. Vamos analisar não só o apoio bilateral de Portugal, mas nos últimos anos, e até mesmo agora, Portugal suspendeu a ajuda direta ao governo, mas não os programas humanitários, que continuam. Portugal é também a porta da Guiné-Bissau para a Europa. Se Portugal decidir bloquear a ajuda para a Guiné na União Europeia, não haverá mais dinheiro da União Europeia para a Guiné-Bissau. No caso de Angola, houve uma situação de enorme generosidade e liderança, mas aí ocorreu o golpe e Angola saiu da Guiné. Os guineenses não demonstraram muita sabedoria em fazer uso da ajuda angolana. Se os políticos da Guiné-Bissau não querem usar a ajuda de Angola, essa mesma poderia ter sido bem-vinda no Timor-Leste. Angola queria construir uma rodovia, um novo porto, ajudar a modernizar o Exército, mas houve complicações políticas, e eu ainda estou intrigado como tudo isso aconteceu porque não foi uma decisão unilateral de Angola de ir à Guiné-Bissau. A mesma ocorreu através de um acordo com a Cplp. Foi assinado um acordo com militares da Guiné-Bissau. Não foi Angola que decidiu, de uma hora para, outra ir para a Guiné. Mas foi uma decisão de chefes de Estado da Cplp baseados num acordo escrito. E Angola é um país rico com uma experiência tremenda em modernizar as Forças Armadas. E Angola não tem nenhum outro interesse. Eles sabem os problemas imediatos deles que são internos e têm a ver com a estabilização da República Democrática do Congo. Eles se deslocaram para a Guiné-Bissau por causa da solidariedade como membro da Cplp. Se a Guiné-Bissau não quis usar esta ajuda, é uma perda para a Guiné.
RO: E o Brasil?
RH: Bom o Brasil tem sido mais que generoso. Eu sempre digo que os africanos podem contar com o Brasil porque é o único país da América Latina que tem uma profunda herança africana. Através de capítulos trágicos da História. Daquele extremo ponto da Guiné-Bissau, em Cacheu, onde centenas de milhares de africanos foram acorrentandos, colocados em navios de escravos e levados para o Brasil e ao resto da América. Então, esta ligação profunda existe. Você encontra no Brasil uma enorme simpatia por qualquer coisa da África. E a Guiné-Bissau, um dos menores e mais pobres países, pode inspirar ainda mais os brasileiros. Os brasileiros são incrivelmente generosos. São fáceis de lidar, informais, eu adoro os brasileiros. Eles sabem como gozar a vida, mas eles também sabem o que é o sofrimento por causa dos próprios desafios deles no passado. E hoje, o Brasil é um dos países mais ricos do planeta e pode ajudar. E eles estão preparados para ajudar. Eu conversei com vários líderes brasileiros. Então, os guineenses têm que ser inteligentes e irem frequentemente a Brasília, mas com um bom governo e com um plano, assim será fácil convencer os brasileiros sobre a ajuda.
RO: Algo mais a acrescentar?
RH: Obrigada. E Deus abençoe vocês.
*A entrevista transcrita foi traduzida do inglês para o português. Foi concedida pelo presidente Ramos Horta, em português, à Rádio ONU.
domingo, 12 de maio de 2013
HENRIQUE ROSA: Esclarecimento do DC
Hoje, recebi uma chamada telefónica onde alguém - perfeitamente identificado - me disse que o Henrique Pereira Rosa estava em estado crítico numa unidade hospitalar na cidade do Porto, em Portugal, onde está internado. Às 15:08h, actualizei o blog com esta NOTÍCIA. Pouco depois, lembrei-me de telefonar a alguém próximo do HPR. "Vou tentar saber e já te ligo de volta" - e assim foi. Passados pouco menos de dez minutos, esse alguém telefona e diz-me apenas: "Infelizmente, a notícia [da morte] é verdadeira".
Voltei a actualizar o blog, ressalvando a fonte. Agora, recebi pelo menos duas chamadas a dizer que, afinal, o Henrique Pereira Rosa não morreu. "Está mal, mas vivo" - garantiu-me alguém que me disse ter falado com um dos filhos "há menos de dez minutos. O Henrique Rosa até ficou chateado com a derrota [ontem] do SL Benfica". Fiquei aliviado, para vos ser sincero, pois nunca desejei a morte de quem quer que fosse.
Lamento, e peço publicamente desculpas à família do Henrique Pereira Rosa, e aos seguidores e leitores do blog Ditadura do Consenso. E faço votos para que recupere rapidamente.
Fiz bem? Fiz mal em publicar a notícia? É díficil eu fazer o papel de juíz e de carrasco ao mesmo tempo, mas não tinha dúvidas quando a publiquei: é que a minha fonte não tinha motivos nenhuns para me dar a notícia de uma morte, seja de quem fosse, se não tivesse a plena certeza, e muito menos de um familiar que, de resto, visitava no hospital.
António Aly Silva
PAIGC - Braima Camará chegou a Lisboa
O candidato á liderança do PAIGC e líder do projecto 'Por uma Nova Liderança Inclusiva', Braima Camará, chegou ontem a lisboa para continuar a manter contactos com a estrutura do PAIGC, e a diáspora no sentido de dar a conhecer o seu projecto rumo á liderança do partido fundado por Amilcar Cabral. O congresso, que estava previsto para os dias 8/12 maio, teria, no dia de hoje, o seu 'Dia D'. Aguarda-se para a marcação de nova data, que deverá recair em finais do mes de junho. Está tudo em aberto quanto ao local - Cacheu ou Bissau, e Braima Camará volta a reafirmar a sua candidatura para a liderança do partido, desafiando os outros candidatos a fazerem o mesmo. AAS
sábado, 11 de maio de 2013
Alemanha, cá vou eu (de novo)
Serifo Nhamadjo, foi novamente obrigado a deixar a Guiné-Bissau para tratamento médico na Alemanha, prometendo remodelação do 'governo' assim que regressasse. O 'presidente da CEDEAO' para a Guiné-Bissau, convocou a imprensa para anunciar uma "remodelação governamental" para dentro de quatro dias, quando regressar da Alemanha, para onde segue, uma vez mais, e depois de quase um mês em tratamento nesse país da Europa. Nota-se de resto uma significativa perda de peso - "por causa da diabetes" - segundo confidenciou uma fonte próxima de Serifo Nhamadjo contactada pelo DC. AAS
BOMBA!
O representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau, José Ramos Horta, considera que "mais cedo ou mais tarde" os Estados Unidos vão "capturar mais pessoas" relacionada com o tráfico de droga. Questionado numa entrevista à rádio ONU, em Nova Iorque, sobre o problema do tráfico de droga na Guiné Bissau, o responsável timorense explicou que "ao permitir ou serem indiferentes que os gangs criminosos da Colômbia, da Bolívia, do Peru usem o seu território como um ponto de transição, mais cedo ou mais tarde, eles [os líderes locais] terão alguém - neste caso os americanos -, aterrando no seu território e entrando em ação".
