quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Nunca serei uma vítima

O artigo «Um não lugar», deu lugar a uma catadupa de mensagens de e-mail, e eu tive a oportunidade de ler várias opiniões. E não respondo a nenhuma em especial.

Photobucket

Eis o que penso.

Nota-se que há cada vez mais gente a suspirar de saudade do tempo em que havia autoridade neste País. Eram tempos duros, diga-se. E sinistros. Mas havia autoridade, via-se. O mal, por assim dizer, estava circunscrito e claro.

Eu, hoje, continuo a preferir o lixo avulso que qualquer democracia representa ao silêncio imposto pelas ditaduras. As minhas qualidades - ter o hábito de dizer o que penso e de fazer o que digo, talvez não sejam as mais requeridas.

Lembro-me perfeitamente de, em certas ocasiões de crise política (perdi-lhes a conta) em que eu teimava em dar a cara e em bater-me pelos meus ideias e pelas minhas convicções, algumas pessoas diziam-me num tom quase paternal «vai, faz-te de vítima, queixa-te, pode ser que consigas 'vender' qualquer coisa».

Lá está. Não entendiam as minhas razões. As minhas razões sempre estiveram na linha da frente das minhas lutas. O tempo da verdade chega sempre, pelo que a honra tem que ser paciente. Nunca serei uma vítima. E é isso que, afinal de contas, o País não me perdoa. AAS

Divulgamos a agenda do Primeiro-Ministro

Descobrimos a agenda do 1º Ministro. O homem tem mesmo muito que fazer. As nossas desculpas, e o nosso reconhecimento.

Photobucket

AAS

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

É mesmo!...

Photobucket

Desculpas. Depois deste sonoro PQP, passo a explicar motivo que me levou a ir aos arames. Entao não é que o Banco Mundial e o Governo decidiram desencantar cerca de 700 milhoes de francos para criar milionarios...senegaleses?

Eu explico: a EAGB e a SENELEC, empresas guineense e senegalesa, estatais, no ramo da electricidade, lá se juntaram e trouxeram por arrasto o BM e o Governo. Criam-se 'jobs', mas só para senegalês, que em troca prestariam "assistência técnica e comercial" à EAGB.

Desse bolo, 500 milhões servirão para pagar sumptuosamente os nossos vizinhos, que só nos fazem a vida negra nas fronteiras que partilhamos: 9 milhões será o salário mensal do 'boss', outros três levarão para casa (onde quer que isso seja) qualquer coisa como 7.5 milhões de fcfa, e os outros ainda cerca de 3 milhões... Digam lá se nao dá vontade de repetir: Puta que pariu! AAS

Sexta-feira, 13, não é um bom dia para regressar...

Photobucket

Contra-Almirante 'contra todos' - Bubo Na Tchuto
FOTO(C):AAS

Um não-lugar

Photobucket

A Guiné-Bissau é uma ilusão, e a prova cabal de como de uma democracia musculada nasceu a força bruta de uma ditadura camuflada. A política é intenção. Um acto político, qualquer que seja, so o é se tem intenções políticas – se não, tem só consequências políticas.

Por cá, ainda continua a haver a necessidade de o político mostrar que é sério, sisudo, para as pessoas os levarem a sério e considerarem que são pessoas sérias e honestas. Que não são.

Por cá, um foi Judas e o outro Pilatos – com a agravante de nem um, nem o outro se terem arrependido. Não há na política homens perfeitos, nunca houve nem nunca haverá, mas há uma grande diferença entre os políticos: há os que se entregam à Nação, e há os que entregaram a Nação.

Hoje inventam-se ministérios com nomes duvidosos e esquisitos, siglas tristes e cinzentas, marcas de um País que desbotou, e que não interessa a ninguém, nem a ninguém consegue entusiasmar.

Tenho assistido ao triste espectáculo que é a tentativa de dominar as consciências humanas, ora pela imposição do silêncio, ora pelo ostracismo a que são vetados e condenados todos aqueles que – como eu – pensam fora do que convém às maiorias.

Por cá continuo, convencido de que há neste País gente séria e capaz, que quer trabalhar e provar que «yes, we can!»; o que não vejo é um programa nacional coerente, descomprometido, e comparando o que são as promessas (eleitorais e outras) e a personalidade com que um candidato que se disfarça, e o que ele é depois de eleito, converto-me sabiamente à solução anárquica...

Alterar este estado de coisas – está claro - é um desafio geracional de proporções bíblicas e implica uma revolução de mentalidades. Porém, também sei que para estes desafios não precisamos de um Estado gordo, nem de qualquer outra autoridade que não funcione.

Precisamos, simplesmente, de nós próprios: dos melhores filhos desta terra. Os mais bem intencionados.

António Aly Silva

Arte, arte

Agora é oficial: O logótipo da CERÂMICA DE BAFATÁ (CB), criado pela empresa AAS (eu!) - Comunicação, Publicidade & Design, vai ser a 'jóia da coroa' da CB, que já tem no porto de Bissau toda a maquinaria indispensável ao seu arranque. E os primeiros tijolos servirão - ah, patriotas! - para reconstruir a casa onde nasceu Amílcar Cabral, fundador das nacionalidades guineense e caboverdiana e que doravante será transformada em museu.

E cá está ele:

Photobucket

FOTO: Todos os direitos reservados.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A árvore que 'dá' diplomatas

Somos mesmo o país onde tudo acontece! Descobrimos agora que temos uma árvore que dá...diplomatas!

Photobucket

Esse, que foi expulso da Bósnia ou lá o que é, sim, o 'dragon ball', esse mesmo, o loiro de olhos azul celeste: nado bósnio, tornou-se cidadão guineense por...porquê mesmo? Sim, ele tornou-se, por artes mágicas, um cidadão guineense, como eu - ainda que nem saiba quais são as cores da nossa bandeira!!! - mas com mais direitos e regalias do que eu!

