terça-feira, 6 de janeiro de 2009

E esta noite que nunca mais acaba

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Ontem e hoje não foram dias bons. Minto. Desde o dia 1 de Janeiro que não tenho um dia bom. Assim, sim. Por via das dúvidas, fiquei hospedado na Residencial Coimbra, não vá o diabo tecê-las... E eu, que não vejo televisão neste país, aproveitei a quase-tragédia anunciada que ontem sobre mim se abateu e fiz da caixa que mudou o mundo a minha companheira nestas horas de incertezas e expectativas.

Estou ainda acordado. São 4 horas e trinta minutos. Não tarda será dia. E chegará o sol. E o calor. A humidade também. Para já é madrugada. Sopra uma leve brisa, mais fria. Eu sofro. Só. Como convém a quem sofre. Oito mãos apareceram. Ontem. «Se pudermos fazer alguma coisa». Ficar-vos-ei eternamente gratos.


Contudo, duas mãos não chegaram a aparecer. Aquelas mãos com que mais contava. Nada. Nem compaixão.

Uma boa nova: até agora nem mais uma chamada.
Posso dormir? Sim. Mas não devo.
Nesta altura, sou um soldado.
E estou às ordens do Guilherme.


Tudo o que a vida nos pode dar é um certo conhecimento dela que chega tarde demais. Resta-me esperar que ainda não seja tarde para mim. Continuo aqui, rijo que nem um fuso e a ensaiar uma lágrima para amostra. Para mostrar aos meus amigos logo pela manhã. Uma lágrima fria, saída de um corpo quente. AAS

Entretanto em Gaza...

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Na CNN, Christiane Amanpour, CNN's chief international correspondent, ajuda a noite a passar. A morte percorre as ruas de Gaza montada em brinquedos de ferro feito pelo Homem. Havia crianças da idade do meu filho - eu vi na CNN - feridas, sangrando, assustadas. Tremiam. E o hospital cheio, com o chão vermelho de sangue. E a guerra - passando ali mesmo, juntinho a mim (juro!) - parecia uma festa. O céu escuro brilhava por breves momentos em milhares de pedaços da mesma cor. E eram bombas. Não eram flores. Não. AAS