Demitam-se
E por isso considerou que "é melhor que sejam as próprias autoridades da Guiné-Bissau a tomar esta atitude". Assim, Ramos Horta faz um apelo: "Indivíduos na Guiné-Bissau, no Exército ou política, que estejam envolvidos, cessem todas as atividades e cooperem com as autoridades. Acabem com as drogas. Se eles estiveram envolvidos no passado, terminem com tudo completamente. Eu estou a avisar: mais cedo ou mais tarde, os americanos vão capturar mais uma pessoa" para encher "as cadeias de Manhattan". LUSA
"Será justo?"
"Pergunto a quem de direito, se um combatente da liberdade da pátria - um comandante de bi-grupo que dirigia e conquistava grandes quartéis de relevo na nossa luta contra a dominação colonial, e que depois da independência continuou a servir o país e seu povo: No quadro da famosa reforma do governo chefiado pelo Sr. Carlos Gomes Junior, alguns meses antes do golpe de Estado, vinha recebendo o meu subsídio normal, como qualquer outro cidadão.
A minha pergunta é a seguinte: um golpe de Estado pode e deve anular tudo aquilo que este homem vinha fazendo até aí?... Já há mais de um ano que estou sem receber o meu subsídio de reforma. Isto É JUSTO? Ainda pergunto: um meu filho pode ser vítima de uma consequência minha?... Chamado por ordem superior da chefia militar no Estado-Maior General das Forças Armadas, fui insultado, humilhado e por fim obrigado a deixar o meu trabalho como técnico numa das instalações de um órgão de comunicação do Estado.
Tudo isso porque um homem já na reserva prestou um serviço ocasional a quem quer apoiar numas eleições livres e democráticas num país como o nosso - isso é crime? Estes e mais outros factos ocorrem na Guiné-Bissau, aos olhos dos guineenses e ninguém diz nada de nada? Bem, Deus é pai e vou lutar contra esta injustiça até à última gota do meu sangue e, lembrem-se todos, um peixe dá à luz um outro peixe, e esta é sem dúvidas uma chamada da atenção. Espero haver argumento suficiente de enfrentar quaisquer eventuais reacções.
J."
SONANGOL é a segunda maior empresa de África
A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, Sonangol, foi considerada a segunda maior empresa de África, num estudo divulgado pela revista Jeune Afrique. O estudo avaliou cerca de 500 empresas africanas ou sedeadas em África e, pelo segundo ano consecutivo, a Sonangol aparece nessa posição, atrás da Sonatrach, empresa de combustíveis da Argélia. Segundo o estudo, estas duas empresas apresentam resultados bastante sólidos que lhes permite estar entre as 500 maiores empresas do mundo e o seu estatuto só não se consolida mais devido ao facto de não estarem cotadas em bolsas.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
Guiné-Bissau pede ao CS da ONU resolução de apoio ao país
O representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau apelou, em Nova York, aos membros do Conselho de Segurança que "falem a uma só voz", adoptando, no próximo dia 23, "uma resolução que dê um sinal claro de apoio" aos guineenses. José Ramos-Horta falava, na quinta-feira, numa reunião do Conselho de Segurança, organismo que deverá aprovar no próximo dia 23 o relatório do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que propõe mais um ano de mandato para o escritório da ONU na Guiné-Bissau mas sugere uma reformulação que contempla a abertura de delegações regionais e um segundo representante especial. José Ramos-Horta disse que a Guiné-Bissau, que vive um período de transição na sequência de um golpe de Estado a 12 de Abril do ano passado, pode ainda tornar-se "um exemplo brilhante de uma história de sucesso".
O representante especial atribuiu a culpa da situação "às elites que falharam ao seu povo durante quase quatro décadas", acrescentando que os militares também devem ser responsabilizados. "As consequências do falhanço destas elites inclui violações de direitos humanos, impunidade, crime organizado e tráfico de droga", disse Ramos-Horta. O político apresentou a ideia de "uma transição de duas faces", que deve, "primeiro, apoiar o regresso à ordem constitucional através de eleições" e, depois, preparar o período pós-eleitoral "fortalecendo as instituições do Estado, com apoio financeiro e disponibilizando especialistas" em áreas específicas durante um período de cinco anos.
A detenção do ex-chefe da Armada Bubo Na Tchuto durante uma operação contra o narcotráfico no Golfo da Guiné e a acusação do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, António Indjai, foi também mencionada, com Ramos-Horta a classificá-la como "um ponto de viragem no combate ao tráfico de droga." A presidente da Comissão de Configuração para a Construção da Paz na Guiné-Bissau, Maria Luisa Viotti, recordou o caso para pedir um reforço do orçamento do escritório das Nações Unidas para as Drogas e o Crime (UNOODC, na sigla em inglês)) no país.
O representante da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o embaixador da Côte d’Ivoire ONU, Youssoufou Bamba, referiu a "determinação [da ONU] em apoiar o combate e em punir os perpetradores deste crime". Todos os representantes falaram na necessidade de realizar eleições até final do ano, mas, em declarações à agência Lusa, o embaixador da Guiné-Bissau na ONU, João Soares da Gama, sublinhou que o país "não tem condições financeiras para realizar eleições sem o apoio da ONU".
A ideia é partilhada por Youssoufou Bamba, que pediu "apoio financeiro e técnico à comissão eleitoral" guineense. No final do encontro, o representante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o embaixador António Gumende, sublinhou uma "tendência positiva de consenso" entre os atores nacionais e internacionais envolvidos no futuro do país. Contudo, alertou que "todo o optimismo em relação à Guiné-Bissau deve ser moderado, devido a complexidade da situação, bipolarização política e à deteriorada situação económica e humanitária." Os membros do Conselho de Segurança preparam agora uma resolução que deve ser votada no dia 23 de Maio. Angop
Suposto acto de crime contra menores: um esclarecimento da Polícia Judiciária
Exmo. Administrador do blog Ditadura do Consenso,
A PJ serve-se da presente para reagir, esclarecendo aos prezados seguidores deste blog, a informação aqui veiculada com o titulo Suposto pedófilo terá escapado à prisão por ser “velho demais” , passando a expor o que abaixo se segue:
1. Junto ao Serviço Permanente de Piquete da PJ, foi na tarde do dia 21 de Abril passado, apresentada uma denúncia por supostas práticas susceptíveis de configurar o crime de abuso sexual contra duas menores nacionais, por um individuo estrangeiro com residência permanente na Guiné-bissau, com domicílio fixo nesta cidade de Bissau;
2. Atento aos factos reportados pela denunciante e face a delicadeza dos mesmos, foram imediatamente encetadas diligências pelo Serviço de Piquete em articulação com a Brigada de Crimes Contra Mulheres e Menores com vista a localização do indiciado assim como a devida realização da inspecção do local do suposto crime;
3. O inquérito foi pronta e oportunamente concluído ao Ministério Publico, e por imperativos legais e em observância ao dever de preservação do Segredo da Justiça, mais detalhes decorrentes do processo não podem aqui ser relatados. Contudo;
4. Contrariamente ao que foi divulgado, em nenhum momento terá algum funcionário proferido declarações em como o indiciado só não seria detido por ser velho demais, pois a detenção enquanto medida cautelar de natureza processual repousa sobre imposições e fundamentos de ordem legal e não em juízos fundados em razão da cor, nacionalidade, idade, etc.;
5. São falsas e lamentáveis as alegações segundo as quais “Uma das meninas foi levada ao hostipal Simão Mendes, onde foi comprovada a violação. A família quer justiça, isto não é possivel”, porquanto tal como decorre do Auto de Exame Directo constante do Processo, as meninas foram analisadas pelo colectivo de médicos (no total de três) entre nacionais e estrangeiros a prestarem serviço no Hospital Nacional Simão Mendes, não tendo os mesmos constatado sinais que apontassem para qualquer desfloramento e muito menos comprovado a aludida violação a partir das suas observações clinicas;
6. Em busca da verdade material dos factos a PJ efectuou várias outras diligências necessárias, tendo, tal como supra exposto, concluído de forma preliminar os autos a superior consideração do Ministério Publico para efeitos tidos por convenientes, mantendo todas as suas estruturas disponíveis e activas para demais diligências;
7. A PJ ao abrigo das suas atribuições reitera a sua firme determinação no combate severo a criminalidade contra menores, levando a barra da justiça tal como sempre tem feito, criminosos que atentem contra as crianças, não sendo por isso verdade a alegação da denegação de justiça a quem quer que seja; Com efeito;
8. Importa ressaltar que toda a actividade de inquérito está constitucionalmente subordinada ao escrupuloso e sagrado respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
Assim, a PJ agradece a todos e em especial ao administrador do blog a atenção e oportunidade que lhe foi reservada para efectuar o presente esclarecimento e aproveita o ensejo para manter-se a disposição de legítimos interessados em promover mais e melhor esclarecimento nos termos da lei.