Um diplomata guineense (falso como Judas) e embaixador (tataflu) e negociante de armas e sabe-se lá que mais... É de bradar aos céus. Agora, o Ministério dos Negócios Estrangeiros que devia antes chamar-se Ministério das Nomeações Esquisitas diz que "está a tentar apanhar o fio à meada".

Alguém saberá, com toda a certeza, onde é que o novelo já vai (parece que estou a vê-lo...), mas por acaso alguém no seu perfeito juízo acha mesmo que se vai apurar a verdade? Temos que derrubar essa árvore que 'dá' diplomatas! Consome muito, muito mais do que todos os cajueiros plantados por esse país... AAS

Agora é que vão ser elas

A CEDEAO respondeu afirmativamente e em tempo record ao pedido do Presidente da República para que lhe fosse garantida (ainda mais) segurança. E, como não podia deixar de ser, Ditadura do Consenso tem novamente um exclusivo para os leitores do blogue. Aliás, temos dois exclusivos: a primeira é a notícia em si; a segunda, são as fotografias do que aí vem. Ora vejam lá e digam se, com esta protecção, o PR precisa, agora, de temer mais alguma coisa.A CEDEAO foi rápida. Mas... será que isto chega? Son pa buri um bocado...

Photobucket

P.S. - Eu também pedi protecção, mas...nem 'nim', nem sim. AAS

domingo, 1 de fevereiro de 2009

É carnaval!

Hoje, domingo, por volta das 11 da manhã, fui abordado por um ordinário que, a mando de um político (ou devo dizer um político-ordinário?), de resto identificado, me pediu, quase ameaçando e espumando pela boca, que tivesse «cuidado com o que escrevo e sobre quem escrevo».

Photobucket

É assim: não tenho, nem tempo nem muita paciência para lidar com desgraçados e frustrados. Também não tenho tempo para comentar todo o chorilho de genialidades (muito poucas) e bestialidades (em doses industriais) que diariamente acontecem neste País.

Aprendi muito nos 42 anos de vida que levo. E nenhum pateta neste país me volta a pôr as patas em cima. Ao caminhar em território aberto não incomodes ninguém. Porém, se alguém te incomodar pede-lhe que pare. Se não parar, destrói-o.

E foi desastroso. Um pateta. Tratou-me por tu como se tivéssemos andado juntos na escola e irradiava ordinarice. Que chamava os 'angolanos' e coisa e tal e, coisa mais parva, que também percebia de computadores...

- 'Camarada', traz os 'angolanos' e não prescindas dos aguentas nem do chefe deles... Ah, e não te esqueças da brigada de tanques. Sabes de computadores? Não passas de um idiota com um modem à frente! Agora, lê isto para veres como é que é o Aly na profissão que escolheu. Lê, ou pede a alguém que o faça por ti. Idiota.


O jornal do Aly

Photobucket

«É impossível escrever sobre o “Lusófono” sem falar no seu director, António Aly Silva.

O “Lusófono” é, de facto e de direito, a cara chapada do meu amigo Aly.
É combativo e generoso, como o Aly.
Pode ser explosivo e mesmo escandaloso, como o Aly.
É frontal e sempre independente, como o Aly.
Gosta de mulheres bonitas e de causas impossíveis, como o Aly.
É corajoso e empenhado, como o Aly.
Investiga e nunca guarda na gaveta uma notícia, como o Aly.
É amigo do seu amigo mas não perde uma boa guerra, como o Aly.
Vai direito ao assunto e não tem rodeios, como o Aly.
É persistente e nunca desiste, como o Aly.
Perdoa com facilidade pequenas zangas mas não aceita cobardias, como o Aly.
É guineense e africano mas nunca deixa de ser português, como o Aly.
Seria bom que todos os portugueses fossem mais como ele. Como o Aly.»


Paulo Pinto Mascarenhas(*)

PS. Parabéns ao “Lusófono” pelos 2 anos de sucesso e que faça muitos mais. Como o Aly.

(*)Editor do caderno «MUNDO», do semanário «O Independente»

MAS HÁ MAIS

- Se a minha posição me coloca em circunstância de me tratarem por TU, caguei para mim que nada valho;

- Se o meu estatuto nesta cidade ainda não foi plenamente reconhecido e permite que párias como vocês me tratem acintosamente por TU, caguei para o estatuto;

- Porém, se nem uma nem outra coisa consentem semelhante linguagem, peço-vos (a si, e a quem lhe mandou) que me informem com brevidade sobre estas particularidades, pois quero saber ao certo se devo ou não cagar para vocês!

POLÍTICOS idiotas. Voltem sempre!
António Aly Silva

sábado, 31 de janeiro de 2009

Chega! Ponto final.

Photobucket

AAS

Chove em Bissau

Photobucket

"Tenho tanto por dizer, tanto por te contar que a vida não chega. Tenho o céu e tenho o mar e tanto para te dar que a vida não chega"

A vida é um conjunto de excessos. Chega a engolir-nos. Arrasta-nos como uma onda gigantesca. Entretanto, agradeço à vida o que de bom me coube em sorte. Agora, penso em todas estas coisas como se elas pudessem ter um sentido ainda hoje. Algumas, sim. Outras, nem tanto assim. Outras ainda - é o caso - nem assim que fará assado ou cozido. E é exactamente no meio deste caos que eu procuro a lucidez. AAS

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Patarata

Photobucket

Repórter da Rádio Nacional:

"Esta música vai dedicada a todos os embaixadores residentes na Guiné-Bissau, muito especialmente para o embaixador de Luanda".

E continuou, entusiamado, rumo ao abismo:

"Sr. Embaixador...zinho...glup... aquele abraço"...

NOTA: O embaixador de Angola na Guiné-Bissau chama-se António Brito Sozinho.

Coisas nossas. AAS

Mwangolé é que daaaa...

A visita a Angola do 1º Ministro guineense deixou mossa: conseguiu que esse país-irmao ficasse 43 milhões de dólares mais pobre, e Cadogo Junior bateu outro recorde: em 48 horas, o chefe do maior governo da nossa história conseguiu que Angola desembolsasse perto de 1.000.000 de dólares por hora! É obra!