A Direcção Nacional
NOTA do DC: Ditadura do Consenso agradece à direcção nacional da Polícia Judiciária pelos esclarecimentos. DC salvaguardou sempre a presunção de inocência e nunca citou o nome do suposto. Com os melhores cumprimentos, António Aly Silva
EDUCAÇÃO: Novo pré-aviso de greve
A Direcção do Sindicato Nacional dos Professores e Funcionários da Escola Superior de Educação, SIESE, entregou hoje, 10 de Maio de 2013, um novo pré-aviso de greve com a duração de vinte dias, isto é o doubro do primeiro, a contar a partir do dia 15 deste mês até 11 de Junho. As exigências do sindicato resumem-se a auditoria da escola e pagamento de professores contratados e novos ingressos. Diz o pré-aviso que "o SIESE manifesta desde já a sua indisponibilidade no que toca a eventual prorrogação do calendário escolar já fixado, mesmo que seja por um dia". Na parte final do documento, o SIESE ameaça: "Caso persista ainda a indiferença do governo com as reivindicações em causa, seguirão mais outras até que as nossas exigências sejam atendidas..." AAS
Bernardo Pires de Lima: "Eleições em si não grantem estabilidade na Guiné-Bissau"
Eleiçoes "livres, justas e transparentes" na Guiné-Bissau até ao final de 2013 é a exigência da CEDEAO. A organização exigiu um rumo político e governativo para o país que se encontra há quase um ano sem Governo formado. Em entrevista à DW África, o investigador português Bernardo Pires de Lima, do Instituto Português de Relações Internacionais e da Universidade norte-americana Johns Hopkins, traçou possíveis cenários para o país.
DW África: Acredita numa estabilidade política a curto prazo para a Guiné-Bissau?
Bernardo Pires de Lima: Eu parto do princípio que nenhuma estabilidade está garantida enquanto as forças armadas não forem alvo de uma profunda reforma e não se submeterem ao poder civil, ao poder político democraticamente eleito. Portanto, não acredito que a realização de eleições por si só garanta a estabilidade que a Guiné-Bissau precisa. O outro ponto é saber se a inexistência de eleições num horizonte de curto prazo não seria ainda pior para agravar a instabilidade que a Guiné-Bissau cronicamente apresenta.
DW África: A CEDEAO irá desempenhar algum papel neste processo eleitoral?
BL: Já está a desempenhar. A CEDEAO, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, é a grande vencedora de todo este processo de transição. Repare que o roteiro da CPLP, a Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa, foi completamente posto de lado. Portugal perdeu a mão ao processo que liderou desde o início de abril de 2012, quando se deu o golpe de Estado, no fundo defendendo com a CPLP, unanimamente, sanções à Guiné-Bissau, às entidades que procederam ao golpe. Mas a partir do momento em que todos os partidos políticos e que a CEDEAO e que até o próprio representante das Nações Unidas, José Ramos-Horta, começam a validar um roteiro e uma legitimidade, digamos, temporal ao Governo e à presidência de transição, o roteiro da CPLP e de Portugal sai muito defraudado, muito enfraquecido, e, de facto, a CEDEAO tomou conta das circunstâncias. Quer me parecer que a CEDEAO estará mais fortalecida na altura de monitorizar as eleições.
DW África: Acredita que Carlos Gomes Júnior, primeiro ministro do anterior Governo derrubado, pode ser um dos nomes na corrida eleitoral?
BL: [Se] o conceito de transparência e de liberdade for respeitado ou não pelas autoridades que vão monitorar as eleições e pelo grau de flexibilidade que existe em aceitar que ele foi deposto e regressar ao seu país. Quando falo, falo exatamente das entidades que estão a liderar este processo de transição, tanto do lado político como do lado militar. Esta relação civil-militar é que me parece absolutamente contra natura para qualquer estabilidade futura de curto e médio prazo na Guiné-Bissau. Provavelmente vamos assistir mais conflitulidade (sic) interna a medida em que a pirâmide das forças armadas se mantiver no estado em que está, muitas chefias... Enquanto não houver paz entre entidades políticas eleitas democraticamente e as estruturas líderes das forcas armadas, a Guiné-Bissau está condenada a viver periodicamente de transição em transição para um período que nós não sabemos se será pior que o anterior ou não.
DW África: A Guiné-Bissau está a quase um ano sem Governo formado. Apenas o poder foi formalmente transferido para as mãos dos civis. Qual é a urgência destas eleições e da reposição de um poder político efetivo na Guiné-Bissau?
BL: O primeiro ministro interino já se queixou que não tem orçamento, que não tem condições para qualquer tipo de evolução no desenvolvimento económico e social do país. Parece-me que, com as sanções que existem, nomeadamente da CPLP, agravam ainda mais a situação no terreno guineense. Depois, há uma falta de ajuda internacional que olhe para os interlocutores em Bissau como válidos e credíveis. O que também não acontece neste momento. Portanto, penso que Ramos-Horta, aqui, poderia contribuir para uma solução "mais Nações Unidas" e "menos organizações regionais africanas", e portanto contribuir para uma solução [do estilo] "chapéu Nações Unidas", durante, por exemplo, uma década, que contribuísse para uma reforma que a Guiné-Bissau necessita.
Autora: Francisca Bicho
Edição: Nádia Issufo / Renate Krieger
Deutsche Welle
Por uma reformulação do PAIGC na Guiné-Bissau
Por: Jorge Heitor*
Se a Guiné-Bissau fosse um país normal, estaria nesta altura a decorrer normalmente em Cacheu o VIII Congresso do PAIGC, cuja liderança é disputada por Aristides Ocante da Silva, Braima Camará, Carlos Gomes Júnior, Domingos Simões Pereira, José Mário Vaz e Vladimir Deuna. No entanto, como a Guiné-Bissau não é de forma alguma um país normal, não estamos a receber boas notícias do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), criado oficialmente a 19 de Setembro de 1956, por pessoas como Amílcar e Luís Cabral, Aristides Pereira e Fernando Fortes.
Se a Guiné-Bissau fosse um país normal, com quase 40 anos de vida, estaria agora a ser governada pelo PAIGC e a ser presidida provavelmente pelo que é ainda o líder desse partido, Carlos Gomes Júnior, que neste último ano tem vivido exilado, porque um golpe de Estado deixou as eleições presidenciais a meio. Enquanto Angola está a ser governada pelo MPLA, oficialmente formado alguns meses depois do PAIGC, a Guiné-Bissau encontra-se nas mãos de um conglomerado de militares e de traficantes que de forma alguma sabem ou querem saber o que seja a legalidade democrática. “O Estado da Guiné-Bissau não conhece o seu lugar; é desorganizado e incompetente”, reconheceu recentemente um dos candidatos à liderança do PAIGC, José Mário Vaz, que já foi ministro das Finanças e depois do golpe do ano passado viajou para Portugal, como outros dos seus compatriotas.
O Estado guineense é desorganizado e incompetente porque nasceu torto, nunca tendo uma série de combatentes pela independência aceite a liderança de Amílcar Cabral, que acabaria por ser assassinado, devido ao ódio de certos negros aos cabo-verdianos. Amílcar e Luís Cabral nunca conseguiram consolidar o sonho de uma Guiné e um Cabo Verde a caminharem juntos para a independência e o desenvolvimento. Essa foi apenas uma miragem dos dois irmãos e de poucas mais pessoas. No dia 14 de Novembro de 1980 João Bernardo Vieira, “Nino”, afastou Luís Cabral da Presidência da Guiné-Bissau e deu o pontapé de saída para a completa ruptura entre os dois ramos do PAIGC, que de modo algum poderia continuar a ser o partido essencial de dois territórios tão diferentes como o são a Guiné e Cabo Verde.
Se o dito PAIGC desejasse agora ser verdadeiramente coerente com o que sempre tem sido a prática de muitos dos seus militantes, eliminaria de vez o nome de Cabo Verde da sua designação e passaria pura e simplesmente a ser o Partido Africano da Independência da Guiné-Bissau (PAIGB). Tal como Aristides Pereira e Pedro Pires souberam tão bem, depois do golpe de “Nino”, criar o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Carlos Gomes Júnior e os demais candidatos à liderança de um partido de nome errado deveriam ter a coragem de encetar agora um tempo inteiramente novo, muito mais promissor.
Uma vez que nem o dito PAIGC nem o Partido da Renovação Social (PRS) têm credibilidade suficiente para gerir a Guiné-Bissau, depois de tudo aquilo a que se tem assistido nos últimos anos, talvez um PAIGB significasse como que um começar de novo, um recomeço. O povo da Guiné-Bissau necessita de passos arrojados; e de políticos que saibam colocar os militares no seu devido lugar, de servidores da República; para que não estejam permanentemente a interferir na vida do próprio país. Já se perdeu demasiado tempo para que continuemos a assistir a mais do mesmo. Esta é uma mensagem de esperança, para que os guineenses se libertem definitivamente de pessoas como Bubo Na Tchuto, António Indjai, Papá Camará ou, até mesmo, Kumba Ialá.
*Jorge Heitor, que na adolescência tirou um Curso de Estudos Ultramarinos, trabalhou durante 25 anos em agência noticiosa e depois 21 no jornal PÚBLICO, tendo passado alguns períodos da sua vida em Moçambique, na Guiné-Bissau e em Angola. Também fez reportagens em Cabo Verde, em São Tomé e Príncipe, na África do Sul, na Zâmbia, na Nigéria e em Marrocos. Actualmente é colaborador da revista comboniana Além-Mar e da revista moçambicana Prestígio.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
LIGAÇÕES EXPLOSIVAS: FARC, Hezbollah e Talibãs
A Casa Branca considera ser cada vez mais crescente a ligação entre os traficantes de drogas, redes criminosas e grupos extremistas. O Departamento de Justiça americano considera que cerca de metade de todas as organizações criminosas internacionais tem ligações com grupos radicais, incluindo as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, o Hezbollah e os Talibãs.
"A Guiné-Bissau tem sido provavelmente o Estado do narcotráfico por excelência nos últimos anos", diz Stewart Patrick, um membro sénior do Conselho de Relações Exteriores e director do Programa de Governança Global dos EUA. Em 2008, por exemplo, aproximadamente 300 milhões de dólares em cocaína circulavam mensalmente na Guiné-Bissau, garante Patrick. O próximo alvo dos Estados Unidos da América é António Indjai, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau.
Segundo a DEA António Indjai "é um dos cabecilhas do tráfico de drogas", juntamente com outros altos responsáveis militares da Guiné-Bissau. Mas é uma acusação que Indjai nega terminantemente. Procurado pela Interpol, Indjai era um dos alvos na recente operação levada a cabo pelos EUA e que conduziu à captura do Contra- Almirante Bubo Na Tchuto em mar aberto, segundo agentes da Agência Antidrogas dos EUA, no início deste mês bem próximo de Cabo Verde. AAS
Importa-se de repetir?
O FMI prevê um crescimento económico da Guiné-Bissau em 2013 de 3,5 por cento mas alerta para o baixo nível de receitas e pede que seja rapidamente aprovado o orçamento do Estado deste ano. Em conferência de imprensa, em Bissau, o chefe de uma missão do FMI que esteve no país de 29 de abril a hoje, Mauricio Villafuerte, disse que o Fundo Monetário Internacional prevê uma recuperação da economia este ano, depois "de uma situação muito difícil em 2012, marcada por uma queda abrupta nos volumes e preços de exportação de caju", o principal produto do país, bem como "uma queda no apoio dos parceiros de desenvolvimento". LUSA
NOTA: Mas, se a campanha deste ano corre (ainda) pior do que a do ano passado...não entendo o FMI (Fome, Miséria e Imperialismo)... AAS
"Um dia feliz"
Dois dirigentes políticos guineenses que estavam refugiados na sede da União Europeia em Bissau, há sete meses, deixaram o tem o local. Nestas instalações continua o general Melciades Gomes Fernandes, conhecido por Manel Mina, que alegou falta de segirança. Os dois políticos abandonaram a sede por "razões humanitárias".