Aliás, eu acho até que Cadogo se enganou na distribuição das pastas ministeriais: ele é que estava indigitado para ser o ministro do Comércio, ou, o que ia dar quase no mesmo, encarregado de Negócios da Guiné-Bissau em Angola.
Ja imaginaram? Um ano no cargo e lá tinhamos que partir pedra para arranjar espaço nos cofres do Tesouro para acomodar 365 milhões de dólares!!! - que depois ganhariam asas como aconteceu com a cocaína...
Os terrenos do Alto Bandim é que iam pagar a factura com tanta construção. AAS

Declaro que foi assim

O não fazer está a dar cabo de mim. Mas lá está: "A dignidade uma pessoa pode ser atacada, vandalizada, cruelmente posta a rídiculo, mas não pode ser-lhe tirada, a menos que a ela renuncie."
E eu não renuncio à minha dignidade. Antes a morte.
Agora estou fechado sobre mim mesmo, frequentemente de mal com a minha pessoa e com todos.
Lá fora, talvez seja um homem novo, sem país, sem destino, sem passado nem futuro.
Não conto com mais nada. Não espero nada de ninguém, apenas o prazer de viajarmos juntos no pensamento.
Tudo foi genuíno na minha vida, sem máscaras. Com forte personalidade - claro!.
Os que não morrem, encontram-se - é o que se costuma pensar nas despedidas. E, a julgar pelas lápides nos cemitérios, todo aquele que já morreu era boa pessoa...já leram bem as lápides? Tudo belo. Mas apenas na morte, claro. Mentira. Quando muito, os que um dia se encontraram nunca mais morrem na nossa memória.
Mesmo que apareçam tão-somente assim, esporadicamente, do fundo de uma gaveta, onde vive, arquivada, a luz dos dias felizes.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

telex

Se perguntarem por mim, nao estou. AAS

Terá todo o espaço, Srª. Ministra dos Negócios Estrangeiros

As autoridades bósnias declararam hoje, dia 29, o embaixador não-residente da Guiné-Bissau na Bósnia "persona non grata" devido à sua alegada implicação em actividades criminais.

"A Presidência decidiu declarar Desidério Ostrogon da Costa "persona non grata" devido à sua implicação em actividades criminais", indicou a porta-voz da Presidência bósnia, Irena Kljajic. "Foi implicado em actividades criminais na Bósnia-Herzegovina e em outros países", acrescentou sem fornecer mais pormenores.

Em Novembro de 2003, Desidério Ostrogon da Costa foi detido pela polícia croata que o acusou de ter usado falsos documentos para se acreditar como encarregado de Negócios da Guiné-Bissau na Croácia em Novembro de 1999.

Na altura, a Interpol tomou conta da investigação. A mais recente informação sobre Desidério Ostrogon da Costa remonta a 2003 e dá conta da sua hospitalização em Zagreb após ter sido detido. As circunstâncias da sua libertação nunca foram tornadas públicas.

Diga apenas...

Photobucket

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Tinha que ser por causa do vizinho...

Dou a mão à palmatória. Voltei. O 'the end' passa, por enquanto, à história...E volto por causa disto (um bom motivo para voltar, não acham?). Darwin pretendeu que o Homem descenda do macaco, e, assim, foram descendo...

Vamos lá então partir isto aos bocados que é como sabe melhor:

Photobucket

- Na cimeira anual da CEDEAO, recentemente realizada em Abuja, na Nigéria, um dos pontos discutidos foi o «pedido de protecção para o Presidente da República da Guiné-Bissau», 'Nino' Vieira. Oh la la...

Agora, pergunto eu: que tipo de protecção daria a CEDEAO a 'Nino' Vieira, que aqui, no seu País, não se lhe pode garantir?

'Nino' Vieira, ele mesmo, algum dia garantiu segurança a quem quer que o tivesse pedido ou, mesmo, merecido?

Na entrevista que me concedeu enquanto jornalista do semanário «O Independente» (a 1ª em toda a imprensa mundial), durante o seu exílio dourado, e publicada no dia 16/07/1999, 'Nino' Vieira respondia assim a estas questões:

PERGUNTA: Vai regressar à Guiné-Bissau?

'Nino' Vieira: Para isso, deixei uma declaração. Desde que se criem todas essas condições. Caso contrário será um risco. Mas estou pronto. O povo da Guiné está no meu coração, desde os dezanove anos que me bato por aquele povo e vou continuar a bater-me pela sua dignidade. Usufruo da amizade de muita gente.

PERGUNTA: Exige garantias para voltar, mas não as deu ao ex-presidente Luís Cabral

'Nino' Vieira: Não recusei dar segurança a Luís Cabral. Não lhe podia garantir isso. E a reacção dos familiares que perderam os seus entes queridos durante o seu mandato? Se houvesse qualquer coisa as pessoas diriam: “O Nino chamou Luís Cabral para o matar”. Não podia responsabilizar-me.

Senhores da CEDEAO: deixem 'Nino' Vieira segurar-se com o que tem à mão. Afinal, toda esta segurança (ou melhor, a falta dela) tem que ver com as políticas arcaicas e da idade da pedra, cometidas pelo mesmo 'Nino' Vieira, o homem que agora querem «proteger»... E quem diz 'Nino' Vieira, diz Koumba (ou Mohammed), Cadogo, Manuel, Carlos, e todos os outros projectos de políticos que este País viu nascer. Não seria melhor cuidar das nossas reservas naturais? Ou proteger o Aly???

António Aly Silva

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

É à esquerda, sff

Photobucket

ELA:

Sentados, vimo-la passar. Ninguém sabe, neste pedaço de terra, como ganha a vida. Havia, no entanto, quem apostasse que se governava vendendo coisas insignificantes para quem as não comprasse.

Vestia de preto e o seu tímido rosto fechado ia bem com a tonalidade do pano. Chamaram-na. E veio, envergonhada, os olhos pregados no chão de terra vermelha. «Nunca usei nada que já não tivesse sido usado», disse. E depois sorriu, um sorriso maior que mil trindades, mostrando os dentes brancos e as gengivas quase púrpura.

Os vestidos que quase nunca usava eram-lhe dados, como quase tudo o que lhe pertencia, e nunca lhe assentavam bem. Estavam, ou apertados ou largos ou ainda compridos de mais.

O seu rosto era pálido. Estavam vincados pela vida e pelos seus riscos. Notava-se que estava por sua conta e risco. Talvez não lhe surpreendesse ou não gostaria que fosse de outra forma.

EU

Aqui, é o tempo que nos amolece. E quando isso acontece, lembramo-nos de como a vida continua em todo o seu esplendor para além da nossa fadiga. A clausura a céu aberto a que me sujeitei durante oito dias, transformou-me num outro homem. Escuto muito, e mais. Falo pouco e baixo e com cadência. Não tenho pressa, terei cuidado.

Aqui tudo é escuro, e, assim sendo, não há ciências exactas. O que há é isto: a grande escuridão que se instala quando o mar engole o sol e no céu navegam estrelas. Oito dias num clima quase invernal (choveu na madrugada de domingo...). O nevoeiro cobria tudo à volta que mais parecia uma noite branca.

Vultos na noite escura (quero dizer, branca) vagueiam pelas estradas de terra como assombrações. Eu, atordoado com o frio, vejo a hora marcar passo. Pareceu-me então um duvidoso privilégio esta solidão auto-imposta, mas enfim, é realmente verdade que não tenho escolha.

Continuo sentado a escrever. O 'manuscrito' soma já 105 mil caracteres e é um quase quase livro. E enquanto escrevo já a noite vai longe. Recupero das desilusões e vivo de emoções. A fadiga que não me larga, o quase deixar de acreditar, o tentar reatar o fio da vida que teima em dar nó.

Pensei em tudo. Mas nada digo. Sou um túmulo. E se um dia alguém quiser escrever a minha biografia só encontrará silêncios. AAS.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Varela está a mudar (2)

Photobucket

E a Fá e o Franco merecem. Assim como todos os que trabalham no Aparthotel 'Chez' Helene. Bem hajam. AAS

Varela está a mudar (1)

... E de que maneira!!!

- Para os devotos de todas as nossas senhoras:

Photobucket
Na fotografia: isto mesmo!

- Para os que, apressadamente, querem ir ter com o Senhor:

Photobucket
Na fotografia: Capela muçulmana

AAS

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Estamos de luto carregado. 24 horas

Photobucket

UNICEF - Mulher e criança com situação complicada na Guiné-Bissau

"Na Guiné-Bissau, morre uma em cada 13 mulheres durante o parto ou em resultado de complicações do parto, este é um número extremamente elevado e as razões são diversas, desde a instabilidade das instituições, à instabilidade prevalecente nos últimos anos, que impediu o investimento em infra-estruturas e recursos humanos", referiu aquela responsável.

Photobucket

Luciani, que falou à Lusa na sessão de apresentação do relatório sobre o estado da saúde materno-infantil no mundo em 2008, salientou que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) investiu cinco milhões de dólares (3,8 milhões de euros) na Guiné-Bissau no sector da saúde, mas considerou que "tal soma é insignificante comparativamente às necessidades do país". A responsável afirmou que a maior parte das infra-estruturas de saúde e de educação na Guiné-Bissau estão "gravemente danificadas, com as escolas e os centros de saúde a desmoronar-se, os centros de saúde mal equipados e com carências de pessoal e os recursos humanos carentes de qualidade e motivação necessários para fazerem um bom trabalho".

O facto de durante vários meses, de forma recorrente, os salários dos funcionários públicos não serem pagos, contribuiu também para a situação crítica que se vive no país por ser um factor de desmotivação. "O pessoal de saúde necessita de formação e os recém-formados precisam de ser colocados, e apesar de UNICEF tem efectuado alguma formação, só o pode fazer a um número limitado de pessoas e focada na prevenção, tendo em conta a debilidade generalizada das infra-estruturas", disse Luciani.
Durante duas campanhas por ano, explicou, são providenciados serviços de saúde básicos, como suplementos vitamínicos, desparasitação, imunização, distribuição de redes mosquiteiras e outras, que permitem chegar a muitas crianças, embora seja insuficiente.

"Temos esperança de que, com o novo Governo recentemente empossado, possamos levar a cabo uma intervenção mais bem planeada que equilibre a fraqueza do sistema e reduza as taxas de mortalidade de crianças e mulheres", concluiu a representante da UNICEF em Bissau. "Vinte e sete por cento das mulheres casam-se antes de atingir os 18 anos e isso significa que não estão preparadas para serem mães. Se pensarmos que, além disso, têm filhos sem apoio qualificado, percebe-se que a situação da mulher é altamente crítica na Guiné-Bissau", salientou.

Enquanto a falta de acesso de mulheres e crianças a cuidados primários de saúde é considerado por Luciani como "chocante a inaceitável", o futuro das crianças fica igualmente ameaçado pela ausência de escolaridade, com muitas a serem forçadas a sobreviver por meios ilegais. "Apenas 12 por cento das raparigas e 18 por cento dos rapazes terminam a escola primária, o que significa que a grande maioria cresce analfabeta e sem possibilidades de conseguir um emprego e ter uma remuneração. Uma situação de risco, com jovens sem educação a poderem envolver-se em actividades ilícitas como o tráfico de drogas", concluiu Sílvia Luciani.

AP/Lusa

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Brevemente

Photobucket

Sibila

Espreitem, se fizerem o favor: Aqui

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Lingua afiada

De vez em quando, ouvimos dos nossos políticos coisas como "a polícia existe para nos proteger"...
Eu pergunto então: Quem é que nos protege da polícia?