Saíram assim da sede da União Europeia, Tomás Barbosa, secretário de Estado do Ambiente no Governo deposto no golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, e Ibraima Sow, antigo ministro da Educação e líder do Partido Popular da Guiné-Bissau. Os três responsáveis guineenses refugiaram-se em Outubro do ano passado, na sequência do ataque ao quartel dos para-comandos, por um grupo de militares. Na versão das autoridades, estas pessoas estariam em conluio com os militares na preparação de um golpe de Estado. Joaquim Gonzalez Ducay, embaixador da União Europeia em Bissau, fala num dia feliz.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Carta aberta
"Carta aberta de uma juventude que quer ter o seu lugar na sua terra em paz, liberdade e progresso a que tem direito"
No nosso Manifesto fundador, assumimos de forma inequívoca que “acreditamos nos valores democráticos, a prática da verdade, o confronto de ideias e o debate público sem armas” e face ao clima de medo que se quer perpetrar na sociedade guineense, em particular nos jovens, desde restrições à liberdade de expressão e manifestação, a violação dos direitos humanos dos civis, o Movimento Ação Cidadã vem através desta afirmar os seguintes:
1. Denunciar a agressão por parte de elementos das forças de defesa no espaço público, das cidadãs Eurizanda Baldé Fragoso (Hospital Militar, a 16 de Abril de 2013) e Catarina Ribeiro Schwarz (Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, a 06 de Maio de 2013), esta ultima, ativista do Movimento Ação Cidadã;
2. Condenar a violência gratuita e o abuso de poder contra as pessoas indefesas que a através da sua voz reclama os direitos que lhes assistem e que foram indevidamente usurpados;
3. Solidarizar-se com estas duas cidadãs e mais outros casos que ficaram no anonimato devido a falta do cumprimento da justiça e de ausência de mecanismos de proteção e salvaguarda das vítimas, dando azo a vigência de impunidades;
4. Responsabilizar as autoridades da transição pela incapacidade de garantirem segurança aos civis e simultaneamente a desresponsabilização institucional perante casos flagrantes de crime de abuso de poder;
5. Apelar e encorajar a todos cidadãos, em particular aos jovens, a denunciarem qualquer ato de intimidação ou violação dos seus direitos por qualquer elemento das forças de defesa e/ou segurança, quer através da Liga Guineense dos Direitos Humanos, dos Meios de Comunicação Social e da Amnistia Internacional, e ainda que traduza
essas violações em queixa-crime no Ministério Publico;
Fazemos ainda recordar que no nosso Manifesto fundador, exortamos sobre a necessidade dos guineenses levarem a cabo ações públicas de posicionamento em prol do direito à democracia, manifestação e debate público com vista a romper com a cultura do militarismo na sociedade guineense e desta forma, convidar e desafiar os jovens ao nível nacional a mobilizarem-se pacificamente em prol da paz, liberdade, democracia e progresso.
Bissau, 08 de Maio de 2013
A coordenação
Foi assim
"Li no Ditadura do Consenso, uma carta enviada ao Aly, com o titulo "Matchundadi Virtual" e não pude deixar de agradecer esse senhor! Mesmo porque, nós, os vizinhos do Aly, presenciámos in loco todo o esforço dele neste último conflito, tudo para nos retratar a verdade!
No primeiro dia, quando se assaltou a casa do Carlos Gomes, todo Bissau estava em silêncio e nas ruas até dava para ouvir o zoar do vento perante ausência de seres vivos (ninguim ka ossa sta na rua), eu e a minha irmã Dulce, á varanda da casa minha mãe e por volta das 3 da madrugada, vimos o Aly com a máquina ao pescoço em direcção á casa do Cadogo, eu ainda disse á minha irmã: "Não, esse gajo não é louco para ir aí, onde se encontra um batalhão de militares!" Saí devagarinho e fui até á esquina para espreitar se realmente ia para lá. E não é que foi mesmo? Lembro-me de ter dito á minha irmã: "Esse gajo é teimoso!"
Foi assim durante aqueles dias, toda aquela vizinhança viu a incansável luta e persistência do Aly. A irmã dele, a Rosy, chorava para todo mundo: "ele não come, não dorme!" E todos nós presenciamos a força desse homem. Os miúdos da zona, amigos com quem fico a conversar todos os dias (Edymar, Ova, Guto, Welmer, Justem, Geny, Nino, etc…) chamavam-lhe: “Máquina Ticha”, porque não parava!
Quero dizer com tudo isso, que eu sou-lhe muito grata, porque foi sincero e segundo o que sabia, retractou-nos tudo de forma real, com dever de um jornalista! Não pensou que… Não ouviu dizer que… Não supos nem imaginou que… Buscou a verdade e assim a retratou, nua e crua! Portanto, cumpriu com o seu dever de jornalista e foi a fonte mais célere que tivemos naqueles dias! Era opositor forte do Carlos Gomes, mas na hora certa e com coerência, mostrou-se contra as barbaridades. Há algum comportamento mais digno que este?
Parabéns Aly, Homem digno abraça a verdade acima de tudo, não significa mudar de lado, mas estar do lado da verdade!
Tivemos a oportunidade de trabalhar juntos na organização inicial da revista Kampuni, e com o meu amado primo Hélder Proença, aliás, eu sugeri-o ao meu primo, como alguém que tinha muito mais experiência que eu! Mas por diversas vezes nos embatemos um no outro (eu e o Ticha), cada um a defender o seu ponto de vista e sempre andamos chateados! Mas a verdade é que: eu admiro a sua personalidade e a força que carrega!
S.C."
Vergonha
As autoridades regionais da Guiné-Bissau dizem que não podem fazer nada para evitar o abate indiscrimnado de árvores por madeireiros estrangeiros, porque a ordem para a operação terá vindo de Bissau. No sul do País, os jovens lançaram um alerta devido ao elevado grau de degradação em que se encontra a floresta de Mbasso.
Veja a reportagem aqui: RTP
Cenário para afastar António Indjai
O temor que o CEMGFA António Indjai deixa transparecer no seu quotidiano, desde que foi objecto de um mandado internacional de captura baseado numa acusação da justiça dos EUA de participação em operação internacional de tráfico de droga e de armas, avolumou-se com o anúncio da instalação de uma Força de Reacção Rápida norte-americana na Base de Morón, Espanha. Constituída por 500 fuzileiros, com capacidade de projecção imediata baseada em 8 meios aéros, a força tem por missão intervir numa vasta área geográfica, incluindo a África Ocidental, de que a Guiné-Bissau faz parte.
António Indjai dá mostras de estar ciente de que a acusação que sobre ele impende de implicação em acções de narcotráfico e terrorismo, confere à sua captura a importância de uma emergência que, em nome da segurança dos EUA, justifica o lançamento de operações especiais, com emprego de força. O CEM da Força Aérea, General Papa Camará, está também identificado pelos EUA como implicado no narcotráfico. O cenário considerado mais provável, como desfecho do caso, é, porém, o de uma “conspiração” interna contra o CEMGFA António Indjai, levada a cabo por alas das FA que eventualmente vêm numa tal acção uma forma de “reabilitar” a instituição.