P.S. - Lá voltamos a ter ministros septuagenários... E se mandássemos buscar o Luis Cabral para Presidente da República? "Ordem", sabem lá o que é ordem. Não seria mal visto...AAS

Telegrama

Morre-se no mar, entre Biombo e Pecixe STOP 50 pessoas STOP Algum Governo sombra neste pais para ajudar? STOP É que este Governo ainda vai nos 7 dos 100 dias de graça STOP. AAS

Sobreviver aos tempos

Photobucket

Barbearia Chiado em Bissau. Situada em pleno bairro de Bissau Velho, a barbearia Chiado sobreviveu a todas as convulsões na Guiné-Bissau e manteve a sua tradição, mobiliário e equipamento de outros tempos que ressuscitam neste tempo. DD

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Governo foi empossado? O próximo é já, já a seguir...

Photobucket
FOTO:AAS

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Na margem, completamente a leste

Photobucket


Podia ser tal como no poema de Garcia Lorca: «a las cinco en punto de la tarde», mas não foi. Fui ver o mar. Este fim de manhã. Há não sei quantos dias eu carregava comigo duas obsessões: ver o mar e estar junto do meu filho. A obsessão maior, ainda não realizada, é puder estar perto do Guilherme (está para muito breve). Mas vi o mar. Foi melhor que nada, foi imenso!

No mar, pensei em coisas que magoa descrever. Pensei também em sonhos, esperanças, histórias com final feliz. Enfim, fiz o que pude para justificar o privilégio que tive de estar a ver o mar. Sozinho. Senti também um cheiro inebriante a verde que me sugou, o calor que sufoca, a humidade que cola à pele, o ruído dos carros, canoas com gente a pescar ao largo, mulheres à procura de caranguejo, crianças chafurdando na lama cinzenta, a ponte que nem sequer oscila.

Eu continuo na margem. Sentado naquilo que já foi uma canoa. Mão direita a suportar o queixo, olhando coisa nenhuma, vendo o infinito. Mas mesmo daqui, pesem todas as adversidades, mantenho o deslumbramento. Quem viu o mar, nem que seja um pedaço de mar, não esquece mais.

No estado em que me encontro tudo isto me parece fantástico. Entretanto tremo de frio quando penso que do outro lado do extenso Atlântico, alguém sofre por eu não estar presente. E, nos entretantos, procuro entender os segredos da vida. E no meu espírito desorganizado duas imagens de alguma forma me animam. Ela, e ele – o meu filho.

Dormia agora - com a vossa licença - o sono mais profundo da minha vida. N’kansa.

AAS

Silêncio, aqui sofre-se

Photobucket

Toda a limitação implica sofrimento: neste caso sofre a criança (o meu filho) que vê limitado o seu tempo de diversão ou de sono; os pais sofrem porque sabem que a sua saúde do seu filho está limitada.

Tenho sofrido em silêncio, todos estes dias, porque o sofrimento é quase inseparável da existência terrena do homem. O medo do meu sofrimento, é o não ter feito a paz com a dor. Nunca se poderá perceber o quanto uma pessoa sofre, física e espiritualmente, sobretudo nas fases complicadas da vida. Toda a dor traz solidão e o sofrimento humano, além do físico. Ele é também psíquico e espiritual. Se eu não tenho uma experiência pessoal da doença e da morte, naturalmente não conseguirei perceber todo o alcance do sofrimento que o meu filho está a passar.

E o sofrimento acaba por ser algo mais amplo e mais complexo que a própria doença. É estar sob um peso, suportá-lo. O existir é essencialmente um bem. O Homem sofre por causa do mal que é uma certa falta, limitação ou distorção de um bem. O homem sofre por causa de um bem do qual não participa.

Eu sei que sofro e pergunto-me porquê. Vejo ao meu redor pessoas que sofrem sem culpa e vejo igualmente pessoas culpadas sem a pena correspondente. Tenho renunciado, sem muita dificuldade, a uma lauta refeição em benefício(!) do próprio coração combalido.

Vê-se que há um sofrimento transitório para se livrar de um outro definitivo.

Sempre detestei hospitais. Ali, com exceção da maternidade, tudo é sofrimento. Sofrem os doentes e sofrem os que acompanham os doentes. A mãe, que goza de saúde, e fica no hospital ao lado de seu filho doente. Faz isso por solidariedade ao filho, desejando que ele recupere a sua saúde. Os hospitais são pobres. Há calor, são mal ventilados, são apertados. E há ainda o cheiro dos remédios. Há os gemidos dos que sofrem. E a mãe do Guilherme sofre ao ver o seu (nosso) filho sofrer. Mas ela sofre em solidariedade ao filho na esperança de que ele se recupere e volte para casa.

Como seria bom pudermos colocar a dor num envelope e devolvê-la ao remetente...

Gosto de ti, filho. AAS

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Verdade inconveniente

Photobucket

Foto: AAS

Urdumunhu di kumbosseros

Photobucket
Fotomontagem: AAS

O Presidente da República, 'Nino' Vieira, vai ter um final de mandato alucinante. O atentado contra o Chefe de Estado, a 23 de Novembro do ano passado (o ano passa depressa, dasssss), acabou de dar à luz - 'antordia', 5, na estrada junto à Presidência da República (há cá cada coincidências do caraças) e o alvo seria agora o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, General Batista Tagmé Na Waie (o Batista até que lhe fica bem).

Agora, a tropa decidiu puxar dos galões e agir: a ordem para desarmar os 'Aguentas' veio do Estado-Maior, transitou pelas rádios (pa bô ka bin fala 'nô ka obil na rádio dê') e foi cumprida à risca. Homem por homem, arma por arma. Ligeiras e pesadas, que as molas das carrinhas aguentam isso e muito mais.

Uma coisa é certa: anda tudo muito nervoso. Os ânimos estão, por estas alturas, particularmente exaltados. Eu já estou por tudo. Inclusive por percorrer Bissau e subúrbios a pé, com especial cautela ao atravessar as ruas...

E por cá faz-se cada pergunta... E a pergunta mais difícil é também a mais simples de profereir: 'Porquê?'.