É esta a ameaça que António Indjai mais teme. O seu dispositivo de protecção e segurança pessoal é agora menos aparatoso do que antes, sendo a evidência atribuída a duas razões: a) não exteriorizar temor, em especial ante os seus adversários internos; b) “filtrar”os acessos a si próprio, limitando-os a militares da sua estrita confiança. O estado de ofuscamento em que António Indjai ficou por reflexo da acusação da justiça norte-americana deu também origem a atitudes de distanciamento da parte de autoridades militares dos países da região com as quais se relacionava institucionalmente, incluindo a organização regional, CEDEAO. AM
terça-feira, 7 de maio de 2013
À beira da ruína
A economia da Guiné-Bissau encontra-se em estado considerado “ruinoso” por instituições económicas como o Banco Central dos Estados da África Ocidental. Congelamento das ajudas externas após o golpe, quebra no principal produto de exportação (caju) e também erros de governação são as principais causas apontadas, segundo o Africa Monitor Intelligence. A “newsletter” adianta que as dificuldades são vistas como um elemento propulsor de iniciativas em marcha para resolução da profunda e prolongada crise em que o país se encontra, em que Portugal, Angola e também Brasil têm sido dos principais atores a nível externo. Um agravamento tendencial da mesma pode degenerar em perturbações sociais de difícil controlo.
No seguimento do golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, cessaram todos os programas de ajuda externa, que globalmente representavam cerca de 70% da receita orçamental. A produção de caju, motor da economia, está declinante. A última campanha promovida “em boas condições”, 2011, atingiu a cifra recorde de mais de 120.000 toneladas comercializadas e uma receita superior a 100 milhões de euros. Entre os indicadores do estado actual da economia avulta o de que as empresas internacionais implantadas no país retiraram os seus capitais – supostamente em razão de falta de confiança. A campanha do caju, que pelo calendário agora se iniciou, tende a redundar em fracasso, adianta o Africa Monitor.
Os compradores locais da produção estão manifestamente desprovidos de dinheiro para o negócio – que por isso está paralisado. Os grandes compradores finais, indianos, que por esta altura em grande número demandavam o país, para celebrar contratos de importação, estão ausentes. As estimativas vão no sentido de que a produção se vai perder, por não ser colhida ou por falta de escoamento; a que se aproveitar será através da economia informal – exportação clandestina para o Senegal. Segundo as fontes citadas pela “newsletter”, a aflitiva situação económica também não é estranha à deficiente governação do país – um fenómeno devido à má preparação geral dos governantes e à sua excessiva concentração em assuntos de interesse individual. LusoMonitor
UNIOGBIS - Mais um ano
O Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) termina o mandato no final de maio mas no relatório que Ban Ki-Moon enviou ao Conselho de Segurança, a que a Agência Lusa teve hoje acesso, sugere-se que o mandato seja revisto e prorrogado até 31 de maio de 2014. Tal permitirá que a missão da ONU tenha mais tempo para dar "apoio estratégico" às autoridades nacionais, em cooperação com outros parceiros internacionais, nota o documento, no qual se pede também a manutenção no país e mais apoio para o escritório das Nações Unidas contra o tráfico de droga.
No documento enviado ao Conselho de Segurança a propósito da próxima reunião sobre a Guiné-Bissau, o secretário-geral faz um resumo dos últimos acontecimentos no país desde 28 de fevereiro (altura do relatório anterior, quando o Conselho de Segurança prorrogou o mandato da UNIOGBIS até 31 de maio deste ano) e fala de ajustamentos no mandato, embora sem aumentar o orçamento. "Para dar maior eficácia e efetividade à implementação" do mandato da UNIOGBIS, o secretário-geral propõe que o Conselho de Segurança aprove as propostas saídas de uma missão técnica da ONU que esteve na Guiné-Bissau entre 18 e 27 de março, uma delas a de criar um "pilar político" na UNIOGBIS centrado em questões como paz, segurança ou direitos humanos. Esse pilar seria chefiado por um representante do secretário-geral, mantendo-se José Ramos-Horta, atual representante especial de Ban Ki-Moon, no cargo, mas com mais tempo para a diplomacia e para a mobilização de apoios para a Guiné-Bissau.
Ban Ki-Moon defende que o processo político na Guiné-Bissau deve de ser visto numa perspetiva ampla e em duas fases, uma até às eleições e outra depois, para a implementação de reformas chave, o que tem de requerer um acordo pós-eleitoral. No relatório Ban Ki-Moon diz que a situação política na Guiné-Bissau continua tensa, devido às contínuas discordâncias entre políticos para acertar um roteiro que leve à restauração da ordem constitucional, e que a em termos de segurança a situação é de calma ainda que "volátil". Ban Ki-Moon pede aos "atores" da Guiné-Bissau para que trabalhem de boa-fé para um novo pacto de regime e um mapa de transição consensual, que inclua um bem definido calendário eleitoral e a formação de um governo inclusivo, e reafirma o empenho da ONU em ajudar o país.
No documento Ban Ki-Moon centra-se essencialmente no relatório da missão da ONU de março passado, que fala da necessidade referida por parceiros internacionais de melhorar a situação dos direitos humanos e do "clima de medo" resultante de restrições à liberdade de expressão e manifestação. Fraco é também, diz, o acesso à justiça, com muitos crimes a não serem reportados, investigados e julgados, continuando a haver uma "cultura de impunidade", com os militares e as elites políticas a imiscuírem-se no sistema judicial. Ban Ki-Moon reconhece que apesar da fraqueza do Estado e dos críticos indicadores socioeconómicos a Guiné-Bissau não caiu num conflito aberto e diz que só com uma política de estabilidade e segurança é possível aproveitar os abundantes recursos.
"Tal estabilidade requer um genuíno empenho dos atores nacionais para mudar o ciclo político-militar de conflitos em nome de interesses pessoais" e também o empenho dos parceiros internacionais para, com a Guiné-Bissau, trabalharem numa paz duradoura, segurança e desenvolvimento, diz o secretário-geral da ONU. No documento o responsável considera importante que a ONU e os parceiros trabalhem em conjunto para apoiar um responsável, legitimo e efetivo Estado da Guiné-Bissau, devendo a UNIOGBIS centrar-se numa estratégia de conselheiro e guia mas também de apoio técnico e de facilitador de diálogo e reconciliação nacional. E que apoie um ambiente propício a eleições transparentes e credíveis, o fortalecimento das instituições, uma estratégia para as áreas da justiça, defesa e segurança, e as autoridades no combate ao tráfico de droga e crime transnacional. LUSA
Acabar com o abate indiscriminado de árvores na Guiné-Bissau
O governo eleito democraticamente pelos guineenses nas urnas, sofreu um golpe de estado liderado pelos militares. Golpe esse contestádo não só a nível nacional como em todo o Mundo. Apesar da contestação, os militares elegeram um governo de transição que tem governado o país sob suas ordens, até a data presente. Isso não só gerou uma onda de indignação por todo o território nacional dividindo profundamente os guineenses, como o país sofreu um bloqueio internacional.
Sem ajudas e sem dinheiro, os militares e este governo, têm-se recorrido a tudo o que é ilegal em benefício próprio, sendo o estado considerado um narcoestado. O objectivo desta PETIÇÃO - ASSINE AGORA, é ajudar um povo martirizado e cansado dos seus governantes. Ajudar a travar a destruição do país imposta por este governo de transição e pelos militares.
Sou um guineense preocupado com o futuro da minha Pátria e das nossas crianças. Penso quais as consequêcias ambientais, sociais e económicas existirão amanhã para o país, fruto do comportamente destes militares e governantes. Embora preocupado entendo por bem agir por forma a minimizar os problemas, daí pedir vosso apoio. Ajudem-me a travar a destruição da minha terra, ajudem-me a sonhar e a fazer sonhar.
DROGA - Português, natural da Guiné-Bissau, apanhado com droga no organismo
Um cidadão português, natural da Guiné-Bissau, ficou esta segunda-feira em prisão preventiva após ter sido detido, na sexta-feira, no aeroporto da Cidade da Praia, com 691 gramas de cocaína dissimulada no interior do organismo, indicou a Polícia Judiciária cabo-verdiana. Num comunicado, a PJ adiantou que o homem, de 47 anos, chegou à capital de Cabo Verde proveniente de Fortaleza (Brasil), tendo, na inspecção inerente ao voo, sido detido pela Célula Aeroportuária Anti-Tráfico (CAAT), que congrega ainda as polícias Nacional (PN) e Emigração e Fronteiras (PEF), Guarda Fiscal e Alfândega.
Suposto pedófilo terá escapado à prisão por ser “velho demais”
Um homem de nacionalidade portuguesa, octagenário e empresário, está a ser alvo de graves acusações pela prática de crimes de pedofilia. De acordo com uma fonte do ditadura do consenso, “há duas semanas, duas crianças, ambas de 7 anos, brincavam à beira das suas casas, quando o suposto pedófilo as abordou, dizendo que ia oferecer-lhes bolachas e pastilhas” - contou. Felizes, as crianças aceitaram a oferta, atravessaram a estrada e entraram para o interior do local de trabalho deste, onde existe uma casa com duas moradias, na zona da Granja de Pessubé. O homem, apurou o ditadura do consenso, tem residência na cidade Bissau. Ainda segundo a mesma fonte, um acaso fez com que “um vizinho desse conta do que se passava, avisando de seguida os familiares das menores”, que de imediato se dirigiram à casa supracitada. “Como não foram atendidos, um deles subiu a uma árvore e assim teve acesso ao interior da casa, através da janela de quarto, que estava aberta”, conta a nossa fonte.
E explica o que o familiar das crianças disse ter presenciado. “Viu as 2 meninas deitas com o suposto pedófilo, a outra tinha o sexo dele dentro da boca dela”. O octagenário terá sido apanhado em flagrante, “pediu desculpas dizendo que não sabia o que estava a fazer”... Chocados, os familiares dirigiram-se à polícia Judiciária, e ali mais chocados ficaram - “Fizeram queixa, o suposto pedófilo foi ouvido e de seguida posto em liberdade”. E acusa “o insector Té” por tudo. ”O inspector alegou que o homem tinha uma idade avançada, e que por isso não podia ficar detido”...
A nossa fonte questiona mesmo a decisão do inspector Té: “Será por a pessoa em causa ser branca?”. Impotente: “Uma das meninas foi levada ao hostipal Simão Mendes, onde foi comprovada a violação. A família quer justiça, isto não é possivel”. E termina com um grito de socorro: “Aly, ajuda a tua gente, sabemos que todos eles lêem o teu blogue, só assim podemos ter acesso a eles, só queremos justiça.” AAS
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Ainda assim, um 'Estado Soberano'... Poupem-me, ó da CEDEAO: Ai, agora vão vigiar as nossas águas? E levam o quê do nosso mar, do nosso país? E deixam-nos o quê? Onde está a soberania tantas vezes apregoada? Afinal, somos ou não um Estado 'independente' há 40 anos!? Então que governo é este, afinal? Que governo é esse que entrega o nosso país de bandeja? Estão lá para quê? Sim, e quem é que vai vigiar a CEDEAO? Por que razão é que o próprio comandante burkinabe da força da CEDEAO em Bissau, tem navios seus a pescar nas nossas águas? Porque não aconselham, ou ajudam, a Nigéria a parar de matar a população que vive no Delta do Niger? E o Senegal, para que cesse a barbárie em Casamança? E a Costa do Marfim? E o Burkina Faso...mas, o Burkina Faso? A CEDEAO parece mas é uma barata tonta... Não sabe para onde se virar! Porque não entregam antes o nosso mar à...DEA/EUA? Ma abôs i kinkon, i ka sim? AAS
E-go: "Parabéns, Aly, 7 milhões de visitantes é obra. Tens sido os olhos, os ouvidos e a voz de todos os guineenses que foram amordaçados pela ditadura do egoísmo. A razão acabará por vencer um dia e hás de ter o prazer de fumares o teu cigarrinho e teclar na tua máquina de guerra num dos cafés de Bissau. Coragem e não percas a esperança, esta merda vai mudar, vais ver." Guineense Flipado
E quem controla... a CEDEAO?
O chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, afirmou hoje que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) vai apoiar o país "muito brevemente" na vigilância marítima contra tráfico de droga e outros crimes. "Pedimos à CEDEAO para que nos apoie na vigilância dos nossos mares contra a pirataria, o narcotráfico, que é falado, porque não temos meios para vigiar o nosso mar. Pedimos apoios à Marinha da CEDEAO especialmente à Nigéria, que vai colocar aqui os seus barcos para o efeito", disse o general Indjai, à saída de uma audiência com o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo. Acompanhado por uma delegação de militares nigerianos que se encontra em Bissau, António Indjai garantiu que a ajuda da CEDEAO já se encontra no país. LUSA
Dor
Estou francamente desiludido com a Guiné-Bissau. Mas, digam-me uma coisa: É impossível ser-se mergulhado na merda e sair sem cheirar mal! - não é? Esta terra paradoxal de nome e com todos os toques de fêmea, conseguiu arrasar com o que restava de mim. Desde muito cedo que esta Mãe se tornou numa madrasta que, condenada, viu partir os seus filhos. Um por um. E acabamos por ficar sós, com tudo aquilo que era suposto amarmos. A nossa terra.
Aos que ficaram, os direitos constitucionais e legais não lhes são reconhecidos. E não tratam de os assegurar... Eu, luto por isso e parece até fácil: se tenho direito a uma coisa e não ma dão, vou buscá-la, à minha maneira, porque penso assim: se não agir, perpetuo a situação. Aliás, vou mesmo mais longe e penso "se o castigo é igual tanto para defender ideias como para agir, mais vale agir!".
Quantas vezes conversei sobre isso com amigos? E, como discordamos! Eu vivo a minha causa como quem professa uma religião, o que me torna, de uma maneira ou de outra, num gajo perigoso... Tenho, porém, a sorte de ter nascido neste país: onde mais poderia eu estar para 'alimentar' o meu blogue? Só na Guiné-Bissau. Verdade seja dita, dos 46 anos que já levo de vida (uma vida desregrada, pacata e patética - de merda, mesmo) não conheci, neste país, quem tivesse realizado (excepto o meu bom amigo e realizador de cinema, Flora Gomes que vem aí com a 'República di Mininus').