Porquê... Ora! Por que é que na primária, em Lisboa, me diziam 'preto da Guiné lava a cara com chulé'? Por que é que Bissau e o resto do País não são aquilo que eu imaginava?

'Nino' Vieira? Batista (bonito nome)Tagmé na Waie? Nem um, nem outro. Melhor: Abõs ku sibi la! AAS

Uma notícia triste (II)

Photobucket
O Guilherme, mais um primo, na Disneylândia, em Paris, no ano passado.

O meu filho, Guilherme, voltou hoje ao hospital para enfrentar um batalhão de médicos: foram cinco(!) análises e um exame de raios X ao tórax. Contudo, o susto maior chegou com a ecografia que lhe foi feita ao coração. Aí, para espanto dos médicos, decobriu-se um «deficiência na artéria direita, que, em vez de passar pela frente, passa por trás».

Agora, há que aguardar pelos resultados do raios X ao tórax (no dia 14) para, se for necessário, fazer uma prova de esforço.

Photobucket
Aqui, com o pai, pouco depois do regresso de Paris

Porque é que uma criança de 7 anos tem de passar por tudo isto? Insuficiência Cardíaca e uma Deficiência na Artéria Esquerda. Eu, que não nasci para assistir a tamanho sofrimento, já me faltam as forças e não aguentarei muito mais este calvário. Coração, por favor, não traias o meu filho. AAS

Telegrama

Photobucket

São 5 da manhã STOP Gaza ainda arde STOP Dezenas de crianças mortas STOP As mães choram STOP Claro STOP É a guerra STOP. AAS

E esta noite que nunca mais acaba

Photobucket

Ontem e hoje não foram dias bons. Minto. Desde o dia 1 de Janeiro que não tenho um dia bom. Assim, sim. Por via das dúvidas, fiquei hospedado na Residencial Coimbra, não vá o diabo tecê-las... E eu, que não vejo televisão neste país, aproveitei a quase-tragédia anunciada que ontem sobre mim se abateu e fiz da caixa que mudou o mundo a minha companheira nestas horas de incertezas e expectativas.

Estou ainda acordado. São 4 horas e trinta minutos. Não tarda será dia. E chegará o sol. E o calor. A humidade também. Para já é madrugada. Sopra uma leve brisa, mais fria. Eu sofro. Só. Como convém a quem sofre. Oito mãos apareceram. Ontem. «Se pudermos fazer alguma coisa». Ficar-vos-ei eternamente gratos.


Contudo, duas mãos não chegaram a aparecer. Aquelas mãos com que mais contava. Nada. Nem compaixão.

Uma boa nova: até agora nem mais uma chamada.
Posso dormir? Sim. Mas não devo.
Nesta altura, sou um soldado.
E estou às ordens do Guilherme.


Tudo o que a vida nos pode dar é um certo conhecimento dela que chega tarde demais. Resta-me esperar que ainda não seja tarde para mim. Continuo aqui, rijo que nem um fuso e a ensaiar uma lágrima para amostra. Para mostrar aos meus amigos logo pela manhã. Uma lágrima fria, saída de um corpo quente. AAS

Entretanto em Gaza...

Photobucket

Na CNN, Christiane Amanpour, CNN's chief international correspondent, ajuda a noite a passar. A morte percorre as ruas de Gaza montada em brinquedos de ferro feito pelo Homem. Havia crianças da idade do meu filho - eu vi na CNN - feridas, sangrando, assustadas. Tremiam. E o hospital cheio, com o chão vermelho de sangue. E a guerra - passando ali mesmo, juntinho a mim (juro!) - parecia uma festa. O céu escuro brilhava por breves momentos em milhares de pedaços da mesma cor. E eram bombas. Não eram flores. Não. AAS

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Uma notícia triste (I)

Photobucket

A notícia caiu como uma bomba. Ontem, o meu filho Guilherme, de 7 anos de idade (à direita na fotografia), foi como sempre vai, aos domingos, ao treino de futebol no seu clube - o Sport Lisboa e Benfica.
Durante o treino - contaram-me - correu muito. Meia hora depois caiu ao chao, desamparado e quase inanimado. Depois de visto pela equipa médica, foi enviado para casa. À noite, já em casa, portanto, queixou-se por «estar a respirar cansado» . Hoje, deu entrada num hospital de Lisboa onde foi observado por uma equipa médica, tendo-lhe sido feito vários exames, entre eles um electrocardiograma.
O resultado - de que também fui oportunamente informado - não podia ser mais arrasador para um pai: insuficiência cardíaca!
Um puto de 7 anos!!! É de partir o coração. Se querem mesmo saber o que isto me tem custado, olhem bem fundo nos meus olhos.

PS - Está tudo a acontecer a uma velocidade tal que não consigo sequer pensar direito.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Feliz 2009 a todos

Photobucket
Celebrem a vida. A todos os leitores, amigos, inimigos, candidatos a inimigos: Celebrem durante todos os dias de 2009. Aly Silva

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

ESCLARECIMENTO

Vários amigos telefonaram-me nesta última semana, com uma única preocupação: «Diz-se que o problema que tiveste no 'Ponto d'Encontro'/PE tem que ver com uma dívida de 1.000.000 (um milhão de francos CFA».

Na verdade, eu tinha um acordo de prestação de serviços, não com o PE porque na altura nem existia ainda, mas com o restaurante A Padeira Africana/PA. O que aconteceu foi que a proprietária da PA resolveu meter-se num problema pessoal, a setenta metros(!) do seu estabelecimento, e ouviu o que não queria.

Quatro dias depois, no restaurante PA, fui confrontado pelo Luís com uma conta 'que devia assinar apenas para que constasse'...E três dias depois disto, recebo uma notificação para me apresentar no Tribunal sectorial da minha área de residência, o que fiz. Ali, foi-me revelado o teor da queixa:

- O restaurante PA reclama uma dívida de 1.000.000 Fcfa (um milhão de francos CFA). Respondo ao Juíz, e na primeira linha, sem sequer me dar ao trabalho de contabilizar os recibos assinados, ou nao, por mim, digo: «É verdade que o signatário (eu) deve a quantia de 1.000.000 Fcfa ao restaurante em causa e nunca o negou».

Posto isto, e sem sequer reclamar um acerto de contas pelos muitos trabalhos por mim efectuados (e nem vou fazê-lo), decidi de uma assentada vender o meu automóvel Toyota Corolla 2.0 D, o que fiz, PAGANDO a dívida reclamada pela PA, no dia em que viajei para Lisboa, o que pode ser confirmado por quem quer que seja junto do Advogado da Padeira Africana, Dr. Dickson.

Caros amigos,

NÃO DEVO UM FRANCO QUE SEJA, NEM À PADEIRA AFRICANA, NEM AO PONTO D'ENCONTRO.

Para evitar mal entendidos e olhares curiosos e/ou de espanto, decidi esclarecer tudo. O resto fica para o Tribunal, onde espero dar cartas. Eu mesmo. Estou tranquilo e ando em Bissau e arredores com a cabeça bem erguida. E espero que vocês também por mim. Muito obrigados.

António Aly Silva

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Demita-se, Sr. Primeiro-Ministro!

Photobucket

Cidade Sitiada

Photobucket

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Choque e espanto

Photobucket

Despertei com as primeiras luzes. Olho, nostálgico, a cidade que se ergue fatigada à minha frente. À minha volta um tumulto de gente, rindo e gritando e gesticulando, movendo fardos, arrastando animais. Há gente à sombra, outros dormem estendidos de bruços na poeira.

E, no entanto, este lugar é o meu país. Um país que me surpreende todos os dias. Inquieta-me menos o meu destino do que esta espera angustiante pela chegada da liberdade. Mas enfim, é realmente verdade que não temos escolha. É verdade que as liberdades e defesa dos direitos cívicos custaram, ao longo dos séculos, vidas e privações.

No século XX, o nosso país viveu quase sempre num misto de ditadura e, depois, de democracia musculada. Uma das piores recordações que guardo desse tempo é a de um país atrofiado em cidadania, vegetando sob o signo da mediocridade; um reino de perseguições, onde uma palavra ou um carimbo da polícia do regime selavam destinos e marcavam vidas.

Com menos de meio século de vida, já passei por muito: a prisão, a tortura, o quebrar dos ossos, a invasão da privacidade, a violação da correspondência, a perseguição da polícia, a censura; enfim, a ausência efectiva das liberdades elementares. Até quando?

António Aly Silva

Não chame a polícia; prepare-se para a guerra!

Estamos praticamente em guerra! Dois assassinatos (cobardes e inqualificáveis) no sábado, assalto à mão armada na segunda-feira...Você vive na Guiné-Bissau? Então este conselho é para si: tenha a espada à mão, não vá a caneta falhar.
Não chame a polícia; elimine o intermediário e prepare-se para a guerra. Numa rua perto de si.

Um filme de terror

Photobucket

domingo, 14 de dezembro de 2008

Movimento 'P Pires 2010' em andamento

Photobucket

Cidadão, informa-te e junta-te à causa! Pedro Pires agradece. AAS

UNOGBIS? Uma ova!!!

Photobucket

O gabinete da UNOGBIS na Guiné-Bissau, é uma vergonha. Alguns relatórios, entretanto nao enviados para a sede da ONU em Nova Yorque teriam sido ESPECULATIVOS, ALARMANTES, DESPROPOSITADOS. É através desses relatórios que entra MUITO, mas MUITO dólar... Algum conselheiro, na UNOGBIS, deve estar a pensar que estamos no Paquistao, onde se expoe - e se vende - armamento no mercado.
Eu, punha a UNOGBIS no olho da rua em 24 horas. A UNOGBIS é uma espécie de sanguessuga neocolonialista... AAS

domingo, 7 de dezembro de 2008

A víbora do Ponto

Photobucket

O remédio para qualquer víbora, já se sabe, é o 'cortar da cabeça'. É um remédio santo. Eu, Aly Silva, fui levado à polícia pela Víbora do Ponto. E, lá na Polícia Judiciária, quando foi a minha vez de falar, falei:

- Esta senhora é racista, complexada, má, estúpida e tem atitudes discriminatórias para com os Africanos.

PJ - Mas o senhor não pode dizer essas coisas.
Eu - Se não podia, não sei, mas já disse...

E avisei: a partir de hoje, temos uma guerra pessoal, eu e a Víbora do Ponto. E com sorte, sairá da Guiné-Bissau pior do que chegou.

Tenha(m) cuidado, mas muito cuidado. Racista da treta!

António Aly Silva

domingo, 30 de novembro de 2008

Tenham paciência

Photobucket

Tinha prometido - e cumpri - não postar nada no Ditadura, pois não queria misturar alhos com bugalhos. Com uma imensa minoria de leitores que entende realmente o que aqui se escreve, seria rídiculo não ter pensado assim. Mas é para isso que se estuda, se faz Homem.

30 de Novembro. Dia da saudade, digo eu... e o que é a saudade? É isto mesmo: É amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida. Correndo o risco do fracasso, das decepções, das desilusões, mas nunca deixando de buscar o amor. Quem não desistir da busca, vencerá.

Não quero escrever por escrever. Estou bloqueado. Completamente. Fases. AAS

sábado, 22 de novembro de 2008

Vinte etnias unidas num Estado

Photobucket

Por: Lumena Raposo/Diário de Notícias

«Guiné-Bissau. A antiga colónia portuguesa, que proclamou unilateralmente a sua independência em 1973 após ter pegado em armas contra o poder estabelecido, conta com cerca de 1,7 milhões de habitantes dispersos por um universo de mais de 20 etnias que confessam três religiões, duas delas monoteístas

Vinte etnias unidas num Estado
Fulas, mandingas, balantas. São apenas os nomes de algumas - as mais importantes - das mais de 20 etnias que habitam o território da Guiné-Bissau. Palavras, nomes com uma sonoridade muito própria que têm a capacidade de despertar no imaginário de cada um imagens e aromas que só África é capaz de proporcionar.