Pensam, divagam com a maior das facilidades, mas, chegada a hora das realizações, da prova-dos-nove, poucos (ou nenhuns) são os que resistem à seriedade dos problemas. E pensam (o verbo pensar devia até ser banido do nosso vocabulário, pois quando pensam...certamente virá merda. Pensar que é sempre possível tapar um buraco abrindo outro, é uma coisa de loucos. Um moralista, seja lá quem for, deixou escrito na pedra: «Deus nos dê o sábio para nos ilustrar, o santo para nos edificar, o homem prudente para nos governar». Deus não nos liga patavina, o santo está-se nas tintas para nós, e o homem... nem vê-lo.
Meus caros,
Vivemos, hoje, o cúmulo da tirania: o individualismo dos mais fortes sobre os mais fracos - dura há mais de um ano e ainda assim o Povo da Guiné-Bissau continua com medo. Terá a sua razão, mas cabe ao Povo a vontade e a acção da mudança. Ainda assim, há três coisas que não se podem esconder: o amor, o fumo e um homem montado num porco. Para bom entendedor... Boa semana a todos. AAS
Agressão contra cidadã luso-guineense
A cidadã luso-guineense Catarina Schwarz foi agredida e insultada este domingo, no aeroporto internacional de Bissau, por um homem ligado ao Estado Maior General das forças Armadas guineenses. O incidente ocorreu na fila de espera das chegadas, perante a passividade de funcionários e agentes da Guarda Nacional e foi comunicado ao ministério do interior, à Agência de Aviação Civil e à TAP - Air Portugal. A agressão foi relatada na primeira pessoa à RDP África e Catarina Shwarz promete apresentar queixa por abuso de poder e violência contra Norberto da Silva, que conseguiu identificar. Não é a primeira vez que esta cidadã é agredida por militares, a primeira agressão aconteceu em Quinhamel, há uns anos atrás, por militares da marinha. RDP-ÁFRICA
Toca a assinar
Um engenheiro guineense, a residir em Londres, lançou na internet uma PETIÇÃO contra o abate indiscriminado de árvores na Guiné-Bissau mas diz que os problemas ambientais estendem-se também a outras áreas, e que os russos estão a peneirar areias das praias para retirar minerais. “Não sou político nem tenho ambições de o ser. Sou um técnico”, salientou, ao Lusomonitor, Otílio Camacho. Embora a residir em Londres há três anos, mantém-se atento a tudo o que se passa na sua Pátria. Quando vê na imprensa um assunto que o preocupa entra em contacto com amigos e familiares na Guiné-Bissau para saber mais, faz pesquisas por conta própria.
Foi assim que soube do abate indiscriminado de árvores que diz saber ter levado já a confrontos entre populares e autoridades. “No meu País, três por cento da floresta é abatido anualmente e cada vez mais” – o que, no seu entender, é muito para um território relativamente pequeno. “Andam a dar licenças a chineses e russos e estão a dar cabo da zona [Sul]. Agora isso está a alastrar a todo o país e a situação degrada-se cada vez mais”. Otílio Camacho diz que as consequências do desflorestamento são já bem visíveis no Leste do país, onde se registam secas e o solo se torna improdutivo.
O objectivo da petição é escrever ao Presidente da República da Guiné-Bissau, fazendo pressão para que ele acabe com o desmando.
Adianta que outros delitos ambientais estão a ser cometidos: “Na Praia Varela, os russos estão a revirar tudo e a retirar todos os minerais (esmerite, zincão e outros), criando situações de erosão”. “Nem se sabe quem passou a licença e as autoridades dizem que não conseguem contactar a empresa russa” que está a revirar a praia. Segundo o texto da petição, “o abate indiscriminado de árvores está a dar cabo de todo o ecossistema do país. Tem-se verificado uma diminuição das chuvas por todo o território nacional, um aumento de temperatura, seca e falta de água potável em algumas regiões do interior com maior incidência na zona leste, especificamente Gabú e Bafatá, seca de algumas bolanhas e rios, perda de habitat e morte de grande parte de animais”.
A petição adianta que “a população, principalmente os que vivem nos campos, não satisfeitos e vendo suas vidas a ser destruídas por quem os deveria proteger, encetaram várias manifestações por forma a pôr fim aos abates, chegando inclusive a haver confrontos com as próprias autoridades”. “Indiferente a tudo isso, o governo continua a conceder licenças de exploração … aos chineses e russos, por valores ridículos, o que em nada abona a favor dos guineenses.” Ao lado da petição, há uma nota explicativa em que se refere a situação do país após o golpe de estado e a formação de um governo de transição.
“Os militares elegeram um governo de transição que tem governado o país sob suas ordens, até à data presente. Isso não só gerou uma onda de indignação por todo o território nacional dividindo profundamente os guineenses, como o país sofreu um bloqueio internacional. Sem ajudas e sem dinheiro, os militares e este governo, têm recorrido a tudo o que é ilegal em benefício próprio, sendo o estado considerado um narco-estado”. “O objectivo desta petição, é ajudar um povo martirizado e cansado dos seus governantes. Ajudar a travar a destruição do país imposta por este governo de transição e pelos militares”. “Entendo por bem agir por forma a minimizar os problemas, daí pedir vosso apoio. Ajudem-me a travar a destruição da minha terra, ajudem-me a sonhar e a fazer sonhar”, escreve Otílio Camacho.
A petição pode ser encontrada e ASSINADA AQUI
MENTIRA
Em junho de 2012, o porta disparate do 'governo da CEDEAO', Fernando Vaz, disse à agência LUSA que uma decisão foi tomada numa reunião extraordinária do conselho de ministros: a atribuição do montante mensal de cinco milhões de francos CFA (7.600 euros) a Ana Maria Cabral, viúva de Amilcar Cabral. “Este governo de transição encontrou uma situação inacreditável, ou seja, das 400 pessoas que recebem uma pensão de sobrevivência a família de Amílcar Cabral não gozava desse direito”.
Onze meses depois, Ditadura do Consenso deixa uma pergunta ao Fernando Vaz: Quantos meses de PENSÃO foram pagas até hoje à viúva/familiares de Amilcar Cabral?
Aguardando resposta, sou...
... António Aly Silva
GREVE: O Sindicato Nacional dos Professores e Funcionários da Escola Superior de Educação, SIESE, cumpre o quarto dia dos dez dias de greve, iniciado desde o dia 30 de abril. Em causa está o não pagamento de sete meses de salários aos novos ingressos e de quatro meses aos contratados. Além disso, o Sindicato exige ainda o cumprimento do memorando assinado com a direção da ESE, principalmente a apresentação de um requerimento para auditoria da escola. AAS
domingo, 5 de maio de 2013
A diplomacia do não quero saber - A China reconstrói o palácio chamuscado e leva o mar todo; faz melhoramentos no estádio nacional, leva a madeira toda...enfim, custa e de que maneira satisfazer mil e quinhentos milhões de almas... Mas a China não quer saber sequer que houve um golpe de Estado, que foram assassinadas dezenas de pessoas, se, se...uma vergonha, é o que é!!! Por isso fico fodido... AAS
Subscrever:
Mensagens (Atom)