A origem de tais povos perde-se no tempo. Antes da chegada do europeu, que procurou aculturá-los, já eles migravam e se instalavam em regiões que escolhiam ou onde as circunstâncias os forçavam a ficar - no interior ou no litoral -, adquirindo, em consequência, caracteristicas específicas ou reforçando as que os identificavam. Por exemplo, na Guiné-Bissau de hoje - com os seus cerca de 1,7 milhões de habitantes - ainda é possível distinguir entre os povos do interior e os do litoral. No primeiro caso encontramos, entre outros, mandingas e fulas, em que predomina a religião islâmica - hoje praticada por 45% da população e que sobreviveu à acção dos católicos portugueses. Estas etnias , em especial a dos fulas - organizada desde cedo num estado centralizado -, tiveram um papel específico na luta de libertação nacional, liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) de Amílcar Cabral. No litoral, onde predominam balantas, beafadas e bijagós, a vida era mais fácil, daí a ausência de necessidade de uma organização centralizada. Entre estes impera a religião animista, ainda hoje praticada por 50% da população.

Na passada semana e três décadas após a independência, os 600 mil eleitores do jovem Estado escolheram os seus representantes ao Parlamento. Mandingas? Fulas? Balantas? Sim, mas essencialmente guineenses.
»

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Acordo Ortográfico? Tretas!

Photobucket

É bastante normal ouvir uma velhinha portuguesa dizer ao marido, quando este se atrasa para o lanche: "A bicha do cacete estava grande... por isso a demora..." No que o velhinho responde: "Não se aborreça, cheguei quase agora também, tinha bicha para tomar pico no cu".

Glossário Português x Brasileiro:
Bicha = Fila
Cacete = Bengala de pão
Pico no cu = Injeção nas nádegas


Um diplomata brasileiro foi convidado para um recepção em Lisboa. Pediu a sua secretária que ligasse para o Ministério dos Negócios Estrangeiros português e perguntasse se precisava ir de smoking. A funcionária respondeu que bastava que "ele fosse de fato", no que a secretária brasileira argumentou: "Sim, ele vai, só queria saber se precisa de smoking". Ao que a portuguesa retorquiu: "Não precisa, basta que ele venha de fato".

Glossário Português x Brasileiro:Fato = Terno completo

Em muitas casas de banho públicos portugueses é comum encontrar o seguinte cartaz: "É favor carregar no autoclismo da retrete".

Glossário Português x Brasileiro:
Carregar = Apertar um botão
Autoclismo = Descarga
Retrete = Vaso sanitário


O esférico passou pelo guarda-valas, mas bateu na moldura e desviou-se para fora do campo. O árbitro declarou pontapé de canto.

Glossário Português x Brasileiro:
Esférico = Bola
Guarda-valas = Goleiro
Moldura = Trave
Pontapé de canto = Escanteio


Ainda estão de acordo? Eu, não! AAS

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ainda sobre o novo Presidente da Guiné-Bissau(*)

Sou apenas uma leitora que achou por bem proceder a um brevíssimo comentário ao artigo de Jorge Heitor, publicado na edição do passado dia 17, a propósito do novo presidente da Guiné-Bissau, Koumba Yalá Kobde Nhanca. É que o jornalista em questão parece estar incomodado com o facto de os dirigentes africanos possuírem todos nomes "pomposos", que passariam a exibir mal se alcandorassem ao poder. Por infelicidade ou triste coincidência, um dos escolhidos para fazer "parelha" com Koumba Yalá é o já remetido à sua verdadeira importância ex-dirigente Mobutu, de quem o povo do Zaire não guardará gratas recordações.

Ora, o novo presidente da República da Guiné-Bissau já era senhor dos quatro "pomposos" nomes com que hoje se fará anunciar, ao tempo em que éramos colegas na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, algures entre 1979 e 1983, período durante o qual, aliás, o Yalá (foi assim que ele sempre se apresentou; quiçá porque ainda não estaria nos seus planos presidir à sua nação, senão, e de acordo com os "medos" do sr. Jorge Heitor, certamente teria obrigado todos os colegas, inclusive nas conversas de café e nos almoços mais prolongados que compartilhávamos, a tratá-lo já por sr. presidente Koumba Yalá Kobde Nhanca, excelência...) frequentou também Teologia, na Universidade Católica.

Julgaria escusado afirmar que o agora Presidente da Guiné-Bissau me não passou procuração para vir defender a sua genuina "africanidade"; mas, ainda assim, não surge dispicienda a pertinência de sossegar o referido jornalista, não só quanto à simplicidade e à bonomia que caracterizavam o "Yalá", pelo menos ao tempo em que a minha avó ainda era viva e nos preparava "repastos" melhorados, para suavizar os pesadelos gastronómicos em que mergulhávamos quando a cantina nos esperava. Entre os colegas, também aparecia o "senhor presidente"; mas a verdade é que continuamos a contar-lhe quatro nomes de baptismo, modéstia de que não se podem gabar muitas das personagens da nossa praça política (e cultural).

Então, o português, o que ele continua a gostar de encher os formulários com "es" e "des", pese embora a chacota delicada que os nossos britânicos companheiros de Europa continuam a deliciar-se em fazer... Em jeito de conclusão, gostaria de congratular os povos africanos, em geral, e o povo guineense, em particular, por ter a sorte de os profetas da desgraça se encontrarem todos nos países "desenvolvidos", pelo que, assim, podem provar que a esperança na mudança também é um direito que lhes assiste. E como o sr. Jorge Heitor evidencia algum trauma quanto às lutas de libertação, o melhor mesmo é o povo estar preparado para o melhor, que do pior dá Africa lições ao resto do mundo, que a esventrou e exauriu!

Maria Paula A. Nunes dos Santos, Oeiras

(*) Texto publicado no jornal «Público», na altura em que Koumba Yalá era Presidente da República.